Guerrear ou Morrer escrita por Rob Sugar


Capítulo 2
Floresta em Chamas




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Não há para onde correr. Os Noturnos são muitos e somos dois. Saco meu revólver que não deve ter mais de três balas. Thresh fica imóvel. Ele sabe que um passo em falso e tudo está perdido. Há algo errado. Estamos parados aqui há dois minutos e os Noturnos não atacaram.

–Não são Noturnos. - Thresh diz. Lembro que os Noturnos, além de excluídos, têm seus olhos furados; para viverem na escuridão. Daí o nome "Noturnos". Mas se não são Noturnos, tenho medo do que são - Seja lá o que são, estão em número infinitamente maior.

A pior parte é não poder me mexer de medo. E pior ainda, é o pânico que esses pontos nas árvores estão passando. Penso em como eles podem ser.

Ferozes, carniceiros, com lâminas saindo de várias partes do corpo. Podem ter um exército imenso de rinocerontes. Podem ter dardos venenosos, algo que nos torture mas não nos mate. Prefiro morrer do que ficar aqui mais um segundo.

Corro. Abandono Thresh na escuridão e corro o mais rápido que consigo. Minhas pernas estão queimando. O problema é: literalmente. Estes pontos possuem algo flamejante. Olho para baixo e vejo que o chão entrou em chamas. Não posso sair desta trilha, teria que me atirar e sei que não iria conseguir. Penso em como Thresh está morrendo agora. Eles incendiaram o chão de uma floresta, logo tudo isto estará destruído. Mas eu abandonei Thresh.

O deixei para morrer.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto corro pelo fogo que está devorando minha calça. Vejo uma saída dessa loucura e sei o que tem depois daqui. Um lago. Um lago impecavelmente limpo. E tenho uma vantagem, só eu e Thresh sabemos da existência dele. Bom, Thresh sabia...

Sinto algo acertar minha nuca. É algo pontudo e grito de agonia e balanço a cabeça loucamente tentando tirar. É um dardo. Ele tem uma agulha muito grande e esta agulha entrou no meu pescoço. Estão tentando me matar. Quando estou quase tirando, sinto um puxão repentino violento e voo para trás. Vejo a luz da saída diminuir rapidamente e grito o mais alto que consigo.

Sinto uma pontada e sei que o dardo se foi, mas não era um dardo era um arpão. Caio numa rocha cheia de lodo e percebo que não estou mais pegando fogo. Vejo Thresh jogado em outra rocha.

–Você... - pergunto sem me levantar, porque agora eu realmente não consigo me mexer - Tentou fugir também?

–Fui atrás de você... - ele diz com dificuldade, não vejo a cor da rocha onde ele está, só vejo seu sangue - Você sabia que você é louca? - ele respira fundo. Sabemos que não vamos sair daqui vivos, ele está tentando aliviar meu sofrimento. Respeito muito esse cara.

Sentirei saudades dele.

Tudo começa a escurecer e vejo os pontos brancos se aproximando de mim. Esses assassinos de ponta. Arpões, pedras pontudas, pânico, florestas em chamas... Eles são bons.

Quando estamos prontos para a morte, Thresh e eu, ouço um barulho vindo do céu. Os pontos se espalham e vejo o que parece com um helicóptero. Não importa porque meus olhos se fecham antes que eu consiga distinguir qualquer coisa.


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