Ps: o que vai rolar no capitulo foi um pedido ta gente? Não levem a mal :)

–Você ta sempre aqui?

O Ben virou, dando de ombros.

–Trabalho de noite e dou aula aqui então...

–Aula?

–Uhum, não tinha percebido?

–Mas você é tão novo pra isso...

Então ele realmente era o “líder” do grupo, porque era o professor! Parando pra pensar, era tão obvio.

–E dança tem idade?

Ele sorriu e começamos a andar.

–Espera.

Eu precisava disso...

–O que?

Olhei para os lados. Ninguem. Não pensei, só levei em conta o fato de que mesmo o Ben sendo um menino, eu o via como uma garota – pra quem não sabe o que é isso, é como dizer SEM CHANCE!

Lhe dei um beijo. Daqueles que você dá na frente da família sabe? Só encosta os lábios mesmo.

Ui, que alivio!

–Desculpa, mas eu precisava fazer isso... Não pense que to querendo ficar com você não tá?

–Isso nojento Manuela! Eca, você é um cara pra mim!

–Eu sei!

Começamos a rir. Eu sabia que não tinha tido significado, e que tinha sido estranho para os dois, mas acho que eu tava começando a ficar muito tentada por perto do Edu...

***

Meu aniversario passou e o da Manu estava chegando, dia 19 de novembro. Eu não tinha ideia do que ia dar pra ela. Até que me lembrei do desenho. Era isso!

***

Dormi tarde lendo. Acordei com alguém batendo na porta.

–Hum? – consegui resmungar.

–Abre a porta?

Me rastejei e fui até a porta, já pronta para matar o Edu por ter me acordado. Mas então eu senti o cheiro de misto quente e café.

Eu não acredito...

–Feliz aniversario.

Ele sorria e trazia uma bandeja com o café da manha. Misto quente, rosquinhas, pão, bolo e varias outras coisas.

–Ain Edu, obrigada.

Ele levou até a cama e sentamos.

–São rosquinhas de coco? Ain...

Eu amava as rosquinhas de coco da padaria lá de perto.

–Lembrei que gostava.

Então vi outro tipo de rosquinhas na bandeja.

–Mas se esqueceu que eu não gosto de canela...

–Não, eu lembrei, mas essas são pra mim.

Ele fez um sinal com o dedo para eu esperar. Assim fiz.

Foi até o quarto e voltou com um papel enrolado e amarrado com uma fitinha, e um cartão pendurado.

–Feliz aniversario – ele disse enquanto me entregava o papel.

Meus olhos provavelmente brilharam. Abri o cartão.

“Tão único quanto meu novo estojo

Parabéns Manu :)”

Tirei a fita sem desamarrar.

Deuses.

Era eu! Não a Rachel, EU! Os traços delicados e ao mesmo tempo fortes definiam meu rosto, meu cabelo... Meu cabelo parecia voar com um falso vento, minha boca esboçava um quase sorriso e meus olhos... Estava perfeito! O desenho não pegava toda a folha e era completamente rico em detalhes. Meu cabelo bagunçado, os lábios vermelhos de batom.

–Então? – ele perguntou comendo uma rosquinha.

Eu sequer sabia o que falar.

–Pelos deuses, é... Perfeito, obrigada!

Me joguei de braços abertos em cima dele.

***

Ela se jogou de braços abertos em cima de mim e eu não tive outra reação alem de segurar ela para os dois não caírem da cama. Quase engasguei com a rosquinha.

–Obriga obrigada obrigada obrigaaaaada!

Ela gritava e me dava vários beijos pelo rosto. Parou com um sorriso de ponta a ponta da orelha, me encarando.

Fez uma careta.

–Beijo com gosto de canela não!

Revirei os olhos, indignado!

–Mas tu é fresca ein?!

Eu sabia que isso ia provocar ela e de alguma forma, era isso que eu queria. Ela cerrou os olhos, me desafiando.

–Não sou não! – ela fez biquinho zangada e me puxou pela gola da blusa, erguendo meu corpo e me fazendo ficar apoiado nos cotovelos.

Me beijou como se o mundo fosse acabar. Infelizmente, tivemos que nos separar. Ela ainda me olhava desafiadora.

***

Ele arregalou os olhos, admirado.

–E a canela?

–Foda-se a canela!

O beijo tinha sido... Uou! Nem a canela estragou. Alem do fato de provar que não sou fresca, a boca dele compensou tudo. Até o maldito gosto. Eu parecia estar com saudade daquilo... A gente tava brigando tanto, e eu já tava cansada disso.

De noite, toda a minha família se juntou e conversamos pelo Skype. Que saudade bateu... Estavam todos na casa da minha avó na frente do computador, disputando por um espaço pra aparecer na tela. Todo mundo falava junto e minha avó brigou com o Sam quando ele gritou para todo mundo calar a boca. Parecia um típico dia de feriado, que todo mundo se juntava lá e virava uma bagunça só! Ninguem reparava que eu tava ali na frente da tela, quase chorando por ver minha família sendo minha família.

–Ta vó, desculpa, vamos ouvir a Manu agora...

–Obrigada Sam!

Contei basicamente as mesmas coisas de sempre, e vez ou outra eles me perguntavam alguma coisa.

No final, confirmei minha presença no casamento e eles cantaram parabéns pra mim.

Quando desliguei a chamada de vídeo, algumas lagrimas desceram. Minha família era louca e vivia brigando, mas eu amava isso! E nem podia acreditar que tava voltando pra aquela loucura toda...

A Laura e o Gus também apareceram para me dar parabéns. O Ben me mandou um torpedo. O Rodrigo não deu as caras, a Laura deve ter contado que eu não tinha gostado nem um pouco da atitude dele. Dezenove anos. Mas eu não me sentia mais velha.

Era como se eu já tivesse essa idade há muito tempo.