A Realeza de Ouran escrita por Machene


Capítulo 2
As Noivas Dos Anfitriões


Notas iniciais do capítulo

1: A roupa de Tamaki é o traje de caça oferecida pelo rei francês, Luís 15, ao rei Christian 7º da Dinamarca (1749-1808).

2: A brincadeira feita por Aika e Aiko é a mesma que fazem os coelhos do episódio de Páscoa do jogo Amor Doce.



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Cap. 2

As Noivas Dos Anfitriões

O Clube de Anfitriões está aberto. Os alunos já reunidos na Academia Ouran entram em descanso e as moças se empolgam como todos os dias no novo cenário da terceira sala de música. O tema de hoje é “Conto da Alice”, e Haruhi se vê obrigada a colocar uma peruca longa e saia, se aproveitando de seu antigo uniforme feminino azul. Kyoya se acomoda num canto, assimilando a lagarta filósofa, e Mori faz par com Honey e Tamaki. Ele é o ratinho dorminhoco do bule de chá.

O bishounen é a lebre glutona e o loiro maior, em glória, o risonho chapeleiro louco. Hikaru e Kaoru bancam a dupla de gatos travessos que somem e reaparecem quando querem. Ninguém repara atentamente quando uma limusine lilás para em frente à estrada do colégio, mas quando a última porta do carro se abre quem observava se surpreende com a visão. Duas belas adolescentes idênticas descem, deixando os cabelos compridos caírem pelos corpos esbeltos.

As duas andam lado a lado por um tapete vermelho estendido pelos empregados trajados em ternos brancos e caminhando na mesma passada rápida e graciosa. Elas param por pouquíssimos segundos aos pés da escada para o andar de cima e se entreolham, como duas crianças prestes a entrar na toca do coelho e desvendar o mundo encantado onde vive.

– Deve ser aqui. – dizem ao mesmo tempo e começam a subir os degraus de dois em dois no mesmo ritmo enquanto cantarolam inexpressivas – O andar de cima do prédio ao sul, ao final do corredor ao norte... – ambas param em frente a uma porta afastada e levam as mãos, uma direita e outra esquerda, até a maçaneta – Uma sala de música que não é usada. – quando a porta é aberta, todos os olhares pasmos se voltam para as duas.

– Por que ficou tudo tão silencioso? – Tamaki se questiona e paralisa ao lado de Haruhi.

– Ora... – Kyoya sorri – Hikaru, Kaoru, é para vocês!

– O que foi? – os irmãos passam pelo aglomerado de garotas e tomam um susto.

– Nossa! Veja Aika, nós somos noivas de dois gatos coloridos! – ri a de cabelo verde.

– Um tanto desnutridos e que ainda por cima não se importam em ter donas fixas. Mamãe não tem bom gosto. – a de cabelos rosados cruza os braços.

– Você sabe que a mamãe só tem bom gosto quando se trata de arranjar casamento para os homens da família. Agora... – a primeira estrala os dedos para frente – Hikaru e Kaoru?

– Oi. – eles erguem as mãos dentro das patas de pelúcia e as caudas balançam.

– Muito prazer. Eu sou Aika e esta é a minha irmã, Aiko.

– Nós somos suas noivas. – um grito coletivo incendeia a sala e um turbilhão desesperado de garotas começa a rodar em torno dos Hitachiin fazendo perguntas – Pelo visto a notícia não as agradou. – ela troca um olhar com a gêmea e as duas riem.

– INTERDITAÇÃO! – Honey grita e os demais anfitriões estão cordialmente expulsando as clientes do recinto, deixando uma fresta para a pequena lebre colocar uma placa na maçaneta – Desculpem. Nós estamos fechados. Amanhã todo mundo ganha uma hora a mais no clube, tá?!

Antes de obter resposta ou esperar as moças irem embora, o loirinho bate a porta e se vira para os outros. Todos estão paralisados olhando as recém-chegadas.

– Vocês chegaram tarde. – Kyoya comenta após largar a fantasia em um canto – Por favor, sentem-se. Querem chá?

– Não bebemos chá, só café. – elas anunciam juntas com as mãos na cintura.

– Melhor ainda! – Tamaki sorri recuperado do susto e leva duas xícaras cheinhas do líquido preto para as jovens – Café é a bebida oficial do Clube de Anfitriões. Vocês conhecem café plebeu, que não precisa moer grãos? É instantâneo!

– Mas é claro que conhecemos! – Aiko ri e segura uma xícara, entregando a outra à irmã – Nós só bebemos café pela manhã.

– Em que tipo de mundo vocês vivem para não aproveitarem a facilidade da nossa sociedade consumista? – Aika se apodera do sofá mais próximo e dá espaço para a gêmea sentar ao seu lado – Ah sim, no mundo dos ricos! – ela ri e toma um gole do café antes de olhar pra Kyoya – E sobre o nosso atraso, eu acredito que a Suzu não tenha estabelecido horários de chegada.

– De fato ela não propôs nada parecido, mas as suas amigas vieram ontem pela manhã e nos garantiram que viriam com vocês no horário normal de aula.

– E nós vamos apresentar o colégio para vocês. – Honey dá um pulo e balança as orelhinhas no topo da cabeça, chamando a atenção de ambas.

– Quem é esta criança? Por acaso é irmão de algum de vocês? – a de cabelo rosa ergue uma sobrancelha, causando igual confusão nos demais.

– Eu sou Mitsukuni. – ele aponta para si mesmo – Mas podem me chamar de...

– Ele é tão bonitinho! – a de fios verdes ri – Aika, vamos vesti-lo com algum dos vestidos da Mai. Com uma peruca, eles devem ficar iguaizinhos.

– Honey-senpai não é um brinquedo! – os gêmeos protestam.

– Honey? Quer dizer que... Oh nossa, Aika, ele é o noivo da Mai!

– Quê? Esse pingo de gente? Tudo bem, os dois são quase do mesmo tamanho, mas...

– Um instante. – Kyoya interrompe – Eu estou certo em afirmar que nenhuma das duas nos conhece, nem de comentários ou por fotos?

– Teve uma reuniãozinha da qual as garotas participaram, mas nós não fomos.

– Estávamos assando um bolo para o aniversário da nossa vó, mas no final a Aika queimou a massa e a gente precisou encomendar um pronto.

– Não havia necessidade de informar isso. – Aiko ri da expressão aborrecida da duplicata – Bem, ainda que nós não tenhamos feito parte da festa de apresentação, nos reunimos com elas na tarde de ontem e as garotas nos falaram sobre vocês. Mesmo assim, é difícil saber quem é quem.

– Eu digo o mesmo. – Tamaki comenta inconscientemente e cora quando as duas riem – É... Quer dizer, nós já estamos acostumados com Hikaru e Kaoru, mas...

– É compreensível. Estranhos nunca acertam de cara. – Aiko dá de ombros.

– Por isso mudamos a cor dos cabelos para facilitar o reconhecimento, mas quando achamos alguém entediante ou realmente interessante, propomos que tente nos identificar. – Aika termina.

– Então um conhecido pode reconhecer vocês? – os Hitachiin estranham a afirmação – Isso é possível depois de terem se apresentado uma vez?

– Somente passando pelo nosso teste. – elas devolvem sorrindo desafiadoramente e deixam o par de xícaras iguais na mesinha de centro – Querem adivinhar?

– Nós aceitamos! – os irmãos voltam a repetir uma resposta coordenada.

– Tudo bem. Vamos apostar: quem vencer escolhe uma fantasia para cada perdedor.

– Nesse caso, nós também queremos participar! – Tamaki anuncia, imaginando as diversas fantasias que Haruhi pode experimentar.

As irmãs andam até o baú de fantasias perto da janela no fim da sala e o abrem para pegar roupas e perucas antes de entrar no vestiário. Elas saem pouco depois com os disfarces. O corpete de uma é azul e o da outra rosa, ambos brilhantes e apertam-se com a ajuda de um fecho-éclair de lado, tendo um enlaçamento atrás que lhe conferem um efeito muito bonito. Seus saiotes de cores correspondentes são dotados de um efeito entufado e possuem elásticos na cintura.

Graças à vestimenta curta, é possível ver mais atentamente os sapatos de silicone com salto agulha. Completando o vestuário, mini cartolas com véus de tule.

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– Desde quando nós temos essas fantasias guardadas? – Haruhi pergunta à Kyoya.

– Na verdade eu não tenho muita certeza de todas as que estão em estoque.

– Nós somos flores do jardim de Alice, mas quem é Aiko e quem é Aika?

– Essa é difícil. – o chapeleiro responde pela maioria com a mão direito no queixo.

– A da direita, de azul, é Aiko, e a rosa na esquerda é Aika. – a Alice aponta pausadamente e sorri ao abaixar o braço – Acertei?

– Sim. – ambas também sorriem e a aplaudem – Você é esperto. Qual o seu nome?

– Fujioka Haruhi. É um pouco complicado diferenciar de cara quem é quem, realmente, em especial depois de colocarem essas perucas loiras, porque nos conhecemos agora, mas eu consegui identifica-las pelo tom de voz. O de Aika é mais agudo.

– Nós estamos impressionadas. Parabéns Haruhi, muito bom! – elas sorriem diabolicamente e unem as mãos, ficando de costas uma para a outra – Mas... Será que sua sorte vai continuar? O teste final é um nível mais alto. Agora adivinhe: quem é a noiva do Hikaru e quem é a do Kaoru? – desta vez todos contorcem o semblante tentando acertar.

– Seria legal uma pista. – Honey pende a cabeça para um lado com olhar manhoso.

– Então nós vamos dar quatro dicas. – Aiko ergue quatro dedos – Uma para cada anfitrião, significando que Haruhi e os gêmeos não podem participar.

– Nós só responderemos com sim ou não e nada de perguntas íntimas!

– Então eu começo. – Tamaki põe as mãos na cintura e anda um passo a frente, apontando em seguida um indicador na direção delas – Qual...

– Um momento. – Kyoya interfere e faz cair à pose do rei – E como nós saberemos se vocês não estarão mentindo de alguma forma?

– Bem pensado. – Aika ri – Vamos rever as regras. Neste jogo será uma pergunta por cada participante onde só poderá ser respondido sim ou não.

– Cada uma de nós só vai responder duas perguntas. Mas alguém mentirá, portanto vocês precisam pensar nas questões.

– Muito bem, então eu vou perguntar primeiro. – ele anuncia e passa na frente do loiro.

– Espere aí Kyoya! – Tamaki toca o ombro do rapaz – Eu quero fazer a primeira pergunta.

– É mesmo? Então está bem. – ele dá espaço ao rei.

– Então... Aiko! – a garota responde com um sorriso – O seu noivo é o Kaoru?

– Sim. – o jovem se volta confiante, mas todos encaram descrentes a sua pessoa.

– De todas as perguntas que você podia ter feito, senpai, escolheu logo essa? – Haruhi põe a mão na cabeça e a balança – Como vai saber se ela não está mentindo?

– Ah, eu me esqueci disso. – ele se afasta deprimido – Desculpa.

– É minha vez! – Honey ergue a mão e se aproxima delas – Aika-chan, o Hika-chan é o mais egoísta dos gêmeos? – o dito cujo torce o nariz.

– Ei Honey-senpai, por que eu seria supostamente mais egoísta que o Kaoru?

– E como ela saberia disso? – o outro ergue uma sobrancelha.

– Isso seria uma faca com dois gumes. – Aika ri – Se eu chutasse a resposta, mesmo dando a parecer estar firme, estaria mentindo por de fato não saber se isso é verdade. Que coelhinho esperto. – a mascote ri.

– Aika, ele é uma lebre, da mesa de chá. Sabe a lebre maluca?

– Lebre, coelho, tanto faz! São todos roedores. Pense em outra coisa meu bem.

– Então... A noiva do Hika-chan é você? – os demais suspiram pela escolha.

– Com quem está falando? – as gêmeas questionam.

– Com Aika-chan. – a moça dá um passo à frente sem soltar a mão da irmã.

– Não. – Mori chega perto e fica ao lado do menor.

– E a cor original do seu cabelo é castanha? – elas voltam a sorrir maliciosamente.

– Não. Mas como pode ter certeza se eu minto ou falo a verdade?

– Ono-san disse que vocês pintaram os cabelos depois de tirar aquela foto. – elas arregalam os olhos e se entreolham rapidamente.

– Ah, que educado chamando-a tão formalmente. – Aiko ri – Então receberam a fotografia?! Mas nós bem podíamos ter pintado os fios antes do retrato. Pode ser que fôssemos loiras.

– Por certo. – Kyoya fala com um braço sobre o outro – Então só resta mais uma pergunta e é a minha vez. – todos se calam em apreensão, mas a mãe do clube parece confiante – Aiko, a cor do céu é azul? – um curto silêncio reina até as gêmeas suspirarem.

– Sim. – a garota responde com um meio sorriso e o rapaz se volta aos pasmos expectadores.

– E assim nós ficamos sabendo que quem mentia era Aika, portanto, ela é a noiva de Hikaru e Aiko de Kaoru. Poderíamos ter resolvido isso em duas perguntas ao invés de quatro.

– Bom, o quatro-olhos tem razão. – a de cabelos rosados ri do rosto furioso do jovem – Ora, desculpe Kyoya-san. Uma piada cruel as suas custas.

– A verdade é que nós comparecemos a reunião organizada pelos nossos familiares e mesmo chegamos a conferir alguns retratos seus. – a duplicata explica – Só achamos que seria divertido fazer um teste com vocês para ter certeza se não eram riquinhos esnobes como mais da metade dos pretendentes arranjados para nós.

– Bem... Essa foi uma brincadeira muito cruel. Eu já estava me achando um idiota. – todos encaram Tamaki e se entreolham, evitando comentários – De fato, elas podem combinar bem com vocês dois, gêmeos tão traiçoeiros.

– Só porque ambos gostamos de brincar com os outros, não quer dizer que sejamos perfeitos um para o outro, meu senhor. – eles dizem juntos.

– Sobre isso, realmente não é certo ainda os casamentos. – Aiko conta – Somente se as duas partes concordarem haverá um anúncio de noivado oficial. Estamos em período de experiência.

– Vá saber por que esse acordo foi feito. Nós somos muito menos ricas e evidentes do que os membros da sua classe. – Aika ri – Mas será uma experiência divertida a julgar pelo teste.

– Nós estaremos aos seus cuidados a partir de hoje. Cuidem bem da gente. – elas sorriem.

– Aika e Aiko! – um grito preenche o aposento recém-escancarado e todos veem Suzu passar como um furacão pela sala, seguida das amigas, para puxar as orelhas das irmãs – Suas gêmeas problemáticas! Por que saíram de casa sem nos avisar?

– Ai, não puxe tão forte Suzu nee-san! – a de cabelos esverdeados pede.

– E que roupas são essas? O que vocês andaram aprontando na nossa ausência?

– Nós achamos que seria interessante fazer um teste com eles antes de chegarem. – responde a de cabelos rosados e a moça acaba apertando ainda mais as mãos.

– COMO É? – quando elas já estão quase chorando de dor, Linh toma a frente e as liberta.

– Suzu, pode repreendê-las, mas não arranque suas orelhas fora.

– E de que outra forma elas vão aprender? Não adianta pedir com delicadeza!

– Isso foi muito feio meninas. – Maiko cruza os braços – Peçam desculpas.

– Desculpe. – ambas se curvam assustadas para a mais velha.

– Aparentemente adianta. – os gêmeos murmuram para os amigos e riem.

– Ora essa... Se todas as vezes que me pedissem desculpas eu ganhasse um iene.

– Você já é rica e não precisa. – as duas falam e depois se encolhem atrás da menina, com os joelhos no chão, diante a expressão furiosa da amiga.

– Francamente... – Suzu suspira e sorri a contragosto para os anfitriões – Desculpem. Tem vezes que essas duas enlouquecem todo mundo!

– Nós sabemos como é isso. – Haruhi ri e olha de relance aos gêmeos emburrados – Não tem problema. As duas só vieram se apresentar.

– Mas elas fizeram uma brincadeira muito cruel. – Tamaki comenta e recebe um soco dela – Nada muito ruim é claro! – corrige – E quando vamos visitar o campus?

– Oh sim, eu havia me esquecido! Nós demoramos a chegar porque quisemos encomendar os nossos novos uniformes pessoalmente. – a moça se volta às irmãs – Essas duas deviam ter ido e nos ajudado também, mas sumiram do mapa desde hoje pela manhã. Escutem bem: vocês vão nos acompanhar ao lado dos anfitriões para visitar o colégio e não causarão nenhum tipo de tumulto. Fui clara? – ambas acenam em afirmação – Muito bem... Então, podemos ir?

– Ah, espera! – Kaoru pausa – Na competição, quem ganhasse ia escolher fantasias para os outros membros vestirem. Como fica?

– Bem... – Aiko põe um dedo no queixo – Tecnicamente, na primeira brincadeira Haruhi foi vitorioso, mas Kyoya-san descobriu a pergunta chave para saber quem estava mentindo no nosso segundo jogo, então seria um empate. Como desempatamos? – Aika pensa um pouco e ri com um tom malicioso, sussurrando no ouvido da gêmea e recebendo um acordo com a cabeça.

– Vejamos... – ela prossegue – Se Suzu-neesan permitir, nós faremos mais um jogo antes de sair para terminar a competição. Os membros serão Haruhi e Kyoya-san.

– Mais de jeito nenhum! Podem deixar de graça e vamos sair.

– Ah, por favor, Suzu nee-san! – as duas pedem em choramingo e a abraçam pela cintura.

– Eu não vejo problema. Será divertido. – o mestiço rei sorri.

– Nós realmente precisamos prosseguir com isso? – os gêmeos sorriem e agarram Kyoya.

– Ah, por favor, Kyoya nii-san! – eles imploram da mesma forma, deixando o pobre rapaz muito petrificado e arrancando risos de Honey e Maiko.

– Melhor não exagerarem. – Mori segura os dois pela gola e os afasta.

– Tudo bem... Rapidamente. Mas me soltem. – Suzu pede e as Aoki riem em resposta.

– Então, Kyoya-san e Haruhi vão participar. Quem desempatar ganha o direito de escolher as fantasias do grupo. – anunciam em conjunto – O jogo será... Pinball!

– Que jogo é esse? – Tamaki se interessa quando as vê tirando um game portátil da mochila de Maiko – É algo que exija estratégia, uma grande concentração?

– Não. É mais ou menos um jogo de sorte. – Aiko ri.

– E algum controle das mãos. – Aika explica, entregando a Kyoya o brinquedo e ficando do outro lado para ensiná-lo junto à irmã seu funcionamento – É muito simples. Basta evitar que as bolinhas caiam nessa abertura. Sempre que elas batem nos obstáculos você ganha pontos.

– Ganha quem fizer mais pontos antes das bolinhas caírem. – finaliza a irmã.

– Eu preciso mesmo jogar isso? – Kyoya franze o cenho, distanciando o aparelho coberto de imagens de ursinhos e coelhinhos.

– JOGA, JOGA, JOGA, JOGA...! – começam a gritar as duplas de gêmeos.

Diante da evidente insistência, o jovem começa a fazer sua pontuação de pinball enquanto é observado pelos demais. Discretamente, Haruhi se aproxima de Linh e Suzu, ficando ao seu lado.

– Todos estão se divertindo. – ela comenta – O jogo parece interessante.

– Mas o vício é tão grande que essas duas teimam em arrastar todos os conhecidos para ele. – diz Linh – Eu mesma já fui desafiada a ultrapassar sua pontuação e perdi. Então me obrigaram a vestir uma camisola em público durante uma reunião de professores e pais na antiga escola do meu irmão. Foi humilhante e eu quase as matei depois! – Haruhi ri de canto e volta a ficar séria.

– Mas por que você compareceu a essa reunião no lugar dos seus pais?

– Eles costumam se revezar nos eventos aos quais eu e o meu irmão participamos, mas nesse dia nenhum deles pode ir. Estavam... Ocupados. – o corte brusco do tema silencia as três por um tempo até Suzu puxar assunto.

– Kyoya já fez alguma investigação ao nosso respeito?

– Ham? – a moça se assusta – Como você...? Quer dizer...

– Não se surpreenda. – ela ri – Eu sei o quanto ele é preocupado com as pessoas que conhece por causa dos negócios da família, mais especificamente do pai. O senhor Ootori é muito rígido, e isso foi o próprio pai de Tamaki-senpai quem me contou.

– Suou-san disse isso? – Haruhi pausa – Vocês são próximas dos pais deles, não é?!

– Não exatamente. Nós os conhecemos naquela reunião programada. Seria pouco provável que fôssemos apresentadas oficialmente a eles sem essa decisão de noivado, e caso ocorresse não haveria a menor chance de nos aproximarmos a esse ponto. Nem de seus filhos.

– Essa história de casamento foi precipitada. – Linh suspira e as gêmeas levam Haruhi.

Ao final do jogo, Haruhi acaba fazendo mais pontos quando acidentalmente o jogo trava e a bolinha fica presa entre dois obstáculos, acumulando pontos antes de cair no buraco. Sem ideia do que escolher para os membros, ela permite Aika e Aiko escolherem as fantasias. Após trocarem de roupa, as duas selecionam as roupas do baú e entregam aos anfitriões. Enquanto eles vão se vestir juntos, Suzu estapeia as cabeças das gêmeas e finaliza os sermões, despertando risos em Haruhi.

Kyoya é o primeiro a sair do vestiário, usando um belo traje preto e branco de mordomo. Os primos são os próximos. Mori, segundo as irmãs, é o formoso domador de um circo, trajando uma camisa branca de gola alta, calça e botas pretas, jaqueta e gravata vermelho vivo, luvas, chapéu e seu chicote para completar a aparência selvagem. Honey é...

– Você o palhacinho mais lindo do picadeiro! – Aiko o abraça contra o peito – Embora ainda ache que ficaria ainda mais bonitinho com as roupas da Mai.

– Está faltando alguma coisa... – Aika põe a mão no queixo e estala os dedos – Já sei! Mai, o estojo de maquiagem está na sua mochila? – a jovem confirma e o entregando, vendo-as pintarem o garoto com uma estrela vermelha ao redor do olho esquerdo, dois pingos azuis acima das suas sobrancelhas e o rosto de um coelhinho rosa no canto direito da bochecha – Perfeito!

O chapéu com uma flor presa na fita pende de um lado e o garoto o coloca de volta no canto, com a mão direita. No espelho ele se vê usando roupas coloridas entre o azul, vermelho e amarelo: camisa com uma enorme gravata e calça com suspensório. Suas bochechas parecem mais rosadas do que o normal, mas é difícil saber se seria uma reação natural ao sufocamento sofrido segundos atrás. http://www.multkoisas.com.br/ecommerce_site/arquivos6726/arquivos/1310345633_1.jpg

– Até que vocês são boas nisso. – a voz de Kaoru se faz ouvir ao lado e quando elas levantam devagar quase suspiram de surpresa – Podem pintar o nosso rosto também?

– Tudo bem. – Aiko sorri de canto e vai até o noivo enquanto a irmã se dirige a Hikaru.

A fantasia dos dois tem base na roupa do Fantasma da Ópera, o título dado ao protagonista do romance francês escrito por Gaston Leroux: um belo smoking com colete, capa frontal curta e gravata borboleta. A maquiagem finalizada representa as máscaras artísticas do teatro no começo da Grécia: o lado direito do rosto de Hikaru é a da comédia e o esquerdo de Kaoru a da tragédia. http://img.costumecraze.com/images/vendors/dreamgirl/6551-Adult-Phantom-Costume-large.jpg

– Ah, garotas... – o rei do clube surge – Vocês têm certeza que essa roupa é apropriada para mim? Eu não estou confortável. http://es.i.uol.com.br/moda/album/trajescorteeuropeia_f_007.jpg

– Bobagem, você está ótimo Tamaki-senpai! – Aiko se apressa em arrumar a gola da camisa.

– Só as barras da calça estão muito dobradas. – Aika se abaixa e as organiza, distanciando-se com a irmã para observar sua obra – Ótimo. Está um perfeito rei francês, assim como Luís 15.

– Verdade? – ele sorri se olhando pelo espelho que as duas levantam – Bem, eu achei que as roupas talvez tenham ficado apertadas demais, mas se vocês dizem que estou bem vou confiar.

– Pode confiar! Não existe rei mais belo, elegante e cavalheiro do que o senhor, Majestade. – elas sorriem e se curvam segurando as saias, aumentando o brilho nos olhos de Tamaki.

– Muito bem, já se divertiram, agora vamos para o tour. – Linh anda a frente das moças e logo todos se encontram no jardim do colégio, o último ponto a visitar.

– Este é realmente um lugar lindo. – Suzu se vira – O que vocês costumam fazer aqui?

– Chutar latas ou brincar de pique-esconde. – Tamaki responde e todas as moças o encaram com surpresa, se entreolhando com vontade de rir – Às vezes variamos as brincadeiras, mas essas são as nossas favoritas. – Kyoya pigarreia e entra na frente do loiro.

– Claro que neste ambiente vocês devem aproveitar melhor lendo alguma coisa ou escutando música clássica. Existe um Coreto dentro do labirinto de rosas que...

– Na verdade, nós gostaríamos de aproveitar esse dia lindo nos divertindo com todos. Acho que as gêmeas estão de acordo. Maiko também, não é?! – as três sorriem e a abraçam.

– Obrigada Suzu! – dizem ao mesmo tempo, correndo pelo gramado – Vamos brincar!

Continua...


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