Sete Dias com Ele escrita por Anabbey


Capítulo 7
Sétimo Dia


Notas iniciais do capítulo

Capítulo final! Yay! Faça o seguinte: Escute You're my Sunshine enquanto lê. isso. É.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/455845/chapter/7

Lukas estava rodeado pelo mais completo vazio. Em qualquer direção que olhava, havia apenas o branco, o nada. Seus passos ecoavam altos, propagando-se para longe... Lukas não sabia onde estava. Correu para a esquerda, voltando para a direita. Porém, uma voz, ao longe; o chamava. O norueguês correu na direção dela, conseguindo ouvir o som de ondas quebrando.

E o grito ficava mais e mais alto.

O nada foi substituído pela escuridão, mas ele não ousava voltar. Aquela voz era a de Mathias. Corria no inexistente, não via nada concreto, não sentia nada. Apenas ouvia os gritos chamando por ele.

Acabou encontrando com o dinamarquês, no meio de ondas tão escuras quanto o breu. Ele sorria, gentil, amável e tão frágil. Por mais que corresse, não conseguia alcançá-lo.

“M-Mathias!”

Lukas acordou encharcado de suor, assustado e ofegante. Emil estava ao seu lado, tão assustado quanto ele.

“Lukas!”

Emil? Então aquilo foi só um pesadelo? O norueguês sentiu um arrepio na espinha, temendo a expressão do mais jovem, que não suavizava. Havia algo de errado. Extremamente errado.

“Lukas, ligaram do hospital, mas você não acordava, então eu atendi...”

Lukas começou a se levantar, a cabeça pesando.

“Um paciente seu. Ele piorou muito. Disseram que precisam de voc-“

O islandês não conseguiu completar a frase, pois o norueguês saiu correndo do quarto. Não arrumou a cama. Não tomou seu café. Apenas vestiu uma roupa, sem se preocupar se era ou não apropriada para um dia de trabalho.

Pegou as chaves do carro e saiu de casa, correndo pelas ruas de Oslo, passando por todos os sinais vermelhos. Precisava chegar no hospital.

xxx

O médico Bondevik não cumprimentara ninguém enquanto corria para o vestuário. Colocou seu jaleco, indo em direção ao quarto 502. No caminho, encontrou com uma das enfermeiras, e tanto ela quanto ele estavam transtornados.

“Doutor Bondevik, precisamos fazer a cirurgia!”

“Não... Eu... Eu preciso ver o paciente primeiro!”

Os dois correram até chegarem ao quarto, que estava lotado de médicos e enfermeiras. Quando Lukas adentrou o cômodo, todos os demais foram instruídos para que saíssem. Depois de alguns segundos, o quarto estava vazio, deixando o norueguês e dinamarquês sozinhos.

“Mathias...”

Sussurrou o médico, indo até o mais jovem e deixando a mão em sua testa. Os olhos dele estavam avermelhados, e a pele estava fria como o gelo. Mesmo assim, Mathias sorriu.

“Doutor Bondevik...!”

Lukas continuava com a sua falta de expressão usual, mas esta parecia mais desesperada. Colérica. Ele mordeu os lábios, aproximando o rosto do dele. O dinamarquês estava sem cor.

“Mathias... Nós precisamos te levar pra sala de cirurgia, o mais... O mais rápido possível!”

Exclamou o doutor, quase sem voz. Ele começou a se afastar para chamar o resto do pessoal, mas Mathias o impediu.

“Não! Eu quero ir ver o mar... Por favor.”

“Não podemos! Precisamos fazer a cirurgia!”

O dinamarquês ergueu a mão, aconchegando a bochecha cálida de Lukas em sua palma. Voltou a sorrir novamente, fazendo os olhos de Lukas se arregalarem. A inexpressão se quebrou em mil pedaços, dando espaço agora para um rosto realmente desesperado.

“Lukas... Eu não tenho mais tempo.”

Bondevik sabia o que fazer. Com cuidado, pegou o dinamarquês no colo, sendo muito mais fácil do que imaginara. Mathias estava assustadoramente magro. Lukas saiu do quarto, andando apressadamente pelo hospital. Evitou os caminhos mais movimentados, uma vez que não podiam ser vistos. Lukas estava fazendo algo ilegal, e ele sabia bem disso. Mas o mais novo ficava cada vez mais gelado em seus braços, e isso trouxe mais uma onda de pânico.

Mathias era especial para si. Por isso ele estava fazendo tudo aquilo.

xxx

Eles finalmente saíram do hospital, dirigindo-se ao carro do médico. Lukas acomodou o outro no banco de trás, aconchegando-o o máximo permitido.

“Eu estou bem, Lukas...”

“Não... V-Você não está...”

Sussurrou em resposta, entrando no carro e dando a partida. Era como Mathias dissera. Eles não tinham muito tempo.

Depois de dirigir rápida e cuidadosamente, chegaram ao final da cidade, que dava para uma enorme e deserta praia. O dia estava ensolarado, o céu tão azul quanto os olhos daquele que adoecia cada vez mais. A beleza do dia não combinava com a condição da situação, e Lukas odiava essa triste ironia. Ele ajudou o mais novo a sair do carro, pegando-o no colo.

Mas Mathias fizera questão de andar até a areia.

Apoiado no ombro de Lukas, os dois andaram lentamente até a areia, e esta provocava nos pés descalços de Mathias uma sensação nostálgica... Há quanto tempo não sentia aquilo? Ela era alegre e dolorosa ao mesmo tempo, mas ainda importante.

“Obrigado por me trazer até o mar...”

Respondeu ele, ao sentir a água gelada nos dedos. Lukas estava quieto desde então, em uma conflituosa crise de sentimentos. Estava arrependido, desesperado, com raiva e frustração. E pela primeira vez na vida sentira um medo de gelar a espinha. Mathias bem percebeu isso, e lentamente abraçou o outro, apoiando o corpo no dele.

“A vida é dolorosa, Lukas. Não importa se você é ou não a pessoa mais feliz do mundo. Conviver com a dor é o que nos torna humanos, assim como o amor, a raiva, o ciúmes, a tristeza... Eu tive uma vida dolorosa, mas agora eu vejo que essa foi a única maneira que o destino encontrou para nos unir.”

Lukas agarrou-se ao mais novo, e os olhos estavam vazios. Os lábios encontravam-se em uma linha tênue e trêmula, como alguém que segurava o choro.

“Pode parecer mentira, mas esses sete dias foram os mais felizes da minha vida. Obrigado pela flor, pelas paredes, pelas conversas... E por cumprir a sua promessa de me trazer até aqui, Lukas.”

As pernas do dinamarquês falharam, e ele foi de joelhos na areia. Lukas acompanhou o movimento, os olhos se enchendo d’água. As lágrimas pesadas rolavam pelo rosto fino do norueguês, e Mathias tocou de leve nos lábios deste. As pequenas ondas molhavam suas roupas, causando uma sensação estranha de formigamento.

“Mathias, por... por favor... N-Não...”

Lukas apertava-o contra si, como se aquilo pudesse impedir que ele se fosse.

“Lukas, me desculpe. Eu não vou poder cumprir a minha promessa de levá-lo para passear no meu barco...”

Aquilo fora mais um sussurro do que qualquer outra coisa, e a voz rouca de Mathias tornou a compreensão daquelas palavras difíceis para o médico.

“Você n-não pode... Você deixou minha vida de cabeça para baixo! Você não pode me abandonar agora! M-Mathias!”

Usando a força final que seu corpo reservara, Mathias puxou o rosto do mais velho de encontro com o seu, tocando os lábios de ambos por meros segundos. Suas palavras foram carregadas pelo vento, de tão leves e frágeis que eram. As lágrimas de Lukas gotejavam no rosto frio do mais novo, e com um sorriso ele se foi, junto com as ondas.

“O oceano, Lukas... Ele veio me buscar.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

omg, poteto, espero que você tenha gostado, e não me mate, okei?

Ah, espero que o resto dos leitores tenha gostado também!
Beijinhos!~



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sete Dias com Ele" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.