Own Universe escrita por Zeeyo


Capítulo 2
Capítulo 2 - Familiar...




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– Ah, sério? – Brincou o novo marido da minha mãe, tentando me convencer a descer e acompanhar meu irmão de sangue, que já estava impaciente. Mas o que ele ainda estava fazendo ali se não podia esperar uma crise de ódio? Foda-se ele e seu estresse! – Você já me disse que sente falta dos seus outros irmãos, certo? – Afirmei com a cabeça, evitando olhar em seus olhos. Eu estava confusa. Uma parte de mim queria sair correndo e abraçar aquele garoto. E não me peça pra explicar o motivo, meu sangue somente borbulhava com essa vontade. Mas meu coração mantinha-se frio, e meus conceitos me lembravam de que o que ele havia feito, mesmo sendo uma criança na época, não tinha perdão. – Então por que não vai até eles? Finja que Len faz parte do carro (que anda sozinho) e que Miku é esquizofrênica e fala com objetos. – Gargalhei, me lembrando de por que era tão fácil gostar daquele homem. Minha mãe havia ganhado sorte em dobro pelos anos que sofreu com meu pai. Levantei meu olhar, e ele REALMENTE sorria pra mim com um olhar paternal. Eu também tinha sorte. Olhei novamente pela janela. Miku e Len conversavam, enquanto minha mãe aguava as flores que tínhamos na frente de casa. Nada, de longe, estava mudado no meu irmão. Os cabelos loiros como os meus brilhavam ao sol e esvoaçavam-se, longos. Eu odiava admitir, mas ele estava lindo. Ainda mais do que quando éramos crianças, pois seu corpo começava a adquirir forma e seu rosto suave mantinha suas linhas leves, estando só mais um pouco alongado. Miku sorria. Ela também o havia perdoado, inclusive por ser mais fácil pra ela, já que ele não era da sua família de verdade. Estava horrorizada de perceber que eu seria capaz de passar horas ali, só observando o inimigo de longe. Mas eu não tinha todo o tempo do mundo. – E então, vai fazer regime de silêncio de verdade? Faça. Mas você tem que descer lá embaixo.

– Mesmo? Eu tenho que “descer lá embaixo”? – Ri da cara dele pelo homicídio que ele cometeu (ao português), e recebi um “pedala”.

– Me respeita pirralha. Eu tenho idade pra ser seu pai. – Dei um beijo em sua bochecha, assanhando seu cabelo com uma mão e o abraçando com outra.

– Você é meu pai. – Peguei minha mala, respirando fundo e descendo devagar as escadas. Tropeçando no penúltimo degrau e indo parar de quatro no tapete da sala, onde as minhas roupas se espalharam. De novo. Mala maldita.

– Que bizarro. – Arrepiei ao ouvir. A voz que o havia dito era tipicamente adolescente, mas de alguma forma me fazia ter mais lembranças de um passado distante. Sentei sobre meus calcanhares, assistindo Len juntar algumas roupas junto comigo. Miku estava sentada no sofá, e estava distraída demais com seu celular pra perceber o que estava acontecendo. Meu irmão arrumou organizadamente as roupas que juntou dentro da mala, ficando novamente de pé e me encarando, me analisando.

– Podia parar de me fitar agora? Eu me contentaria. – Falei fria, colocando o que eu havia juntado na mala, também.

– Que ingrata. – Falou, esboçando um sorriso satírico e dando-me as costas. – Vamos lindinha. – Chamou Miku, que voltou sua atenção pra ele. Eu sabia que eles mantinham contato e tinham bastante intimidade havia muito tempo, mas não invejava isso nem um pouco. Minha amiga levantou-se, puxando sua mala em direção ao carro.

– Você não vem? – Me perguntou. Afirmei com a cabeça, fazendo cara de conformada.

– Assim você faz parecer pior do que é. – Falou minha mãe do topo da escada, surgindo como um incentivo á ter coragem. Mas eu não tinha certeza se ela sabia o quão doloroso aquilo era pra mim.

– Vamos, ou eu vou deixar você! – Gritou Len de dentro do carro, quase me fazendo gritar de volta perguntando por quê ele ainda estava ali, mas o olhar de Kaito por trás da janela semi-aberta me fez conter todas as palavras feias que minha boca guardava.

– Vocês cresceram... – Falou, olhando tanto á mim como á miku de todos os angulos possiveis com uma certa maldade no olhar.

– Você fala como se não tivesse me visto ontem. – Falou miku, um pouco desanimada. Há algum tempo atrás eles haviam se reencontrado, e por incentivo dele, ficaram algum tempo juntos sem compromisso. Porém, não tendo dado certo, as coisas foram esfriando até tornar-se uma amizade. Embora eu saiba e não tenha duvida de que ainda seria possível rolar alguma coisa se tanto um quanto o outro não estivessem namorando. E se o namorado de Miku não fosse Gakupo, o mais novo cantor famoso de toda a Ásia e Europa. Mandei para a garota uma mensagem de texto que dizia “como você pode sentir falta do que viu ontem?” e obtive a resposta “nunca mais foi a mesma coisa”.

– E vi, mas essa daqui – deu uma pausa e um suspiro que expressava saudade, surpresa e agrado ao mesmo tempo – posso dizer que está bem maior desde que a vi pela última vez. – Ri sem graça, recebendo um abraço insinuante do meu meio irmão. Eu nunca tive dúvidas de que a nossa família não fosse normal, mas que tinhamos um alto índice de indícios (WTF? Índice de Indícios?) de incesto, isso com certeza tinhamos. Talvez o tempo que passamos separados tenha feito parecer que não somos tão irmãos assim... Mas independentemente de qualquer teoria, eu poderia colocar isso na lista de coisas da vida que eu não sabia explicar. Entrei no carro e seguimos em silêncio. Miku parecia incomodada e até um pouco enciumada por eu e Kaito estarmos tão perto e por ele não tirar o olho das minhas pernas, mas eu não tinha culpa dele ser tão metido á pegador. Para mim ele era só... O irmão gato do Len.

– E então Kaito, o que faz da vida? – arrisquei, tentando quebrar o gelo imenso que estava ali. Len segurou o riso.

– Garçom. Da Kettru’s.

– Minha sorveteria gourmet favorita. – Falei, tentando amenizar o clima ruim que o loiro deixou, ridicularizando o trabalho do irmão. Nosso irmão mais velho nunca foi muito de estudar, mas não era motivo pra deixa-lo constrangido, e isso só me dava mais ódio do maldito Kagamine mais novo. – continuamos a viagem até pararmos na frente de uma grande empresa.

– Você já imagina o que a gente veio ver aqui né, Rinny? – Miku perguntou, enfatizando meu apelido de criança e me fazendo arrepiar. Len sorriu indecifrável, um sorriso que eu só pude ver pelo retrovisor. Já ia dizer algo como “não faço idéia” quando um incrivelmente lindo jovem de cabelos castanhos apareceu, vindo em direção ao carro em que estavamos.

– Recebi uma promoção, gente! – Todos no carro vibraram, parabenizando Kiyoteru, e eu sorri para ele, que logo me percebeu, com os olhos brilhando. – Mas é a... Eu, eu não acredito... É mesmo a...

– Sim, sou eu, a Rin. – Interrompi-o, sendo puxada pra fora do veículo e apertada pelo garoto mais legal que já conheci na vida. Era um abraço completamente diferente do de Kaito, e me lembrava um pouco o do novo marido da minha mãe. Paternal, amigo. Kiyoteru já era filho de Lily muito antes dela pensar em ser mais do que a prima daquele homem e gerar Kaito, e portanto, era somente nosso primo de terceiro grau. Mas mesmo passando todo esse tempo sem contato ele continuava significando muito mais do que isso pra mim. Ele era mais irmão do que os outros dois jamais poderiam ser. Entramos no carro novamente e seguimos para o destino final: A maldita casa do maldito casal que marcou minha vida da pior forma possível. Os Hiyama. Porventura, primos. Sim, até mesmo toda a história de incestos eu tinha herdado do lado ruim da família, de onde só vinham coisas ruins. Chegamos e o pai de família estava á porta, tagarelando com o visinho sobre algo que não me interessava, visto que após ter encontrado ele bem á minha frente, nada mais se passava em minha mente além do que eu havia sofrido.

– Minha filha! – Ele correu e me abraçou, forçadamente emocionado. Eu não tive reação.

– Me solte por favor, estou aqui por que fui obrigada. – O homem suspirou, me soltando.

– Tudo bem, como quizer, você vai se acostumar. Leve as malas para dentro Kiyo. E Kaito, coloque tudo no lugar. Miku, mostre o quarto de vocês e o resto da casa pra nova visitante. – Sorriu para mim e eu vi que nada havia mudado. Eu era só a menina. A imprestável. O brinde que veio quando eles se prepararam para receber Len na família.

– Pode deixar, tio! – Miku falou, animada. Tentei não tranparecer o medo que eu tinha do que poderia acontecer no tempo em que eu estivesse ali, e pelo visto, havia sido bem sucedida. O homem voltou a falar com o visinho, e Len ingressou na conversa.

– Não tenho certeza de que vai ser uma boa idéia eu passar tanto tempo aqui. – comentei baixinho com Miku que fez descaso com um gesto de cabeça e um “Ah, besteira”, me mostrando o quarto em que iriamos dormir. Não era bonito, e suas condições não eram das melhores. Um pouco de umidade no canto da parede me fez espirrar e eu logo soube que teria dificuldade para dormir devido á minha alergia. Kaito e Kiyoteru chegaram e eu pedi que deixassem as malas em qualquer lugar, e só me mostrassem onde eu deveria guardar tudo e que o resto eu faria, e depois de apontar o lugar aonde eu alojaria minhas coisas, eles sairam. Pedi para Miku pra me acostumar um pouco com o quarto antes de ver o resto, e ela concentiu, saindo com os outros. Analisei melhor o lugar, reparando que não só no canto da parede como em todos os lugares do quarto havia umidade. As camas, duas de solteiro, estavam cobertas com forros antigos que eles haviam roubado da minha mãe, que provavelmente haviam sido estratégicamente escolhidos para me causar mal. Ou talvez eu estivesse paranóica, mas considerando a pessoa que eu achava que tinha preparado aquilo, a versão que diz que ninguém é santo parecia muito mais realista. Começava a tirar meus perfumes, cremes e afins e armazenar na penteadeira quando ouvi a porta abrir-se devagar. Não me dei ao trabalho de olhar, pois com a rapidez com que se fechou a seguir, ou a pessoa havia me visto e levado um susto, ou tinha escolhido a porta errada. Cantarolei uma canção antiga que minha mãe cantava para que dormissemos, chamada sleeping forest, sendo surpreendida por duas mãos que me abraçaram pela cintura. Me virei bruscamente, sendo empurrada até a parede e depois prensada.

– Olá gêmeazinha! – Len sussurrou em meu ouvido. O que havia dado nele? Senti todos os pelos do meu corpo se ouriçarem, sua pele em contato com a minha depois de tantos anos, sua temperatura mais quente do que o próprio ambiente em que estavamos... Eu claramente não sabia que podia fazer alguma coisa até fazer:

– Aaah... tchim!


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Notas finais do capítulo

E ai, curtiram? Faz tempo que escrevi esses dois capítulos, e agora que tô reiniciando minha conta aqui no Nyah! acabei lembrando que a fic existe. Atualmente tô escrevendo um livro (pra publicar com meu nome de verdade uhaushas) e talvez demore a continuar ela :( Mas se gostarem, não deixem de me avisar. O entusiasmo de pessoas que gostam do meu trabalho é que me levam á escrever mais. Beijon na bunda d'ocês.