O que Cato me fez passar, meu Deus, eu aturaria tudo, eu podia tratá-lo mal mas era tão obvio que eu sentia algo por ele,não sei o que era, mas ele me quebrou como Matt, como meu pai, aquilo não haveria perdão.

Eu estava em casa nesse momento, havia acabado de chegar do colégio, eu não sabia o que fazer eu perdi meu caderno, imagina quem o encontrou? Só quero ver amanhã.

Eu havia combinado com Annie de passar duas semanas na casa dela, mas, por favor, não é? É ridículo eu fazer isso, sério... Eu perdi tantas pessoas, e Cato só me provou que nunca quis ser realmente meu amigo, que a única coisa que queria era mostrar para os amigos quem era o “fodão”.

Peguei meu violão e desci para ir á aula, Lena limpava a sala eu pedi licença para passar e sai.

Comecei a andar na rua até que vi o que menos queria ver, na verdade quem eu menos queria ver, Cato.

–CLOVE! -Ele gritou acenando e me olhando.

Atravessei a rua e o deixei falando sozinho, quando já estava na outra calçada senti alguém segurar meu pulso.

–Clove... Me ouve? –Como ele é idiota.

–Eu não quero saber de você não quero mais olhar na sua cara, por mim você pode morrer que não faz falta! –Ele me olhou cabisbaixo.

–Eu to com seu caderno e sei que é mentira isso que você fala. –Olhei para ele transtornada.

–Me devolve! –Foi à primeira coisa que pensei em dizer.

–Você não me perdeu, só queria que soubesse isso. –Ele entregou o caderno e saiu andando.

Segurei meu caderno contra o peito e fui o mais depressa possível para aula de violão, que na verdade estava atrasada. Chegando lá vi Gloss parado na porta, isso mesmo aquele aluno novato da semana passada.

–Hey. –Ele acenou e eu apenas dei um sorriso.

–Clove eu espero que tenha treinado a musica que eu passei. –Falou o professor quando eu adentrei na sala com Gloss.

Só havia eu, Gloss e mais uma aluna, Monique, que estava faltando desde a semana passada. Era realmente pouca gente porem, Lucian, o professor sempre dizia que preferia agendar as aulas separadamente para render.

–Eu não tive tempo, estudei demais e tive que ir á um acampamento, meu pai me obrigou. –Coloquei as mãos em cima da cabeça e ri.

–Bom, vamos ver então o que você sabe fazer, toque uma música qualquer, cante também, só você sabe o quanto gosto da sua voz. –Disse ele amigável e eu sorri corada, retirei o violão do suporte preto que o guardava e posicione-o com cuidado para eu começar a tocar.

Grew up in a small town
And when the rain would fall down

(Cresci numa cidade pequena
E quando a chuva caía)

I'd just stare out my window
Dreaming of what could be
And if I'd end up happy
I would pray

(Eu ficava na minha janela
Sonhando com o que poderia ser
E se eu terminaria feliz
Eu oraria)

Eu gostava tanto dessa música da Kelly Clarkson, ela me passava coisas boas, eu não sei porque mas ela estava na minha lista de músicas favoritas.

Trying hard to reach out
But when I tried to speak out
Felt like no one could hear me

Wanted to belong here
But something felt so wrong here
So I'd pray

(Tentando ao máximo alcançar
Mas quando eu tentava falar,
Sentia como se ninguém pudesse me ouvir

Queria fazer parte daqui
Mas algo parecia tão errado aqui
Então eu orava)

Ela me lembrava de quando eu não tinha amigos, quando era uma ninguém, e o que eu queria fazer, gritar, correr, fugir, tentar falar mais ninguém me entendia, como se eu não fosse feita para esse mundo.

I could breakaway

I'll spread my wings and I'll learn how to fly
I'll do what it takes, till I touch the sky
Make a wish, take a chance
Make a change and breakaway

Out of the darkness and into the sun
But I won't forget all the ones that I love
I'll take a risk take a chance
Make a change and breakaway

(Eu me libertaria

Eu abrirei minhas asas e eu aprenderei como voar
Eu farei qualquer coisa para tocar o céu
Faça um desejo, aproveite a chance
Faça uma mudança e se liberte

Fora da escuridão em direção ao sol
Mas eu não esquecerei todos os que eu amo
Vou correr o risco, ter uma chance
Fazer uma mudança e me libertar)

Finalizei, e Lucian começou a aplaudir, olhei para Gloss que estava sorrindo e me olhava com seus olhos azuis, é azuis, não como o de Cato, os de Gloss passava algo tão bom e os de Cato normalmente era como tempestade.

–Mando bem! –Falou Gloss para mim.

–Ela sempre manda bem. –Lucian disse com um sorrisinho, às vezes eu achava que ele era gay, mas não vamos julgar não é mesmo?

–Valeu pessoal! –Disse contente, eu queria fazer isso um dia em publico.

A aula passou normalmente depois disso, quando fui sai senti alguém vindo para perto de mim.

–Clove... Escuta... –Dizia Gloss coçando a cabeça. –Não ta afim de ir tomar alguma coisa, sair, sei lá, para nos conhecermos melhor, alias fazemos aula juntos o que custa né? –Ele sorriu de canto e eu assenti.

–Não é má ideia. Podemos ir naquela cafeteria nova que abriu o que acha? –Perguntei a ele.

–Nada mal. - Sorrimos e eu segui ele.

–Por que eu acho que você não ta com uma cara muito boa? –Perguntou ele ao longo do caminho.

–Eu realmente não estou, sabe o que é ser usada pelas pessoas? –Ele me encarou.

–Como assim? –Perguntou confuso.

–Bem... Me apostaram sabe? Tipo... Pega ela. Eu acabei me apegando na pessoa que fez isso. –Olhei para baixo e Gloss parou de andar e me fez parar também, levantou meu queixo e me encarou com os olhos azuis.

–Essa pessoa ai, não merece sua tristeza, porque o que fez com você não foi justo, talvez ela mereça mesmo é o seu desprezo. Confia em mim okay? –Confiar em uma pessoa que eu conheci agora? Bom meio difícil, alias eu vivo confiando nas pessoas e só me fodo.

–Gloss... –Eu murmurei.

–Fala? –Disse ele mais baixo ainda.

Nesse minuto nem uma palavra foi trocada, nos aproximamos mais um do outro e nos beijamos, acabei de beijar uma pessoa que mal conheço qual meu problema? O beijo dele era doce e delicado... Intensificamos o beijo e terminamos ele com selinhos.

Gloss ficou me olhando e eu tentava decifrar seu olhar, eu realmente não sabia o que estava acontecendo comigo, só sei que arrumei mais um problema na minha vida já nada problemática, BINGO CLOVE!