Procura-se um Sangue Azul escrita por Mia Peckerham


Capítulo 4
O palácio


Notas iniciais do capítulo

--> Ophélia seria como a presença de Deus; uma divindade no qual o povo acreditava naquele reino.

—-> "Dura lex, sed lex" está escrito em Latim. A tradução seria: "A lei é dura, mas é a lei"; usa-se no sentido de que a lei criada deve ser aplicada à todos, sem exceção nenhuma.

—-> Essa história é original, portanto todos os personagens foram criados por mim. Você não tem permissão para usá-los em suas histórias.



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A frente do Palácio ele (ou ela) já conhecia; a prisão, também.
Mas nunca nem mesmo sonhara que algum dia entraria ali.

Foi guiada pelos guardas até o portão principal. Não ficava longe da Arena e os guardas a apressavam, dando empurrões e gritando, portanto chegaram bem rápido.

O portão se abriu e ela viu o jardim: lindo, lindíssimo, lindérrimo. De tirar o fôlego.
Era enorme e a grama era verdinha e bem aparada. Árvores de romãs enfeitavam todo o lugar. Dentes de Leão cresciam naquele solo fértil e a cada sopro do vento voavam e se espalhavam pelo ar. Era um espetáculo vê-los voando junto com as borboletas multicoloridas do jardim.
Um canteiro de rosas vermelhas estava sendo aparado pelos jardineiros. Todas as roseiras, em flor, despejavam no ambiente o melhor dos aromas, e a prisioneira condenada não se privou do prazer de fechar os olhos e respirar fundo, sugando aquele ar puro que nunca voltaria a sentir.
Provavelmente havia mais detalhes que não podiam ser vistos dali onde estava. O jardim era tão grande que era possível perdê-lo de vista na linha do horizonte.

Eles (a prisioneira e os dois guardas) caminhavam por uma estrada de blocos de pedra que passava pela grama, ondulada feito o curso de um rio.
Seria mesmo uma lástima pisotear aquele gramado, ela pensou.

Andaram por mais ou menos cinco minutos até chegarem ao castelo.

Chegaram ao fim da estrada onde havia uma fonte de marfim gigantesca, com as esculturas de dois leões enormes que cuspiam água.

Ao contornar a fonte deram de cara com a escadaria, que também era feita de marfim.
De um lado da escadaria havia estátuas de anjos e da deusa Ophélia; do outro lado, estátuas do Rei, da Rainha e de seus três filho, com riqueza de detalhes. Provavelmente cada um deles havia posado com suas melhores roupas e sua melhor pose para que a escultura ficasse tão perfeita.
A prisioneira teria parado ali e encarado as estátuas por horas, mas os guardas a empurraram bruscamente para que continuasse andando.

Ela estava se controlando com todas as suas forças, mas quando viu o castelo - tão grande, tão nobre, tão brilhante - suspirou e sorriu, e até deixou escapar um gritinho abafado de contentamento.

As paredes do Palácio Real eram feitas de mármore branco esculpido e detalhado, como se tivesse sido feito pelos deuses.
Detalhes e escrituras em ouro decoravam todas as paredes; as torres eram altas e ostentavam janelas redondas com vitrais coloridos.

Pararam em frente à pesada porta de mogno avermelhado. A maçaneta era de ouro e tinha quatro pedras cravadas nela: uma ametista, uma esmeralda, uma safira e um rubi.

Um dos guardas segurou o batedor e bateu três vezes; virou a maçaneta e empurrou a porta, revelando um enorme salão luxuoso, com três candelabros de cristal pendurados no teto. No chão havia apenas um tapete vermelho que se esticava até as escadas.

Seguiram pelo tapete e subiram. Foram parar em um estreito corredor, não tão bonito nem luxuoso quanto o salão lá embaixo. As paredes, agora, não eram feitas de rochas caras e lapidadas, e sim de pedras cinzentas e brutas.
Pareciam as paredes da prisão, a mulher se lembrou.

Caminharam até uma estreita porta de madeira. Como os guardas já tinham a autorização do Rei para entrar, nem bateram: apenas empurraram a porta e atiraram a prisioneira lá dentro, com tamanha força que ela quase foi ao chão.

Fecharam a porta atrás de si e se puseram em posição de guarda, apoiando uma das extremidades de sua espada no chão enquanto repousavam as mãos sobre a outra.

Ela viu os cinco tronos da família real, dispostos um ao lado do outro em um altar, o do Rei e o da Rainha mais elevados do que os outros.
Se aproximou e subiu os degraus que levavam até eles, mas ouviu um dos guardas gritando para que se afastasse, e obedeceu, assustada.

Andou pela sala do trono observando a decoração.
Nas paredes, grandes molduras douradas com retratos dos príncipes e do casal real metidos em suas melhores roupas e fazendo suas melhores caras; o chão era apenas um piso branco, mas ela sabia que aquelas pedras custavam mais do que sua casa. A sala era iluminada por tochas, mas estavam apagadas e as janelas, abertas, para que a luz no sol entrasse.

No fundo da sala havia uma enorme porta de mogno vermelho (idêntica à da entrada), muito mais bonita do que aquela através da qual fora atirada pelos guardas.

Atrás daquela porta estava a sala privada do Rei, onde ele assinava acordos de paz ou de guerra, de acordo com a necessidade.
Ali dentro estava toda a família real, e eles discutiam o que fazer com a garota, certificando-se de que qualquer coisa que fosse dita ali não chegaria à seus ouvidos.

– Ela deve ser executada - a rainha opinou, gesticulando com ira. - Dura lex, sed lex. Não podemos abrir exceções.

– Mas mostrou grande bravura dentro da Arena - o Rei ponderou. - Como posso matar alguém que se arrisca tanto, e ainda mostra ser tão hábil?

– Não é hábil! Zeke a teria matado! - A Rainha rosnou.

– Zeke, com apenas uma fração de sua força, mataria três rinocerontes, se assim quisesse Ophélia! - O Rei retrucou.

– Não envolva a Deusa em seus motivos, Daragh! - A Rainha se opôs ao marido. - Se não pode argumentar, mate logo a moça.

– Eu não acho que poderia matá-la - Zeke admitiu, para a surpresa dos pais e irmãos. - Não se ela me atacasse. Poderia ser derrubado. Isso não tem nada a ver com Ophélia.

– O que mostra que você está errado - a Rainha insistiu, encarando duramente o marido.

– Não, Orla - o Rei corrigiu. - Isso mostra que a garota é forte. É destemida, valente, tem bravura!

– Então diga-me, homem: o que você quer fazer com ela?

Daragh e Orla continuaram a discutir enquanto a garota esperava na sala do trono. Devia ter analisado os retratos milhões de vezes enquanto esperava.

Ouviu um ruido e viu os guardas se curvarem. A porta da sala do Rei estava sendo destrancada.


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Notas finais do capítulo

Aceito críticas, recomendações e elogios, se for o caso.



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