A vida de outra garota... escrita por Becky Cahill Hirts


Capítulo 26
XXVI - Colors


Notas iniciais do capítulo

{Quarto capítulo favorito *ri*}



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~Mundo da Amy~

POV. Ian

— Amy — saudei-a, enquanto ela descia a curta escada de vidro iluminada pela luz fraca da lua que se levantava no breu do céu anil. — Não sei, não estou sendo ignorado. — Digo, observando sua jaqueta, que, por incrível que pareça, combinava com a minha.

Ela dá um leve risada, balançando a cabeça como quem não acredita em algo. Seus saltos estalando no piso frio.

— Combinamos? — Pergunta, ignorando a minha fala. Seus cachos ruivos balançavam suavemente.

— Talvez... — digo, sorrindo feito bobo.

Amy sorri, e meio marcha meio anda, até a porta. Os outros já devem ter saído, pois a sala está deserta e no pouco tempo que fico observando-a andar percebo o quão vazio está tudo.

— Vai aonde? — Questiona, assim que ela para na porta olhando para trás. O medo dela não aceitar ir comigo crescendo em meu peito como um animal selvagem, prestes a rugir.

— Ué — ela diz, sorrindo ao uso da expressão. — Pensei que tínhamos um baile para ir, posso estar enganada...

— Você vai comigo? — Pergunto, sem deixá-la terminar. Amy ri novamente, calma e tranquila, pouco ligando para o inferno de emoções que estavam dentro de mim esperando sua resposta.

— Talvez... Você quer que eu vá? — Ela indaga, erguendo as perfeitas sobrancelhas.

Ah ótimo... Alguém está irônica hoje...

— Se eu quero? — Pergunto, andando até ela. Ela me fita nos olhos apenas quando estou a centímetros de seu rosto. — Eu quero isso mais do que quero qualquer coisa no mundo, eu quero isso mais do quero preciso de ar, de comida, de tudo... Amy se você me der a honra de acompanhar-me eu serei a pessoa mais feliz do mundo.

O sorriso que aparece em sua face vale mais que qualquer outra coisa. Um sorriso lindo, genuíno, puro... Algo tão raro quanto as rosas azuis, e tão belo como elas.

~Mundo da Amy~

Pov. Amy

O seu estava azul. Azul safira. Lindo, maravilhoso... Como algo belo, algo puro...

Ri um pouco mais ao lembrar-me do que minha vó dizia-nos quando pequenos, quando nos ensinava sobre as cores...

“— Apenas três cores são consideradas primarias. Amarelo, vermelho e azul. Eles criam toda a tabela de cores, apenas de suas misturas. Existe um simbolo, que eu brinco em chamar de “Diamante” que explica isso... As cores primarias entre si criam apenas mais três cores: o laranja, o roxo e o verde. Estas seis cores fazem um simbolo que eu chamo de “Diamante”, embora apenas as cores do meio são representantes disto. As três cores primárias são chamadas assim pois são únicas, belas e raras, iguais a diamantes. Você pode misturar elas e criar o que chamamos de cores frias ( azul, roxo e verde) ou cores quentes (amarelo, vermelho e laranja). E quando você mistura azul com amarelo aquilo deixa de ser azul ou amarelo e vira... — ela ficou em silêncio, esperando nossa resposta — Verde! Vamos crianças, vocês vão adorar saber disto.Querem saber outra coisa? Quando adicionamos preto ou branco na cor, ela não muda de cor, mas sim de tonalidade. É o que chamamos de scarlet, prúsia, âmbar, e tantas outras...”

Âmbar... Essa cor ultimamente me lembra de um certo moreno calado ao meu lado. Ainda não havíamos chegado a festa, Hammer estava dirigindo calmamente com Sinead tagarelando do lado, enquanto eu e Ian permanecemos calados, talvez pois não havia nada para dizer, talvez por que as luzes que passavam por nós pareciam ser muito interessantes...

— Chegamos. — Anunciou Hammer, ao estacionar em uma vaga abaixo da maceira. Sinead sorriu e praticamento saltou do carro, puxando Hammer com ela assim que saímos do carro, mal permitindo Hamilton trancá-lo.

Eu vi ela, com seu vestido coral se perder no meio de uma multidão, e não estava nem um pouco afim de ir para lá, mas agora que estou aqui, não há motivos para recuar.

— Vamos? — Ian falou pela primeira vez desde que sentamos no carro, sua voz rouca fazendo vibrações em meu corpo.

Apenas assenti com a cabeça, colocando meu braço em volta do seu. Ian pareceu surpreso, mas não disse nada, apenas me puxou para mais perto, fazendo as laterais de nossos corpos se chocarem a cada passo.

— Pensando no que? — Perguntou-me, como quem não quer nada.

— Cores — digo, abaixando a cabeça. O piso do estacionamento fazia um barulho horrível abaixo de mim, chamando atenção demais com o seu “toc, toc, toc...”

— Cores? — ponderou Ian, me olhando curioso.

— É, você sabe... Vanilla, índigo, borgonha, citrine — digo, citando vários tons e alterações das cores primárias. — Safira, terra cotta... — Ele começa a rir, me impedindo de continuar — O que foi?

— Vai citar todos os tons conhecidos destas três cores?

— Talvez... — Reviro os olhos e observando o vento leve levantar uma parte do meu vestido. A primavera era agradável, todavia estava difícil me acostumar com o vento quente do sul. — Mas se não queres me ouvir eu...

— Você esqueceu o Carmin e o Cobalto — ele corta-me, para meu espanto. — São meus favoritos — ele diz, dando de ombros.

— Gosto do Scarlet, do Pérsia... — Fico um tempo considerando se devo ou não falar, e só murmuro o final de minha fala quando já estamos entrando no salão. — E ultimamente do âmbar...

Vejo pelo canto do olho o sorriso no rosto de Ian, me lembra uma constelação, repleta de estralas brilhantes. Ele estava abrindo a boca para dizer-me algo quando um vulto de rosa pula na frente dele.

— Ian! — Grita, leiam berra, a voz estridente de Celeste, postando-se na nossa frente — Onde você estava, boy? Estou te esperando faz horas e...

— Celeste — Ian chama, se soltando um pouco das mãos da morena, que estavam incrivelmente fincadas em seu braço, por cima da jaqueta de couro preta. — Eu não combinei nada com você. — Simples, grosso e gostoso... Quer dizer, opa...

— Eu pensei que não precisava, já que era claro que você iria vir comigo! — Ela diz, sorrindo falsamente. Não consigo imaginar o quanto aquela garota deve ter gasto em branqueamento...

— Não, Celeste, eu não...

— Não importa, gato. — Ela o corta, o puxando pelo braço. E eu fico ali, parada, obviamente farta de ser ignorada. — Vamos ir dançar, rir, e depois podemos ir para algum lugar particular conversar um pouco mais e...

— Celeste! — Brado, seriamente cansada. — Você pode, por favor, soltar o meu par? — A morena me olha, com uma leve cara de nojo.

— Seu par? Seu? — Ela pergunta, e revira os olhos. — Querida, que parte do: “Ian e eu estamos juntos” você não entendeu?

— A parte que não existe? — Alego com um minusculo sorriso sarcástico no rosto. Ian ri, como se não houvesse amanhã, aproveitando a deixa para se soltar de Celeste, que o encara brava.

— Vai rir da sua namorada? — Insiste ela.

— Celeste vocês não são namor... — Tento dizer, mas ela me corta.

— Calada sua cadela com roupas de quinta! Vai aprender a se vestir antes de falar comigo. Não preciso nem falar da jaqueta, né? — Ela diz, andando em minha direção — Isto aqui não é um circo para você se vestir de palhaça.

— Então por que você esta aqui? Pensei que fosse a atração da noite... — Reflito, fingindo estar pensativa.

— E você? O bobo da corte? — Ela cisma.

— De que corte? Só vejo pessoas e uma palhaça. — Argumento.

— Que certamente é você. — Continua ela.

— Não, querida, se eu fosse palhaço estaria pintada como tal... Como olha! Você está! — Cito sua maquiagem de palhaça, pois, por Gideon, aquilo é digno de circo dos horrores.

— Pelo menos o Ian gosta de mim e não esta perto de mim por pena. Pelo menos o meu namorado não me traiu com a minha melhor amiga, pelo menos eu...

— Chega! — Grita Ian, e eu não entendo como ele percebe tão bem quando estou cansada. — Celeste, mete isso na sua cabeça, eu vim com a Amy, e não, não — ele frisa a palavra. — Sou seu namorado, e não vou com você a lugar nenhum, por favor, faz-me o favor de sair daqui e deixe-me curtir a noite com a única menina dessa escola que merece, e não porque eu tenho pena dela, e sim porque ela está me dando uma honra enorme em vir comigo. Passar bem! — Com essas palavras, ele me puxa pelo braço para sairmos de perto da morena, mas quando passo por ela, com aquela cara de ridícula, não me aguento.

— Ou mal... — Acrescento alto o suficiente para Ian ouvir, não querendo esconder nada, porém o jeito como seus ombros balançam dão a entender que ele está rindo também.

Quando estava quase suspirando aliviada por sair de lá, sinto algo segurar meu vestido e sinto-me puxada para trás.

Ian se vira e mais rápido que eu posso pensar ele me gira no ar, colocando-me do outro lado. Vejo apenas pelo canto do olho Celeste caindo em cima de uma bacia de ponte.

A morena fica totalmente suja, e começa a bufar enquanto algumas pessoas envolta soltam leves risadas. Ian me olha, com uma pergunta muda em seus olhos. Assinto com a cabeça, indicando que estou bem.

— Você! — Celeste urra ao se levantar. — Você me deixou toda suja... Você!

— Ia fazer isso comigo senão fosse pelo Ian, que me tirou dali. Você é baixa, e não merece minha atenção. Deveria dar um jeito na sua própria sujeira antes de tentar falar da dos outros.

Celeste bufa mas saí do salão, a passos pesados.

— Você está bem? — Pergunta Ian, preocupado.

Olho para ele, observando o âmbar de seus olhos, feito ouro e percebo o quão preocupado ele fica comigo...

— Graças a você — Digo, sem conseguir esconder um sorriso.


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Notas finais do capítulo

[corrigido e revisado com muito amor]
[1.508]