Sexta feira chegou. Eu estava pateticamente nervosa com o rumo que as coisas poderiam tomar se algo desse errado, mas nem Erick estava tão receoso assim, ele estava agindo muito normal na minha opinião.

Alicia passou na minha casa com uma bolsa de lado, e nem se preocupou em entrar na casa. Me chamou pela porta dizendo que estávamos atrasadas e precisávamos ir. Peguei minha mochila na cama, joguei nas costas, e desci correndo as escadas. Agora eu estava começando a ficar realmente nervosa. Não sabia se Alicia iria gostar do que preparamos pra ela, no caso Erick, por ser um pouco meloso, mas estava tudo tão lindo (ou pelo menos foi o que ele e Amelia me juraram no telefone) que ela provavelmente iria amar.

Rezei para que isso realmente acontecesse.

_ Vamos. – falei para Alicia puxando-a para fora sem hesitar.

Eu queria mesmo era acabar logo com isso. Meu coração acelerava cada vez mais à medida que o motorista de Amelia avançava os quilômetros.

Fitei a janela para evitar o olhar de Alicia. Tentei ocupar minha cabeça com algo, e veio desagradavelmente a imagem de Julius, o garoto que agora esbarrava em mim todos os dias. O pior de tudo, é que ele realmente começara com as cantadas idiotas, o que foi que ele viu pra me perseguir daquele jeito? Foi exatamente o que perguntei exasperada para as pessoas na minha mesa, que disseram com um suspiro que eu estava na lista dele, porque já tinha pegado praticamente todas as líderes de torcida e amigas de Amelia, e desistira completamente de Amelia depois de Thomas ameaçar arremessa-lo para a China se ousasse encostar nela. Eles estavam quase chegando no momento do namoro agora. Até Lucas já fizera ameaças para Julius por causa de Brenda, o que retirou mais uma opção dele, e sabe-se lá porquê, optou por mim entre Alicia e eu.

Eu preferia não ter tido essa sorte.

_ Chegamos. – Alicia disse se retirando automaticamente do carro.

Saí logo atrás com um pulo. A casa de Amelia era enorme e luxuosa, mas de certa forma uma mansão modesta. O que pra mim não fazia muita diferença, pois continuava sendo uma mansão.

Alicia achou uma espécie de campainha ao lado das portas enormes que lembravam aquelas de castelos antigos. Fiquei observando estupefata ao redor. Era realmente lindo. Aquele jardim daria belas fotos.

Amelia abriu a porta com cara de quem estava com pressa e muito ocupada. Parte do plano.

_ Ei – ela disse apressada e nos puxou para dentro – Andem logo, estou tendo um problema na cozinha. Meus pais viajaram a negócio, vocês duas provavelmente não vão encontrar ninguém na casa. Podem subir e pôr as coisas lá em cima.

Assentimos e começamos a subir. Senti um leve cutucão de Amelia antes que me permitisse subir.

_ Deixe-a ir na frente. – ela sussurrou.

A partir de então, deixei Alicia ir mais a frente enquanto fui andando atrás. Quando chegamos ao primeiro corredor sorri largamente.

Espalhados por todas as paredes do corredor, vários cartazes com coraçõezinhos e coisas do gênero que se encontravam pregados ali. No chão, havia setas que indicavam um caminho.

Alicia pouco a pouco pareceu entender, e caminhou pelas pétalas de rosas espalhadas pelo chão. Definitivamente aquilo deu muito trabalho e não foi exatamente o que eu sugeri, pra mim as rosas já tinham sido melosas demais.

Andávamos atentas ao cartazes, e as setas estavam desaparecendo, sendo deixadas para trás, o que significava que estávamos quase no local. As letras dos cartazes aumentaram drasticamente de tamanho, enquanto a quantidade de palavras diminuía.

“Nunca fui um bom amigo” – um dos cartazes dizia.

“Simplesmente porque não conseguia distinguir o que sentia” – completava o outro.

“Então tentei me controlar e dizer a mim mesmo que te amava como um amigo” – o próximo informava.

“O problema é que não controlamos o que sentimos”

“E apesar de tentar...”

“Descobri que não quero mais controlar o amor que sinto por você”

“Quero ser mais que um amigo”

“Quero ser apenas seu”

“Alicia...” – um dos cartazes anunciou com letras grandes.

Agora só restavam dois cartazes, e uma seta enorme que levava a porta de um quarto aberto.

“Você quer...”

“Namorar comigo?”

Encontramos a porta do quarto. Foi quando ela o viu com um enorme sorriso, sentado em uma cadeira no centro do quarto, e levou a mão a boca.

_ Erick... – ela começou, mas não disse mais nada.

Ele se levantou, e veio em nossa direção. Agora, com um sorriso nervoso. Foi se aproximando, e ela não recuou. Não foi preciso dizer mais nada. Eles se beijaram, e deixei-os sozinhos ali. Desci as escadas, e me lembrei da promessa estúpida. Uma parte de mim imaginava que não pudesse dar certo, e de repente, descendo as escadas, senti um enorme vazio.

Erick e Alicia juntos, Lucas e Brenda, Thomas e Amelia, e eu sozinha. Sempre a garota das fotos era a vela, mas até quando? Por que as coisas não poderiam dar certo pra mim no lado amoroso? É difícil ser uma garota de dezessete anos, e só ter beijado um garoto uma vez na vida. Se é que aquilo contava como beijo...

Me lembrei de Sean meio sem intenção. Senti um aperto maior no peito, ele foi embora tão rápido quanto chegou. Num dia éramos amigos, nos gostávamos, e no outro aparentemente já não éramos mais nada. Às vezes acho que nossos momentos nunca passaram de um sonho. Até porque sou o tipo de garota que vive sonhando acordada. Porque afinal, toda garota sonha com uma história de amor de verdade,não importa o quão grossa ela seja, ou o quão diga ser indiferente a sentimentos assim. Porque bem lá no fundo, todo mundo quer viver uma história de amor de verdade. Inclusive eu.

Para mim, ele continuava a ser o cara dos meus sonhos.

Mas para ele, eu provavelmente voltara a ser apenas a garota das fotos.

Que um belo dia, eu havia deixado de ser em um parque de diversão, que foi onde tudo verdadeiramente começou...