Tears of blood escrita por IS Maria


Capítulo 36
A morte antes de uma eternidade em tortura.




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Eu não sabia aonde poderia o encontrar e muito menos se aquilo poderia arriscar minha vida, eu não me importava e nem sequer sabia o porque. De repente, havia brotado em mim um forte sentimento que me fazia sentir como se eu não pudesse o deixar morrer. Eu não sabia de onde vinha, mas não estava parando para pensar, eu não o deixaria morrer e isso era tudo o que importava. Corri por entre as árvores o mais rápido que pude, não deixando escapar nem um sequer lugar sem que eu o procurasse. Justamente quando parecia que eu não encontraria, senti o doce cheiro de sangue e deixei que meu instinto me conduzisse. Ele estava apoiado em uma dar árvores, no escuro. Ele já não mais usava seu palitó e sua camisa branca estava repleta de manchar avermelhada, assim como seus lábios. Me aproximei e mesmo o vendo não gostar em me ver, permaneci ali.

– Aqui não é seguro para você. - Disse em sussurros.

– Não é como se eu fosse deixar você sozinho só porque " não é seguro para mim"- Dei de ombros.

– Desde quando se tornou tão imprudente ? - Repreendeu-me.

– Fala como se não me conhecesse... - joguei verde.

– Não é como se você se lembrasse... - Sussurrou. Eu sabia que aquele não era o melhor momento e que provavelmente não seria o certo, vendo o quanto ele me parecia doente, porém, sentei-me em seu colo assim como havia feito quando o beijei e segurei seu rosto em minhas mãos o olhando profundamente nos olhos.

Ele estava fraco a ponto de não conseguir resistir a mim e então ... cai ao seu lado completamente sem chão. Meus olhos se encheram, porém, mesmo assim me levantei novamente e continuei. Eu não pude acreditar quando havia nos visto juntos pouco antes de eu supostamente o encontrar pela "primeira vez", porém, agora eu via muito mais. Eu não o conhecia a dias, eu não o conhecia a meses... eu o conhecia por uma vida. Ele não apenas havia me ensinado a caçar, como também havia passado noites ao meu lado na fogueira, tinhamos crescido juntos e havia sido ele quem havia me ensinado a tocar piano. Minhas mãos cairam vagarosamente de seu rosto, em seus olhos havia um brilho assustado e nos meus, as lágrimas já haviam caído. Temendo por suas expressão, levei a mão a minha bochecha e enxuguei uma das lágrimas, podendo observar a coloração avermelhada.

– Eu sabia... - ele sussurrou.

– O que ... ? - Perguntei, também em um sussurro.

– Eu sempre pude ouvir da maldição que havia caído em você por ser a filha do lobo e do "frio", mas eu nunca pude ter certeza... - Passou a mão por minhas bochechas em uma carícia.

– Anael... -sussurrei.

– Foi por isso que a chamei de Samantha.. - abriu um sorriso. - E por isso que lhe mostrei o quadro... queria a alertar do que poderia acontecer com você. - Segurei suas mãos com força.

– Mas como você poderia saber dela... ou até mesmo do quadro ?

– Isso... - desviou os olhos, deixando-me confusa.

– Você é um vampiro a pouco tempo e ... - isso me fez lembrar. - Por que se transformou, seu idiota ? - Lhe dei um tapa que o fez se contrair.

– Você precisava de mim. - Mesmo que fraco, revirou os olhos.

– Preciso de você vivo... - sussurrei. - Quem foi o vampiro que transformou você ? Me diga e eu terei a cabeça dele.

– Bem... - tornou a revirar os olhos. Segurei seu rosto em minhas mãos novamente, inflamada por uma suspeita. O olhei nos olhos e assim que terminei novamente, podia me sentir queimar.

– Eu vou matá-lo. - Levantei-me rapidamente e ele se levantou atrás de mim segurando o meu braço.

– Emma... Ele disse que você estava em perigo e eu pedi que ele fizesse, ele apenas me fez um favor, não foi culpa dele. - Ele aos poucos, puxou-me para perto, abraçando-me por trás. - Vê-la... e estar ao seu lado... pelo menos que por pouco tempo, me pareceu melhor do que a ver apenas quando viesse aqui na floresta... - Disse próximo ao meu ouvido.

– Eu não posso perder você ... - Disse, segurando-o forte contra mim.

– Não vai... de alguma maneira, eu sempre vou estar aqui... mesmo que não possa ver. - Apenas pensar nisso, fez com que meus olhos tornassem a se encher.

– Por que eu não me lembrei de você ? - Disse, com dificuldade, uma vez que tudo parecia desmoronar.

– Quando uma garota é oferecida em sacrifício... sempre é difícil... porém, você, nem eu... nos conformamos com a idéia. Eu não podia sentir e assistir a mulher que eu amava ser morta...

– E eu não podia deixar o homem que eu amava... - presumi.

– Eu jamais havia visto nosso povo usar magia... mas, uma noite de lua cheia e você parecia já não mais se importar com o sacrifício e toda vez que me via... parecia se esquecer de minha existência. Nossa primeira vez juntos... - pausou para um sorriso - Você apenas se deitou comigo, porque se não tivesse se transformado, na próxima lua cheia se tornaria lobo pela primeira vez e os seus hormônios estavam a sufocando... - riu alto, fazendo-me abrir um sorriso.

– Eu vou encontrar uma maneira de o salvar... - foi tudo o que eu disse antes de o deixar.

Eu sabia que precisava encontrar uma maneira de extrair a última lágrima e agora que eu me lembrava de tudo o que ele havia feito por mim, eu já não mais me importava se isso custaria a minha vida. Estava cega por meus pensamentos quando me coloquei de frente com Caius. Eu nem mais me lembrava em que parte nos encontrávamos, eu só podia o ver e o seu sorriso mimado, seus olhos cheios de maliciosidade, uma maldade que eu pensava ser apenas superficial, mas que se mostrou ser parte de quem ele é, um mentiroso nato, um mestre manipulador. Eu sabia que não deveria, mas simplesmente não pude suportar.

– Eu não sabia até onde poderia ir... mas confesso que estou impressionada. - Cruzei os braços e me mantive diante a ele.

– O que aconteceu Emma ? - Perguntou, sua expressão claramente se suavizando. - Seu rosto... - fez menção de me tocar, porém desviei de seu toque.

– Não ouse colocar as mãos em mim.

– O que... ? - Perguntou confuso.

– Como pode o transformar sabendo que o mataria ? - Observou por um tempo, até que enfim pareceu compreender do que eu me referia.

– Olha... - começou.

– Como pode ? Sabia o quanto ele significava para mim ? Provavelmente sim... já que foi o procurar para dizer que eu estava "em perigo". - Revirei os olhos.

– Emma...

– Por que fez isso ? POR QUE MACHUCARIA ALGUÉM QUE EU AMO ? - Me inflamei.

– Porque eu não podia suportar a ideia de que você pudesse amar alguém mais do que me amava. - Levou suas duas mãos ao bolso e abriu um meio sorriso que me fez dar alguns passos para trás em surpresa.

– Por que... ? Quando nem sequer me amava de verdade... - Eu agora estava mais atordoada do que confusa.

– Emma, quando é que vai perceber que não existe ninguém para mim além de...

– Da sua esposa. - o cortei bruscamente. - Ouvi você mesmo dizer... - Me lembrei do quão doloroso havia sido escutar.

– Se você ao menos soubesse...

– Eu... - meus olhos se encheram. - Eu... EU ODEIO VOCÊ! - Tentei evitar, porém um punhado de lágrimas escorreu e eu não precisava ter uma delas em minha mão para saber de que cor eram. De repente, eu era observada por um punhado de vampiros que me observavam com surpresa e espanto e não precisava ser muito esperta para saber que estava em perigo.

– Poderia falar com você ? - Disse Aro se aproximando. Eu mal havia notado que ele estava ali.

– Aro... - disse surpresa, enxugando meu rosto.

– Não vai ser preciso. - Disse Caius tomando a minha frente e me mantendo escondida atrás dele.

– Eu insisto. - Disse Aro, me puxando violentamente. E no próximo instante, estávamos trancados na biblioteca.

– Sim... ? - Eu não sabia exatamente em que situação me encontrava, mas sabia que aquilo não poderia ser boa coisa.

– Você vem causando muitos problemas últimamente...

– Eu sei e... - Tentei me defender, porém ele levantou a mão e eu me calei.

– Eu tentei suportar ao máximo porém... A situação saiu dos limites do meu controle. - Suas palavras me assustavam cada vez mais. - Ah... se você não possuísse algo que eu desejo... eu já não a teria aqui... - se aproximou, observando de perto o meu rosto. Suspirei profundamente e encontrei ali uma oportunidade.

– Eu poderia pensar sobre isso, fazer rodeios, me fazer de desentendida ou procurar desviar e mudar a situação... mas eu não quero ter tempo para pensar sobre isso. - Disparei.

– Como ? - Perguntou confuso.

– Eu sei o que deseja e não farei perguntas sobre isso - continuei - Eu lhe darei todas as lágrimas... contanto que a última seja minha.

– Hora... mas veja só. - Disse surpreso. - Sabe o que isso implica ?

– Sim... e não me importo... porém, terá que fazer logo.

– O quanto antes... - disse aparentando entusiasmo. - Porém... como fará para recolher a última lágrima ?

– Eu prepararei tudo. Me dê até amanhã a noite e eu farei tudo. - Disse, o observando analisar minhas palavras.

Eu novamente não sabia o que estava fazendo, mas não queria tempo para pensar, não queria a oportunidade de desistir. Eu sabia que agora que muitos sabiam que eu carregava as lágrimas, eu poderia ser perseguida como Samantha e sinceramente, eu não tinha tempo para isso, não poderia ser impedida de salvar Anael. Eu sabia que seria doloroso e já havia começado a me preparar mentalmente para isso, porém, eu não me importava, nada mais me importava. Só de imaginar em viver uma eternidade ao lado daquele que me fizera perder o coração e sem aquele que me ensinou a amar, prefiro mil vezes a morte. Eu possuía apenas um dia e tinha tanto para fazer.

Primeiramente cartas. Eu não sabia se era o certo, mas não queria simplesmente partir sem que ninguém soubesse meus motivos ou permitir que pensem que eu simplesmente desapareci. Eu não havia me apegado a muitos e agora que sei a verdade, sei que não são muitos que se importaria com a minha partida, mas ainda sim haviam aqueles que eu gostaria que se lembrassem de mim, aqueles que mesmo com pouco tempo, eu havia me importado. Quando comecei a escrever, notei que eles mais se pareciam bilhetes, eu não era muito boa com despedidas, porém, ainda sim bastava, afinal não era nenhuma carta de suicídio ou coisa do tipo.

"Caro Daniel...

Sinceramente espero que esteja vivendo sua vida da mesma maneira que costumava viver antes de me conhecer, pois o mundo preciso de mais vampiros como você. Antes de o conhecer, eu não acreditava que poderia ser algo mais do que um monstro e antes de o conhecer, eu nem sequer sabia o que significava ter uma família... gostaria muito a visão de Alice se realizasse, sim, eu pude ver nos olhos dela ou nos seus, por mais que não tenham me contado... , teria sido mais do que divertido ser sua companheira, sua irmã e ter continuado a viver experimentando a liberdade... eu amo você...
Makena."

"Carlisle, Esme, Alice, Emmet, Bella, Edward, Nessie,Jasper e doce Rosalie...

Eu não tenho palavras para agradecer por tudo o que fizeram por mim. Me acolheram quando fui abandonada, mesmo sabendo quais eram as minhas origens e me mostraram como uma família de verdade deveria ser. Carlisle, se eu pudesse, eu adoraria retornar apenas para trabalhar ao seu lado e ajudar com os atendimentos na clínica de Forks. Esme, eu adoraria que pudesse estar ai para ajudar com o jardim e com a casa. Alice, seriam inesquecíveis os nossos dias de compras. Jasper, bem... você faz com que eu me sinta bem... gostaria de poder te mostrar o que eu sei fazer também. Bella, Edward... eu adoro vocês. Emmet, eu adoraria poder lhe mostrar o quão rápido consigo correr agora. Rosalie, eu sinto muito por ter a aborrecido e confesso que também sentirei a sua falta e Nessie... vocè sempre será minha irmã, mesmo que não de sangue.

Vocês são minha família e eu espero que jamais me esqueçam.. assim como eu jamais os esquecerei, mesmo que nossos caminhos jamais se cruzem novamente.

Com amor... Makena."

Entreguei a um dos vampiros e pedi que as cartas fossem entregues o quanto antes sem qualquer desvio e deixei uma para que eu mesmo entregasse. Suspirei e com o pouco tempo que ainda me restava, parti ao encontro da única que poderia me ajudar a concretizar o meu último desejo, antes da morte.


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