Percy

O cansaço começava a dominar Percy.

As mulheres cobras o seguiam desde que fugira de seu pequeno apartamento no Upper East Side. Ele não tinha mais nenhum lugar onde ficar. Sua mãe havia sido morta na sua frente, e seu padrasto queria matá-lo.

Se fosse pra escolher morrer pelas mãos das mulheres cobras ou pelas mãos de Gabe... Sem dúvidas ele as escolheria.

Percy virou a direita no sinal, em direção ao Central Park. O jovem de apenas cinco anos esperava poder despistá-las por entre as árvores do parque.

Não era um plano muito efetivo, mas Percy tinha de tentar. Nova Iorque era enorme, e eles estavam bem longe de uma floresta.

Percy correu por dentre as árvores do parque, tentando despistar as mulheres cobras. Não adiantava. Elas sempre estavam atrás dele.

Ele, não tendo mais alternativas, saiu correndo pelo meio do parque, perseguido pelas mulheres cobras.

Ele não deu vinte passos e trombou com alguém. Olhou pra cima.

Uma mulher de aproximadamente trinta e cinco anos, cabelos prateados e olhos castanhos, rosto severo com poucas rugas o encarava.

“Um filho de Poseidon, ahn?” A mulher disse numa voz severa. “Outro que não foi leal ao pacto.”

Percy não fazia ideia do que a mulher estava falando.

As mulheres cobras pararam no lugar assim que viram a senhora que Percy trombou.

“Vocês o querem? Podem levar.” A senhora disse

As mulheres cobra avançaram contra Percy, porém antes de tocá-lo elas explodiram em chamas, deixando apenas um pouco de pó no chão.

“Hunf! Achei que não viria.” A senhora disse para o nada ”Por que as matou? Ele nem deveria existir.”

Uma garotinha de oito anos apareceu do nada, em frente à senhora. A garota tinha cabelos castanhos e usava um vestido marrom simples. Na cabeça tinha um lenço, o que a fazia parecer uma criança da época dos pioneiros.

“Thalia também não!” A garotinha exclamou ”Onde ela está agora, Hera.Está morta?”

“Não.” Hera disse com certa amargura ”Tentei convencer Zeus, mas ele não me ouviu. Mas o que aquela garota tem haver com isso ?Aonde quer chegar Héstia?”

“Não quero chegar a lugar nenhum.” Héstia respondeu ”Apenas penso que se Thalia está viva por que o jovenzinho não pode viver também. Vamos levá-lo ao Olimpo falar com Poseidon.”

Percy observava as duas conversando. Ele não fazia ideia do que estavam dizendo. Num ímpeto de desespero, ele ameaçou se levantar e sair correndo, porém se sentiu sendo envolvido num caloroso abraço.

“Durma meu pequeno herói” Héstia dizia ”Durma.”

Ele apagou.

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Percy acordou com o barulho de um trovão seguido de um grito estrondoso.

“POSEIDON!” Uma voz alta e assustadora gritou

Percy abriu os olhos e viu que estava deitado no que parecia ser um trono. Ele começou a se levantar assustado com o grito que acabara de ouvir, porém dois braços o pararam.

Só agora Percy havia percebido que estava deitado no colo de alguém.

A pequena criança olhou para cima e viu o que parecia ser uma versão mais velha da garota de cabelos castanhos. A única diferença era que ela parecia ter dezessete anos.

“Se acalme, meu pequeno herói!” A garota disse baixinho ”Tudo dará certo.”

Percy preferiu escutar a voz da bela acastanhada e se acalmar.

Ele olhou em volta e se assustou com o que viu. Vários outros tronos gigantes, com pessoas gigantes sentadas neles. Apenas dois estavam em pé discutindo.

Ele ia entrar em pânico novamente, mas a bela jovem novamente o acalmou.

“Não estou nem aí. É contra as leis antigas. Você não pode matar um mortal.” Um homem com um terno risca de giz azul escuro gritava.

Ele tinha uma barba bem aparada cinza mármore e preta, como uma nuvem de tempestade. Seu rosto era orgulhoso e severo, os olhos tinham o tom cinzento de chuva.

Já o homem com quem discutia era uma figura completamente diferente. Usava sandálias de couro, bermudas cáqui e uma camisa da marca Tommy Bahama toda estampada de coqueiros e papagaios. Sua pele tinha um bronzeado escuro e suas mãos eram marcadas de cicatrizes como as de um velho pescador. O cabelo era preto, como o meu. O rosto estava com uma expressão de pura raiva. Perguntei-me se ele era sempre assim, mas os olhos verde-mar eram cercados de rugas, o que indicava que sorria com frequência.

Os outros gigantes olhavam os dois discutindo com uma expressão neutra. Até a mulher severa de cabelos prateados estava gigante. Aliás, Percy havia percebido somente agora, todos na sala eram gigantes. Inclusive a garota acastanhada.

Percy tinha certeza que a acastanhada não estava gigante quando ele acordou. Percy iria gritar mais uma vez, só que o dedo da garota tapou-lhe os lábios.

“Se acalme pequeno semideus. Logo suas respostas serão respondidas.” Ela dizia

Semideus. Era a segunda vez no dia que Percy ouvia essa palavra. E ele não sabia o significado.

O homem parecido com um pescador lhe era familiar. Algo dizia em sua mente que eles já haviam se encontrado.

“Pouco me importa o que você pensa Zeus.” O pescador disse ao homem de terno risca de giz cujo nome parecia ser Zeus. ”Nem você pode me impedir.”

O pescador virou as costas para Zeus e foi saindo pelo grande arco de mármore.

O homem chamado Zeus parecia irritado.

Em questão de segundos, um cilindro de metal de sessenta centímetros de comprimento, com uma ponta de cada lado, apareceu em sua mão.

Temor passou pelos rostos dos gingantes.

Um raio caiu cinco centímetros a direita do pescador, porém o mesmo não pareceu se afetar.

Um garfo gigante de metal apareceu nas mãos do pescador. Não, não era um garfo. Percy vasculhou as memórias para lembrar o nome daquele objeto: Tridente.

Correntes de água surgiram do nada, como se fosse magia.

Elas prenderam o tal Zeus em um trono simples de platina maciça.

“Poseidon. Solte-me agora. Não me faça sair daqui sozinho ou as consequências serão drásticas.” Zeus rugiu

O pescador que parecia se chamar Poseidon virou-lhe as costas e sumiu num brilho verde-água, deixando pra trás um cheiro de maresia.

Assim que ele sumiu, as correntes de água que prendiam Zeus se desfizeram.

“Droga” Zeus disse se levantando de seu trono e começando a andar de um lado pro outro, como se fosse um detetive.

“Não seria sensato ir atrás dele, papai.” Uma bela mulher de olhos cinzentos que usava um vestido vermelho disse a Zeus ”Poseidon tomou sua própria decisão, agora ele deverá arcar com as consequências.”

“Eu sei disso Atena.” Zeus disse à mulher ”E é isso que me preocupa.”

“Pensei que não se preocupasse com seus irmãos.” Um homem atlético de cabelos altos se pronunciou pela primeira vez. Ele usava óculos escuros e fones de ouvido.

“Não é assim como você pensa...” Zeus respondeu a ele.

Tão rápido quanto sumiu o pescador chamado Poseidon reapareceu com uma expressão difícil de distinguir...

Seus olhos cravaram-se em Percy. Sua expressão se suavizou no momento em que os olhares se cruzaram.

“Você está feliz agora, Poseidon?” Zeus perguntou direcionando um olhar de puro ódio a Poseidon.

“Não. Sally ainda está morta. Não me adiantou de nada matar aquele desgraçado do Gabe. Mas ao menos Sally foi para o Elísio.” Poseidon respondeu ao irmão

A simples menção ao nome de sua mãe e de seu detestável padrasto fez Percy arregalar os olhos.

Como essas pessoas desconhecidas poderiam saber sobre sua mãe?

“Parece que nosso pequeno semideus está confuso.” A acastanhada que mantinha Percy em seu colo disse.

Os gigantes olharam Percy com interesse.

Percy sentiu como se estivesse sendo examinado. Olhou diretamente pra frente e deu de cara com olhos tempestuosos e cinzas...

A mulher chamada Atena o olhava como se pudesse ver sua alma. Ela parecia curiosa e interessada em relação a ele.

“O que vamos fazer com ele?” A platinada cujo nome Percy se lembrava de que era Hera. ”Mata-lo?”

“Essa opção está fora de cogitação.” Poseidon disse friamente

“Você está assustado moleque?” Um homem com uma camiseta vermelha justa que ressaltava os músculos, um jeans preto e uma jaqueta de couro se dirigiu a Percy com um sorriso de deboche estampado em seu rosto.

“Claro que não. Eu vejo gigantes estranhos discutindo todos os dias.” Percy não iria responder nada, porém as palavras voaram de sua boca.

A resposta não pareceu agradar o deus, que fez menção de se levantar de sua cadeira/trono.

“Sente-se Ares. Você se irrita com qualquer coisa...” Zeus pareceu irritado enquanto Poseidon tinha um sorriso divertido no rosto.Nem parecia estar zangado igual a um minuto atrás. ”Então não vamos matar o garoto?”

Então a ficha caiu para Percy. Ele era o único garoto naquela sala. Eles estavam falando dele.

Percy começou a cogitar a ideia de pular do colo da garota gigante e sair correndo por um grande arco de mármore, mas algo lhe dizia que isso faria Zeus ficar muito mais irritado.

“Não. Não vamos mata-lo. Ele irá pra Atlântida comigo.” Poseidon disse

“Por que ele acha que eu iria a algum lugar com ele?” Pensou Percy

“Acha mesmo que Anfritite iria aceitar isso?” Perguntou Atena que ainda mantinha seus olhos sobre Percy.

“Que se dane Anfritite.” Poseidon respondeu

“Talvez possamos usar o pequeno Percy a nosso favor.” A acastanhada que mantinha Percy em seu colo se pronunciou.

Percy olhou pra ela com um olhar assustado. Ele não havia dito seu nome a ela. Havia apenas aberto a boca para retrucar Ares.

“O que quer dizer com isso Héstia?” Zeus perguntou

“A grande profecia.” Héstia disse ”Podemos treina-lo a nossa maneira pra quando chegar a hora ele fazer a coisa certa.”

“Como poderemos confir nele?” Zeus perguntou irritado ”Lá diz que o herói poderá preservar o Olimpo ou o destruir.”

“Depois de um ano de treinamento ele poderá jurar pelo estinge.” Héstia respondeu

“Por que um ano?” Atena entrou na conversa

“Pra ele se acostumar conosco. Acha mesmo que ele vai jurar se não souber o que se passa?” Ela respondeu

Percy estava atento a conversa. Algo ali o dizia pra não interromper ou coisas ruins aconteceriam.

“Se é assim por que não fazemos o mesmo com Thália?” Perguntou Zeus recebendo um olhar feio de Hera.

“Não vamos trazer aquela menina pra cá.” Hera zangou-se ”Além disso, acha mesmo que ela gosta de você? O que você vai fazer? Chegar e dizer: Oi, sou seu pai e você é uma semideusa. Você vai aprender a matar e lutar contra monstros pra realizar uma profecia futura?”

Zeus tentou argumentar, mas calou-se ao ver o olhar da mulher ao seu lado.

“O que diabos vocês estão falando?” Perguntou Percy quando finalmente pararam de falar

“Poseidon.” Zeus chamou ”É com você.”