Khaos não conseguiu se controlar. Depois que David disse que o irmão morto de Melanie estava vivo ele apontou sua arma para a nuca dele exigindo que ele o levasse para Jason. David não parecia estar falando a verdade para Khaos, quer dizer nunca ninguém além de Melanie parece estar falando a verdade para ele, mas dessa vez ele tinha certeza de que David estava mentindo sobre a paternidade de Melanie. Ele odiava admitir, mas sentia algo a mais por Melanie e não queria que ela ficasse machucada. Se ela morresse a vida de Khaos não teria mais sentido.

David, apesar de o prédio estar sendo atacado, andou calmamente até uma sala onde havia uma cama. Igual a que Khaos e os outros Humans 2 ficavam. Melanie engasgou e começou a chorar ao ver quem estava na cama. Era Jason. Parecia que ele não tinha envelhecido um dia. Ainda tinha a aparência de alguém com dezoito anos.

– Jason... - ela murmurou.

David colocou a mão no Holograma de Controle e a cama desligou. Jason tinha uma cânula em seu nariz e seus batimentos cardíacos estavam sendo monitorados. Estavam fortes, como se ele estivesse apenas dormindo.

Jason começou a abrir os olhos castanhos devagar. Ele olhou para os lados e seus olhos pararam em Melanie, um brilho de reconhecimento passou pelas orbes castanhas e ele começou a se levantar retirando a cânula.

– Melanie?

***

Andy estava procurando Henryck. Ela o encontrou quando virou em um corredor e eles esbarraram um no outro.

– Andy? O que você está fazendo aqui? Eu te deixei na sala das simulações e era para você ficar lá até eu ir te buscar.

– Eu sei, mas eu tenho que te contar uma coisa. A Irene é uma espiã - os olhos azuis de Henryck ficaram com um brilho confuso - Eu ouvi ela conversando com o David sobre a gente e eles pareciam muito amigos. Henryck não podemos confiar nela.

Henryck fez algo que ela nunca iria imaginar. Ele a beijou. O beijo terminou mais cedo do que ela imaginava quando sentiu o gosto de sangue na sua boca. Ela não tinha mordido Henryck, Andy estava esperando esse beijo a mais tempo do que ela gostaria e agora que ela finalmente o tinha beijado. Henryck parou de beija-la e olhou para baixo onde a ponta de uma faca estava aparecendo. Ao olhar por cima do ombro de Henryck Andy viu um homem que ela não conhecia, ele tinha cabelo ruivo e olhos verdes. O homem retirou a faca e quando ele ia esfaquear Andy ela lhe fez sentir uma dor horrível. A pior dor do mundo. E ele desmaiou no chão.

Henryck teria caído no chão, mas Andy o segurou fazendo ele sentar apenas enquanto ela encostava a testa na têmpora dele. Henryck gemeu de dor e Andy sentiu seus olhos marejarem. O sangue preto dele começou a sair de sua boca e sua respiração estava descompassada.

– Isso é um pouco irônico - ele murmurou - Eu morrer quando você finalmente começar a me amar.

– Eu não comecei agora - Andy começou a chorar - Eu sempre te amei Henryck. Desde aquele dia em que você pôs fogo no manequim de treinamento.

Henryck pareceu sorrir - Isso é bom. Me deixa mais feliz.

Ele tossiu e Andy segurou a mão dele enquanto suas veias ficavam negras. Ela estava tirando a dor dele. Fora uma coisa que descobriu dois anos antes e ela era a única capaz de fazer isso. Andy gemeu um pouco de dor, a dor que ela tirou de Henryck iria para ela e doía muito.

– Eu sinto muito - ela murmurou - Eu realmente sinto muito.

– Está tudo bem - Henryck respondeu e soltou a mão dela - Eu não quero que você sinta a dor destinada a mim.

Henryck sorriu e tossiu um pouco de sangue no chão. Sua respiração foi parando até que ela finalmente parou e Andy colocou ele no chão. Andy colocou as mãos em cima do ferimento de Henryck, mas não tocando nele. Alguns centímetros acima. Ela estava fazendo de tudo para salva-lo, até mesmo tentando curar seu ferimento mesmo sabendo que ela pode não ter esse poder. Suas mãos começaram a tremer e ela se sentiu tonta. Era como se a sua força vital estava indo embora. Henryck acordou em um susto e Andy desmaiou no chão.