Pov’s Violetta

–Senhorita Castillo! –Chamou o professor, ele era um homem bem estranho, branco demais, tinha os lábios tortos, e cabelo preto, sem contar a gigantesca monocelha que ele tinha bem em cima dos olhos acinzentados. De fato uma aparência assustadora.

–Sim. –Respondi tentando conter o nervosismo.

–Pode me responder a pergunta que eu acabei de fazer? –O professor perguntou, obviamente ele percebeu que eu não estava prestando a atenção na aula dele.

–É...é...-Eu tentava me lembrar da pergunta, mas eu não sabia.

–Violetta, achei que dessas coisas você soubesse. Afinal foi você que passou a noite inteirinha fazendo “amor” com aquele seu namorado gatão. –Anne disse do outro da sala, senti a ironia dela ao pronunciar a palavra “amor”, pude ouvir risadas na sala de aula.

Apenas tentei ignorar isso, eu não entendia o motivo das risadas, os meus “companheiros” de classe eram todos loucos por sexo, se me permitem dizer, estudavam de manhã, saiam com os amigos de tarde, e a noite saiam para ir as baladas, na manhã seguinte chegavam na escola parecendo zumbis, todos com olheiras profundas. Eu me perguntava como eles conseguiram entrar nessa Universidade.

–Sinto muito professor, eu não sei a resposta. Mas tenho certeza que Anne deve saber, já que ele tem uma experiência corporal nova toda noite. –Eu disse e soltei um riso depois, a sala inteira agora ria de Anne, e a mesma me fuzilava com o olhar.

–Calem-se todos, vocês nem parecem Universitários, olhem bem para o estado da grande maioria de vocês, mal conseguem conter o sono. E essas risadinhas desnecessárias são completamente infantis, parem com isso, pelo menos na minha aula. –Disse o professor, logo em seguida o sinal tocou.

Minha sala não era muito grande, apenas vinte alunos, mas haviam dez classes com vinte alunos no mesmo curso que o meu, ou seja, “gente pra caramba” para um único curso de primeiro ano.

Bom, dos vinte alunos da minha sala, doze eram insuportáveis inúteis que cheiravam a álcool e pareciam zumbis de manhã. Os outros oito, digamos que esses mereciam estar nessa Universidade, e sem a mínima humildade eu me incluo nisso.

–Hey Vilu, finalmente chegamos ao fim de semana. –Disse Tony se aproximando de mim.

–Finalmente, mas eu diria que minha semana foi boa, eu vi o Leon muitas vezes, e a Anne eu quase não vi. –Eu disse rindo.

–Interessante. –Tony disse, ele nem estava prestando a atenção no que eu falava. –Vilu, tenho que ir, tenho um encontro com a minha parceira de biologia.

–Parceira de biologia? Finalmente desencalhou. –Eu disse rindo e ele ficou vermelho. –Vai lá Tony. –Eu disse e ele assentiu. Meu telefone começou a tocar, e eu abri um enorme sorriso ao ver quem era.

Ligação On

–Fran? –Eu disse feliz

–Vilu, que saudades. –Ela disse empolgada, já fazia um mês que nós não nos falávamos.

–Fran, você não faz ideia do quanto eu sinto a sua falta. Como estão as coisas aí em Buenos Aires? –Eu perguntei.

–Estão ótimas, mas nós sentimos a sua falta e a do Leon. O seu irmão está morrendo de saudades suas, mas ele não assume. –Ela disse rindo.

–Eu sinto falta daquela peste. –Eu disse me lembrando do Federico. –Mas e a Universidade? E você e o Marco? –Eu perguntei empolgada.

–A Universidade é ótima, estou gostando bastante. Eu e o Marco vivemos uma pequena crise, mas logo passa.

–Crise? –Eu disse preocupada.

–É o stress da Universidade, mas as coisas estão melhorando para nós dois. Mas e você e o Lion? –Ela perguntou rindo.

–Bom....eu e o Leon, nós tivemos a nossa primeira....-Fran me interrompeu.

–AAAAH Não acredito! –Fran disse. Eu decidi contar a ela, por mais que isso fosse algo pessoal, ela era uma das minhas melhores amigas.

–Sim! –Eu disse rindo da reação dela.

–Não vou perguntar mais nada, tudo bem? Não quero te deixar corada. –Fran disse, e eu realmente estava envergonhada. –Oh, esqueci de dizer, a Cami e o Broduey voltaram, ela decidiu perdoar a traição dele.

–Isso é ótimo.

–Pois é. –Ela respondeu. –Vilu eu quero conversar com você, mas eu preciso desligar agora, sinto muito. –Ela disse com um tom triste.

–Tudo bem, depois nos falamos. –Eu disse e ela desligou.

Ligação Off

Arrumei meus livros na bolsa e suspirei aliviada, agradeci mentalmente pela semana ter acabado. Eu iria ao meu quarto, tomaria um banho quente para aliviar o frio que estava aqui na Califórnia, e depois eu provavelmente iria estudar.

Sim, eu sei, eu sou uma pessoa sem vida social, mas isso não me ofende, inclusive eu gosto desse meio jeito de viver. Provavelmente Leon me ligaria, como ele fazia todas as noites, nós conversávamos por um longo tempo, e isso explicava a enorme conta do meu celular que chegava ao fim do mês.

Cheguei ao meu quarto e decidi assistir um filme no meu notebook, afinal eu precisava “relaxar” de alguma maneira. Eu estava colocando o filme, mas a porta do meu quarto se abriu revelando Anne, eu bufei ao pensar que teria que atura-la.

–Vai passar mais uma sexta-feira a noite sentada nessa cama estudando ou assistindo a filme sem graças. –Anne disse.

–Ou eu posso ficar conversando com o meu namorado. –Eu disse tentando provoca-la.

–É uma pena que aquele pedaço de mau caminho seja comprometido. –Ela disse. –Leon Vargas deve ser um espetáculo sem camiseta, e aqueles lábios, devem fazer um belo estrago. –Anne disse, meu humor piorou, eu odiava quando ela falava sobre Leon, mas eu tentei me acalmar.

–Sim ,Leon é um espetáculo sem camiseta, e os beijos dele sou os melhores que alguém pode receber, mas você Anne, jamais poderá provar disso tudo. Desista de me provocar, e eu quero que me deixe em paz com o Leon.

–Não prometo. Mas, eu vim aqui com outro propósito, vim te passar um recado, um carinha aí que eu não lembro o nome, pediu que eu te convidasse para a festa dele hoje a noite. –Anne disse com desgosto.

–Obrigada, mas eu não vou. –Eu disse, e realmente não queria ir, não queria me misturar com um monte de gente bêbada e se drogando.

–Vamos Violetta, você tem que se movimentar um pouco. –Anne pediu novamente. –E além do mas, não é uma festa qualquer, e você foi convidada, considere-se com sorte.

Eu já tinha sido convidada para muitas festas aqui na Universidade, mas eu nunca fui, ao contrário de Anne que era a primeira chegar e era a última a sair. Eu estava completamente entediada, talvez fosse bom eu mudar um pouco os ares, e comprovar que a minha teoria sobre os idiotas e bêbados da minha sala, está certa.

–Eu vou. –Eu disse determinada.

–Ótimo. –Anne disse fingindo interesse, ela só me chamou porque o organizador da festa pediu. –Aqui está o endereço, a festa começa as oito. –Ela disse e saiu.

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Entrei naquela casa de tamanho mediano onde ocorria a festa, foi só eu abrir a porta que o cheiro de bebidas tomou conta de mim, a música era tão alta que eu achei que iria estourar meus tímpanos.

Pude avistar Anne de longe, ela estava presa na parede enquanto um cara a engolia, eu até pensei em trazer o Leon, mas eu acho que não deveria “meter” ele nesse tipo de lugar. Sentei-me em uma banqueta e fiquei observando o comportamento das pessoas ao meu redor.

O tédio continuou, alguns homens até tentaram me paquerar, mas eu sempre dispensava eles. Eu decidi pedir uma bebida, nada demais, eu só queria dar uma relaxada, pedi algo para o barman e ele logo me entregou o copo com um líquido de cor amarela.

Comecei a me sentir mal após ingerir aquele liquido de cheiro forte, decidi ir para um canto da festa, um lugar que estivesse mais tranquilo. Senti minhas costas deslizarem contra a parede da casa, minha visão ficou embaçada, mas eu não desmaiei.

Após uns trinta minutos nesse estado pude ver um corpo vindo em minha direção, quando se aproximou um pouco mais, eu pude ver que era um homem que vestia uma camisa xadrez azul.

Ele se agachou na minha frente, e na hora reconheci a pessoa, mesmo com a visão embaçada, os olhos verdes de Leon o denunciaram, tentei sorrir, pois eu sabia que ele me ajudaria.

Leon passou seus braços fortes em volta de meu tronco e envolta da minha perna, me aconcheguei em seu peito e fechei os olhos, ele não chegou a e levantar, apenas ficou ali no chão comigo em uma espécie de abraço.

–Leon. –Eu decidi chama-lo.

–Por que fez isso Violetta? Por que veio a essa festa? –Leon perguntou, seu tom era duro e frio....