– Um metamorfo? – perguntou Abela. – Era isso que você estava caçando?

– Ela não é um metamorfo. – respondeu Dean seriamente. Aquela situação estava ficando insuportável.

– Tá, eu já entendi. – falou a mulher. – só que é difícil acreditar, Dean. Como eu posso ter uma irmã e não me lembrar dela?

– Duas irmãs. – corrigiu o loiro. – Annie, que está aqui, e Abbie, que ninguém sabe onde está.

– Você talvez esteja achando que o problema é conosco, Dean, mas se o problema for com você? – falou Sam.

– Como é que é? – perguntou ele.

– Ninguém lembra do que você está falando. Quero dizer, eu e Abela temos a mesma lembrança, mas você é o único que diverge aqui.

– O que você está querendo insinuar?

– Já parou para pensar que a criatura tenha pegado apenas você e não nós?

– Sam, eu só não lhe dou um murro na cara, porque você não ia entender porque apanhou. – falou o loiro. – Se é coisa da minha cabeça, como você explica ela?

– Uma metamorfo? – perguntou Abela.

– Bel, por favor, não me faça perder a paciência com você. – falou ele visivelmente estressado.

– Como você pode provar o que diz Dean? – O loiro olhou o irmão e apontou para Annie deitada na cama. – Queremos outra prova.

Ele respirou fundo e lembrou-se de ter falado com o outro caçador ao telefone.

– Bobby. – ele pegou o celular e ligou o numero, esperou dois toques e colocou no viva voz.

– Alô. – falou ele.

– Bobby é o Dean.

– Oi garoto, estava mesmo querendo falar com você.

– Bobby, por favor, pode repetir o que você me disse mais cedo, quando eu perguntei se você havia visto a Abela?

– Claro, eu disse que não vejo a Isabela há muito tempo.

– Bobby. – falou a jovem. – Estivemos juntos não tem nem dois dias.

– Não minha criança, você não esteve. – o homem respirou fundo. – e é ai que eu queria chegar. Eu descobri a criatura Dean.

– Graças a Deus, eu pensei que ia enlouquecer. – falou o loiro e olhou para os outros dois.

– É uma Harpia. – falou o homem.

– O pássaro? – questionou Sam.

– É o pássaro. – concluiu Dean. – É claro que não é o pássaro.

– Vocês querem me escutar? – continuou o caçador.

– Prossiga, Bobby.

– O nome “harpia” significa arrebatadoras e exatamente isso que elas fazem. Arrebatam as memórias de quem cruzar o seu caminho. Elas sugam até que as pessoas se tornem um vegetal.

– Então não pode ser uma harpia, ainda estamos aqui, Bobby. – falou Sam.

– Elas não são bestas, Sam. Alimentam-se pouco a pouco de suas vitimas, até não restar mais nada.

– Então, quer dizer que elas vão voltar? – perguntou Abela.

– Exatamente. – concluiu o caçador.

– Quanto tempo temos para encontrá-la e matá-la? - perguntou Dean.

– Encontrá-las e matá-las. Geralmente as harpias andam em grupos. E vocês têm 36 horas.

– Mas que merda. – gritou Dean e Annie acordou. Olhou os três ao seu redor, gritou quando viu Abela e voltou a desmaiar.

– Bem corajosa ela. – comentou a morena. – Mas eu amei o cabelo loiro.

– Na sua pesquisa diz uma forma de matar a coisa? Ou como encontrá-la? – perguntou Sam.

– Diz! Elas geralmente são irmãs, diferença de dois anos entre uma e outra. Escolhem suas vitimas pelas lembranças que elas sondam através do toque. Quanto mais forte a lembrança, mas ela se afeiçoa a pessoa.

– Isso explica porque elas fizeram o Sam e a Abela se esquecerem da Annie. Cada um tinha a sua lembrança mais forte com relação a ela e, possivelmente, o mesmo ocorreu com Annie.

– Espera, como vamos saber onde elas estão? – perguntou Sam.

– Okay, provavelmente estejam em um lugar publico. – falou a morena.

– E como as matamos, Bobby? – perguntou Dean.

– Vai ser muito difícil.

– O que temos que fazer? Pegar a cabeça da medusa e transformar as Harpias em pedra? – perguntou o loiro chateado e Sam o encarou. – O que é? Eu também leio.

– Vocês precisam acertar, a mais velha, no coração com uma faca.

– Chama isso de difícil?

– Quando ela estiver em sua forma original, ou seja, com asas e penas que são extremamente duras. Quando suas garras, que podem cortar um homem adulto ao meio, estiveram afiadas. Quando ela for metade pássaro e metade mulher.

– Não sei por que, mas acho que estamos ferrados nessa.

– Vai ser só um pouco mais difícil rapaz, mas vocês vão se sair bem. – respondeu Bobby. – E segundo a minha pesquisa, ao terminarem, as memórias retornaram aos poucos para quem as perdeu e isso inclui outras pessoas além de vocês. – concluiu. - Agora eu preciso ir, tem algum idiota me ligando pelo telefone do FBI. – falou o homem e nem esperou que os outros se despedissem, apenas desligou o celular.

– Certo, temos tudo o que precisamos para caçar a Harpia. – falou o loiro.

– Nem tudo. – falou a morena e jogou um copo com água no rosto da irmã que acordou assustada. – Se você desmaiar outra vez, eu juro que perderei a cabeça.

– Quem é você? – falou Annie assustada. – E o principal, porque se parece comigo?

– Ao que tudo indica, somos irmãs. – falou Abela. – gêmeas.

– Trigêmeas, na verdade. – concluiu Dean.

– A tal da Abbie também tem o mesmo rosto que o meu? – perguntou a caçadora e Dean balançou a cabeça confirmando. – Maravilha.

– Você é a minha irmã? Isso é demais para mim. – falou Annie. – Eu preciso ligar para o meu marido.

– O seu marido não se lembra de você. – falou Dean seriamente. – Aconteceu não sei lá o que, quando você passou a andar com a gente, e você disse que a memória dele foi apagada.

– Do que você está falando? Eu estou na cidade esperando por ele.

– Então liga, procura saber se ele está chegando. – falou o loiro e entregou o celular para a mulher, que não pensou duas vezes antes de discar o numero do celular do marido. No terceiro toque ele atendeu.

– Peter? É a Annie. Onde você está? – perguntou ela rapidamente.

– Desculpe, é que está uma barulheira aqui em casa e eu não consegui ouvir você. – falou o homem tampando um dos ouvidos.

– Você está em casa? Achei que estivesse vindo me buscar.

– Eu ainda não consegui saber com quem eu estou falando.

– Annie, sua esposa. – respondeu ela.

– Muito engraçado. – falou ele e sorriu.

– “Quem é, amor?” – perguntou uma mulher que Annie conseguiu ouvir através do telefone.

– “Alguém passando trote, dizendo que é a minha esposa, uma tal de Annie”. – respondeu ele.

– “Me deixa falar”. – a mulher tomou o telefone. – Oi querida! Olha, vai procurar o que fazer e deixa a minha família em paz, okay? O Peter só tem uma esposa e eu estou bem aqui ao lado dele. Passar bem. – a mulher desligou e os olhos de Annie se encheram de água.

– Eu avisei. – falou o loiro.

– Isso foi cruel, Dean. – falou Abela se aproximando de Annie que começou a chorar.

– Eu só estou tentando mostrar para vocês que isso aqui está uma loucura. – gritou ele. – Abela, você não é casada com o Sam. Annie não é casada com o Peter. – ele virou para o irmão e apontou para a loira. – Você é o namorado dela. – Depois se virou para Abela. – E você...

– Eu o que? – perguntou ela.

– É mais complicado do que imagina, mas prometo que se sairmos dessa, eu lhe conto tudo de uma vez. Estou cansado de omitir isso. – falou ele. Virou-se para a bolsa, pegou o casaco e a chave do impala. – Agora temos que refazer os passos de vocês dois. Onde estiveram nas últimas horas?

– No restaurante. – respondeu Sam e Abela ao mesmo tempo.

– Okay. – falou o Dean. – Então é para lá que a gente vai.