As linhas tortas do tempo. escrita por Monteithing


Capítulo 6
Capítulo seis


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer a todos pelos comentários. Com amor, Andy.



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Já eram 19:00, eu ainda nem tinha começado a me arrumar, eu queria chegar quando já estivesse bem cheio, assim ninguém ia notar a minha presença, eu ia ser apenas mais uma que havia chegado. Era isso o que eu gostava, de não ser notada. Não gostava muito da multidão, me sentia mal.

Entrei no chuveiro, estava muito frio, o vapor tomava conta do banheiro, eu queria estar bonita, queria estar bonita para o Finn. Após sair do banho, vesti minhas meias pretas grossas, coloquei minha bota de salto que ia até a altura do joelho, uma saia, blusa de lã e joguei meu sobretudo por cima. Fiz alguns cachos na ponta do cabelo, passei um pouco de sombra marrom e preta nos olhos, bastante rímel e finalizei com um batom nude. Coloquei uma boina que cobria minhas orelhas. Me olhei no espelho por um tempo, acho que não me sentia bonita daquele jeito há muito tempo. Passei um perfume e sai. Não levei bolsa, apenas meu celular no bolso do sobretudo. Quando olhei no relógio já era cerca de 8:30 da noite.

Eu sabia onde ficava a praça Guadalupe, a pé era cerca de 30 minutos. Era tarde da noite, estava muito frio, andei com os braços cruzados com a esperança de que isso fosse me aquecer mais um pouco. Quando estava perto do endereço comecei a escutar algumas batidas de som, vários carros, e alguns jovens caminhando em direção a casa.

Era uma casa simples, dois andares, o telhado coberto por neve, a última de uma rua sem saída, estava toda acesa, dava para ver a quantidade de pessoas, estava cheia. Entrei pela porta da frente, rapidamente uma garota saiu da sala, era morena, magra, de estatura média, estava com um vestido vermelho com as bordas brancas, bem natalino, também tinha um gorrinho de natal na sua cabeça, estava com um copo em suas mãos, provavelmente era Schweppes com vodca.

– BEM VINDA AO NATAL DA SANTANA! - ela gritou, e todos da festa gritaram um "wow" também. Todos voltaram a dançar, beber e sei lá mais o que, Santana caminhou até minha frente.

– Você deve ser a Rachel - ela disse enquanto passava seu braço esquerdo por cima de meu ombro e indiretamente me convidava para "conhecer" a casa.

– Sim.

– É, o Finn falou que você viria.

– Pois é, ele me convidou. Espero que não seja um problema.

– Não tem problema, todos são bem-vindos ao natal da Santana!

Chegamos na cozinha onde tinha um casal se agarrando e várias pessoas iam e vinham para se servir das bebidas e de alguns salgados que havia sobre a mesa. Santana pegou um copo e colocou Schweppes.

– Eu não bebo - a avisei antes que misturasse o refrigerante com a vodca.

– Tudo bem então, "eu não bebo" - ela riu.

– Ah, não querendo apressar as coisas, mas você viu o Finn?

– Ah, o Finn. Ele chegou aqui, bebeu uns 2 copos de Schweppes com vodca e ficou muito louco, aí ele arranjou alguma coisa. MERCEDES O QUE QUE O FINN TOMOU MESMO? - ela gritou para uma garota que estava do outro lado.

– LSD! - ela gritou de volta, não pude vê-la por que ela estava na sala.

– Isso mesmo, ele tomou uma pastilha de LSD e ficou muito louco, aí depois o Puck e uns caras que eu nem sei quem são o chamaram pra fumar maconha e ele foi. Devem estar lá no quarto.

– Meu Deus! E vocês deixaram ele fazer isso?

– Ah, o moleque já tem quase 15 anos, ele sabe muito bem o que está fazendo.

Mas é claro que ele não sabia o que estava fazendo, o perigo que ele estava oferecendo a si mesmo, ele podia ter morrido, quer dizer naquele momento ele já podia estar morto.

– Rachel, vem cá comigo, guarda esse sobretudo vamos lá na sala.

Coloquei o sobretudo e fui lá na sala, ela não deixava eu ir procurar o Finn, toda vez que eu falava sobre procurá-lo para ver se ele estava bem, ela me falava "ele está bem, fica em paz", ela me empurrou no meio de uma roda de pessoas que eu nunca tinha visto na vida, eles estavam todos bêbados.

– Oi moça baixinha, meu nome é Brittany - ela disse enquanto agarrava Santana.

– Eu sou a Mercedes, e eu na verdade acho que sou a mais sóbria da festa inteira, depois de você, é claro. Aquele jogado no sofá é o Artie, a menina em cima dele é a Tina, a Santana e a Brittany você já conheceu, O Sam, Puck e Finn estão lá em cima, o Blaine também, é claro.

– Ah, prazer em conhecê-la, eu sou Rachel Berry.

– Disso eu já sei bobinha, o Finn nos falou sobre você.

– Falou?

– Sim, ele falou "conheci uma menina legal no parque, ela é baixinha mas é legal, o nome dela é Rachel Berry", foi mais ou menos isso. Ah, ele também falou "chamei a Rachel Berry pra festa hoje tá?"

– Ah, legal da parte dele, mas será que não seria bom vermos se ele está bem?

– Fica em paz, ele quase sempre faz isso e fica tudo bem, tirando o fato de usar LSD, fumar maconha e ficar bêbado ao mesmo tempo.

– Nossa, eu estou preocupada.

De repente eu ouvi algumas risadas e dois caras descendo a escada com o Finn entre eles, ele estava todo mole, e dizendo que ele tinha virado uma borracha, um garoto de moicano veio logo atrás.

– RACHEL BEEEERRY! - Finn disse passando a sua mão pelo meu ombro, ele ria sem parar - Nossa Rachel Berry, você tá roxa, parece uma berinjela de franja, posso te comer?

Eu não sabia o que falar, ele estava tão "louco", então eu ri fingindo que não era comigo.

– Eu sou Blaine - um garoto de gravata borboleta e gel no cabelo disse - E esse é o Sam - ele apontou para um menino loiro com uma boca bem carnuda que acenou pra mim. Eu assenti com a cabeça.

– GENTE EU SOU O ALADIN! - Finn gritou e em seguida subiu em cima da mesa, ele tirou o suéter e começou a rodar pelos ares enquanto todos gritavam e o aplaudiam.

De repente algumas luzes começaram a piscar. Era a hora da balada.

– GENTE, TEM UMA ZEBRA COLORIDA VOANDO AQUI, EU VOU PEGAR ELA! - em seguida Finn pulou de cima da mesa e caiu no chão. Ele não parava de rir. Corri para ajuda-lo a se levantar.

– Beringela Berry, você está tão apetitosa eu realmente quero comer você, mas agora você está colorida, igual ao arco-íris.

– Pois é Finn, venha levanta.

– Rachel Berry, por favor não saia voando, a minha mão está sumindo e eu não quero vender.

– Finn você não está dizendo coisa com coisa.

Olhei em seus olhos e vi que suas pupilas estavam dilatadas. De repente o Finn tirou uma camisinha e a jogou no Puck.

– TOMA MEU PODER! - ele gritou, todos riram, mas a verdade é que nada daquilo estava engraçado, se eles soubessem o quanto isso tudo vai fazer mal a ele no futuro.

De repente no rádio começou a tocar Satisfaction do Benny Benassi, e Santana apareceu com duas garrafas de vodca e vários copinhos, ela gritava "HORA DOS SHOTS!", foi quando todos se reuniram na sala.

Finn se apoiou em mim, ele cochichou no meu ouvido, "Rachel Beringela Berry, eu acho que te..." ele se afastou, tomou um ar, chegou perto de mim e me falou baixinho "acho que tem um bicho mole querendo sair da minha barriga", então enquanto todos bebiam eu corri com ele até o banheiro.

– Finn, sente no chão.

– Porquê? O céu está azul hoje e está tão calor.

– Olha, vamos fazer o seguinte, a privada é um grande buraco negro, quando o "bicho mole" sair da sua barriga eu quero que você jogue ele dentro do buraco negro. Você consegue fazer isso?

– É claro que eu consigo Coronel - então ele colocou dois dedos na testa e fez "sentido" pra mim. Dessa vez eu ri.

Ele precisava de açúcar então corri até a cozinha, Blaine veio atrás.

– E aí, precisa de ajuda?

– Sim, bom, ele vai vomitar.

– Ah, já sei o que fazer.

Blaine era um cara bem legal, ele tinha fumado maconha e bebido um pouco mas ainda estava bom o suficiente para me ajudar. Ele abriu um armário e tirou uma barrinha de Milka. Eu peguei um copo e coloquei um pouco de Coca-Cola.

Voltamos até o banheiro, Finn já tinha vomitado, dentro do vaso sanitário, mas tinha um pouco em sua roupa.

– Eu consegui jogar o bicho mole dentro do buraco negro - ele me disse, com uns "olhinhos de cachorro" que me deu pena.

Era triste o ver naquela situação, todo vomitado e não fazendo ideia de quem ele era ou de onde estava.

Eu cheguei com o a Coca e disse para ele bebe-la, ele virou a cara e se recusou.

– Você não me engana, eu sei que isso é café.

– Finn, isso é refrigerante e é uma delicia, vai ser bom pra você.

– Eu sou um bom garoto.

– Sim, você é, agora toma um gole disso.

Com muito custo Finn tomou um gole do refrigerante. Blaine colocou um tablete do chocolate a força na boca dele, ele mastigou um pouco e em seguida cuspiu.

– Temos que fazer ele vomitar mais - Blaine sugeriu.

– Como?

– Coloca o dedo indicador bem no fundo da língua dele.

Foi isso o que eu fiz, mas ele não vomitava de jeito nenhum. Ele ficava olhando para o teto do banheiro e alegava que o papa-léguas estava voando ali.

– Acho que vamos ter que levá-lo pra casa.

Eu concordei. Levantamos e o apoiamos em nossos ombros.

– Santana, vamos levar o grandão aqui pra casa.

Ela apenas fez um sinal de joia com a mão e continuou a dançar.

Peguei meu casaco e eu e Blaine seguimos pelas ruas frias de Salt Lake as 01:37 da manhã. Não podiamos levá-lo para a casa dos avós e nem para a casa do Blaine por que seus pais veriam, então resolvemos levá-lo em casa. Blaine o levava praticamente sozinho, eu só andava ao lado.

Chegamos em casa, sentamos o grandão no chão.

– Tem certeza que não precisa de ajuda com ele?

– Não, a essas horas ele já está bem mansinho - rimos.

– Ah, tudo bem então, vou ir pra casa, qualquer problemas com ele me liga - ele me passou seu celular.

– Ok, obrigada por ter me ajudado.

– Obrigado eu por você ter me ajudado.

Ele deu um tchau singelo e seguiu para casa.

– Ei, Finn, levanta, você tem que tomar um banho.

– Banho? Mas eu já tomei banho.

– Tem que tomar mais um.

Ele se levantou, quase tombou para trás novamente, eu ia o guiando. Entramos no banheiro, tirei seu casaco e seu suéter vomitado, deixando-o só com a blusa branca de mangas curtas que ele usava por baixo, que eu também tirei, ele não era do tipo garoto musculoso, mas também não era do tipo gordo ou do tipo magricela sem músculos, ele tinha um corpo legal, tirei sua calça e o deixei de samba canção.

O empurrei para baixo do chuveiro. Deixei ele ali um pouco, enquanto eu fui me trocar. Tirei a bota, as meias, a saia e a blusa, e coloquei meu pijama velho, calças de moletom e blusa de manga comprida. Voltei e ele ainda estava em baixo da água parado, arregacei as mangas da blusa e a barra da calça, passei um pouco de shampoo em seu cabelo castanho escuro, tirei e falei para que ele se levantasse, o enxuguei e coloquei de volta a blusa branca.

– Finn, quando eu fechar essa porta eu preciso que você tire sua samba canção molhada e coloque esse shorts aqui - mostrei para ele uma bermuda que era realmente masculina e que eu costumava usar nas noites de verão para dormir - Você pode fazer isso?

Ele assentiu com a cabeça.

Sai e fechei a porta. Toda aquela situação era estranha, eu mal o conhecia, quer dizer eu mal conhecia o Finn de 2003 e já tive que fazer isso por ele, foi melhor do que deixá-lo lá, o que com certeza acarretaria num possível coma alcoólico, ou até mesmo uma overdose. Abri a porta novamente, ele tinha conseguido fazer, tudo bem que a bermuda estava no avesso, mas é só pular essa parte, o guiei até a cama de baixo que eu havia puxado, ele se deitou, estava exausto. Coloquei cobertas sobre ele. Fui na cama de cima, deitei e me cobri.

– Rachel Berry, você não está mais roxa, você não está mais nada.

– Como assim?

– Você não está mais nada, por que não a vejo.

Olhei pra ele e notei que ele estava de olho fechado.

– É claro, você está de olho fechado - eu ri.

– Estou?

–Sim, tudo bem não precisa abri-los.

– Ainda bem, por que eles doem.

– Teve uma noite e tanto hoje, ein?

– Ainda estou tendo uma noite e tanto.

Eu olhei para o teto do meu quarto e dei um sorrisinho de lado.

– Eu também.

Ficamos em silêncio, e em seguida adormecemos.


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Notas finais do capítulo

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