Blood On Blood escrita por RubyRuby


Capítulo 19
19 Sophie- And new moon still kept out of sight


Notas iniciais do capítulo

Gente! Me desculpe pela demora! Juro que o próximo não demorá tanto a sair quanto esse. Ah, e não se esqueça de comentar. ;-) Boa leitura.



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_Nosso plano deu certo, Evan!

Pulei em cima dele de tanta animação. Ele me parecia ainda mais lindo e atraente agora que poderia tê-lo em meus braços sem medo das consequências. Evan agora estampava o sorriso que eu achei impossível ver num rosto adulto: carregava tanta inocência e pureza que seria pecado reponde-lo com um sorriso menos angelical. Logo após, ele me tomou em um beijo que contradizia totalmente seu sorriso. Trazia em si o mesmo pensamento que havia me adotado, de que agora sim poderíamos ser livres de verdade, e isso trazia um gosto a mais ao seus pálidos tons de vampiro.

Agora estávamos em algum lugar na fronteira entre Finlândia e Noruega. O céu se abria num cinza fúnebre, talvez fazendo jus ao estado de espírito de Tony. Tudo o que eu precisava fazer no momento era descansar a pesada cabeça de Evan num dos hotéis finlandeses. Precisávamos ficar um pouco distante do mundo mortal para que ficássemos infinitamente em paz com nossas até então mortes condenadas.

No entanto, sequer precisei dar a ideia para que Evan já fosse procurar um hotel para nós. Parecia que quem lia mentes era ele.

s.m.a

Já era noite quando nos ajeitamos. O que poucos humanos conseguiam entender era que tínhamos todo o tempo do mundo, mesmo que pudéssemos ter nos resolvido poucas horas. Vampiros gostam de apreciar cada momento da arte da morte, uma vez que ela é infinda e irresoluta, tendo vários ângulos diferentes para ser vista, para ser tocada e explorada.

_Esse... me lembra os velhos tempos na França._ Evan sentou-se na poltrona do nosso novo quarto, sereno, pensativo_ Tem o mesmo cheiro, o mesmo tom.

O apartamento se erguia num imenso prédio. O chão era vermelho-escuro_ senão confundido com a cor do sangue. Os abajures, mesinhas e molduras de espelhos se embalavam num tom bege-madeira, o que dava calma aos olhos. Estávamos no sétimo dos quatorze andares, e a vista daquela cidade branca já era consideravelmente ampla.

_Tempos não muito bons, certo?_ fui calmamente a sua direção, que ainda estava sentado na poltrona.

Evan olhou para mim, numa pausa silenciosa, ainda com um tom de receio nos olhos. Queria mais que Tony não existisse que qualquer outra coisa, e seu medo era de que depois da prisão, Tony pudesse querer nos separar como nunca antes.

Mas fato era que, querendo ou não, Tony estaria conosco independentemente de gostarmos dele ou não. O mundo era pequeno demais para nós três, disso tínhamos certeza. Não importaria então quanto tempo ficássemos longe uns dos outros_ nem mesmo séculos poderiam nos separar. Éramos três infinitos dentro de um ainda maior que a nossa compreensão. Éramos três infelizes mutações que escaparam do limite da vida, e perdurariam até o ilimitado limite da morte.

_Não pense nisso, Evan. Quando pensávamos ser impossível fugir dele, fugimos. Talvez a eternidade esteja apenas pregando peças em nós, para que vejamos que, com ou sem Tony, estaremos juntos para sempre.

E então levei susto comigo mesma. Estava novamente lendo seus pensamentos, por mais remota que fosse a ideia de invadir a privacidade de Evan. Porém ele me olhava com os olhos afagados, como se minhas palavras fossem tudo que ele quisesse ouvir.

Não esperei resposta, afinal tudo o que eu precisava saber, já sabia. Tentaria não ler seus pensamentos, mas faria de tudo para que ele pudesse relaxar. Não era isso que ansiávamos há tanto tempo? O que haveria para temer da parte mais fácil que teríamos pela frente?

Sentei-me em seu colo e comecei a massagear vagarosamente suas costas. Seu corpo estava tenso e eu podia senti-lo acalmar conforme eu o tocava, mas mesmo assim ainda era preciso mais para sossegá-lo. E no entanto minha respiração parou ao vê-lo inclinando-se em minha direção, colocando seus braços por trás de minhas costas. Ele me beijou tão inesperadamente que parei de massageá-lo para segurar seu rosto, como que de instinto. Seus lábios puxavam os meus com tanta vontade que era impossível recusá-los. Suas mãos me puxaram para mais perto, e sua pele encostou na minha. Dei nele o abraço mais traiçoeiro de todos, porque nele exprimi todos meus sentimentos, tão apertado quanto meu coração. Ficamos assim por um tempo, sentindo um ao outro.

_Sophie...

_Sim?

Evan deu uma pausa. Colocou meus cabelos atrás da orelha, olhando nos meus olhos.

_Esperei tanto por essa parte..._ deu um sorriso, como se seus pensamentos estivessem longe daqueles ade antes; chegou seus lábios perto de minha orelha e continuou_ ...em que podemos ficar juntos de verdade.

Aquelas palavras me fizeram arrepiar. Não que fossem mais importantes que as demais, ou tivessem um sentido especial_ mas mostravam a mais pura verdade. Só agora estávamos sozinhos, mais sozinhos que nunca. Aquilo de certa forma deixava-me extasiada, por pensar que meus passos não seriam mais guiados por Tony e que eu teria aquele velho mundo para redecorar com Evan.

Ele me deu outro beijo, trazendo meu corpo para cima do seu, que antes estava em seu colo. Seus lábios, apesar da frieza do corpo e da alma que o rechiava, eram quentes. Agora estávamos a dois, não a três.

Eu acariciei seu rosto, sentindo as linhas da juventude congelada pelo tempo. Seus cabelos, sua postura. Ele pôs a mão em minha cintura, e prolongou ainda mais nosso beijo, o que me fez soltar um breve gemido. Por trás de toda aquela cena, mal poderia esperar o momento em que seus pensamentos virassem a mais intensa e insana a realidade...

Mas naquela hora, parei. Minha respiração cortou nosso beijo e eu saí de cima de Evan; agora estava com as mãos apoiadas na janela.

_O que aconteceu?

_Não posso ficar mais lendo seus pensamentos, Evan. Até agora, durante todo esse tempo, nunca tive motivo para evitar isso, mas agora é mais que urgente. Eu preciso deixar sua mente em paz, e preciso controlar a minha.

Ele deu um riso, e foi em minha direção.

_Querida..._ ele tratou de encostar seu corpo no meu novamente, e disse, dando beijos perto da minha boca_ você nunca parou para pensar que... talvez, eu pense todas essas coisas... porque sei que você é capaz de as desvendar?

O vampiro foi caminhando até o grande disco da sala. Fui acompanhando seus passos, observando seu dom de me encantar cada vez mais. Ele cantarolava uma música conhecida, quando essa repentinamente começa a tocar no disco que ele acabara de colocar.

_Por favor, amor da minha eternidade..._ ele segurou minha mão e a levou em direção a sua boca, dando-lhe um beijo. Depois olhou fixamente para meus olhos, dando um sorriso de canto_, poderia me conceder essa dança?

“Love me tender, love me sweet. Never let me go.”

_You have made my... “death” complete_ nós rimos, enquanto ele me guiava pela grande sala do apartamento_ and I love you so..._ ele ainda olhava fixamente para meus olhos.

Talvez eu estivesse sendo boba em não querer ler os pensamentos dele. Mas era algo que eu tinha que tomar alguma providência, mesmo que fosse estupidez. Ele tinha seu poder sobre mim, e aquilo não podia ter os papeis trocados. No entanto tudo o que eu podia imaginar agora era nós dois; então quer dizer que Evan era a poesia que faltava nas minhas noites?

“Love me tender, love me long. Take me to your heart.”

Evan roçava seus lábios contra os meus, e certamente o fazia para sentir minha respiração mais ofegante. Ele gostava do jogo, e sabia como jogar. Ele era o encontro de dois rios, o choque entre os possíveis inferno e paraíso, a rachadura entre a morte e a vida que, por obra da beleza, veio repousar nos meus fúnebres olhos negros. Evan tirou o corpo de uma vampira desfalecida para fora do seu túmulo, e agora a fazia respirar, ver, tocar, e mais que isso: ela queria sentir seu cheiro, vê-lo constantemente, tocar seu corpo.

Ele me deu um leve beijo na testa, enquanto ainda dançávamos sobre o chão cor de sangue. Escapou de mim um riso fora de hora.

_O que?

Olhei para ele, intrigada.

_Que casal mais sem graça! Veja, Evan. Sabemos dançar perfeitamente! Sequer posso tropeçar nos seus passos para ficarmos rindo depois.

Querendo ou não, aquilo nos fez rir.

_Não seja por isso.

Seu pé fez o meu deslizar pelo chão, o que me fez perder o equilíbrio e parar imediatamente nos braços de Evan. Agora estávamos naquela clássica pose de dança entre os casais, em que o homem beija a mulher. Mas era tarde demais para controlar meus instintos e esperar, mesmo que fossem por segundos, pelos lábios dele_ impulsivamente mordi seu lábio inferior, e ele tratou de transformar aquilo num beijo longo e intenso.

“I’ll be yours through all the years, till the end of time.”

Evan então interrompe o beijo para corrigir a letra da música:

_E o melhor é que... não há fim.

Então ele me segura no colo, deixando-me ainda mais colada com seu corpo, com as pernas fechadas, para baixo. Repousei minhas mãos em seu rosto, admirando cada vez mais aquela infinita beleza que se só se fazia expandir por aquele homem. Ele foi andando calmamente até bater de leve minhas costas contra a parede, onde deixou meu corpo escorregar suavemente até que meus pés voltassem ao chão. Depois fez a singela combinação entre segurar minha cintura e me beijar, fazendo meu vestido se arrastar pela parede ao me conduzir para o quarto de casal.

Tranquei a porta do quarto_ mesmo que a de entrada já estivesse trancada_ enquanto podia sentir os olhos dele contornando minha silhueta. Demorei alguns segundos para sentir o vestido desabotoando pelas mãos sedentas de Evan, e no entanto não demorou para que estivéssemos naquela grande cama de casal fazendo jus a tanto tempo de escuridão.


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