Falling in Love escrita por Susannah Grey


Capítulo 37
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

Gente, me perdoe pela demora... Como avisei no último capítulo, eu tenho andado muito ocupada com os estudos e tudo o mais e ainda tive um bloqueio horrível depois do Enem.. Esse final de semana eu tenho um vestibular e depois disso são férias! Já comecei a escrever o próximo capítulo, vai ser o P.O.V. Chris... Tá na hora de vermos como vão as coisas pelos olhos do nosso garanhão..
Bom, eu digo e repito, não vou abandonar essa estória! Peço que confiem em mim, de verdade! E agradeço pela paciência de vocês... Vou passar a tarde respondendo aos reviews que ainda não respondi, já que não acesso minha conta desde a última vez que postei um capítulo..
Boa leitura ^^



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Leiam as notas iniciais

– E esse aqui? O que a senhora achou? - perguntei dando uma volta.

Aquele era o 7° conjunto de saia e blusa que eu vestia. Isso sem contar com os shorts, calças e vestidos que eu já tinha provado. Ainda tinha pelo menos uns cinco no provador, só me aguardando.

– Acho ele lindo. Dá mais uma volta aí. - Minha mãe pediu, com a mão no queixo, analisando todos os ângulos daquele conjunto em mim. As vendedoras ficavam na expectativa, sem saber o que estávamos falando, já que tínhamos tirado o dia para conversar apenas em português entre nós. - Acho que essa saia ficou um pouco folgada no quadril e está longa demais, você não é uma freira. Veste aquela preta com essa mesma blusa. Vou pegar um sapato que eu vi aqui que eu acho que vai ficar perfeito.

Assenti e voltei ao provador. Sinceramente eu não via quase nenhum dos defeitos que minha mãe encontrava nas roupas. Pra mim ela estava ótima, mas enfim, ela gostava de me fazer de boneca de teste. Todos gostavam. Troquei a saia e voltei para onde ela estava antes. Ela ainda não tinha voltado da ala dos sapatos. Escutei o toque baixo do meu celular e fui até minha bolsa pegar, aproveitando que minha mãe não estava por perto. Olhei o identificador de chamadas e meu coração deu um salto, era Chris. Respirei fundo e atendi, vendo minha mãe se aproximando de onde eu estava.

– Oi Chris. - disse amigavelmente, como se nada tivesse acontecido e fôssemos só amigos. Indiquei a roupa para minha mãe, que parecia atenta na conversa, e ela me entregou o sapato, era bege e fechado, com um salto de uns quinze centímetros.

– Amy, você está bem? Não te vi na escola hoje, fiquei preocupado. - Revirei os olhos enquanto me apoiava em minha mãe pra calçar o sapato.

– Estou bem. Só que minha mãe me fez sair com ela hoje. Tipo um dia das garotas, sempre fizemos isso no Brasil. - Indiquei novamente a combinação e um sorriso de aprovação se abriu no rosto da minha mãe. Agradeci mentalmente por ela finalmente ter gostado de algo.

– Entendi. Eu queria saber se podíamos sair hoje à noite, preciso conversar urgentemente com minha amiga.

– Tem que ser hoje, Chris? Sabe, o dia das garotas inclui a noite também. Não sei se vou poder ir. - falei enquanto minha mãe ia até o provador e voltava com três conjuntos na mão, a vi devolver para as vendedoras. Contiver um suspiro de alívio.

– Tem que ser hoje, Amy. É urgente, preciso muito saber sua opinião pra uma coisa. - Sua voz parecia triste e cansada ao mesmo tempo. Só não me senti culpada porque estava evitando ter tanta proximidade física com ele. Observei minha mãe conversando com uma das funcionárias e depois vir até mim, enquanto a mulher ia até o provador e saía com algumas roupas. - Posso falar com sua mãe rapidinho? - ele perguntou e finalmente prestei total atenção ao que ele dizia. Acho que fiz uma cara estranha, porque minha mãe franziu as sobrancelhas.

– O que você quer falar com minha mãe? - perguntei desconfiada. O que será que ele queria com ela? Vi minha mãe arquear as sobrancelhas em dúvida.

– É só pra dar um recado do meu pai, vai ser rápido. Prometo. - ele disse, como se estivesse entediado.

– Dê-me aqui, Amy. Deixe-me falar com ele. - minha mãe pediu, estendendo a mão em direção ao celular. Entreguei a ela, ainda contrariada. - Volte e prove aquele vestido preto, o curto. Com esse mesmo sapato, por favor. Tirei algumas coisas de lá, se o vestido e os outros dois conjuntos que ficaram lá ficarem bons em você vamos levar só mais eles. - ela disse pra mim e voltou a falar no meu celular com Chris.

Dizer que eu queria ficar pra ouvir a conversa era pouco. Mas ela logo me dispensou, mandando-me ir provar logo o vestido. Fui, contrariada, e vesti o mais rápido que pude, saí do provador com a desculpa de que precisava de ajuda para fechar a parte de cima do vestido. Indiquei pra ela enquanto me aproximava, pelo menos um pedaço da conversa eu ouviria.

– Eu entendo. - ela disse. Estava séria. Fechou meu vestido em questão de segundos. - Sem problema algum. Inclusive eu tinha visto uma chamada dele no meu celular, provavelmente ele queria me comunicar isso. - Será que ela estava falando de Robert? Fingi que estava olhando meu vestido, já que ela estava me analisando na roupa. - Eu não vejo problema nisso, Chris. E se for mesmo necessário vamos seguir com o combinado, nem precisa se preocupar. - Ela afastou o celular da boca e sorriu. - Esse vestido ficou perfeito! Você vai usá-lo hoje. Pode voltar e vestir o último conjunto.

Esse tinha sido a roupa mais rápida que ela escolhera. Voltei ao provador e quando saí novamente ela já tinha desligado.

– Chris te mandou um beijo e disse que precisava mesmo te ver. - ela comentou enquanto analisava mais esse conjunto. - Não gostei muito. - Ela olhou para seu relógio e fez uma cara de espantada. - Não precisa provar o último, temos que ir ou perdemos nosso horário no salão. - Ela se direcionou as atendentes e continuou falando. - Vamos levar aqueles que mandei separar. - Virou-se para mim novamente. - Vá se trocar e volte logo, temos que ir. Só vou pagar essas roupas e esse sapato e já volto.

Voltei mesmo contrariada ao provador. Coloquei o vestido que estava usando antes e fui ao encontro da minha mãe. Ficaram duas sacolas pra cada uma no final, minha mãe também tinha comprado algumas roupas. Essa foi a loja que menos compramos, nosso recorde. Andamos um pouco pra chegar até o salão, que ficava no terceiro piso do shopping. Deixamos as sacolas no guarda volume e fomos até a recepção confirmar nosso horário. Logo fomos encaminhadas a uma área de massagem. Bem que eu estava mesmo precisando de uma. Tiramos toda a nossa roupa e colocamos o roupão do spa e fomos para as mesas. Eu me concentrei em relaxar, já minha mãe ficou conversando com as massagistas. Essa foi uma ótima maneira de relaxar durante a tarde. Tive que cortar quase um palmo do meu cabelo e escová-lo, minhas unhas foram feitas e pintadas nas cores preta e vermelha, como em um dégradé para combinar com o vestido, e também já saímos de lá com a maquiagem pronta para a noite, optei por uma mais leve e simples. A única informação que consegui arrancar da minha mãe foi que iríamos a um jantar em um restaurante refinado, às 19h30. Por isso a maquiagem, as unhas, o vestido e o sapato novo. Mesmo ela reclamando do meu cabelo, que escovado estava na altura da bunda, eu não quis cortar mais. Antes ele passava do quadril em situações como essa!

Saímos do shopping quando já estava escuro, faltava aproximadamente duas horas para o jantar, mas como iríamos demorar a chegar, já estávamos saindo completamente arrumadas.

Minha mãe que estava dirigindo, resolvemos dar uma folga para o Sr. Andrew já que queríamos um dia só das garotas. Nosso caminho até em casa foi preenchido por conversas aleatórias, uma hora minha mãe contava alguma coisa que tinha acontecido no hospital onde era voluntária e em outras nós cantávamos, só por diversão, alguma música que estava passando na rádio. Em poucos minutos já estávamos em casa.

Minha mãe deixou o carro parado logo na frente, provavelmente iríamos sair com ele mais tarde. Descemos do carro e antes que eu entrasse ouvi uma buzina. Logo me virei para saber quem era e fui surpreendida ao ver o carro de Chris parado próximo ao nosso. O que diabos ele estava fazendo ali?

Virei-me para minha mãe e a vi sorrindo. Estreitei os olhos.

– Mãe, o que a senhora tem a ver com isso? - Olhei-a desconfiada, ela não disfarçava nem o sorriso.

– Chris disse que precisava conversar com você. - Ela deu de ombros.

Meu queixo caiu. Como assim minha própria mãe estava contra mim?

– Vamos, Amy? - Ouvi Chris ao meu lado, sua mão agora na minha cintura. Gelei no mesmo instante. Eu estava perdida.

– Nós temos um jantar daqui a algum tempo, não posso faltar. - Dei a primeira desculpa que me veio a cabeça, olhando-o nos olhos. O sorriso dele era encantador demais para eu conseguir ter algum pensamento coerente.

– Não se preocupe com isso, você estará no restaurante no horário.

Alternei meu olhar entre ele e minha mãe, que tinha um sorriso de orelha a orelha. Traidora!

– Pode ir, Amy. Eu distraio o seu pai. Qualquer coisa eu digo que o filho do governador ficou de te levar, ele sabe que são amigos. - Não sei se Chris percebeu, mas o tom de voz da minha mãe mudou ao falar "amigos". Senti meu rosto esquentar e ela piscou o olho. - Agora vão logo, vocês têm 1h40 para o jantar. - Não sabia o que falar, apenas deixei que Chris me guiasse. Ainda estava atônita. - Juízo! - Minha mãe gritou assim que entrei no carro e Chris dava a volta para entrar no lado do motorista.

Senti meu rosto esquentar. O que será que Chris queria comigo?

Ele entrou no carro sorrindo e logo já estávamos nos distanciando de casa.

– Sua mãe é uma graça. Adoro ela.

– Todos adoram. - respondi ainda no automático. Virei-me para ele, tentando absorver alguma coisa. Não consegui nada. - Pode me dizer o que você está planejando? E para onde está me levando?

Ele suspirou e sua expressão mudou para cansada. O que será que ele tinha?

Eram tantas dúvidas que rondavam minha cabeça que já estava ficando tonta.

– Eu queria conversar com você. Como você conversa com a Ashley ou com aquela sua amiga brasileira. Esqueci o nome dela...

– Isabelle. - lembrei-o

– Isso, Isabelle. Eu só preciso da amiga que eu nunca tive. Alguém que me escute e me entenda. E achei que isso não podia mais esperar, para não ser tarde demais.

A forma como ele falou me assustou. O que ele queria dizer com tarde demais? Não demonstrei estar assustada, apenas acenei com a cabeça, mostrando que eu estava ouvindo, isso o incentivou a continuar.

– Estou te levando a um lugar muito especial pra mim. Eu costumava ir pra lá com as pessoas que eu mais amava em todo esse mundo. Não é qualquer pessoa que eu confio a ponto de levar até lá.

Só quando ele disse isso que eu percebi que estávamos pegando a estrada para fora da cidade.

– Vamos para outra cidade? - perguntei um pouco receosa. Ele estava estranho.

– Não.

Depois disso ele não disse mais nada. Após alguns minutos entramos em uma estrada de chão, ambos os lados completamente cercados por árvores. Estávamos subindo. Okay. Estava começando a ficar com medo. Será que Chris era um psicopata e estava tentando me sequestrar? Não, ele não era. Mas mesmo assim eu não confiava em mim. Principalmente sozinha com ele.

Aos poucos a quantidade de árvores foi diminuindo e, com isso, consegui ver o final da estrada. Então ele parou o carro. No meio do nada. Estávamos cercados por árvores e em um dos lados tinha um penhasco com uma pequena cerca de madeira. Só consegui ver isso antes de Chris desligar os faróis e sair do carro.

Não sabia se eu deveria segui-lo ou não. Decidi que se ele quisesse fazer algo comigo já teria feito. Eu só tinha que manter o foco e me controlar. Pensando nisso tomei coragem e saí do carro, seguindo-o um pouco de longe. Ele parou na beira do penhasco, apoiando seus cotovelos na cerca de proteção. Parei ao seu lado na mesma posição e ficamos observando as luzes da cidade ao longe. A vista era incrível de onde estávamos, dava para entender porque era um lugar especial para ele.

– Até hoje eu só tinha vindo pra cá com duas pessoas, você é a terceira.

Seu olhar parecia perdido na vista à nossa frente. Ele soltou um suspiro forte antes de continuar.

– Minha mãe me mostrou esse lugar. Ela disse que quando alguém fosse especial pra mim eu poderia trazê-la aqui. A primeira pessoa que eu trouxe foi Melanie.

Aquele nome! Será que ele iria falar da garota comigo? Era sobre essa garota que ele e Lipe estavam conversando na casa deles. Quando tinham me deixado no quarto para dormir. Phillipe dissera que ele me olhava como olhava para essa tal de Melanie. Quem era ela?

– Você foi a segunda pessoa. - Ele sorriu timidamente.

– O que aconteceu com ela? - perguntei. Eu sentia que ele precisava desabafar com alguém.

–Hoje faz três anos que ela morreu. Sabe, ela foi o meu primeiro amor. Nós éramos melhores amigos, fazíamos absolutamente tudo juntos. Assim como você, ela tinha acabado de se mudar. Ela era de Londres. Aquele sotaque dela me encantava, como tudo nela.

Ele sorriu. Emerso em lembranças, ele parecia triste. Seu olhar estava fixo na vista da cidade a nossa frente.

– Eu não fui o único que me encantei. Will, o seu amiguinho, também ficava cercando ela. - A forma como ele disse "amiguinho" me fez estremecer. Dava pra notar como ele odiava Will. - Só que ela não dava bola pra ele, nem como amigo. Ela me dizia que ele tinha algo de sinistro na forma que ele agia perto dela.

Senti um calafrio percorrer minha espinha. O que ela queria dizer com sinistro?

– Eu a pedi em namoro alguns meses depois que ela chegou. Assim que as férias de verão acabaram. - Ele fez uma pausa, como se estivesse organizando suas lembranças. Pensando no que iria falar primeiro. - Eu deveria ter dado mais atenção quando ela me disse que Will ficava em cima dela, insistindo para lhe dar uma chance. - Fiquei confusa com esse seu comentário. O que Will tinha a ver com o namoro deles? Ela tinha terminado com ele pra ficar com Will? - Nós namoramos por quase um ano. Faltavam três dias para nosso aniversário de namoro. Ela e minha mãe saíram pra comprar um presente pra mim, ela tinha pedido a ajuda da minha mãe pra escolher um perfume. - Sua voz ficou baixa. Quando olhei seu rosto pude ver uma pequena lágrima cortando sua face. Senti meu peito se apertar. Ele estava sofrendo com as lembranças. Senti meus olhos marejarem. Não gostava de vê-lo sofrer. - Elas não voltaram mais pra casa. Na estrada, no caminho de casa, perderam o controle do carro e ele saiu da estrada. Bateu de frente com um caminhão que o arremessou pra longe. Ele capotou algumas vezes antes de enfim parar. As duas morreram na hora. Os peritos disseram que os freios estavam com um problema, por isso elas não conseguiram desacelerar na curva. Phillipe e meu pai ficaram arrasados. Phillipe perdeu a mãe e uma amiga, meu pai o seu amor. Eu perdi minha mãe, meu amor e minhas melhores amigas. Phillipe só não sentiu tanto quanto eu porque ele sempre foi mais apegado ao nosso pai. Eu vivia com minha mãe. No mesmo dia eu perdi as duas mulheres que eu mais amei e confiei em toda a minha vida. E tudo por um deslize meu.

A essa altura seu rosto já estava marcado pelas várias lágrimas que caíam. Eu também estava chorando. Não por pena, mas porque estava sofrendo com o seu sofrimento. Ele se culpava pela morte da mãe e da namorada. Carregava aquela culpa sozinho há três anos.

– Melanie tinha me falado uma semana antes do acidente que Will estava ameaçando ela. Ele disse que se ela não terminasse comigo ele a faria terminar. - Mesmo estando um pouco afastada dele eu senti quando seu corpo ficou tenso e vi quando ele travou o maxilar, contendo a raiva. - Aquele idiota a matou! E eu não fiz nada porque não dei importância ao que Mel me disse. Por causa da minha descrença ela e minha mãe morreram. E por causa da minha incompetência eu não consegui juntar provas o suficiente pra entregá-lo à polícia. Ele cortou os freios do carro, matou duas pessoas inocentes e continua solto. Ileso. Como se não tivesse culpa de nada.

Sua voz era de puro ódio, eu podia jurar que suas lágrimas também.

– Eu avisei Phillipe. Mas ele não acredita em mim. Ele diz que estou neurótico e isso tudo é só porque eu tinha ciúmes dele. Ele insiste em dizer que foi apenas um acidente. Um puta acidente não acontece quando alguém planeja matar a vitimas! Não se assassina alguém por acidente! Não assim! Ele planejou cortar os cabos! Houve planejamento! Ele sabia o que queria, foi lá e fez. Simples assim.

Chris estava visivelmente alterado. Tinha uma veia acentuada em sua testa e outra em seu pescoço que demonstravam o quanto ele estava irritado. Ele deu um soco na cerca e ficou apoiado com os cotovelos de costas para ela. Parecia tentar se recompor. Eu não sabia o que fazer. Queria poder consolá-lo e dizer que tudo ficaria bem. Mas não iria ficar. Ele tinha perdido a mãe e o seu amor em um suposto acidente e ele sabia quem era o culpado, mas não podia fazer nada com essa informação. Apoiei minha cabeça em seu braço, ainda olhando para a cidade a minha frente. Percebi que ele relaxou um pouco com minha aproximação. Eu só queria que ele ficasse bem.

– Depois disso que eu me tornei quem sou. Eu saio com garotas diferentes o tempo inteiro. Nunca fico com a mesma por mais de dois meses e nunca com a mesma.

Fiquei chocada com a revelação dele. Então ele nem sempre foi desse jeito. No fundo ele ainda era uma pessoa boa e com juízo, isso eu tinha certeza. Virei-me para encará-lo.

– Não me apegar é a maneira mais fácil de evitar problemas. O amor dói. Machuca. Fere. Ninguém termina bem quando se ama alguém de todo o coração. Um sempre sai quebrado. Não vale a pena se apaixonar se vai sofrer tanto quando seu amor for embora.

– Não vale a pena? - Acabei perguntando, deixando transparecer um pouco da minha revoltada diante daquelas palavras. - Toda a felicidade e momentos bons serão sacrificados pelo medo de tentar? Você se arrepende de tudo o que você passou com Melanie? Você a amou de todo o coração. Se arrepende dos momentos bons que tiveram? Você preferiria esquecer tudo? Se tivesse que escolher entre não ter conhecido ela e passar por tudo isso de novo, o que seria? Você seria capaz de deixar tudo de lado? - Fiz uma pausa, aguardando sua resposta, que não veio. Ele me observava, olhando diretamente nos meus olhos. Os seus estavam um pouco vermelhos, consequência das lágrimas de poucos minutos atrás. Tinha certeza que eu estava na mesma situação. - Chris, entenda. A vida não é um mar de rosas, não podemos deixar de amar por medo de sofrer. Quando se ama alguém você sofre não só porque ela te deixou ou algo parecido. - Sorri involuntariamente. Um pequeno e tímido sorriso. Não quebraria nosso contato visual por nada. - Você também sofre quando ela está sofrendo, você passa a sentir o que ela sente. É como se você e sua amada fossem apenas um. Uma alma em dois corpos. O amor sempre vale a pena. Independente dos riscos. Uma vida sem amor não é vida. Sinto muito mesmo por tudo o que aconteceu, mas você não deve pensar assim. Você deve lutar pela sua felicidade. Veja bem, se você cair é só levantar de novo. Mas só dessa forma você vai conseguir voltar a ser verdadeiramente feliz.

Ele ficou me observando por um tempo. Ele me encarava como se pudesse ler todos os meus pensamentos através dos meus olhos. Ao mesmo tempo ele parecia um pouco perdido nos próprios pensamentos. Já estava começando a ficar constrangida, eu praticamente tinha acabado de me declarar ali, quando ele resolveu se pronunciar novamente.

– Amy, eu queria te falar mais uma coisa. E te propor outra também. - Ele piscou e desviou os olhos, como se ele que estivesse constrangido dessa vez. Ele sorriu antes de voltar a me encarar. Dessa vez me olhando de frente. - Lembra quando eu disse que estava gostando de uma garota? Que eu achava que ela era especial? - Assenti. Lá vinha ele com aquele assunto outra vez. O mesmo que me fazer loucuras em uma boate. - Essa garota é você.

Oiê?! Eu ouvi direito? Ele está mesmo se declarando pra mim nesse exato momento? Não, não é possível. Eu só posso estar sonhando. Ou isso aqui é tudo uma pegadinha de muito mau gosto. Senti meus olhos lacrimejarem. Lágrimas de felicidade? Surpresa? Espanto? Nem eu sabia mais.

– Eu gosto de você. Gosto de estar perto de você e conversar contigo. Gosto de tudo em você. - Ele sorriu e me peguei sorrindo também. Senti uma lágrima caindo, logo sendo acompanhada de outras. - Quero muito ficar com você, assumir que estamos juntos. Mas eu ainda tenho medo. Tenho medo de me apaixonar e você me deixar assim como Mel me deixou. Tenho medo de não ser o suficiente pra você. Tenho tantos medos. Sinto como se ainda não estivesse pronto pra namorar. Não ainda. - Ele suspirou. Eu podia sentir a tristeza dele. Ele disse que queria me propor uma coisa, se não está preparado pra namorar ainda o que será que ele vai falar? - Por favor, não se ofenda com minha pergunta. - Ele praticamente me suplicava. Senti mais lágrimas caindo. Meu coração doía ao perceber sua dor. - Eu queria saber se poderíamos ser... Amigos coloridos? Acho que é assim que chamam. O que você acha?

– Chris... - comecei, mas ele me interrompeu quase que no mesmo instante.

– O que estou pedindo é para que fiquemos juntos. Como namorados. Só não estou preparado ainda para assumir para todos. Em todos os casos somos apenas amigos. Do contrário seria o mesmo que criar vínculos e eu quero tentar fazer isso, só que aos poucos e com calma, sabe? Com uma pessoa especial, que eu confie e goste. Assim como você. - Ele parecia constrangido e ansioso enquanto falava. Como se alguma coisa dependesse da minha resposta. - Você aceita?

Amigos coloridos? Sério? Claro que eu queria ficar com ele, Claro que eu queria assumir para todos que estávamos juntos. E claro que eu queria ajudá-lo a tentar. Mas por algum motivo essa ideia de amizade colorida não me convencia. Mas antes de pensar muito me vi respondendo de acordo com o que meu coração pedia.

– Aceito. Acho uma ótima ideia!

Ele mal esperou eu terminar de responder para me beijar. Senti meu coração falhar uma batida antes de disparar em meu peito. Era sempre assim quando Chris estava próximo demais. Sua língua pediu passagem, cedi com o maior prazer, logo sentindo meu corpo arrepiar quando nossas línguas entraram em contato. Senti suas mãos passeando pelo meu corpo, ora em meus cabelos ora em minha cintura, me puxando para mais perto. Seu beijo era intenso e avassalador, como todos os outros. Infelizmente tivemos que terminar o beijo para buscar um pouco de ar. Antes que eu percebesse um sorriso bobo já brincava em meus lábios, em resposta ao largo sorriso que ele exibia. É, acho que não iria me arrepender da ideia de amigos coloridos.

– Você é incrível! Onde você esteve por todos esses anos? - ele perguntou, ainda sorrindo e me beijou mais uma vez quando senti meu rosto esquentar. - Vamos?

Finalizou o beijo e começou a me guiar de volta para o carro. Ainda estava atordoada com todas as mudanças recentes e informações que eu acabara de receber.

– Pra onde?

– Ainda temos um jantar pra ir. - Ele me encostou, gentilmente, no carro e se colocou na minha frente, me dando um beijo rápido antes de olhar em seu relógio de pulso e fazer uma careta. - Temos vinte minutos pra chegar lá. O que vai ser um pouco difícil já que não quero sair daqui e o restaurante fica do outro lado da cidade. - Ele disse enquanto beijava a linha do meu pescoço e minha orelha. Logo senti meu corpo correspondendo, já sentia meus braços arrepiados.

– É melhor nos apressarmos, então. Para todos os casos ainda somos amigos, esqueceu? - perguntei sorrindo e beijei seus lábios antes de afastá-lo. Precisava de espaço pra conseguir pensar racionalmente. E respirar também.

– Tudo bem. Vamos logo. Não podemos perder nossa reserva.

Observei-o dando a volta no carro e entrando no lado do motorista. Só então me dei conta do que ele tinha dito. Entrei no carro e logo me voltei pra ele.

– Espera aí. Quer dizer que não tinha jantar com os patrocinadores da empresa? Que isso tudo foi planejado pra sairmos juntos? - perguntei incrédula. Não podia acreditar que minha mãe tinha participado disso.

– Isso. Eu só disse que era um jantar da empresa porque eu sabia que você não iria vir. Você tem sérios problemas com aceitação. Tipo, você simplesmente me ignorou depois que nos beijamos. O normal depois do primeiro beijo é continuar beijando. - Ele disse rindo e senti meu rosto pegar fogo. - Você se arrependeu?

– O que?! Não! Claro que não. É que... - O que eu poderia dizer? Foi bom demais e eu tenho medo de onde isso pode parar? Eu nunca diria isso em voz alta.

– Não precisa explicar. Você está aqui agora. E aceitou ficar comigo. - Ele sorriu e segurou minha mão, mesmo com os olhos voltados para a estrada, me olhou rapidamente. - Isso é o que importa.

Senti meu coração esquentar com aquelas palavras. Chris gostava de mim. E nós estávamos juntos. Tudo bem que não como eu queria, mas isso viria com o tempo. Logo estaríamos oficialmente namorando e eu não precisaria mais me preocupar com as outras garotas que com certeza continuariam cercando o meu... Amigo? Futuro namorado? Isso era muito frustrante. Espero que ele se decida logo e escolha o que quer. Essa situação é confusa demais.

– Pode me dizer então para onde vamos? - perguntei sem muito interesse. Qualquer lugar com ele já estaria bom. Hoje nada poderia estragar a minha felicidade.

– Vamos jantar juntos. Como seu amigo colorido quero te conhecer melhor.

– Okay. É só me dizer o que quer saber que eu digo. Não tenho problemas quanto a isso. Mas eu também quero te conhecer melhor. Tudo bem que você e contou um de seus maiores segredos, mas quero saber outras coisas também. Como, qual sua cor favorita?

– Minha cor favorita? - Ele riu. Ou melhor, gargalhou. - Com tantas coisas pra perguntar, você me pergunta qual minha cor favorita? Imaginei que viria uma pergunta do tipo, porque você decidiu ficar com várias mulheres ou com quantas mulheres já ficou. Amy, você me surpreende mais a cada dia.

– Não sei se devo levar isso como um elogio ou não. Mas a questão é que não quero saber do seus "relacionamentos" com outras garotas por ora. Tenho até medo do que posso descobrir. - Deixei a frase no ar, um pouco constrangida por ter demonstrado um pouco do meu ciúme. Pelo canto do olho pude ver Chris sorrindo. Filho da mãe! Estava se divertindo com meu constrangimento.

Ficamos um tempo em um silêncio embaraçoso, até que ele ligou o som do carro e o refrão da música Sugar do Maroon 5 preencheu o pequeno espaço que nos encontrávamos. Já tínhamos voltado para a cidade e estávamos indo para o centro. Provavelmente para algum restaurante.

– Não sabia que você gostava de Maroon 5. - comentei enquanto acompanhava a letra da música. Eu achava ela linda. E me identificava um pouco com ela.

– Gosto de várias coisas que você não sabe. Mas se quiser posso trocar de música. - Ele deu de ombros. Okay, esse Chris estava me impressionando.

– Não precisa. Eu gosto dessa música.

Ele voltou a música para o início e começou a murmurar a letra da música. Minha pele se arrepiava ao som daquela voz rouca. Okay. Ele ficava muito sexy cantando. Desviei o olhar para o lado de fora e fiquei murmurando a letra também.

Em poucos minutos Chris já estava parando o carro em frente a um restaurante com um semblante caro. Parecia ser um dos mais caros da cidade. Será que ele estava tentando me impressionar? Só percebi que ele tinha saído do carro quando ele abriu a minha porta e me ajudou a sair. Esse Chris educado e cortês que me impressionava.

– Obrigada.

Caminhamos de braços dados, como um legítimo casal. Chris entregou a chave do carro para o manobrista e logo entramos no restaurante.

– Reserva feita para dois no nome de Christopher Mills, por favor. - Chris disse se dirigindo à recepcionista. Ela nos olhou sorrindo e conferiu algo em seu caderno.

– Claro. Por aqui. Sr. Mills.

Ela passou na nossa frente para nos guiar até a nossa mesa. Conforme andávamos no local eu percebi que embora a aparência fosse de um local luxuoso, ele era bem aconchegante e reservado. As mesas tinham uma distância considerável entre elas. A iluminação fraca, com velas sobre as mesas, dava um ar tranquilo e romântico. Pude ver que nos cantos tinham salas reservadas para jantar de negócios. Aquele era um restaurante que atendia várias necessidades sem nenhum problema.

– Sra. Mills. - Escutei a recepcionista falando, mas só percebi que ela estava me chamando quando vi Chris segurando a risada e ela me olhando, esperando uma resposta.

– Sim? - Okay. Agora eu era a Sra. Mills? Eu tinha cara de senhora? E nós nem éramos namorados!

– Aceita beber alguma coisa? - Ela perguntou e pela cara de Chris, não tinha sido a primeira vez.

– Um coquetel de frutas, sem álcool, por favor. - Respondi, sentindo meu rosto esquentar. Chris com certeza faria alguma piadinha sobre isso.

– Com licença. - Ela anotou e se retirou. Voltei minha atenção para meu amigo que estava sentado a minha frente segurando a risada.

– Sra. Mills? Pode me explicar isso, por favor?

– Não gostou? - Ele perguntou com cara de cínico. Agradeci mentalmente pela fraca iluminação, meu rosto tinha adquirido uns três tons de vermelho.

– Não somos nem namorados! Até onde eu sei a mulher só pega o sobrenome do homem quando são casados.

– Não seria uma má ideia.

– Chris! - Repreendi-o. Ele estava brincando com minha sanidade, só podia ser isso.

– Desculpe. Não consegui evitar, você tinha que ter visto sua cara. - E começou a rir, tentando, em vão, se conter. Revirei os olhos diante tal atitude.

Mesmo com todas as brincadeiras sem graça de Chris, o nosso jantar foi absurdamente tranquilo e gostoso. Nós conversamos como velhos amigos e, vez ou outra, ele roubava um beijo meu. Eu não gostava muito de surpresas, mas estava repensando esse meu conceito depois dessa que ele tinha armado para mim. Qualquer surpresa com Chris seria bem-vinda.

Chris definitivamente havia entrado em minha vida para bagunça-la por completo. E pior, com meu consentimento.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Finalmente descobriram quem era Melanie e o que aconteceu com ela! O que acharam disso? E da proposta de Chris? Algum palpite? Podem brigar comigo pelo atraso também, dessa vez eu mereço...
Mais uma vez, obrigada por não terem me abandonado! Amo vocês