Tears of blood escrita por IS Maria


Capítulo 40
I lost it all




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Narrador

O corpo dela permanecia intacto, bem ao meio do salão principal, repousando tranquilamente em um caixão de vidro para que ele pudesse a manter por perto. Ele não tinha a deixado desde que haviam trazido seu corpo, permanecendo por dias sentando ao seu lado apenas a observando. Para os outros aquilo chegava a ser assustador, mas ele apenas não se sentia preparado para a deixar partir. Mesmo agora sua pele já não possuindo cor alguma e seu corpo aparentar cada vez mais enfraquecido, para ele ainda não havia nenhuma mais bela. Se lembrava do quanto costumava ser forte e o machucava a ver daquela maneira, tão vulnerável, mas a ter por perto daquela maneira, ainda era melhor do que jamais tornar a ver o seu rosto. Estava tão distraído com seus olhos presos no rosto adormecido de sua amada, que mal notou que Marcus se aproximava, mas mesmo após notar, não lhe dirigiu muita atenção.

– Caius... Tem que a deixar partir. - Sua voz era apreensiva porém suas palavras eram diretas e grossas. Ele nem se deu ao trabalho de responder. - O corpo dela é humano e por mais que esteja envolto em rosas... Vai se decompor em algum momento.

– Quando o momento chegar, eu o deixarei saber. - O cortou bruscamente.

– O momento já chegou.

– Não.

– Prepararemos uma bela cerimônia, assim como ela merece e a deixaremos descansar. - Suas palavras eram gentis porém o deixavam impaciente.

– Use o seu dom e diga o que vê - Disse repentinamente - Depois responda-me, diga-me como eu poderia a deixar ir... - Ele podia ver o quão partido estava o seu coração, mas não podia permitir que aquilo continuasse.

– Ela já se foi... - Marcus suspirou pesadamente.

– Então por que eu ainda posso senti-la ?

– Eu não duvidaria se ela ainda estivesse presente. Você mantém o corpo dela quase podre no meio de uma sala enorme... Também não me surpreenderia se ela estivesse inquieta. - Uma sombra de dúvida cruzou os olhos de Caius.

Ele jamais havia desejado lhe causar dor. Ele até mesmo havia tentado a enterrar, mas a ideia de finalmente selar seu final o assustava muito. Ele sabia a verdade, estava bem diante a seus olhos, mas ele ainda não havia a aceitado e muito menos queria ser forçado a aceitar, mas tinha que admitir que Marcus estava certo, por mais que Emma estivesse envolvida em rosas, seu corpo começaria a se desfazer e ele preferia qualquer coisa a ter que assistir isso. Deu o comando a alguns vampiros, para que preparassem tudo para o dia seguinte e subiu para o seu quarto, onde algumas taças cheias de sangue o aguardavam. Ele não se alimentava a dias e mesmo assim não sentia sede, não sentia vontade de prosseguir com mais nada. Aproximando-se da mesa cheia de taças, ele notou o caderno onde costumava escrever sobre Emma e o apanhou em mãos. Ele sabia que era tudo o que lhe havia restado, apenas lembranças. Notou um pequeno relevo em meio às páginas e ao remexer, encontrou um pequeno envelope. Muito havia sido escrito, mas em seguida rabiscado, deixando várias frases encobertas. Ele podia notar que ela havia tentado escrever algo, mas, apenas deixou uma simples e curta frase que o fizera despencar sobre a cama e estremecer, como se houvesse sido atingido por um golpe letal.

" Eu amo você " Ela dissera, o papel marcado com a força que ela colocara sobre a ponta da caneta, manchado de tinta em alguns lugares e ainda meio amassado, mas estava ali, sua doce e simples despedida que significava o mundo para ele.

Se vampiros pudessem chorar, aquele seria o momento que ele desabaria, cairia de joelhos e se daria por vencido, mas em vez disso, apenas permaneceu deitado, o bilhete fechado em sua mão por entre os seus dedos, seus olhos presos ao teto e o seu corpo cada vez mais endurecido. " Traga-a de volta mãe... Eu lhe suplico " Implorou, fechando os olhos em seguida, mesmo que não pudesse adormecer. Ele sempre acreditou que a manter longe a manteria segura, mas jamais havia imaginado que não a ter por perto poderia lhe causar tanta dor. Ele sacrificaria o mundo para a ter de volta, para poder ouvir a sua voz, senti-la novamente, mas sabia que não havia mais nada que poderia ser feito, ela havia partido, levado consigo seu coração e havia chegado o momento de dizer adeus.

Se ele ao menos pudesse colocar suas mãos em Aro e vingar a sua morte. Ele sabia que um dia ele a machucaria e mesmo assim não havia a afastado, então ele poderia ser considerado culpado. Depois da multidão de espíritos raivosos surgir, ele se preocupou em salvar o corpo fragilizado de Emma e acabou se esquecendo de sua raiva, apenas para depois ser informado de que Aro havia desaparecido. Ele sabia que o irmão estava vivo e ele o encontraria, nem que tivesse de passar uma eternidade a procura. Caius ainda era um Volturi e agiria com a fúria de um assim que o encontrasse. Faria-o pagar por toda a dor que ele a fizera sentir e assistiria ao seu final, com um sorriso nos lábios, sim, ele mal podia esperar por isso. Quando a noite caiu ele finalmente deixou o seu quarto, não poderia passar mais tempo ali envolto em dor então apenas retornou para o salão principal, porém o corpo dela já havia sido levado. Pediu que a vestissem com o mais belo de todos os vestidos e a cobrissem com a mais fina das joias, para que no dia seguinte todos pudessem a ver da maneira que ela sempre foi, a mais bela.

Todos o observavam sem reconhecer o tirano. Haviam convivido séculos ao lado de Caius e jamais haviam o visto daquela maneira. Muitos ali haviam se aproximado de Makena e simpatizavam com a vampira, alguns até lamentavam profundamente o ocorrido, mas o que mais surpreendia era a dor estampada nos olhos daquele que costumava governar com punhos de ferro. Jamais haviam o visto demonstrar sentimento tão humano e o assistir daquela maneira, fizera com que muitos percebessem que talvez seja possível ser um vampiro e sentir. Aro havia construído a guarda com os melhores talentos, treinado-os para qualquer batalha e como consequência, seus corações endureceram, seduzidos pelo poder que o sangue trazia, inebriados pelo prazer que os gritos de suas vítimas carregava, mas aquilo definitivamente havia mudado a muitos e agora sem Aro, as paredes de pedra do "Palazzo del priori" se abalassem. Os Volturi jamais tornariam a ser os mesmos.

Mais tarde naquela noite, batidas ensurdecedoras na porta principal atraíram a atenção de todos. Caius tomou a frente da guarda e acompanhado de alguns vampiros, foi ao encontro daquele que parecia ter pressa para ser atendido. As portas se abriram e o espanto tomou a todos. Aro estava de volta... Mas não se parecia nem um pouco com ele. Suas roupas estavam em frangalhos, seu cabelo longo estava emaranhado, seus olhos vermelhos atordoados e seu rosto mais pálido do que o normal. Olhava freneticamente para todos os lados como se fugisse de algo e rompeu as portas com pressa. Ninguém jamais havia o visto com tanto medo.

– Eles estão por todo lado... Suas vozes... Suas vozes são terríveis... - Dizia enquanto batia nas orelhas.

Antes que ele pudesse chegar até seu quarto, Caius o pegou pelo colarinho e o conduziu, nada gentilmente, até as masmorras onde ele já havia jogado muitos. Quando o corpo dele foi de encontro ao chão, Aro se colocou de joelhos em frente ao irmão, as mãos cruzadas em um gesto suplicante e os olhos inchados o encarando. Caius conteve um sorriso, não podia negar que aquilo lhe agradava muito.

– Eu suplico... Me mate - Até mesmo ele se surpreendeu com o pedido. - Eles estão dentro de mim... Suas vozes... Me destruindo por dentro.

– Prefiro deixar que sofra por uma eternidade. - disse Caius, se virando para o deixar sozinho.

– Isso nem sequer se parece com você... - Murmurou. Caius deu de ombros e se voltou para ele.

– Tem razão. - Abriu um sorriso. Puxou de dentro do casaco seu gancho, o mesmo que ele trazia consigo desde que Emma havia morrido, e em seguida, partiu o pescoço de Aro ao meio, assistindo sua cabeça bater contra o chão. - Esse final se parece bem mais comigo. - Abriu um sorriso e deixou o corpo da mesma maneira em que o mesmo havia caído ao chão.

Ninguém precisava de grandes explicações para saber o que havia acontecido assim que Caius retornou com um sorriso de orelha a orelha, mas, os únicos que demonstraram sentir alguma coisa, foram Jane e Alec, mas os mesmos pareciam muito mais abalados pela perda de Emma. Anael havia visto Aro sair correndo pela floresta, porém não havia se preocupado em o seguir, ele sabia que ele havia causado dor a Emma, porém ele era o único culpado por sua morte e o único que deveria sofrer por isso. Ele se lembrava da primeira vez que havia a visto, ela era tão pequena que quase poderia ser confundida a uma das flores do campo e o seu sorriso era tão brilhante quanto o sol que pairava por suas cabeças. Ela dançava alegremente atrás de uma enorme borboleta colorida, com seus bracinhos levantados para o alto. Naquele momento ele sentiu que deveria protegê-la com todas as suas forças, sentiu que deveria a manter a salvo se não ele não suportaria, porque foi como se ela o prendesse à terra, o prendesse ao mundo. Disseram que aquele era o sentimento mais puro para um lobo, ele havia sofrido um imprinting e deveria permanecer ao lado de sua amada. Foi um insulto quando a escolheram para sacrifico, haviam quebrado a maior lei e nem sequer se importavam. Não a sentir mais, saber que ele jamais tornará a ver o seu rosto novamente ou ouvir a sua voz fazia o sentir que seu tempo ali havia terminado e sentindo isso, não pensou duas vezes e se jogou contra as pedras ao fim do abismo que havia próximo a Volterra, o mesmo onde um dia ele havia a segurada para que ela não despencasse. Ao fim da queda ele não sentiu dor, mas pode ver seu rosto, todo iluminado em luz, porém pode também ver a dor em seus olhos.

– Como ousa partir meu coração desta maneira ? - Ela sussurrou, sua voz o invadindo como uma profunda melodia que ele desejaria escutar pela eternidade.

– Não posso viver sem você - disse, quase mal conseguindo mover seus lábios. Ele sabia que estava em seus braços e para ele, aquilo era o paraíso.

– Precisa encontrar uma maneira... Eu vou ficar bem meu amor... - Disse, enquanto passava sua mão delicadamente por seu rosto.

– Eu amo você... Eu não posso... - Seus olhos marejaram e aquilo lhe cortou o coração.

– Eu amo você - uma lágrima deixou seus olhos, seus olhos castanhos que agora possuíam um brilho dourado místico. - Eu sinto muito... - levou a mão a sua testa e ele não pode ver mais nada.

Quando acordou com a luz do sol, não sabia porque estava deitado sobre a areia da praia, não se lembrava de como havia chegado ali e muito menos do que faria para deixar aquele lugar, ele apenas sentia algo diferente em seu peito. Podia sentir claramente que lhe faltava uma parte, mas também podia sentir uma extrema vontade de viver de uma maneira que o levou a se encher novamente e seguir seu caminho. Apagar todas as lembranças que ele possuía dela havia sido extremamente doloroso, ela não queria que ele a esquecesse, mas também não queria que ele se machucasse, não queria o ver sofrer daquela maneira. Com o coração cortado, o espírito de Emma seguiu para onde sentiu que deveria, pode ver seu corpo envolto por vampiros e mal pode notar o que faziam com ele, mas ela sabia que não havia sido isso que a atraiu. A dor dele era tão grande que havia conseguido a arrastar para lá, apenas para que seu espírito sofresse mais ainda ao notar que o caminho que ela escolheu havia feito todos aqueles que ela ama sofrerem daquela maneira. Pode sentir uma mão delicada pousar em seu ombro e decida, voltou-se para sua mãe.

– Deixe-me fazer com ele o que eu fiz com Anael - Disse, com a expressão endurecida já imaginando a dor que isso causaria.

– Por mais que eu deseje, não pode. - Ela foi ainda mais dura - A dor que ele sente é merecida, um pagamento por toda a dor que ele causou e além do mais... Seu espírito ficaria extremamente enfraquecido.

– Eu não posso permitir que ele continue sofrendo desta maneira... - Ela retrucou, amargurada.

– Emma... - Lilith revirou os olhos - Me peça qualquer coisa, menos isso... Já foi o bastante não o punir por tudo o que fez.

– Qualquer coisa ?

– Sim ... - A deusa concordou já se arrependendo de suas palavras.

– Eu quero voltar!


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