Pov’s Violetta

Acordei com um barulho um tanto irritante, abri os olhos lentamente e percebi um par de saltos andando de um lado para o outro dentro do quarto. Resmunguei baixinho e vi que ainda era 04:00 da manhã, eu ainda tinha mais três horinhas de sono. Tentei dormir novamente, mas Anne continuava transitando pelo quarto enquanto conversava no celular.

–Vai dormir ou sai do quarto, por favor. –Eu disse me enfiando em baixo das cobertas. Porém, mesmo com o meu pedido “educado”, Anne continuo andando de pelo quarto e falando alto no celular, provavelmente discutia com um de seus “ficantes” o que era bastante normal. Depois de uma meia hora, Anne finalmente desligou o celular e foi se deitar, e eu rapidamente peguei no sono.

O despertador logo tocou, apesar de ter dormido por um bom tempo, a interrupção da madrugada fez o cansaço aparecer, Anne dormia feito pedra, como sempre se atrasaria para as aulas.

Eu prestava medicina, eu sei que não tem nada haver artes cênicas, outra opção de profissão, mas medicina me agradava e muito, e eu queria me tornar uma grande cirurgiã, e acredite, medicina era uma das matérias mais difíceis da Universidade. Leon prestava engenharia civil, para que futuramente pudesse assumir os negócios do pai, sem contar que ele também jogava pelo time de futebol americano da Universidade, e quem sabe ele não se tornaria profissional.

Em relação aos meus amigos “universitários”, digamos que eu não tinha muitos, quer dizer, eu tinha apenas um, Tony, ele era bem legal, era magricelo e utilizava óculos, sempre tímido, não foi fácil fazer amizade com ele.

Leon tinha ciúmes de mim com Tony no inicio, inclusive discutiu com o mesmo uma vez, eu acabei brigando com ele, e então Leon aceitou que eu e Tony éramos apenas amigos. Costumamos sair nos fins de semana, os três juntos, digamos que é bom para extravasar o stress da Universidade.

–Como está Violetta? –Ele perguntou se sentando ao meu lado.

–Bem, um pouco cansada, Anne fez questão de me acordar em plena madrugada. –Eu disse batucando com a caneta na mesa.

–Essa garota tem problemas. –Ele disse rindo e eu concordei.

–E você como está? –Eu perguntei.

–Ótimo, estou treinando, parece que irá ocorrer um campeonato de skate em algumas semanas, e eu gostaria muito de vencer. –Ele disse empolgado, skate era a única forma que Tony tinha de liberar sua timidez. Logo o professor entrou na sala, e isso sessou as conversas na sala toda.

As aulas foram variadas, algumas chatas e outras legais, apesar de medicina me agradar. No fim de tudo eu optei por ir ao meu dormitório, fazer alguns trabalhos e depois quem sabe descansar.

–O gato mexicano não vem hoje? –Anne perguntou adentrando o quarto, apenas ignorei, já me acostumei com Anne falando de Leon. –Você nunca sai desse quarto? –Ela perguntou parando em minha frente.

–Eu gosto de ficar aqui. –Eu respondi sem olha-la.

–Fazendo o quê? Estudando, estudando e estudando? –Anne retrucou.

–Talvez eu queira ser alguém na vida, e se o jeito for ficar estudando, estudando e estudando, é isso que eu vou fazer. –Eu disse.

–Você tem que aproveitar sua juventude.

–Eu aproveito, saio sempre nos fins de semana com Leon e Tony. –Eu disse, eu posso não me divertir muito, concordo, mas não é fácil, eu simplesmente abandonei meus amigos e vim para outro país, não tinha muitos amigos aqui, mas como eu já disse anteriormente, eu estava feliz assim, apesar de não sair muito por aí.

–É realmente sair com o gato do seu namorado é uma ótima maneira de aproveitar o tempo. –Anne disse maliciosamente, o interesse dela em Leon sempre foi evidente, e isso me irritava, e muito.

–Por que não vai desperdiçar seu tempo com um dos garotos que você tem saído ultimamente. –Eu disse rude.

–É uma excelente ideia, e quem sabe um dia Leon vire um dos garotos com quem eu saio. –Ela disse e saiu do quarto, batendo a porta com força. Continuei lendo um livro sobre ossos do corpo humano, até que meu telefone tocou, era Leon.

Ligação On

–Oi meu amor. –Eu disse fechando o livro e o guardando dentro de meu pequeno armário.

–Oi. –Leon respondeu animadamente.

–Tudo bem? –Eu perguntei dando risada.

–Tudo, só estou um pouco cansado, depois das aulas eu tive que arrumar meu quarto, porque meu colega Peter fez o favor de bagunça-lo.

–Tive um namorado chamado Peter. –Eu disse descontraidamente. Leon ficou mudo. –Leon? –Eu perguntei.

–Prefiro não saber sobre seus antigos namorados. –Leon disse, sua voz estava tensa, eu soltei uma risada.

–Tudo bem, mas então como...-Leon me interrompeu.

–Só por curiosidade, quantos namorados você já teve? –Leon perguntou.

–Espera que eu tenho que contar, já foram tantos. –Eu disse brincando, Leon pareceu não perceber.

–Como? –Leon perguntou indignado.

–Só dois Leon. –Eu disse rindo. –E se te faz feliz, você foi o único para quem eu disse “eu te amo”. –Eu disse.

–Assim me sinto melhor. –Ele disse rindo.

–E então me ligou por algum motivo especial? –Eu perguntei.

–Não, só queria sabe se estava bem. –Leon disse. Oh sim, eu me esqueci, você pode vir até aqui amanhã? –Ele perguntou com o tom animado novamente.

–Posso, por quê?

–É que amanhã, meu treino termina mais cedo, mas não tem como eu ir até aí. –Leon disse.

–Eu vou sim.

–Tudo bem, nós vemos amanhã então. –Ele disse.

–Nos vemos amanhã.

–Vilu?

–Sim.

–Você é minha vida. –Leon disse e desligou o telefone. Ele disse isso assim do nada, o tom que ele disse pareceu ser mais forte do que um “eu te amo”, eu fiquei estática segurando o telefone por uns cinco minutos.

Ligação Off

–Você também é minha vida. –Eu sussurrei depois de sair do transe.

O resto do dia passou tranquilamente, lá pelas seis me encontrei com Tony na lanchonete do campus, ficamos conversando sobre música e entre outros assuntos aleatórios. Depois de me divertir um pouco eu voltei ao quarto, e para minha “sorte” Anne estava lá.

–Seguiu meu conselho e foi se divertir? –Anne perguntou.

–Fui me divertir, mas não dá maneira que você pensa. –Eu disse, digamos que o meu conceito de diversão era bem diferente do conceito de diversão de Anne. Depois disso a “conversa” parou, e se prolongássemos muito o dialogo, iríamos acabar discutindo. Tomei um rápido banho e logo em seguida fui me deitar, apesar de não ter feito quase nada, eu estava bem cansada.

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Pov’s Leon

Já estava de noite e eu preparei algumas coisas para fazer com Violetta amanhã, é sempre bom vê-la, ainda mais nesses tempos de Universidade que mal temos tempo para ficarmos juntos.

–Peter se importar se eu trouxer minha namorada aqui amanhã? –Eu perguntei para meu colega de quarto.

–Desde que respeitem meu espaço eu não ligo. –Ele disse.

–Obrigado.

–Então finalmente eu irei conhecer a garota que flechou o coração de Leon Vargas. Qual é o nome dela? –Peter perguntou rindo.

–Violetta. –Eu disse acompanhando suas risadas.

–Tive uma namorada chamada Violetta. –Peter disse e eu travei, seria muita coincidência? Espero que sim, Peter meu colega de quarto não poderia ter namorado Violetta.

–Está tudo bem? –Ele perguntou.

–Sim! Boa noite. –Eu disse cortando a conversa e indo dormir.

Pov’s Violetta

Minha rotina matinal foi a de sempre, acordei, tomei café e fui assistir às aulas que foram mais interessantes hoje. Eu guardei meu material com tanta pressa que fez Tonyr rir.

–Vai se encontrar com Leon? –Ele perguntou rindo.

–Sim vou. –Eu disse enfiando tudo na bolsa.

–Imaginei, pela pressa que você está fazendo as coisas. –Ele disse.

–Quase não fico com ele, tenho que aproveitar as oportunidades, tchau. –Eu disse e “me mandei”, fui ao quarto, tomei banho, coloquei uma roupa casual, e fui rumo a Stanford. Eu tinha chamado um táxi, seria mais fácil chegar na Universidade de Leon.

Chegando lá, eu entrei com facilidade, Leon havia pedido que autorizassem minha entrada, era a segunda vez que eu ia até lá, sabia onde era o dormitório, pois Leon havia me levado lá uma vez. Bati na porta esperando que Leon a abrisse, mas pelo contrário, um garoto que aparentava seus vinte anos abriu a porta, ele não me era estranho.

–Oi o Leon está? –Eu perguntei.

–Violetta? –O garoto disse surpreso.

–Sim. –Eu disse confusa, o tal garoto me puxou e me deu um abraço apertado, não me senti bem com isso, eu mau o conhecia, e ele já vinha com intimidade para cima de mim.

–Não se lembra de mim? –Ele perguntou e eu neguei. –Sou eu, Peter. –Ele disse e eu gelei, a sorte realmente não estava ao meu favor. –Você está maravilhosa. –Ele disse.

–É, ela realmente está maravilhosa. –Uma voz extremamente conhecida apareceu atrás de mim. Leon envolveu suas mãos quentes envolta de minha cintura, e pressionou meu corpo contra o dele, demonstrando que estava enciumado. Impressionante, eu só tive um namorado além de Leon, e este foi Peter, e justo esse Peter é o colega de quarto de Leon, mas será possível que nem nos Estados Unidos da América eu tenho paz em relação à vida amorosa?