Pov’s Violetta

Vida...A minha particularmente estava boa, nem ruim nem ótima, simplesmente boa. Eu estudava aonde queria, e estava próxima da pessoa que me fazia sorrir livremente todos os dias. Infelizmente estar próxima dele não era o bastante, eu queria mais, eu desejava ter Leon comigo.

Leon me visitava aos fins de semana e nos finais de tarde as quartas-feiras. Ele parecia feliz, porém às vezes seu rosto estava com uma expressão abatida, eu cheguei a perguntar o motivo, e ele sempre respondia que era cansaço devido aos treinos de futebol, sim Leon jogava futebol pela universidade, e isso é ótimo, se ele tiver potencial (E eu sei que tem) ele poderá se tornar profissional.

Por incrível que pareça já se passaram três meses que estamos aqui nos Estados Unidos, até que eu gosto de morar aqui, mas sinceramente preferia estar “Na boa e velha Buenos Aires”. Hoje? Quarta-feira, ou seja, Leon passará aqui para me ver.

Eu não tenho muitos amigos aqui, é como na época do colégio, minha companheira de quarto que segundo as recomendações da universidade deveria ter respeito com o companheiro, ela na realidade não passava de uma jovem mal compreendida, que dava em cima do Leon, e de todos os garotos da universidade, roubava e tentava me roubar, mas eu tranquei todas as minhas coisas valiosas. De fato um “ótimo lugar para se dormir”, enquanto ao resto da Universidade, eu não poderia me queixar, era um belo lugar, e a qualidade de seu ensino era respeitosa. Batidas na porta ecoaram por todo o quarto, por sorte eu estava sozinha.

–Violetta? Está ai? –Era a voz de Leon, com o mesmo tom preocupado de sempre. Levantei-me sem dizer nada e abri a porta com cautela, assim a porta se abriu por inteira pude vê-lo por completo. O cabelo em forma de topete com os fios rebeldes, olheiras profundas, estava um pouco mais forte, blusa xadrez e calça jeans como de costume, eu particularmente gostava de seu estilo.

–Como está? –Ele perguntou sorridente.

–Bem e você? –Eu disse baixinho e indicando para que ele entrasse.

–Eu estou ótimo. –Ele disse, estranhei a felicidade com que ele dissera isso. –Porém eu tenho uma péssima noticia para te dar. –Ele disse, e eu o olhei desconfiada, Leon deu risada.

–Diga. –Eu disse indo até ele.

–Não poderei vir te ver esse fim de semana. –Ele disse com uma cara de medo.

–Calma, não vou te bater. –Eu disse e ele riu.

–Eu sei que não me bateria. –Ele disse desafiador, dei-lhe um tapa fraco no ombro, e Leon resmungou.

–Então qual é o motivo pelo qual meu namorado vai me trocar este fim de semana. –Eu disse em tom de brincadeira, Leon suspirou pesadamente, tentando se livrar do cansaço evidente.

–Tenho treino, parece que irá começar uma liga para amadores, e é uma grande oportunidade e...-Eu o interrompi colocando um dedo em seus lábios, Leon estava nervoso demais, preocupado demais.

–Eu já entendi, é importante para você? –Eu perguntei e ele assentiu. –Então é importante para mim também, sei que você adoraria se tornar um jogador de futebol americano profissional, e sei também que provavelmente esse campeonato irá te ajudar. –Eu disse e tirei o dedo de seus lábios, e passei a acariciar seu rosto.

–Irá ser realmente muito importante para mim, mas você sabe que eu preciso de você lá. Se não eu....-Eu o interrompi novamente, ele estava ficando cada vez mais afobado. Acariciei seu cabelo tentando passar tranquilidade, foi assim nesses últimos três meses, Leon afobado, nervoso e preocupado e eu era uma espécie de suporte a ele, tentando acalma-lo e tranquiliza-lo.

–Se não você? –Eu disse tentando incentiva-lo.

–Se não eu não consigo. –Ele disse baixinho. Leon me olhou firmemente e se aproximou para me beijar, fazia tempo que não tínhamos um momento só para nós, mesmo com as visitas de Leon, era praticamente impossível termos “paz”, faz tempo que damos um beijo de verdade.

–Vejam quem esta aqui. –A porta do meu quarto se abriu, revelando a pessoa que eu tinha mais repugnância dentro daquela Universidade.

–Oi Anne. –Eu disse sorrindo falsamente. Anne era minha parceira de quarto, oferecida e vulgar, assim que eu a definia.

–Oi Leon. –Ela disse, Leon revirou os olhos, ele ignorou o comentário e me abraçou.

–Qualquer dia eu espanco essa garota. –Eu disse sussurrando no ouvido de Leon.

–Esquece essa garota. –Leon sussurrou de volta. Anne era perturbada, me lembro claramente do dia em que ela “atacou” Leon, por sorte eu estava perto.

–É serio, qualquer dia eu não vou me controlar. –Eu disse me aconchegando em seu peito, estávamos ignorando a presença de Anne ali, como sempre fazíamos.

–O que está acontecendo com você? –Leon disse rindo. –Você não é mais a minha Violetta. A frágil Violetta. –Leon disse rindo.

–Eu amadureci. –Eu disse dura, Leon continuou dando risada. De longe pudemos ouvir Anne bufando, revirei os olhos, parece que hoje teremos que inverter os papéis, eu ficarei estressada e o Leon tenta me acalmar. Ele se aproximou (novamente) para me beijar, mas era praticamente impossível me relacionar com Leon sendo que Anne nos encarava, era desconfortável.

–Perdeu alguma coisa aqui? –Eu perguntei à Anne, nossas discussões eram quase que diárias.

–Perdi um mexicano dos olhos verdes. –Anne disse olhando para Leon como se fosse devora-lo, Leon virou o rosto na hora e segurou minha mão transmitindo segurança. – Não se preocupe Violetta, que eu já estou de saída. –Ela disse pegou algo (Que eu pressuponho que seja bebida alcoólica) e se retirou.

–“Perdi um mexicano dos olhos verdes”, não tinha companheira de quarto pior do que ela. –Eu disse.

–Mas ela já se foi. –Leon disse e abriu um sorriso, se aproximou novamente e desta vez não havia “Anne” e nem ninguém para nos interromper. Leon tratou de selar nossos lábios com rapidez, há quanto tempo eu não recebia um beijo desses. Nos separamos, e ofegantes era pouco para nossa situação. Os olhos de Leon estavam escuros, transbordavam luxuria e desejo.

–Tenho que ir. –Leon sussurrou e eu resmunguei feito uma criança mimada.

–Tenho que fazer alguns trabalhos, e Derek me espera, temos alguns compromissos. –Derek era um amigo de Leon, ele não falava muito sobre o “tal”, porém pareciam ser bem amigos. –Me desculpe, tudo o que eu queria era passar mais tempo com você. –Ele disse baixinho.

–Tudo bem, você já fez muito, só pelo fato de não estar em outro continente. –Eu disse rindo e ele me acompanhou.

–Tenho que ir. –Ele repetiu, me deu um leve selinho e depois saiu do quarto sorrateiramente. Digamos que Leon não “deveria” estar ali, não que ele não pudesse me visitar, mas ele não poderia estar nas dependências da Universidade.

Leon era o oposto de mim, enquanto eu era a garota tímida e calada, Leon era o carismático e popular de Stanford (Para quem não lembra “Stanford” é a Universidade do Leon). Eu sabia que provavelmente muitas garotas “davam em cima” dele, mas eu tinha completa certeza do seu amor por mim, e era isso que me fazia confiar em Leon, “mesmo longe ele fazia questão de estar perto”, eu sei é estranho e sem lógica isso que eu acabei de dizer, mas de alguma maneira isso fazia sentido para nós dois, ele fazia questão de me ligar para perguntar se eu estava bem, ou me dar um simples “Bom dia”, era isso que o fazia estar por perto.

Minha vida está assim, nessa rotina que parece não ter fim, o que me faz sorri é ele, e Leon sabe disso. Sei que parece tudo meio clichê e até “anormal”, podemos dizer assim, mas as coisas entre mim e o Leon nunca foram normais. E se querem saber, é assim que eu me sinto feliz, me sinto feliz com a minha “vida boa”, me sinto feliz com o meu namorado retardado, é isso tudo que me faz feliz, a minha vida “semi monótona” me faz feliz...