Por amor... escrita por MarieMatsuka


Capítulo 4
Mudança de planos


Notas iniciais do capítulo

In love rs



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Eu fiquei parado observando enquanto elas se aproximavam, porém eu pouco reparava na outra mulher ao seu lado. Elas pararam bem em frente a mim, e me observaram por um instante. Foi quando a mais jovem deu um passo pra frente.

– Olá, meu nome é Ártemis. –disse, olhando profundamente em meus olhos, como se procurasse algo neles. Eu estava completamente desconcertado devido a proximidade com ela, seus olhos azuis mais vivos que nunca. - Essa é minha mãe, Ártemis. – continuou ela, sorrindo, como se achasse graça. – Ela insistiu em vir comigo até aqui como medida de... precaução. Você é o Arcanjo Miguel, suponho. – terminou ela, erguendo as sobrancelhas, me incitando a falar.

– Ah, sim. Olá. – “Idiota, idiota!”

– Seu general me informou que você gostaria de conversar comigo a respeito de algo que ele não me deu muitos detalhes. O que exatamente é? – perguntou ela.

– Vamos dar uma volta por aí. Conversaremos enquanto caminhamos. – eu disse sorrindo, tentando parecer amistoso. Ela apenas acenou com a cabeça, indicando que concordava. Fui a frente para mostrar-lhe o caminho. Sua mãe caminhou um pouco atrás de nós, observando cada mínimo movimento meu, como se esperasse que eu fosse tentar matar sua filha.

“E é o que eu deveria fazer...”, pensei.

– Conte-me um pouco sobre você... – pedi a ela, olhando em seus olhos e sorrindo.

– Ah, muito bem... Sou filha de Ártemis – ela olhou pra trás e sorriu para a mãe – Sou casada. Tenho três filhos. E é basicamente isso que sei de mim. – ela disse por fim, e abriu um sorriso que me afetou de uma maneira inesperada.

– Só isso? Tenho certeza que você é uma pessoa muito mais complexa que isso. – eu disse, tentado fazer com que ela continuasse falando. Sua voz era encantadoramente doce, mas ao mesmo tempo expressava uma seriedade incompatível com seu jeito jovial de ser.

– Ah... Não tem muito mais... Eu gosto de arco e flecha, e de andar pela floresta. Mas não gosto de caçar, definitivamente não. – terminou ela. Sua mãe suspirou logo atrás de nós, evidenciando que aquilo a incomodava.

– Uma filha da deusa da caça, que não gosta de caçar? Por que motivo você não gosta de caçar? – perguntei, intrigado com aquele ser ao meu lado.

– Simplesmente porque não vejo necessidade em se matar um animal apenas pelo prazer da caça. Caçar pra comer? Tudo Bem. Mas por diversão? Nunca. Bem, pelo menos, é o que eu penso. – e então sorriu pra mim. Seus olhos, de perto, tinham milhares de tons de azul, e eu poderia passar o dia todo encantado com eles, decifrando minimamente cada tom neles presentes. Mas então me lembrei do por que a havia chamado até ali.

“Talvez ela não seja tão perigosa quanto Haziel me disse. Talvez eu possa poupa-la por mais um tempo...”

– Suas asas são realmente muito bonitas. – ela disse, olhando para minhas asas. Assim que percebi seu olhar, minhas asas se moveram, inquietas. Elas eram realmente muito sensíveis, e Ártemis estava estendendo a mão para toca-las. Quando ela as tocou, foi como se cada nervo do meu corpo estivesse conectado a este ponto onde sua mão estava pousada agora. Ondas de energia saiam dali, e se espalhavam pelo resto do meu corpo, o que me fez estremecer de leve.

– Me desculpe – ela disse, corando. – não foi minha intenção. É só que suas asas tem algo de diferente das outras que já vi... – ela então olhou para frente, evitando meus olhos.

– Ah, e você vê muitas asas por ai? – eu disse, sorrindo, para que ela visse que eu não me importava.

– Ah, você sabe... Pombos, corvos, borboletas... – e sorriu, aliviada. – Meu marido tem asas. Mas as dele são negras, e tem um formato um pouco diferente das suas. Belezas completamente opostas, por assim dizer.

Demorei alguns segundos, mas percebi que ela havia elogiado minhas asas. “Ah...”.

Sorri para ela, e então perguntei:

– Gostaria de comer algo? Tem frutas realmente muito boas por aqui. Costumam ser mais saborosas que as de qualquer outro lugar. – e indiquei para ela um banco próximo a várias árvores frutíferas, como macieiras, pessegueiros e abacateiros.

– E tem como recusar uma oferta como esta? – e abriu um lindo sorriso.

“Definitivamente irei poupa-la por mais tempo...”, pensei.

Depois de estarmos devidamente acomodados, e comendo maçãs e pêssegos, ela se virou para mim e disse:

– Mas, afinal... Você não me chamou aqui para comer frutas e falar de asas. O que você realmente queria de mim, ao me chamar? – ela terminou, olhando em meus olhos.

– Bem... O assunto do qual eu gostaria de tratar já não importa mais. Mal me lembro o que realmente era... – eu disse, tentando faze-la desistir do assunto.

– Se assim você deseja... – ela disse, me olhando intrigada.

Terminamos de comer as frutas, a mãe dela nos observando o tempo todo. Depois, lavamos as mãos em um lago próximo ao banco, e nos direcionamos para o sentido de onde viemos. Segundo Ártemis, agora elas teriam de voltar, pois já havia se passado muito tempo. Quando chegamos aos portões do Éden, ela e virou para mim e disse:

– Isso foi... interessante. – ela disse, sorrindo.

– Espero que voltemos a nos encontrar. Eu realmente gostaria de me tornar seu amigo. – eu disse, olhando a com sinceridade nos olhos. Ela sorriu de volta, o que interpretei como um “sim”.

– Bem... Até logo, Miguel. – ela disse, sorrindo. Então fez uma leve mesura com a cabeça, se virou, e partiu com sua mãe, de volta para... bem, não sei.

Fiquei parado um bom tempo no mesmo lugar, depois de ela ter saído. Apenas uma coisa estava em minha mente naquele momento: o som de meu nome ao ser pronunciado por ela. Era como no sonho. Só que mil vezes mais intenso, pois desta vez, era real. De repente, me peguei devaneando, imaginando muitos outros dias como esse, a sombra de árvores, comendo e conversando sobre ela. Eu podia me acostumar com isso. Mas agora, eu tinha que admitir um fato: Eu nunca, jamais, teria coragem de mata-la.


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Notas finais do capítulo

Hey, folks... Já estou escrevendo o próximo...