Capítulo 3: O novo Dan

–Oi Dan... O que faz aqui?- perguntou Runo assustada, o que Dan estava fazendo na frente de sua casa já no 1° dia em que ambos haviam se reencontrado.

– Saudades da comida da sua mãe- respondeu ele dando um sorriso.

– A então por que não entrou logo?- perguntou ela.

– Sacumé, se sua mãe me visse ia começar a chorar e me fazer pagar mico, seu pai ia provavelmente querer me mostrar fotos novas suas e fala sério ninguém merece ver mais nenhuma foto sua- disse ele com voz de nojo.

– AA SEU IDIOTA, POIS FIQUE SABENDO QUE TAMBÉM NÃO VAI COMER MERDA NENHUMA DE GRAÇA!!!!- começou a gritar Runo- SE LIGA, MAL VOLTA E JÁ TA QUERENDO ME USAR.

– Asidéia, ta certo que queria comer de graça sim, afinal toda vez que vinha aqui eu comia, mas não é só por causa disso que vim até aqui. - Runo sentiu que o garoto havia mudado o tom de voz.

– E o que você veio fazer aqui então?

– Primeiro vamos entrar, comer e ai eu falo.

– AFFEEEE ENTRA.

Quando entraram no restaurante de Runo, Dan sentiu que o local, que há um ano ele havia ido, tinha mudado bastante, sem falar que agora havia mais pessoas para ajudar Runo na hora de servir os clientes, ele na hora imaginou a amiga agradecendo os pais, pois odiava ter de usar os uniformes que os pais a obrigavam a usar.

Logo em seguida Runo saiu da cozinha, com uma bandeja lotada de comida, Dan presumiu que seria tudo para ele, quando a garota se sentou e lhe entregou toda a comida disse:

– E então?

– A espera né? Deixa eu comer direito...

E assim começou a comer, com o olhar da garota por cima dele raivoso.

...

Julie estava na porta de Billy, o garoto morava no mesmo prédio que ela, a única diferença é que ela morava no 5° andar e ele, no 4°. Estava nervosa, parecia que era a primeira vez que iria conversar com ele, havia até se esquecido que ambos se conheciam desde quando eram crianças, pensava que seria melhor nem ir falar com ele, vai que ele não estava em casa, ou que estava com alguma garota no momento.

Se tivesse uma garota, ela saberia que suas esperanças iriam sumir, afinal era bem merecido ele ter alguém com ele agora, até por que ela havia sido uma completa ignorante e sem sentimentos quando ele lhe contou que havia ficado com uma francesa, e pensando agora que se tocasse a campainha e tivesse uma garota junto de Billy... Não iria conseguir agüentar.

Seus olhos começaram a se encher de água, sabia que era boba por chorar por tudo, Runo sempre lhe dizia isso, mas ela sabia que falar que ia ser mais forte é uma coisa, mas se fazer de forte é outra coisa. Seu coração queria que ela tocasse a campainha, mas seu cérebro não, e sem ela ao menos perceber, depois de uma discussão com seus órgãos, seu dedo se apontou para a campainha e a tocou.

Quando voltou a si e viu que havia tocado, não sabia o que fazer, queria sair dali o mais depressa possível, se Billy a visse daquele estado ia acabar rindo dela, ela parecia uma louca falando sozinha se perguntando se estava bonita ou não, então em um instante alguém abre a porta. Era Billy:

– Julie?- perguntou ele surpreso.

– Aaaa... Oi Bi-Billy “LEGAL JULIE, GUAGUEJA MESMO”.

– An... O que faz aqui? Você bem... Quase nunca passa na minha casa. – disse ele ainda surpreso.

– Bom Billy eu... Posso entrar? Queria conversar com você.

– Claro... Entra- disse ele abrindo a porta e fazendo passagem para ela.

Realmente Billy era um garoto muito arrumadinho, Julie até se surpreendeu, nunca havia visto alguma coisa de Billy arrumada, sempre era o rei da bagunça.

– Contratou uma empregada?- perguntou ela.

– Não- disse ele fechando a porta- digamos que depois da viajem à Europa eu tenha virado mais arrumado, até por que se eu deixasse tudo bagunçado, teria perdido mais da metade de minhas coisas- disse ele sorrindo e Julie começou a corar- então o que queria falar comigo?

– Billy, pode se sentar comigo aqui?- disse ela apontando para um sofá próximo, ele fez que sim e se sentou, logo em seguida Julie se sentou ao seu lado – eu queria conversar seriamente com você.

– É sobre a garota da França?- perguntou ele diretamente.

– Também – disse ela, mas antes que falasse alguma coisa Billy a interrompeu:

– Olha Julie, ela me beijou, eu estava esquiando e ela vivia me encarando, então quando cheguei à cabana que seria uma lanchonete ela me puxou e me beijou, mas eu fiquei tão irritado com a atitude dela que sai de lá e já fiz minhas malas para ir embora do país, nem sei o nome dela, por favor, acredite em mim.

Julie não podia imaginar, não havia deixado Billy lhe explicar desde o começo todos os detalhes e já foi sendo fria com ele, quando na verdade ele havia sido beijado pela garota. Estava sentindo raiva dela mesma, começou a chorar sem nem se lembrar de que o garoto a olhava.

– Julie o que você tem?- perguntou ele assustado.

Ela em meio aos soluços e às lágrimas falou:

– Billy eu fui má com você hoje, fui fria e sem sentimentos e ainda deixei você falando sozinho para abraçar o Dan, eu sou uma pessoa horrível.

– Não Julie... Você é não. Estava certa de certo modo até por que somos... Amigos...

– SEU IDIOTA PARA MIM VOCÊ NÃO É MAIS UM AMIGO. - gritou a garota fazendo Billy a olhar assustado.

– Não Julie como assim, somos sim, por favor, me perdoa.

– EU TE AMO BILLY – depois da última palavra que ela percebeu que havia se declarado para Billy aos berros, sentiu vergonha de si própria e abaixou a cabeça para que ele não a visse, estava claro que para ele os dois eram só amigos.

–Julie... Eu...

– Billy, por favor- levantou o olhar- não para de falar comigo, não quero que paremos de conversar por causa disso, sério...- Então foi interrompida por um Billy segurando o seu rosto com as mãos delicadamente, corado ao extremo fazendo Julie corar também, e instantaneamente os dois juntaram seus lábios e se beijaram.

...

Daniel encheu o “bucho” com a fartura de comida que Runo havia lhe trazido logo depois a mãe de Runo saiu da cozinha gritando de felicidade por vê-lo depois de um ano, perguntou tudo sobre a vida dele o que fez Runo bufar.

Aproveitaram o momento antes que o pai de Runo aparecesse para mostrar fotos da garota e subiram rapidamente para o quarto dela. Quando entraram, Runo jogou sua mochila longe e se sentou na cama, ao contrário de Dan que já deitou na cama da mesma.

– Sua folga não muda né?- perguntou ela tirando a boina e vendo um Dan a encarar.

– Sabe... Você mudou Runo- disse ele ainda a encarando e ela virou o olhar.

– Mudei?- perguntou surpresa- como assim?

– Você ta menos... Menina machão, ta mais afeminada, até usou maquiagem disse ele olhando para o olho dela.

– Nossa, serio que percebeu isso? Antes você não via a diferença de um cabelo preto com um cabelo loiro.

– A pra mim as duas cores ainda são parecidas- disse fazendo Runo rir- mas aprendi na outra escola que devemos tratar bem garotas, mesmo elas sendo meio homem como você- Runo o olhou feio- ou não.

– Ai que legal Daniel Kuso o cara das patys do colégio da capital.

– Aaaah, nada a ver- disse ele- só sei que depois que estudei la sou alguém além do campeão dos BAKUGAN’S, eu sou Dan: O conquistador.

O garoto foi interrompido por um ataque de risos da azulada, o fazendo olhar feio para ela, ela começou a ficar vermelha quando, finalmente conseguiu parar de rir.

– Qual é?- disse ele.

– Desculpe Dan, mas você? Mulherengo? Hahahaha- continuou a rir dele, jamais Dan seria um tipo de garoto conquistador, por mais que sua aparência seja bem atraente e deixe garotas pirarem, ele não tinha uma lábia conquistadora.

– Sua besta, pois fique sabendo que já fiquei com uma par de meninas e você? Aposto que nunca ficou com ninguém. - disse ele afirmando, Runo começou a rir de novo e ele fez cara de não entender nada.

– O besta acha que eu com 17 anos não ia ter beijado ninguém na vida?- disse ela vitoriosa- então você acha que me vestindo de garçonete com um monte de garotos vindo aqui no restaurante nenhum deles ia me chamar para sair?

– O QUE???????????? VOCÊ JÁ BEIJOU RUNO?- perguntou ele surpreso.

– Claro, e não foi poucas vezes não, posso ser magricela, mas tem gente que gosta.

Dan não entendia, mas sentiu algo dentro dele o fazendo ficar nervoso, preferiu fingir que estava bem. Queria perguntar para Runo por que ele estava nervoso, mas se dissesse para ela, com certeza ela iria rir dele.

– Maldade não ter me contado isso Runo- disse ele se deitando de novo na cama dela e começou a fitar o teto, sabia que Runo o encarava.

– Você também não me contou que era o novo Dan conquistador- ela se levantou e começou a se olhar no espelho, ele ainda fitava o teto, ela então pegou uma escola e começou a pentear o cabelo, por um segundo, percebeu que Dan a encarou.

– Eu te contei, não queria falar sobre essas coisas pela internet, é preferível falar pessoalmente- disse ele.

– Tudo bem Dan, desculpe não ter te contado isso- ela largou a escova e se sentou ao lado dele o encarando- mas quando você inventar de namorar alguém, por favor, me fale, eu quero saber o tipo da garota para aprovar ou não- disse num sorriso, Dan não sabia por que, mas estava ficando quente.

–A mesma coisa digo para você Runo... Posso ser besta, mas não sou cego, você está linda.

Runo sentiu seu rosto queimar, ela via que Dan estava corado, ela imaginou que estava também, ele se levantou e ficou sentado de frente para ela seus rostos começaram a se aproximar, mesmo sabendo que eram melhores amigos e que não era o certo fazer isso, foram se aproximando, até escutarem uma voz vindo do restaurante.

– RUNOOOOOOO! A mãe do Daniel ligou, disse que é para ele ir pra casa ajudá-la a arrumar ela por causa da mudança.

Nesse momento os dois se distanciaram e olharam para os lados nervosos. Dan se levantou num súbito nervoso e vermelho, ele queria ao máximo sair dali e de perto de Runo, se não iria fazer uma loucura, quando se aproximou da porta disse um tchau rápido sem olhar pra trás e foi embora. No meio do caminho ele ficava pensando no que quase aconteceu, na raiva que tinha sentido quando Runo disse que havia já beijado vários garotos, quando a viu pentear o cabelo e do quase beijo que tiveram, e dele dizendo que ela estava linda, afinal ele nunca havia dito isso para ela.

Runo ficou parada na mesma posição por uns vinte minutos pensando no que tinha acontecido sua mão cobrindo sua boca, como se os dois tivessem se beijado, ela não sabia o que sentir, tinha uma angustia no peito por saber que ele era seu melhor amigo, e uma felicidade pelo que Dan lhe contou de que mudou, onde minutos depois fora comprovado. Ela não entendia, mas queria que os dois tivessem se beijado, depois deu um tapa na cara e foi para o seu banheiro dentro do quarto encher a banheira e tomou um banho para tentar esquecer o que havia acontecido ali.

Continua...