–“Humilde Mexicano” – Repeti as palavras dele ironicamente, apenas ri com a carta.

Olhei ao meu redor, e percebi que não havia nada para fazer, eu estava de férias, e para mim férias significava não fazer nada, apenas relaxar. Leon já era mais agitado, adorava se exercitar e sair, mas a gente costuma entrar em um acordo.

Tomei um banho gelado, para ver se caia a ficha de que finalmente havíamos voltado para Buenos Aires. Assim que acabei comecei a fuçar nas coisas do quarto de Leon.

Havia muitas fotos (Incluindo algumas nossas), dele pequeno, dele no time de futebol, e também vários troféus, fora a carta de aprovação da Universidade que ficava pendurada em sua parede.

Eu gostava de ficar ali, pois foi ali que Leon viveu grande parte de sua vida, ele cresceu ali, e aquilo faz parte do mundo dele, é uma parte dele. Bem escondido achei um pequeno baú, que estava escrito: Recordações da infância.

Não resisti e fui dar uma olhada. Leon guardava ali alguns antigos apetrechos, como um carrinho de madeira, um mastro de pirata, jogos de vídeo games antigos (Digo antigos, porque até hoje ele joga vídeo games), havia até uma roupa de quando ele era pequeno, e eu só sorria ao ver aquilo.

Além de todas essas coisas, algo me chamou a atenção. Havia um foto dele com aproximadamente 15/16 anos, ao seu lado era claramente Diego, e também havia uma menina, que aproposito, eu reconheci de imediato: Stephie.

(N/A Lembrando que eu NÃO tenho nada contra a Stephie)

Recordei-me dela quando eu e Leon fizemos aquela viagem e a encontramos, e depois deu todo aquele “rolo”. Mas eu realmente queria saber o significado daquela foto.

A foto seguinte também era dos três, Diego estava abraçado com Stephie e Leon fazia um coração no fundo, possivelmente zoando com os dois. Então Diego aparentemente era namorado de Stephie, então algo nesse meio tempo aconteceu que Leon passou a namorar com ela.

O que nos leva a entender que esse é o motivo do ódio do Diego pelo Leon, porém, pelo que eu sei, Leon namorou com Stephie quando ambos estavam no México, e Diego? Até onde eu sabia pelo México ele não havia passado.

Só que não é possível que o Diego tenha tanto ódio por causa disso, tudo bem, é realmente uma situação complicada, mas pelo que eu conheço Leon, algum motivo ele deve ter tido.

Depois eu perguntaria a ele, era melhor do que ficar precipitando meus pensamentos. Com isso estranhei o fato dele ainda não ter chegado, mas decidi esperar mais um pouco.

Preparei algo para comermos juntos, e levei ao quarto, algo aparentemente clichê, porém eu achava muito romântico, mas Leon não chegou. Aguardei mais trinta minutos, o que eu deduzi que era o suficiente para uma simples corridinha.

–Onde você se meteu Leon? –Perguntei para mim mesma quando liguei parar ele, mas o celular do mesmo estava desligado.

Comi um pedaço dos ovos mexidos que eu havia preparado, fiquei batucando meus dedos na cômoda impaciente, pois a demora dele era de se suspeitar. Enviei mensagens, liguei inúmeras vezes e nada.

–Já chega! Vou atrás dele. –Me levantei e vesti uma roupa. –Espera! Como eu vou encontra-lo se eu sequer sei aonde ele foi? –Eu pensei, bufei e me sentei novamente na cama, voltei a estaca zero.

Liguei mais uma vez, e desta vez ao menos chamou. Três....quatro...cinco toques, e quando eu estava prestes a desistir atenderam a ligação.

–Leon! Sabe o susto que você me deu? –Eu gritei ao telefone.

–Não sou o Leon! –Gritou um homem desconhecido. –Meu nome é Kevin, sou policial.

“Policial” é isso definitivamente não poderia ser bom, a não ser que o Leon tivesse ganhando um prêmio e precisasse ser escoltado. Eu sabia que tinha algo de errado, eu senti.

É como pressentimento de mãe, só que é pressentimento de namorada, uma namorada que está prestes a entrar em desespero. Só me veio às ameaças eminentes do Diego.

–O que houve com ele? –Eu perguntei com a voz trêmula.

–Então, primeiramente eu preciso saber com quem estou falando. –O policial disse.

–Violetta Castillo, sou a namorada dele, tenho como provar. Por favor, me diga o que houve? –Eu implorei.

–Estamos investigando, ao que parece o Leon estava em frente à padaria, e dê repente....

–Continue. –Incentivei.

–O Leon sumiu...

–Como sumiu? Ele é uma pessoa, não pode sumir assim do nada.

–Então ele...é que...foi assim. –O “tal” policial não conseguia formular a frase, escutei alguns chiados do outro lado da linha, e gritos, como se houvesse uma briga.

–Violetta..Não acredita neles. Eles quere....-Era Leon, mas não consegui ouvir tudo.

–Alô? –Disse outra voz. Uma voz repugnante, que eu odiava.

–Diego. –Eu disse e o amaldiçoei.

Ou seja, o policial, na realidade não era policial, e se era, estava sendo manipulado, o que não é uma atitude digna.

Diego. Maldito! Ele sabe que tem uma vida, e pode vive-la sem atormentar os outros? Apertei mais ainda o telefone, certeza que iria ficar marcas em meus dedos.

–Que bom que me reconhece....

Pov’s Leon

–Sequestro, quanta originalidade, sequestrou Violetta ano passado e agora a mim.

–Preferia que ele fizesse pior? –Indagou um dos homens que me seguravam.

Ele era o cara que “se fez” de policial, ele iria armar para Vilu, dizendo que iria ajuda-la a me encontrar, mas era tudo apenas uma distração. Enquanto ele fingia ser policial, Diego tentava sumir comigo de vez.

–Que bom que me reconhece. –Disse Diego ao telefone.

Como eu queria acabar com ele, a como eu queria dar uns tapas nesse cara, mas infelizmente dois brutamontes me seguravam pelos braços, enquanto eu tentava inutilmente escapar.

–Não se preocupe, não irei acabar com esse idiota que você chama de namorado, quer dizer até vou, mas não se preocupe. –Diego respondeu dando risada.

Violetta a essas alturas devia estar pirando.

–Violetta, quando eu te sequestrei, eu não queria, não era você, era ele, e agora apenas estou dando sequência aos meus planos. Mas infelizmente você está envolvida, quer ajuda-lo? Não chame a polícia, e fique na sua. –Ordenou Diego e desligou.

Pov’s Violetta

A ligação se cessou. Era isso, eu sabia que Leon havia sido sequestrado, porém não sabia o que fazer. Esses “Joguinhos” do Diego não me interessavam, era um jogo que eu não queria jogar. Mas agora, Leon corre perigo, e eu vou ter que aprender a entrar no Jogo Diego.

Me sentei novamente na cama de Leon, fiz algo que eu não queria, chorei, não queria chorar, pois não é assim que se age, chorar não soluciona os problemas, e chorar não vai me aliviar.

Quando eu parar de chorar não adiantará nada, porque não terei Leon aqui comigo para me consolar e dizer “Está tudo bem”. Chorar não iria trazê-lo de volta, mas eu não consegui me controlar.

Chorei....Chorei.....Chorei, foi tudo o que fiz em duas horas, já sei, isso foi ridículo, novamente pelos mesmos motivos. Mas eu não era forte o suficiente, eu não era ninguém sem ele, principalmente com o cruel pensamento de que eu podia perdê-lo para sempre.

Em meio às frustrações pela minha fraqueza, acabei adormecendo, apesar dos esforços para me manter acordada.

Eles não têm escolha Vilu, um deles teria que ter um destino cruel, a vingança é algo péssimo, mas aquele que se vinga ás vezes não tem um destino justo. O vingado pode ter um destino injusto.

A dois lados, aquele que é bom, e aquele que é ruim. O lado do bom, se depender das suas escolhas, poderá sofrer consequências injustas. O lado do ruim, se depender das suas escolhas, poderá sair ileso, como se fosse inocente.

Tome cuidado, seja forte, pense, salve aquele que ama, e assim a justiça poderá ser feita.

Acordei apavorada, era uma voz, uma voz obscura e ao mesmo tempo algo que era bom de ouvir. Um recado estranho, mas após muito esforço consegui entender. Se é que esse sonho maluco realmente fazia sentido, já que eu mesma acho que estou pirando.

Esse sonho me fez pensar, pensar em várias coisas. Eu finalmente entendi porque Diego fez um sequestro novamente, mas desta vez ele pegou Leon:

–Porque ele queria acabar com aquilo que não conseguiu da primeira vez....