Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 79
O Fim (Saga) Mario.




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Não vamos voltar para Xupa Cabrinha por enquanto. O que ele está para encontrar está muito além do que é possível se imaginar quando você se lembra que a última vez que ele apareceu foi para ser julgado por sapos e sardinhas. Isso o que ele descobriu e a aventura que ele irá viver só poderá aparecer em determinado ponto da história e Xupa Cabrinha, infelizmente, não poderá reaparecer enquanto esse determinado ponto da história voltar. Mas ainda podemos falar um pouco sobre Xupa Cabrinha, se você quiser. Agora não, agora tem outros personagens que estão perplexos demais para podermos ignorá-los.

Robin tinha acabado de salvar os poucos sobreviventes de uma vila. Deixara-os em mãos seguras, com o mesmo velho que o salvara quando teve que enfrentar um poderoso inimigo da WXYZ Trabalhos. Ele não estava perplexo, o sentimento que fluía por seu corpo é um tanto difícil para conseguirmos explicar, mas era como se não sentisse nada e ao mesmo tempo sentisse tudo. Estava conectado com os pontos mais internos de sua mente e do seu corpo. Não sabia se isso duraria para sempre e não chegou a se perguntar quanto a isso, apenas deixou que fluísse. Não chegou a se perguntar quanto a nada, apenas deixou que seus sentimentos que fluíam claramente como nunca antes lhe mostrassem para onde ir. E estava na hora de acertar as contas com o seu inimigo mais recente.

Ele não sabia onde encontrá-lo, mas sabia que ele o encontraria e que nesse momento estaria preparado. Não precisaria pensar muito em estratégias, seu coração, seu sangue, seu  punho e sua mente o guiaria para que derrotasse o inimigo. Não se sentia invencível, mas claramente estava o mais próximo de invencível do que qualquer em qualquer outra época da sua vida. Agora Robin apenas conseguia olhar adiante.

Muito adiante estava o lugar que Robin precisava retornar: para o lado de seu grande amigo. Ele não sabia como tudo havia se desencadeado nos últimos dias e nunca conseguiria prever o que realmente aconteceu. Estaria incerto sobre a chance de ainda ter que lutar com Molly, se ainda tem que lutar ou se Molly já derrotara a todos. Na verdade, estaria incerto se sequer precisava lutar contra Molly. Ele não pensava no caolho que o derrotara facilmente há mais de cinquenta capítulos, não pensava em Xupa Cabrinha que debochara de Robin por ter sido derrotado de uma forma ridícula sem que o Imperador Solar careca o levasse a sério. Não pensava em nada disso, apenas sentia as vibrações dentro dele entrar em sintonia com as vibrações leves que a terra fazia a cada segundo, as vibrações das pequenas moléculas presentes no ar, a interação entre cada átomo que estava ao redor do seu corpo... Estava em sintonia consigo mesmo e com o que estava ao seu redor. O Robin de antes nunca teria imaginado que alguma hora estaria assim.

Distante de qualquer julgamento moral de certo e errado e de ser movido por esses julgamentos inexistentes, Robin apenas foi. Não precisou acenar para o velho, ocupado acolhendo os acolhidos, ele já sabia que Robin iria partir. Estava na hora do garoto abrir as asas.

Frota tinha presenciado muitas coisas estranhas na sua vida e por isso não se surpreendeu tanto quanto uma pessoa normal se surpreenderia. É claro que ele era uma pessoa normal, com uma luva poderosa e com uma aparência sobrenatural, mas ele era uma pessoa normal até acostumada com toda essa loucura de energias que ele não sabe explicar nem um pouco. Molly também não sabe explicar e também está acostumado, mas assustado. Não conseguia discernir o rosto ou o corpo da figura coberta de energia Vril por todos os seus lados e não conseguia discernir também o que estava acontecendo e o que aconteceu, mas ele conhecia aquela aura. A agressividade assassina daquela que seria a última que sentiria antes de morrer pela primeira vez. Desencadeou-se uma reação estranha nas entranhas do caolho e agora ele não sabia o que realmente sentir.Perguntava-se o que estava acontecendo, dúvida sobre como o homem tinha sobrevivido ao seu ataque suicida, dúvida de como o homem ainda conseguia manipular a energia. Eram muitas perguntas, mas o galã de rosto roxo e nariz sangrando respondeu algumas das perguntas com aquela frase simples. Ele era o guardião agora.

Molly tinha entendido, assim como o Molly do universo anterior entendeu quando apenas conseguiu enxergar um cenário destruído e nenhum Picone, Ramon e Terry. Seu olhar foi o mesmo, e olhou para Frota, que não conseguiu ter a mesma compaixão que o Frota anterior.

Frota estava se sentindo muito alheio àquilo tudo e precisava de algumas respostas, mas, diferente de Molly, ele nem sabia as perguntas. Não sabia muito o que estava acontecendo desde que estava andando por aí num dia qualquer, numa tarde qualquer, e de repente acabou parando numa realidade alternativa em que a raça humana estava quase extinta e atacada por robôs de design bastante criativos e estranhos. O Molly daquela realidade tinha sido abandonado em um local distante e frio depois de perder seu braço, assim como o dessa perdeu quando lutou contra Cracker.

O universo estava morrendo, ele ouviu Ramon falar uma vez, mas não conseguia entender essa frase.

— O que aconteceu? – perguntou Frota antes de perceber que tinha perguntado alguma coisa sem o intuito de perguntar alguma coisa. A pergunta escapou da sua boca.

— Eu consegui derrotar um inimigo que tentara abater o Mestre enquanto estava distraído. O Mestre, por algum motivo desconhecido, estava caído e permaneceu assim até que eu retornasse meus olhos para ele e vê-lo sendo assassinado. O assassino transformou-se, mas consegui detê-lo, acho que consegui derrotá-lo.

— Mas eu ainda consigo sentir a presença dele – disse Molly. – Em todo lugar... – complementou, estranhando.

Don Picone também percebeu e também estranhou. Não se sentia seguro com aquela presença rodeando-os, olhando para os lados. Frota não sentia nada mas olhou para os lados por precaução, também.

— Onde está Ramon? – perguntou Molly. Não conseguia se sentir abalado, há muito tempo desapegara do seu bom velho, mas ainda não conseguia se manter o mesmo depois desse acontecimento. Depois de sofrer pela perda de Wilson, não conseguia ter mais forças para sofrer também por Ramon. Suas esperanças estavam morrendo aos poucos.

Picone não sabia, e não sentia o potencial típico das partículas que compõem a estrutura de moléculas biológicas do corpo de Ramon. Nem ao seu lado e nem sob o prédio destruído.

Tinha desaparecido dos olhos do novo guardião da Terra. O corpo de Ramon sumira quando essa nova versão do universo fora criada, após o carinho de Terry no cristal. Seu corpo não fizera parte desse novo universo porque não poderia. Ramon era único, não poderia ser refeito assim como Terry inconscientemente refez o mundo. Os restos de seu corpo eram agora pequenas partículas que se movimentavam aleatoriamente ao meio do nada.

O corpo de Terry era o universo inteiro. Estava disperso infinitamente pelo infinito daquele universo. Ele não conseguia se localizar, não conseguia entender nada. Apesar de ter se tornado uma criatura muito além de um ser humano, ele não conseguia entender o que tinha acontecido com o seu corpo. Podia concluir que estava mais forte por toda aquela energia prazerosa que fluía no seu corpo nos instantes anteriores, quando ainda estava materializado. Agora apenas era energia dispersa por pontos que não se ligavam de forma alguma, mas, de alguma forma, estavam ligadas. Era impossível para um humano compreender tamanha complexidade e tamanha aleatoriedade, por isso não conseguia e nem tentou, apenas se sentiu e com uma dor de cabeça gigantesca. Ao mesmo tempo quando a energia que ele era, e também fluía por si mesmo, se manifestava de diferenças formas a cada segundo, sentia que em intervalos bem curtos um pouco dessa energia era roubada para algum local distante. Não era uma perda significativa, pois a energia permanecia constante e não-finita, mas era mais um pouco desse desconforto.

As implosões que Picone causou no corpo-energia de Terry formaram pequenas quebras hiperdimensionais insignificantes para seres que não conseguem ter certo grau de sensibilidade com as forças interpéricas universais. Mas fortemente significantes para qualquer radar que pudesse localizar erros de antigravitação, detalhe que apenas terá importância nos próximos capítulos.

A energia daquele universo estava sendo drenada, mas não perdida por aquele universo. A dimensão, vazia, distante, recebia grandes quantidades de energia que chegavam de uma torneira que tornou-se o centro daquela dimensão. Com o deslocamento da energia daquele universo, e como a energia universal Vril e a entidade humana Terry são o mesmo, houve também que outro Terry se manifestasse naquela dimensão cuja torneira trouxera a energia antes ausente. Ele poderia lá se materializar, sem que soubesse. A consciência daquele humano não era mais sua própria consciência. Ele havia se tornado o intelecto do Cosmos, do universo, o DNA gerador de todo DNA e o DNA gerado por todo DNA. Era a coincidência que cientistas observavam ao analisar átomos agregados em diferentes situações, que pareciam impossíveis para sua matemática.

Esse novo Terry que surgira nessa nova dimensão trouxe consigo as lembranças do Vril original e do Cosmos, essas que eram inacessíveis para o original por não conseguir lidar com essas informações em um dado momento em que seu cérebro não conseguiria mais absorver tantas informações e formas diferentes de observar cada aspecto do mundo. Esse Terry tinha acabado de nascer do outro Terry e da energia do Cosmos, enquanto o anterior era apenas o mesmo Terry que nascera como homem que não conseguia entender a complexidade do mundo. O novo, entretanto, também não conseguia compreender todas as complexidades, mas conseguia considerá-las assuntos complexos que flutuavam por todos os cantos e fluíam pelo seu corpo, que era o próprio Cosmos. Não eram para esse uma simples dor de cabeça que não conseguia compreender. Ele conseguia compreender que estava com dor de cabeça, entretanto tinha a visão plena que não era necessário que essa dor de cabeça existisse. Poderia apenas pensar nas soluções, nos possíveis julgamentos que poderia tirar pela observações dos grandes e pequenos corpos, das grandes e pequenas quantidades de energia.

Ao Cosmos, fora agregada uma forma de energia chamada Energia Racional. Com uma consciência diferente da consciência original do Cosmos, agora tendo como padrão de raciocínio o padrão de raciocínio humano. Era diferente... Era uma energia diferente. Enquanto o universo que Frota perguntava se Molly queria comer um cachorro quente num momento não muito propício para isso apenas para quebrar o gelo o Cosmos, que era o próprio Terry, mostrava-se impossibilitado de fazer qualquer raciocínio quanto a sua própria existência, como o Cosmos naturalmente não consegue, o Cosmos que inundava a dimensão antes vazia nasceu com a habilidade de conseguir lidar com toda aquela dor de cabeça e analisá-la.

Não foi tarde para que essa nova dimensão floresce-se e criasse representações para o que julgava ser os fundamentos do mundo. O Cosmos analisou a si mesmo e percebeu o Tempo, percebeu a Energia Cristal.

Não havia Tempo. Não havia Cristal.

Houve uma época em que o tempo não era presente. Ninguém sabia como era essa época, nem mesmo o próprio tempo, até porque essa foi a única época do universo em que ele não esteve presente. Os escolares do tempo não se interessavam muito em estudar essa época. Na verdade, estudá-la seria um tanto difícil por não existir nenhuma evidência. Ninguém teve tempo de deixar registros dessa época. Ninguém teve tempo de existir nessa época. Nada existia nessa época.

Então, o tempo foi colocado como a paisagem do cenário que poderia ser mudada a partir das diversas possibilidades que as criaturas e corpos daquele universo criariam a partir de suas escolhas. Óbvio, nem tudo era uma escolha. Corpos caiam e se moviam a partir da física, que dependia também do tempo. Mas a física também alterava o tempo, pois ela era que mandava nos eventos físicos. Mas nem todos os eventos eram físicos, muitos eventos aconteciam pela simples aleatoriedade, essa que não era tão aleatória assim. Afinal, era aleatório, mas tinha uma base. Ela andava ao lado das leis físicas subatômicas, atômicas, moleculares e dos corpos. Foi com essa aleatória não tão aleatória que surgiu a vida, que surgiram os primeiros organismos com sistema nervosos mais avançados, que decidiam com o intuito de seguir com a sobrevivência.

Mas existe muito mais no mundo do que sobreviver. Com o andar da seleção natural, que chega a ser menos aleatória ainda, os organismos se tornaram mais e mais complexos a pontos que com uma cadeia ancestral de maior precedente não tinham muita dificuldade em sobreviver. Podiam fazer suas necessidades em alguns minutos ou segundos do dia sem muita dificuldade e ficar sentado o restante desse dia. O que fariam o restante desse dia? A resposta não é minha, a resposta é sua.

O Tempo estava bastante chateado. O Tempo não sentia mais como se sua presença ali fosse algo bom para o mundo. A sua presença, que era a causa da presente dinâmica em tudo, e também a causa das várias linhas do tempo que existem por conta das diferentes ações que corpos independentes tinham com tudo. Ele simplesmente não gostava mais dessa bagunça. Tinha conversado isso com o Grande Cristal há um tempo e tentaram descobrir se tinha algum jeito de ajeitar isso. Depois de vinte e alguns minutos de conversa, concordaram consensualmente que não tinha jeito de consertar. O negócio mesmo era varrer e fazer outro. Talvez esse outro, com alguns cuidados a mais que ninguém teve quando criara o universo, desse pelo menos um pouco mais certo. Sem tanta morte, planos de dominação global e coisas do tipo, pra não citar os milhões de outros motivos.

— É, não tem jeito. Eu vou embora, te vejo depois – disse o Cristal.

Tempo observou o Cristal levantar-se lentamente daquela cadeira localizada dentro da casinha do Tempo, de paredes com rachaduras e marcas de umidade de chuvas de séculos atrás. Cristal esperava que Tempo levantasse junto e também fosse cuidar de suas coisas para que juntos desse um final ao mundo, mas não foi isso o que aconteceu. Continuou sentado lá, com seus olhos virados para o chão e com a mão na boca, numa posição bastante pensativa. Estava pensando.

— Você não vem?

— Depois eu vou – disse Tempo, sem mudar de posição e sem perder no foco em seja lá o que estivesse focando em seus pensamentos.

Tempo sabia que chegaria a sua hora. Ele olhava para o relógio dentro de si mesmo e queria poder não contar os ponteiros que faltavam, as badaladas restantes, antes que tivesse que tomar o ultimato. O Tempo olhou para todos os lados que podia, olhou para o Cristal que estava prestes a desistir e chamar os seus guerreiros para retirar os cristais que representavam a entropia, a espontaneidade, para salvar os infinitos que ainda podia e recriar algo melhor, dali.

O Tempo conseguia se ver, dali a infinitos anos, olhando para si mesmo antes de olhar para uma plateia no Planeta Tempo, no Grande Castelo Tempo, que estava prestes a observar a última das poucas vezes que o Tempo saíra da Sala do Tempo.

Seu intuito seria o de dar um discurso, mas conseguia observar o que o Tempo fizera com alguns... Conseguia observar o quanto o Tempo tinha-os deixado com a certeza que o Tempo não deveria ser mantido, que deveria ser destruído para que tudo permanecesse da mesma forma que sempre esteve. Eles prefeririam o nada que sempre permaneceu naquela dimensão até que a primeira gota de energia criasse o Cosmos.

— Nada... – diria o tempo, lembrando do momento passado que via isso acontecendo.

Já sabia por antecedência que o tempo machucaria muitos e que colocariam essa culpa no tempo, e não no desenvolver aleatório e sem dinâmica nenhuma das coisas. Enquanto muitos tentavam prever os movimentos, falhariam em encontrar uma fórmula geral ou uma ideia que pudesse dizer o que estava acontecendo, o que acontecera ou o que aconteceria a seguir. Tudo levando o tempo como uma variação. Mas o tempo nada variava. O tempo era constante, e, ainda assim, conseguia fazer com que tudo variasse. As coisas aconteciam em função do tempo.

Temporais que viam da Grande Esfera do Tempo as feridas no tempo-espaço causadas por erros e falhas decidiram voltar-se contra o Tempo para que ele terminasse. Pensavam que esse era o único jeito de salvar o tempo-espaço, de salvar tudo. Eles também já tinham desistido, como o Cristal tinha acabado de desistir antes mesmo de ver o que aconteceria o seguir. O Tempo já sabia desde o início o que aconteceria e as incontáveis possibilidades. Esperava que uma possibilidade pudesse conter esses erros no multiverso e que ele lentamente se curasse, como fora designado para ser. Mas percebeu que as feridas continuavam a se abrir e mesmo quando cicatrizavam não eram difíceis de permanecer.

Teve que concordar com os idiotas que queriam que o tempo acabasse porque na época que não tinha tempo tudo era melhor. Óbvio que esse pensamento não faz sentido, quando havia tempo nem o tempo sabia se era melhor ou não. Logo, os Temporais também não sabiam. Os Temporais eram babacas, ele não sabia se tinha os unido a eles porque queria ou porque fora a possibilidade que trilhara. Mas ele não era a única possibilidade de Tempo, ele sabia disso, existiam outros Tempos que precisavam desistir para que o término do Tempo realmente acontecesse. Até porque o próprio Tempo também estavam em função de um outro Tempo, que também estavam em função de um outro Tempo. Existiam Tempos diferentes em diferentes linhas do Tempo, existiam Tempos diferentes em diferentes quadrados e em diferentes multiversos.

Os Temporais Anti-Tempo extremistas estavam planejando um ataque ao Tempo naquela tarde fatídica, mas ele já sabia disso. Não queria tomar um tiro atemporal e por isso foi febre, disse que acabou e voltou para o seu quarto. Ninguém entendeu, nem mesmo os Tempoterroristas.

E, então, o Cosmos formado pela primeira gota de energia sugada por Picone de Terry conseguiu concluir o que era o universo. Não tinha fim nem começo, tampa ou ralo. Se o universo fosse x, descobria que x era proporcional de alguma forma a variável y, que era proporcional de alguma forma a variável k, que era proporcionável de alguma forma a variável m. Mas alguma outra variável era variável a uma variável x. Nunca acabava. O universo não acabava.

O Cosmos tinha chegado a essa conclusão, assim como as Inteligências Artificiais.

As Inteligências Artificiais se reuniam, como sempre, dessa vez para reunir os recentes acontecimentos da Convergência Mario. Não tinha acontecido como eles esperavam.

Mario ainda estava na mesma situação que da última vez ele fora descrita até porque os persoangens nessa história tentem a ficar parados e na mesma situação até que eles sejam novamente escritos fazendo qualquer babaquice. Mario estava presenciando o Grande Mario Barbudo, o Meu Amo, como costumavam chamá-lo, mas ele odiava. Ele estava prestes a dar as boas vindas ao mais novo do clube, o mais novo Mario a entrar pela porta e fazer parte daquilo que era, bem... É difícil de explicar.

— Mario, é um prazer conhecê-lo, meu caro. – Sorriu Meu Amo.

— Ou eu devia dizer, Marios, meus caros? – Riu.

O sábio mais sábio dos Marios, cujo olhar e felicidade criavam flores de diferentes cores e taxonomia, apontou o dedo para o nosso querido Professor Mario. Finalmente nosso Mario clássico estava livre, não tinha mais que ser residente do consciente do Doutor. Seu corpo era o mesmo de antes, mas suas roupas estavam diferentes. Estava vestido como um aventureiro, um arqueólogo, de calças beges e camisa de lã bastante suja de barro. Ele nunca tinha se sujado de barro, apenas de areia do deserto.

O Professor correu de susto, estava estranhando isso tudo desde que percebeu que não era uma ilusão e não estava passando mal. Acabaria encontrando mais tarde os Marios Bruxos do Luar, que viviam ao fim do vale numa caverna que diziam ser assombrada por Marios Fantasmas. Se assustaria e correria de volta para o Templo de Amo Mario, que seria mais aconchegante. O Amo estava contando com isso, era o que geralmente acontecia com os assustadinhos.

Mas Mario já tinha presenciado bastantes coisas estranhas na vida para correr quando encontra um clube de seu eu de linhas do tempo alternativas. Ele estava acostumado, mas não deixava de se surpreender e prosseguir curioso. Essa era só mais uma coisa estranha, assim como Frota estava se sentindo no início do capítulo – que agora estava comendo cachorro quente com os seus dois companheiros.

— Eu tenho grandes planos para ele, mas você pode ir, se quiser, meu caro – disse o sábio.

Mario ainda estava surpreso com o seu corpo. Estava de volta a vida e não assistia mais tudo como se fosse um filme no cinema.

— Isso é um favor meu, não se iluda, meu caro, você não é imortal. Tudo que aconteceu até agora foi feito por obra nossa, meu caro. Sua própria inteligência foi transferida para o corpo de um nosso alternativo para que você fosse protegido, meu caro. É isso que fazemos, meu caro, protegemos nossa entidade, e você é importantíssimo para a nossa identidade.

Mario normalmente ficaria lisonjeado com isso, mas não conseguia acreditar num outro Mario. Ele costumava mentir bastante quando assumia para os outros que era um viajante no tempo. Ele dizia que estava em busca da salvação da humanidade, mas sua psicose era vingar-se de seu pai e de tudo, tudo mesmo. Mas não era isso que o movia, era o fato de apertar o botão e sempre conseguir sobreviver. Será que isso também fora obra do Amo?

— Sim, fora, meu caro – disse Meu Amo.

— Então sempre me protegerá, meu caro? – perguntou Mario, achando completamente normal o fato de o sábio ter lido sua mente.

— Sempre, meu caro.

Mario sentiu-se preenchido por um sentimento de alegria. Era como se sua jornada tivesse concluída, como se pudesse andar por todos os cantos sem medo. Nunca mais teria medo ao apertar o botão daquela sua máquina do tempo horrorosa e mal feita portátil que deixava-o num local e num momento temporal aleatório. Era tão perigosa, mas o sábio dos sábios do Mario o protegeria.

— M-muito obrigado, Meu Amo! – exclamou Mario, fora de si mesmo.

— Não, não, por favor, meu caro, toda essa regalia não é necessária. Sou o bom e velho meu caro, meu caro.

— Bom e velho meu caro, meu caro... – repetiu Mario, obedientemente.

— Agora vá, cumpra a sua jornada – disse o velho, sem mais nem menos e nem meu caro. – Esse é o momento que você deve utilizar toda a sua sabedoria e minha proteção para que possa matar nosso pai e salvar a si mesmo, meu caro. Porque você, meu caro, nós... Somos tudo que importa – disse o velho. – Hei de batalhar contra os meus queridos, hoje ainda! Terminarei com essas disputas territoriais entre nós, Marios, para nos unirmos e assim dominarmos o universo.

Era tudo que Mario queria ouvir, e apertou o botão. Nunca mais veria o jardim de flores e o templo imponente do sábio, mas sentia que tudo aquilo estava em seu coração.

Mario acreditou fielmente ao velho e nunca chegou a se perguntar o motivo de ter acreditado tão cegamente. Por que, se ele estava sempre protegendo-o, Mario morrera de uma forma tão estúpida, tendo uma projeção de raio de energia que ricocheteara no concreto acertando a sua cabeça? É uma reflexão que será deixada para o leitor nos próximos capítulos.

É aqui que a aventura de Mario acaba. Apertando o botão, sua jornada chegava à reta final. No final, derrotara seu pai, se vingara de tudo e a todos e bebera o vinho que queria na hora que queria. Destruíra universos com a benção do Meu Amo em busca da única coisa que importava, ele mesmo. Mario concluiu sua jornada e com isso termina a nossa cobertura sobre a Saga de Mario.


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