Estava em casa no meu quarto, era sexta feira, meu pai tinha chegado, infelizmente... Bem que ele podia se mudar para bem longe e me deixar em paz não é mesmo?

Eu ainda não tinha descoberto o autor dos bilhetes, mas ontem eu recebei mais um, que dessa vez foi deixado no meu correio com um envelope, peguei-o na minha mão:

“Queria tanto poder te dizer o que eu sinto

mas você não acreditaria...”

Esse eu não joguei fora, eu deixei-o guardado, quem seria essa pessoa? O que ela queria comigo? Coloquei o bilhete em cima da minha cômoda, e coloquei meu fone de ouvido no iPod, assim adormeci ouvindo In my veins.

(...)

Já era de manhã e senti uma mão no meu ombro, falava baixinho e eu não consegui não pensar em minha mãe, poderia ser loucura.

–Vamos Clove. –Falava.

–Mãe. –Murmurei, abri meus olhos levemente e vi Lena na minha frente, ela fez uma cara triste.

–Eu sinto tanto Clove. Eu queria dizer que era sua mãe, mas não posso. –Lena era tão boa comigo, ela era importante para mim, talvez até mais que meu pai.

–Tudo bem, não foi sua culpa não é mesmo? –Ela assentiu sorrindo.

–Seu pai me mandou te acordar, está na hora do colégio. –Assenti, sentei na cama e logo me levantei mesmo.

Peguei uma blusa branca de manga caída, uma calça jeans e meu all-star branco também, fui ao banheiro, troquei de roupa e penteei meus cabelos deixando-os soltos.

Desci a escada e vi meu pai lendo o jornal já sentado na mesa, ele me viu e me deu um pequeno sorriso.

–Oi querida. –Era meu pai mesmo?

–Oi. –Falei.

–Eu senti sua falta? –Tá, agora ta estranho, eu dei um sorriso desconfortável e sentei na mesa. –Você quer que eu te leve no colégio hoje? –Neguei com a cabeça. –Lena me contou que fez amigos. –Dizia ele enquanto Lena colocava o café na mesa. –Eu fico realmente feliz, porque antes você era tão sozinha.

–E você não me deixava sair. –Falei.

–Vamos ter horários agora tudo bem? –Perguntou ele.

–Sem problemas.

Beleza o que fizeram com meu pai? Ele jamais falaria desse jeito calmo, ele sempre fazia minha vida um inferno qual era a dele agora?

–Não quer mesmo que eu te leve? –Perguntou novamente, eu neguei.

–Vou chegar atrasada, porque você sempre sai dez minutos antes, e eu quero conversar com meus amigos. –Falei e levantei da mesa. –Tchau Lena. –Ela me deu um beijo na testa e eu sai.

Eu não confiava naquilo que meu pai estava fazendo, tipo ele nunca me deixava sair nem fazer nada, só me deixou uma vez, a vez que encontrei com Finnick.

Caminhei rápido porque vi que Glimmer estava atrás, se eu a visse ou ela fizesse alguma gracinha eu ia voar na cara dela, ia mesmo, ela não pode fazer os outros de trouxa desse jeito.

Mas então encontrei com uma pessoa muito melhor que olhou para Glimmer com a mesma intensidade que eu. Isaac.

–Hei. –Falei desviando a atenção dele. –O que faz essa hora aqui? –Perguntei.

–Tava indo para meu colégio. E você? –Perguntou ele.

–Indo pro meu. –Falei.

–Glimmer.

–É ela mesma. Só estou chocada que esteja vindo a pé. –Fiz uma careta.

–Vou até seu colégio, estou atrasado mesmo. –Deu de ombros.

–Você que sabe.

Fomos andando em silencio, com Glimmer atrás, quando eu virava ela olhava para o chão, quando chegamos lá vi Annie, achava que ela só ia segunda. Mas lá estava ela.

–Que linda. –Ele falou, e eu sorri.

–É minha melhor amiga, uma delas. –Ele sorriu de canto.

–ANNIE! –Chamei ela que veio até mim. Eu a abracei e me lembrei do beijo com Finnick, burra, burra, burra, como eu sou burra.

–Oi. –Ela acenou para Isaac, que sorriu.

–Esse é Isaac. –Eu falei.

–Isaac que não pode perder a segunda aula, Clove vou indo, Annie a gente se esbarra. –Ele mordeu os lábios e saiu andando, Annie sorriu e encarou o chão.

Fomos andando e rindo, eu principalmente porque An estava vermelha, vi Katniss chegar gritando algo para gente, não deciframos somente nos encaramos.

–Clove, Bannie... –Oi? –Eu bo gribrada. –Comecei a rir jogando a cabeça para trás. –Bilha ba buta, não bi! –Ai que eu ri mais, Annie tentava não ri mas não se agüentou.

Passamos todas as aulas zoando com Katniss, meu Deus ninguém merece, ela tava muito engraçada.

Cheguei em casa e liguei para meu pai, eu não ia passar na sala dele, porque na hora que eu queria fala com ele, eu já sei o que vou fazer hoje de tarde.

–Pai. –Falei assim que ele atendeu. –Posso sair hoje?

–Clove, é sexta, vá sim querida. –Cada vez to achando mais estranho, não sei se eu acho bom ou ruim.

–Valeu, tchau!

Agora era só ligar para Annie e para Gloss, já sei o que ia fazer para minha amiga se sentir melhor, hoje nas aulas quando ela vira Finnick ela ficava mal do nada.

Antes de eu ligar a campainha tocou, e eu fui abrir a porta bufando.

–Clove. –Cato disse, e quando fui fechar a porta ele colocou o pé na frente. –Me escuta! –Não cara, não é possível.

–Já te dei mil chances. Não quero mais saber de você. –Fui fechar a porta, mas ele a segurou e entrou em casa. –Sai daqui! –Falei com os olhos lagrimejando.

–Por favor, mais uma chance. –Falou segurando meu rosto entre as mãos.

–Nem mais uma, sai daqui! Sai! –Gritei, Lena ia entrar na sala na hora, mas saiu sabendo que era assunto meu.

–Posso explicar tudo, a gente pode tentar ser AMIGOS de novo, eu não quero mais nada. –Então é isso que eu era para ele NADA, amigos e mais nada, porque na verdade ele sempre me achou e me viu como amiga.

–Não. –Eu queria mais do que ser amiga de Cato, mas eu não perdoaria do mesmo jeito, eu não era trouxa.

Ele me abraçou contra minha vontade, e eu comecei a me debater, mas logo retribui.

–Vamos conversar, talvez podemos ver filme, e comer pipoca, coisas que amigos fazem, se você quiser sair também. –Ele estava todo empolgado, beijei a bochecha dele.

–Tchau. É serio. –Falei, chorando.

–Eu posso esperar Clove, quando você se sentir segura para voltar a falar comigo, volte okay? Eu posso esperar para sempre, e eu nunca vou desistir de você. –Tremi com as palavras dele. –Só não me deixa, eu prefiro você irritada do que me ignorando. –Umedeci os lábios e ele saiu, eu comecei a chorar mais, sentei no chão e fiquei encarando o anel que minha mãe me dera.

–Querida. –Falou meu pai abrindo a porta e vendo meu estado deplorável. Ele me pegou no colo e me levou no meu quarto. –Me perdoa. –Me deitou na cama e me deu um beijo na testa.

Eu peguei em um sono que era a melhor coisa que ia me acontecer, dormir e talvez fosse bom não acordar mais.