Facção. Dos. Perdedores escrita por jonny gat


Capítulo 68
Marios.




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Mario não entendia porque o outro Mario, o professor, estava fazendo tudo aquilo. Mesmo que não conseguisse se comunicar com o professor, o malvado conseguia muito bem passear pela mente dele, pelas lembranças, pelos seus pensamentos. Em um piscar de olhos, olhos que agora pertencem ao corpo do Mario professor, que o malvado não conseguia ter controle sobre, logo não podia piscar, soube da vida inteira dessa sua versão. Interessante, tinha pensado que pelo que os alienígenas de nomes escritos por caracteres numéricos praticamente haviam dito que só havia uma versão dele. Por que existia então, esse Mario? Por que estava aqui? Não tinha acabado de fugir de Molly e então morrido aleatoriamente numa linha do tempo aleatória que não estava em seus planos passar? Mas, bem, não que seus planos significassem alguma coisa. Parando pra pensar, agora que tinha acesso a todo o gênio do professor, o malvado começava a perceber que seu plano não era bem um plano. Era mais um esperar e cabum. Olhando para os cálculos que o professor fazia agora percebia, e percebia muito bem, o quão longe estava para chegar ao seu objetivo. Olhe só isso! Modelos infinitesimais de padrões de redes atemporais de vortéx indefinidos. Ele não sabia o que era aquilo, meio que sabia na verdade porque absorvia o conhecimento do professor enquanto ia pelas suas memórias, lembranças e pensamentos. Ele calculava tanto, estava desesperado, e lá dentro, uma voz ecoou:

“Preciso me apressar...”

O malvado ficou meio que perdido. De onde vinha essa voz? Era o que? O que ele estava pensando no momento? O que ele estava dizendo a ele nesse momento? É óbvio que devia ter pressa, tem um laser gigantesco destruindo o seu planeta bem agora! Não fale o óbvio, se concentre nos cálculos, meu caro. E então Mario percebeu que era óbvio que era óbvio que o que o professor falava para si mesmo era óbvio, e percebeu então que apenas dizemos coisas óbvias para si mesmo e só uma pessoa que já esteve na cabeça de outra – ou numa de outra versão de si mesmo – consegue perceber isso. Isso era interessante e o Mario que não pertencia àquele corpo e não sabia o motivo de estar ali sentiu um Zup. O Que pertencia àquele corpo e sabia muito bem o que tinha que fazer para consertar as coisas também sentiu um Zup. O universo em destruição e caos foi destruído e sentiram um frio... um frio tão forte... mesmo o que não tinha um corpo para sentir tinha essa sensação, o que era particularmente bastante estranho. Olhou para o redor e não viu nada, nem o branco, nem o escuro, nem o bege. Uma cor bastante estranha. Uma cor que nunca vimos e nunca veremos a não ser que sejamos desmaterializados e passamos do estado existente para o inexistente e entremos num portal de reexistência que te transporta para outra linha do tempo. Essa é a cor do nada. Uma cor que roube tanto sua atenção que você nem consegue sentir todo o seu corpo passando pelo seu processo. Até o frio absurdo que se sente nessas ocasiões começa a fugir do seu corpo, que tecnicamente não existe, quando você coloca os seus olhos, que tecnicamente não existem, nessa cor, que, bem, não existe mesmo até por ser uma cor que representa coisas que não existem. Sendo sincero, é uma cor triste, mas a tristeza também passa despercebida nessa ocasião.

O narrador poderia começar a comentar sobre o que se passava na consciente dos Marios, mas é o mesmo que qualquer um estaria pensando numa situação daquelas: Nada. Nada além da cor do nada. Te deixa intrigado, indignado, mas você também não sente aquilo. E, de repente, a luz volta a existir. Os elétrons passam da camada mais externa para a mais interna e voltam para as mais externas e o milagre volta a acontecer, você vê cores, cores de verdade, que existem. A matéria volta a existir ao seu redor e você também. E o professor Mario voltou a ver suas mãos, seus braços, suas pernas, sua roupa que parecia um pouco mais apertada que antes. O momento tinha passado, não lembrava nada do que tinha acontecido no processo que acabara de continuar. A última coisa que lembrava que tinha pensado era na secante de raiz de 13i², assim como o outro Mario que lembrava muito bem de como as coisas óbvias eram óbvias e como tinha descoberto isso através dessa incrível experiência que estava passando ao estar na mente de um outro eu que supostamente não devia existir.

Os alienígenas não estavam mentindo, né? Ou será que simplesmente não sabiam da existência desse Mario? Será que esse Mario também havia passado a sua vida inteira numa simulação? Hm... Checou nas memórias da vida do professor e percebeu que não. Nada de estar sozinho num mundo congelado nem nada assim. Será que era uma simulação diferente? Achava que não, tudo parecia bem real para ele, via uma vida que havia nascido. Via seu passado de perto, mas por algum motivo não conseguia ver do início até o momento atual, via do momento atual até o início. Era como assistir ao contrário um filme que você nunca viu antes. Ali estava ele, viajando no tempo para salvar o mundo. Antes? O laser da destruição. Antes? Pesquisas sobre Conexão de Redes Temporais e Quantificação das Camadas Atemporais. Um aluno ousado. Um professor amigo. Um namorado que tinha dado errado. Uma lagosta que era ruim demais. Um penino que era ruim demais. Um trabalho oferecido. Sendo ajudando de pesquisa. Sendo aluno da mesma faculdade que foi depois passou a lecionar. Sua vida árdua estudando. Seus dois pais que cuidaram bem demais. Um som: uma águia que passava por cima dele, que mal conseguia discernir o que era uma águia e o que era o céu. Um lugar escuro e gosmento... Mario malvado não conseguia ter acesso a muitos detalhes, não sabia o motivo, mas tudo parecia se mover tão parecido que não conseguia focar-se. E tudo andava pra trás, tornando-se duas vezes mais complicado saber de tudo sobre essa outra versão dele. Será que esse era realmente um outro ele? Será que não era apenas outro cara qualquer cujo nome era Mario? Se não era outro ele, por que estaria ali? Não faz sentido. Não que ter a mente na cabeça de um outro você fosse algo normal. Mas, bem... parecia algo mais provável. Algum fenômeno. Argh, queria sair dali, era estranho não poder se mexer, ver as coisas com os olhos de uma outra pessoa. Mas, bem... Esse Mario... Pelo menos tinha o mesmo objetivo do que nós já conhecemos de antemão. Também precisava matar o seu pai, só que para salvar o universo, digo, o seu universo. Na verdade, não era apenas seu universo, toda a rede temporal estava condenada se não fizesse o que precisava ser feito.

Bem, só era preciso descobrir qual dos pais era o que o professor precisava matar e, bem, também precisava sabe se esse era a mesma pessoa que seu pai. Então seria dois coelhos com uma pedrada. Salvaria todos os universos e dominaria o mundo, assim que conseguisse sair dali. Assim não precisaria se preocupar com a destruição completa de tudo quando estivesse governando o mundo.


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