Tears of blood escrita por IS Maria


Capítulo 23
A friend with blood




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– Ela sabia o que a aconteceria se continuasse aqui e mesmo assim não saiu .- Caius disse, assim que ficamos sozinhos, apenas eu, ele e Azazel . O corpo de Eve ainda residia em meus braços e Aro não se importou nem em sequer tentar o tirar, para ele aquilo eram apenas restos de uma refeição .

– Eu sinto muito ... - Balbuciei enquanto a apertava ainda mais em meus braços . - Eu não queria ... - Continuei . Caius violentamente me arrancou do chão, fazendo-me a soltar . Me segurou com força e me sacudiu .

– ACORDE ! Você é assim Makena , você precisa matar pessoas e não tem nada de errado comigo . - Seus olhos perfuraram os meus brutamente, sua voz conturbou meus pensamentos e meu peito queimou. - Fazemos isso querida . - Continuou abrindo um sorriso . Olhei para Eve e suspirei.

– Peça que um dos vampiros da guarda preparem o corpo e mandem para a família . - Disse para Alec que nos observava nas sombras .

– Não podem ... - Ele protestou .

– Faça o que eu mandei . - O calei . Ageitei meu vestidos e passei pelas portas que a pouco me impediram de poupar uma vida .

– Como pode dizer isso a ela ? - Pude ouvir Azazel dizer assim que eu já não estava mais tão próxima . Ele nem se dera o trabalho de sussurrar , estava furioso .

– Seria melhor deixa-la abraçar o cadáver até que apodrecesse ? - Retrucou ele tranquilamente , ele realmente não tinha nenhum respeito pela vida humana . Parei de andar por alguns segundos .

– Sabe o que ela é , aquelas palavras podem ter sido ... - Continuei a andar , não queria mais escutar uma só palavra que pudesse sair da boca de um dos dois .

Ele tinha razão, eu era um monstro, ninguém havia me obrigado a tirar aquela vida, eu havia feito mesmo assim, a culpa era minha, a culpa é de quem eu sou, de quem não posso fugir, por uma eternidade . Passei o braço pela boca limpando o sangue e senti meu peito pesar, meu lado humano sentiria repulsa se pudesse se colocar diante a mim . Eu estava faminta em minha visão, aparentemente não comia a dias e mesmo assim havia poupado a vida daquele animal, permitido que ele continuasse seu trajeto, mas agora, eu nem sequer tinha pensado na dor que causaria a aqueles que amavam aquela mulher, eu tinha tirado a vida de uma pessoa, apenas para saciar uma sede que não conseguiria me matar, uma sede que eu poderia muito bem ter esperado por mais alguns minutos ou horas . Toda a tortura que um vampiro pode passar durante uma eternida, é muito mais do que merecida, maldita fora aquela que nos criou, maldita é aquela que chamamos de mãe, maldita... maldita Lilith .

" filha ... " - Ouvi um sussurro que parecia ter saído das paredes . Me arrepiei e apressei meu passo para qualquer lugar . " Filha ... " Quanto mais tentava me distanciar da voz ,mais ela se mostrava próxima . Eu só podia estar ouvindo coisas ou tendo mais uma de minhas visões .

– Não é real . - Murmurei balançando a cabeça frenéticamente .

" Filha " . -Parei rapidamente . Olhei para o fundo do corredor e pude notar uma silhueta feminina , se aproximando vagarosamente . Eu podia a ver perfeitamente , seus pés não tocavam o chão , usava um vestido desfiado branco que flutuava entorno dela , pálida como qualquer um de nós , presas afiadas , olhos profundamente vermelhos , cabelos longos e castanhos ... linda . Não era real , ou ao menos ela não estava ali , era uma espécie de figura fantasmagórica . Se aproximou e mesmo não parecendo estar ali , suas mãos tocaram o meu rosto e eu pude sentir o seu toque , que fizera uma corrente elétrica percorrer meu corpo . Olhou-me nos olhos , " Filha " sussurrou sem que seus lábios sequer se abrissem . Meus olhos queimaram , como se estivessem sendo arrancados fora , caí de joelhos , um grito profundo saindo do fundo da minha gargante e em seguida já não pude ver mais nada, como se tivesse sido cegada .

– Hey - Fui levantada . Aos poucos a luz tornou aos meus olhos , no começo estava embaçado , mas então tudo começou a se tornar cada vez mais nítido . - Você está bem ? - Eu não conhecia a voz . Olhei para aquele que me segurava e notei que também não o conhecia .

– Sim ... eu só ... não tenho me alimentado direito . - Sorri, esperando que ele não tivesse escutado sobre o ocorrido .

– Eu posso ajudar com isso . - Abriu um sorriso agradável e passou a me conduzir em uma direção diferente .

Me levou até um lugar que eu não conhecia, parecia uma cozinha, pelo menos tinham ali várias geladeiras e utensílios que eu associaria a uma cozinha . Sentei sobre um dos balcões de granito, deixando meus sapatos no chão . Ele retornou em seguida com um copo de vidro comprido, que continha um líquido escuro . Peguei o copo e agradeci provando o líquido . Eu sabia que não estava fresco, mas mesmo assim me parecia mais apetitoso do que sangue de animal ou um sangue vindo de uma bolsa . Eu não conhecia aquele lugar, não o conhecia e pensei que já tivesse cruzado com todos os rostos daquele lugar .

– Existem muitos aqui que não conhecerá a menos que precise de algum deles . - Disse enquanto se encostava ao meu lado, abri a boca surpresa .

– Como você ...?

– Leio pensamentos . - Disse tranquilamente .

– Por que Aro o mantem escondido ? - Eu sabia o quanto ele desejava Edward Cullen por seu dom .

– Ele não sabe ... e eu prefiro que continue dessa maneira . - Sorriu . - Assim, fica mais fácil sair . - Mal sabia Aro que em suas sombras, ele tinha exatamente o que procurava .

– Queria eu ter pensado nisso ..- Disse, encarando o copo quase vazio em minhas mãos . - Seu nome ... ?

– Theo . - Abri um sorriso .

– O que são essas geladeiras ? - Perguntei enquanto me perguntava se teria de dizer a ele ou não quem eu era . Eu nunca tinha o visto antes, mas não significava que ele nunca tinha me visto .

– Bem, creio que imagine o que tem dentro . - Abriu um sorriso apontando para o copo em minhas mãos . - As vítimas, com sangue quente e fresco são para os senhores e as geladeiras armazenam o que a guarda consome, sem muitas mordomias - Disse dando de ombros . - É meu trabalho dar um sabor melhor a isso e distrubuir para todos .

– Uau - Eu não fazia a menor ideia do quão tirano nosso sistema conseguia ser . - Queria entender por que obedecem a Aro...

– Vampiros de todo mundo os colocaram como nossa autoridade maior, então estar perto deles parece ser mais seguro . - Completou . - Quanto mais perto dos " poderosos ", melhores as regalias . - Ele não gostava do lugar, podia ver em seus olhos . - Pela maneira que se veste, eu quase diria que é um deles - Acrescentou com um sorriso singelo .

– Por que quase ? - Perguntei arqueando uma sobrancelha, intrigada .

– Não vejo um só pingo de maldade em seus olhos . - Aquilo apertara o meu peito . - Não sabe o que ronda a cabeça daqueles três, monstros puros . - Ao vê-lo falar daquela maneira, me senti envergonhada de fazer parte daquilo . Lembrei que tinha muito a fazer e então desci rapidamente do balcão e calcei meus sapatos . - Aonde vai ?

– Tarefas . - Disse pedindo desculpas por ter que o deixar daquela maneira . - Obrigada pela ajuda . - Lhe dei um abraço, me surpreendendo com o quanto era grande .

– Espere ! - Disse, fazendo-me virar . - Seu nome ? - Hesitei. Nos olhos daquele homem, que sem me conhecer tinha me ajudado, sem saber o poder que eu considerávelmente tinha ali, ele tinha um bom coração e eu odiaria saber que ele já me odiava antes que eu possa o conhecer por completo .

– Emma . - Disse sorrindo e em seguida saí correndo . Enquanto corria para o meu quarto, vi o quanto havia sido estúpido escolher aquele nome . Se Caius o escutasse por aqueles corredores saberia que eu andava em partes que não deveria, me passando por aquela que ele amou e perdeu . Mas, ao mesmo tempo, aquele nome... o usa-lo para se referir a mim, fizera com que eu me sentisse tão bem . Então me lembrei do que tinha que fazer por Emma, eu não podia a deixar morrer, mas não fazia a menor ideia de como faria isso .

– Onde você estava ? - Caius me parou no topo da escada, bloqueando o meu caminho e me impedindo de continuar . O olhei nos olhos e ao mesmo momento me recordei do que Theo tinha me feito esquecer ... Eve . Meu peito tornou a se apertar, passei por ele sem sequer lhe dirigir a palavra .

Tomei um banho . A água quente batendo com força contra minha pele, quisera eu poder sentir que ela me machucava . Encostei-me contra a parede de azuleijos e deixei que meu corpo escorresse até cair na banheira que estava quase cheia . Desliguei a água e permaneci ali, quase imersa em água fervente, desejando que aquele calor, quase insuportável a minha pele, aos poucos me engolisse . Mergulhei a cabeça por alguns instantes e por tentação, abri meus olhos enquanto ainda estava embaixo da água . Pude ver uma figura fantasmagória para ao lado da banheira me observando, temendo ser a mulher de antes, continuei da mesma maneira que estava, mas notei a máscara que lhe cobria o rosto ... Emma . Levantei vagarosamente esperando que ela não sumisse, eu não podia saber o que ela sentia com seu rosto coberto e seus olhos castanhos sem vida não me davam nenhuma pista, aquilo me cortava o coração, eu realmente queria a ajudar .

– Emma ... - Sussurrei e ela apenas continuou a me encarar .

" Continue... não me deixe morrer " - Sussurrou e em seguida foi aos poucos desaparecendo . Era estranho ela vir até mim, eu não havia a conhecido ... ao menos não que me recordasse . Será que havia a possibilidade de termos sido próximas de alguma maneira ? Se for, não sei se conseguiria me perdoar por saber que havia me apaixonado pelo homem que ela amou .

Assim que sai do quarto, Caius me aguardava, no mesmo lugar aonde eu havia o deixado . Pensei em lhe dizer umas poucas e boas, mas ao fundo pude ver o corpo de Eve jogado ao chão, como se não fosse nada . Apertei meus braços tentando conter arrepios e meus olhos se encheram novamente . Eu odiava aquelas lágrimas, odiava o quanto me sentia fraca quando apareciam, odiava a sensação de amargura que restava em seguida, mas tinha de admitir que adorava o quanto me faziam parecer humana . Olhei para Caius e por um segundo jurei ter visto um certo arrependimento em seu olhar, porém não me deixei enganar, eu havia o julgado mal muitas vezes, pensando que ali em algum lugar, haviam partes nele que ainda se recordavam de como havia sido ser humano, que eu poderia encontrar uma certa compaixão, ou piedade, amor até mesmo, o mesmo que Emma o fizera sentir, mas não havia nada além de puro egoísmo e monstruosidade . Eu sabia que ele era a personificação do mal, eu apenas ainda não tinha aceitado de que era algo que não poderia ser revertido . Ele nunca iria mudar e nada o que eu fizesse influenciaria nisso .

– Aro pediu que você mesmo levasse o corpo para a família . - Disse Alec se reverenciando em seguida e tornando a sumir . Claro que ele faria isso, me torturar daquela maneira não havia sido o suficiente .

Desci e me ajoelhei ao lado do corpo de Eve, ela era uma mulher jovem e muito bonita . Eu não fazia a menor ideia de como explicaria aquilo para sua família, ou a ferida em seu pescoço que eu havia causado, mas encontraria uma maneira, ela merecia um funeral . Eu lhe daria um .


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