His Girl Monday escrita por LuRocks


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Postando rapidinho no horário do almoço.
Boa leitura. ;)



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Já passava de uma da manhã e o vento que vinha da praia soprava frio. Lisbon amaldiçoava o vestido com decote nas costas, pois a cada soprar sudoeste, todos os pelos de seu corpo se eriçavam. Ela tentava inibir seu desconforto, enquanto Jane conversava distraído, com um casal de idosos ao seu lado. Ela esfregava as mãos, mas permaneciam tão gélidas, que num ato impulsivo as enlaçou nas de Jane. Ele não disse absolutamente nada a respeito, apenas tirou seu paletó e cobriu as costas de Lisbon, com um sorriso terno no rosto.

– Obrigada. – Disse um pouco tímida, enquanto Jane a envolvia num abraço.

– Ah querida, mas você é uma mulher de sorte! Não se vê tanta cortesia nos homens de hoje. – Dizia a senhora, que a pouco conversava com Jane. – Na nossa época era diferente, não é mesmo Jonas?

– Sim, claro! Nós tínhamos satisfação em adular nossas mulheres. Acho que havia mais amor...

– É... talvez sim. Nosso casamento, por exemplo, já são 52 anos! Veja só, quanto tempo não é mesmo? – A senhora olhava com ternura para seu marido idoso, que depositou um beijo carinhoso na testa da amada.

Jane e Lisbon sorriram admirados. Era bonito ver um casal que se amavam há tanto tempo. Teresa sentiu uma pitada de remorso, afinal, sabia que seu “casamento” tinha prazo de validade. Quis saber como seria se apaixonar daquela maneira, por alguém que quisesse realmente passar o resto da vida. Ela se virou para o homem ao seu lado e viu que tinha um olhar sério. Mas ao contrário do que Jane fazia, ela não tinha ideia do que se passava na cabeça do loiro, entretanto pôde perceber que ele também se sentiu desconfortável com a situação.

Jane olhou para o relógio, viu que já era tarde. Virou-se para Lisbon e a convidou para ir embora. Educadamente se direcionaram ao casal de idosos, a fim de se despedirem.

– Ainda tão cedo! – Dizia a senhora.

– Patrick precisa trabalhar amanhã. – Ela justificou.

– Certo, é por uma boa razão. E quanto a você querida?

– Bem, eu tenho alguns compromissos...

– Levar os filhos à escola? – Perguntou o senhor.

– Não... – Lisbon sorriu – Não temos filhos.

– Ah, mas é uma pena! Um casal tão bonito... Quando resolverem, terão belas crianças. – a senhora se virou, olhando o marido com ternura – Filhos são dádivas. Não há amor no mundo mais bonito que esse.

Com esta última frase, eles se despediram, seguindo o caminho em direção ao carro. Jane, de maneira incomum, não falou nada durante todo o percurso. Parecia imerso em pensamentos. Lisbon não se importou, estava muito concentrada fantasiando a vida maravilhosa que aquele casal dividiu, durante tantos anos. Ela queria ter a chance de um dia, experimentar algo ao menos próximo daquilo, mas sempre que pensava no assunto, tudo parecia muito distante.

Entraram no carro, Lisbon recostou-se na janela, observando a chuva fina que acabava de cair. Jane permaneceu em silêncio, dirigindo concentradamente. Teresa sequer prestava atenção no silêncio do marido, só conseguia pensar na família que, um dia com sorte, constituiria. E foram com essas fantasias em mente, que ela adormeceu.

Depois de pouco mais de 40 minutos de viagem, chegaram ao prédio de apartamentos de Lisbon. Jane parou o carro à frente, se virou para o carona onde pôde vê-la cochilando tranquilamente. Ela tinha um rosto pacífico, parecia sonhar com algo muito bom.

– Dormindo assim, até parece inofensiva. – Ele zombou, enquanto a sacolejava tentando acorda-la.

– Já chegamos? – Ela perguntou ainda sonolenta.

– Sim.

– Você está estranho. – Disse em meio a um bocejo

– Por que acha isso?

– Não disse nada o caminho inteiro. Não te conheço bem, mas pelo pouco tempo que convivemos, Patrick Jane calado foge à normalidade.

– Hm... Não é nada, só estou cansado.

– Certo. – Ela concordou mesmo sem acreditar no pretexto – Então... Boa noite. – Se levantou indo em direção à portaria do edifício.

– Hey Lisbon! – Ele a chamou, fazendo com que ela se abaixasse para ouvi-lo na janela do carro. – Eu queria agradecer.

– Pelo o quê exatamente?

– Por ter aceitado me ajudar e me acompanhado à festa. Enfim.

– Só lembrando que fui chantageada na primeira e enganada na segunda. – Ela zombou – Mas não tem que agradecer, foi divertido.

– Mentirosa! – Ele sorriu, arrancando o carro em despedida.

– E então tudo volta à normalidade – Lisbon pensou, enquanto se dirigia para dentro do prédio.

Ela subiu os três lances de escada cambaleando de sono. Já passava das duas e havia acordado muito cedo no dia anterior. Vasculhava a bolsa à procura das chaves, em vão. Só foi encontrá-la depois de tatear os bolsos do paletó. - Espera... Estou de paletó? – Pensou.

Ainda estava envolta no casaco de Jane. Ela não soube dizer se ele havia esquecido, ou não requisitou por cortesia. Resolveu não pensar a respeito e se dirigiu ao quarto, onde finalmente poderia dormir tranquilamente.

Despiu-se para colocar o pijama, deixando o casaco e o vestido sobre a poltrona. Olhou mais uma vez para o paletó de Jane, jogado em cima de suas roupas e resolveu, por curiosidade revistar os bolsos. Encontrou alguns papéis de bala e umas anotações num guardanapo, que ela não tinha ideia do que significavam. Suspirou... O perfume dele ainda estava na roupa. Como num impulso, levou o colarinho próximo ao rosto, inspirando profundamente. Alguns segundos depois ela se despertou do devaneio um pouco assustada.

– Mas que atitude estúpida Teresa!- Disse a si mesma. – Você definitivamente precisa de uma noite de sono.

Jogou o casaco na poltrona novamente e guardou o bilhete em código no criado mudo. Entregaria para Jane logo pela manhã.

Jane chegou ao escritório relativamente cedo. Grace e Wayne flertavam descaradamente na cozinha, quando o homem entrou entusiasmado.

– Bom dia Mr. Jane.

– Bom dia Grace, não precisa ser tão formal quando se dirigir a mim.

– Hm, como prefere que eu lhe chame?

– Do jeito que desejar – Piscou o sorriso habitual, fazendo Van Pelt Corar. Rigsby não gostou muito da situação.

– Fiquei sabendo que o cliente de ontem lhe acertou em cheio, é verdade? – Desafiou o segurança.

– Ah, sim... Não fosse a gentileza de Grace eu poderia não estar aqui pra contar.

– É uma pena. – O comentário escapa de Rigsby, fazendo Van Pelt chutar-lhe as canelas. Jane apenas sorriu.

– Não dê atenção Jane, tenho certeza que não foi o que ele quis dizer. Aceita café?

– Sempre muito afável, mas na verdade Grace, eu prefiro “chá”.

– Vou preparar um pra você.

– Ah, não precisa, eu mesmo preparo.

– Certo... Depois que terminar, vamos ter nossa reunião? O Cho também está esperando por você.

– Claro, como quiser chérie. – Van Pelt sorriu e saiu repreendendo Rigsby pelo caminho.

– Não entendo porque a chefe não gosta dele. Jane é um cara muito legal.

– Eu consigo compreendê-la perfeitamente.

– Não seja grosseiro! Até agora não acredito que você disse aquilo...

– Desculpe, não consegui segurar. Só penso como será de agora em diante, sem a chefe aqui na agência.

– É... Também acho estranho. Ela era metade desse lugar.

– Mas não a culpo, esse almofadinha é difícil de aguentar.

Grace sorriu, não precisava ser muito observadora para perceber que Rigsby estava enciumado. Ela resolveu ignorar, voltando suas atenções para o jornal recém-chegado. Entretanto, uma manchete na coluna social retomaria as discussões.

– Não sei se ela compartilha dessa sua mesma opinião Rigs – Van Pelt apontou para a fotografia lateral – “Patrick Jane dança com mulher misteriosa”.

Segue abaixo o restante da matéria:

“Mulheres solteiras do estado da Califórnia, amanhecem a terça de luto. Patrick Jane, até ontem tido como um dos solteirões mais cobiçados de Sacramento, aparece na luxuosa festa de Sean Barlow, acompanhado de uma mulher misteriosa. A julgar o nível de intimidade e o anel na mão esquerda de ambos, podemos deduzir que o loiro de olhos azuis não se encontra disponível. A chuva fraca da madrugada, pode ser resumida nas lágrimas derramadas pelo ex-solteirão”

– Lágrimas derramadas pelo ex-solteirão? Quem diabos escreve essa merda?

– Rigs, atente-se ao que interessa. Lisbon está, muito provavelmente, casada com Jane!

Após esta revelação, o loiro entra na sala, causando um silêncio absoluto.

– Ah, vocês já leram o jornal... – Dizia Jane um pouco encabulado.

– Isso é sério?

– Tá casado com ela? – Foi a única frase que Wayne conseguiu concluir.

– Está – Respondeu Cho, com a rispidez de sempre, do outro lado da sala, fazendo com que os olhares se voltassem para ele.

– É, estou... Mas não é o que vocês estão pensando. – Tentou justificar.

– Como assim não é o que a gente tá pensando?

– Você a drogou? – Perguntava Rigsby ainda incrédulo.

Antes que Jane pudesse tecer mais explicação, Lisbon entra pela porta da agência, mais bem humorada que o convencional e com um casaco nas mãos, que parecia ter acabado de ser retirado da lavanderia.

– Escuta Jane, você esqueceu seu paletó e... – Os quatro na sala se calam, olhando para Lisbon um pouco assustados – Que isso gente, o que aconteceu? – Ela perguntou um pouco deslocada.

– O assunto chegou. – Foi a resposta de Jane, um pouco irritado.

– Ah, eles já sabem... – Ela deduz.

– Espera, to tentando entender... Quando nessa história que começaram a dormir juntos?

– Rigsby! – Van Pelt repreendeu a pergunta indiscreta.

– Nós não estamos dormindo juntos! – Ela respondeu categórica.

– Isso que eu estava tentando explicar. – Jane respondeu resignado, não arrancando olhares convencidos.

– É sério, não estamos! – Lisbon faz questão de enfatizar, olhando para Cho, que estava ao seu lado.

– Isso não é da minha conta. – Finaliza o asiático, com a seriedade habitual.

– Cho, podemos terminar de discutir isso na minha sala, por favor? - Jane suplica um pouco acanhado, apontando para a porta do escritório.

O asiático concordou com a cabeça sem emitir nenhuma palavra, apenas seguiu em direção à sala de Jane, fechando a porta em seguida.

– Certo, o que está acontecendo aqui?

– Não está acontecendo nada, só fiz como você sugeriu. Casei-me com uma americana, o que há de errado?

– Você está mais bem humorado que o normal, ela segurava um terno seu e não parecia te odiar. Não importa o que você diga, tem algo de muito errado.

– É, ontem nós saímos, jantamos, batemos um papo e esclarecemos alguns pontos. Nada de mais, não dormi com ela.

– Mas pelo visto está se esforçando para conseguir.

– O que? Não! Eu não dormiria com Lisbon! – Jane parecia indignado.

– Por que não? Eu dormiria e aposto que o Rigsby também.

– Rigsby não dormiria, ele tá apaixonado por Grace e... Espera! Tá me dizendo que gostaria de dormir com minha mulher?

– Sua mulher hipotética, vamos lembrar.

– Ainda sim, minha esposa!

– Só quis dizer que ela é atraente. Sabe Jane, você tem essa coisa com as mulheres...

– Você não pode me culpar por isso, não é como se eu as manipulasse, ou coisa assim.

– Não me interrompa. – Cho repreendeu inexpressivamente, como de hábito – Não estou aqui para atacar seus princípios morais inexistentes, só que nesse caso específico um envolvimento, principalmente dela, complicaria tudo.

– Eu tenho plena consciência. Não se preocupe, não aconteceu e nem vai acontecer nada. Sabe que estou focado e nunca me envolvo. E não a subestime, Teresa é uma mulher forte. – Ele deu um tapinha nada tranquilizador nas costas do asiático e continuou – Por outro lado, há uma recomendação sua que não cumpri. Fui ver Sean ontem.

– Fiquei sabendo, está no noticiário... Como foi?

– Pouco animador, mas encontrei uma coisa.

– Você precisa ser cauteloso. Nada de investigações sem conseguir o visto de permanência.

Antes que Jane pudesse fazer qualquer objeção, Grace bateu na porta da sala, oferecendo os relatórios sobre a busca do carro da adolescente desaparecida.

– Kimball, depois nós terminamos essa conversa. – Se levantou dirigindo-se à sala de reuniões - Tenho uma garota de 17 anos para encontrar.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler, se possível, deixa um review ae vai...



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