Avatar: A Lenda de Zara - Livro 1: Água escrita por Evangeline


Capítulo 8
Cap 7: Choque


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é chato, mas é importante, ok? :)



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– Que pensa que está fazendo, menina?! – Perguntou enraivecido o espirito do mar.- Quer ficar exausta? – Dizia.

– Menina Zara, se seu corpo ficar exausto, em conjunto com sua mente, sua natureza Avatar dominará seu corpo, como um mecanismo de proteção. – Explicou La. – Isso significa que você entrará em Estado Avatar sem poder controla-lo. – Disse-lhe mais calmamente o espírito.

– Um Avatar em Estado Avatar descontrolado pode destruir um continente inteiro! – Explodia Tuí.

– Você precisa dormir, descansar, cuidar de sua saúde. Física e mental. Tente meditar sem vir ao mundo espiritual. Tente equilibrar seus pensamentos até pensar em silêncio.- Dizia La.

A menina aceitou a reclamação, desapontada consigo mesma. Sempre que se empenhava em algo, dava tudo de si para alcançar o seu objetivo, mas agora não estava em jogo o seu sono ou a sua fome, e sim a sua vida e a de centenas de pessoas.

Depois que o desapontamento de Tuí foi amplamente esclarecido, e as explicações de La foram dadas, a anina decidiu voltar o mundo físico para que pudesse descansar.

Pediu para Yue que descansasse pelo resto do dia, e foi apenas quando deitou em sua cama que percebeu o quão exausto o seu corpo estava. Passou o dia inteiro dormindo, sem sonhos, e quando acordou nunca se sentiu tão viva.

Era noite e todos pareciam ter ido dormir. A menina foi até o jardim de gelo, onde ficou olhando para o Grande Muro, e para o mar, além dele. Queria ir para o Reino da Terra. Queria descobrir os segredos que Ba Sing Se e Omashu escondiam do mundo.

Ao observar melhor a lua, elogiou La mentalmente, assim como Yue. No mais completo absoluto, podia ouvir o som das enormes ondas do mar batendo no muro pelo lado de fora da cidade. A Lua lhe parecia a melhor e mais suprema dobradora de água que jamais vira. Ela dobrava a água de todos os oceanos, do mundo inteiro, ao mesmo tempo.

Pôs se de pé e encarou o lago. Soltou todo o ar de seu peito com um suspiro comprido e alongou as costas, mantendo uma bela postura. Com um pé encolhido embaixo de seu corpo e o outro na frente do mesmo, com a perna esticada, Avatar ergueu as mãos na altura do peito e fez um movimento circular com o pé, levando-o da frente para trás, num tipo de dança. Começou a movimentar-se para os lados, movendo em sintonia todo o seu corpo, como se fosse um só movimento.

Não estava dobrando a água. Estava movimentando-se, equilibrando seu próprio chi.

Mal sabia ela que o que ela fazia ali era mais espetacular do quê pensava. Os movimentos, quanto mais ela fazia, tal qual seu pensamento, quanto mais ela fazia, mais correto ficava.

Ninguém teve o prazer de presenciar os movimentos de Zara, mas ela mesma pode entender melhor a natureza de seu corpo, o limite do mesmo. Sentia-se cada vez mais capaz diante da lua, e não demorou para que percebesse. Depois de uma série de movimentos, todos lentos e ritmados, o suor escorria pela testa da menina.

Quando parou, estava em pé, com os pés brevemente afastados e a postura perfeitamente colocada. Não arfava, mas sabia que estava um tanto cansada. Com o cansaço veio o incentivo e a animação, e logo a menina pôs-se a dobrar água.

Pequenos redemoinhos, buracos no gelo, vapor que se transformava em gotículas, para então se tornarem pequenas agulhas afiadas. Explorou e apreciou cada ideia que lhe vinha a mente.

Num momento de descanso, pouco antes do sol nascer, sentou-se no chão e fechou os olhos. Tudo ao seu redor era água. Sentia que podia controlar tudo o que quisesse ali. Era uma sensação de domínio, e ao mesmo tempo uma responsabilidade. Pensou em seus pais, e no modo como provavelmente partiria sem se despedir deles.

Foi quando uma lágrima desceu-lhe pelos olhos.

Zara abriu os olhos espantada, quando uma ideia lhe ocorreu. Com tamanha facilidade, dominou a lágrima, fazendo-a flutuar diante de seus olhos. Fez com que a lágrima subisse numa altura acima até que o palácio, então transformou-a apenas em vapor.

Nunca mais acharia a lágrima.

Foi assim que aprendeu a se desfazer de fixações que aprenderiam àquele mundo físico. Seus pais, amigos, destino e passado precisavam ser esquecidos. Estava ciente de que o Avatar não era filho de ninguém. O Avatar deveria servir ao mundo. Deveria esquecer de si.

Mas não se sentia segura o suficiente para tal.

Com alguma habilidade, e muita dificuldade, moldou o símbolo do elemento da água no gelo, na frente de seu corpo. O sol já havia nascido. Logo Yokusen apareceria.

Era uma sexta-feira, e Zara nunca esqueceria daquela sexta-feira. Foi o dia em que Yue assistiu sua aula.

Não ficou nervosa e nem errou nada que Yokusen lhe pediu. O que assustou a menina foi a conclusão.

– Zara, preciso que vá com Gumo para o Templo de Ar do Norte. – Disse Yue. Para uma menina de quase doze anos que nunca saiu da cidade, ir ao Templo do Ar do Norte seria um completo choque. – Gumo lhe guiará e lhe ensinará o necessário para viver entre os monges. Quero que entenda que não está indo com intenções diferentes das de aprender história. – Disse Yue para que Yokusen não suspeitasse da identidade de Zara.

– Quando, Princesa? – Perguntou a menina.

– Hoje a tarde. – Disse chocando a jovem Avatar. – Você e Gumo já tem habilidade o suficiente para guiarem uma canoa até lá. Suprimentos não faltaram, e... Precisarei ter uma conversa com você antes que parta. – Disse e dispensou Mestre e Aluna.

Zara passou o inicio da tarde arrumando suas malas, e num certo momento de calmaria a princesa Yue veio em seu quarto.

– Zara, quero que entenda melhor essa viajem. – Declarou quase como um desabafo. – Você não está indo aprender a dobra de ar, está indo para entender melhor a sua natureza. Vai conhecer sobre os avatares anteriores a você, e não há lugar melhor do que o entre os nômades do ar, já que o avatar anterior nasceu entre eles. Além de que não há lugar mais seguro no mundo do que um dos templos do ar. – Explicou.

Depois de alguns minutos de silencio, Zara estava de cabeça baixa, pensando melhor em toda essa novidade de avatar. Não tinha certeza de que dominava algo além da agua. A única coisa que a convencia era a sua conexão simples e rápida com o mundo espiritual.

– Eu preciso ver Tuí e La antes. – Disse a menina, mais para si mesma do que para a princesa.

– Zara. – Falou Yue, chamando a atenção da menina. – Vou te dar um conselho, você segue se achar que deve... Conte para Gumo o seu segredo. Sendo seu companheiro nesta viagem complicada, ambos enfrentarão perigos graças a sua natureza. É bom que ele saiba o porque de sua vida estar em risco.- Disse a princesa, deixando Zara ainda mais pensativa.

Depois que as malas ficaram prontas, as duas ainda conversavam sobre contar ou não para Gumo que Zara era o Avatar. A conversa se desenrolava normalmente, quando Zara sentiu um balanço estranho.

A sensação era de tontura, mas ela não sabia de onde vinha. Não estava exausta, mas ainda sim teve medo de entrar em estado avatar.

– Zara? Zara! – Chamava Yue, mas a voz da princesa mais parecia um baque abafado nos ouvidos da jovem Avatar. Cambaleante, apoiou-se na parede com a ajuda de Yue.

– Tuí... – Sussurrou ofegante.


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