A garota das fotos escrita por Menina Estrela


Capítulo 42
Capítulo 42 - Eu cedo uma chance


Notas iniciais do capítulo

Capítulo beeem grandinho! kkkk Acho que me empolguei... Obrigada a sucodemim, HeyLucy e Bea Trix por terem favoritado *_________* Esse capítulo é meio pra voces entenderem a vida deles um pouquinho, no próximo tem Sean :3 bjuus



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Já era tarde, e eu não conseguia dormir. Minha casa não era muita coisa, mas tinha algo que a diferenciava das outras da rua. Uma espécie de terraço.

Era meio bagunçado e empoeirado, e quase nunca alguém subia ali. Nós costumávamos jogar entulhos apenas. Não havia nada particularmente atraente num lugar comum, com piso grosso, vigas, e poeira para todo o lado e que poderia muito bem te causar uma alergia. Mas era justamente isso que fazia dele meu refúgio quando eu era uma criança.

Minha vida nunca se resumiu em noites especiais como a de hoje, onde todos nos reuníamos, comíamos juntos e jogávamos conversa fora, antigamente as coisas eram bem complicadas.

Até porque não existe vida perfeita ou uma família cem por cento feliz e sem problemas. Nossa vida agora era apenas uma tentativa de tentar esquecer o passado.

Há cinco anos nós passamos por uma crise. Foi um pouco difícil considerando que eu tinha apenas doze anos e Ryan nove. Isso foi quando descobrimos que minha mãe traía meu pai. Foi um verdadeiro escândalo, eu me lembro bem. As coisas saíram dos eixos e meu pai só não tinha se divorciado ainda por causa de mim e do meu irmão, mas eu não sentia bem em prendê-lo. Eu estava atordoada demais com a situação. Meus pais brigavam todos os dias e meu pai estava sempre dormindo no sofá. Evitava qualquer contato com a minha mãe. Levou mais ou menos um ano para que as coisas se acalmassem e minha mãe se redimisse. E garanto que isso não foi coisa fácil, pois reconquistar a confiança do meu pai, foi segundo minha mãe a coisa mais difícil que ela fez em toda a sua vida.

Mas durante aquela época, todas as noites eu subia aqui, me sentava na beirada e ficava balançando as pernas no ar. Olhava para a lua e comtemplava as estrelas, tentando esquecer o que acontecia. Conheci Alicia mais ou menos naquele ano. Ela e Erick já eram amigos e há muito tempo me conheciam. Éramos da mesma sala, porém eu não conversava com eles. Não por ser tímida, apenas preferia ficar na minha. Até que depois de um trabalho em grupo, Alicia puxou conversa comigo e nós começamos a ficar próximas, e graças a ela, Erick se aproximou também.

Neste tempo eu já não via mais Thomas. Apesar de ser desde sempre uma das pessoas mais importantes da minha vida, ele cresceu e não queria mais ficar visitando os parentes. Queria ficar em casa curtindo a vida com os amigos, e na época aquilo me irritou um pouco. Um lado se sentia abandonada por ele, e a outra simplesmente compreendia o seu lado.

Caminhei pelo terraço silenciosamente, um pouco apreensiva, olhando para os lados às vezes, e enrugando a testa. Consegui chegar ao lugar que eu costumava ficar sem causar muito barulho. Derrubei apenas algumas caixas no caminho, mas felizmente ninguém ouviu.

Ao colocar as pernas para fora e sentir o vento bater no meu rosto me senti automaticamente em casa. Fechei os olhos e respirei fundo, e depois comecei uma sequencia de “respira-inspira” tentando apenas sentir a noite. Eu gostava daquilo.

_ Já são duas da madrugada.

Abri os olhos automaticamente, assustada demais para pensar racionalmente. Minha respiração vacilou e por um momento de desespero quase caí para baixo, mas duas mãos me seguraram alarmadas.

_ Thomas! – reclamei.

Eu estava o encarando com uma vontade enorme de mata-lo pelo susto que me deu.

_ Quer me matar do coração? – falei respirando pesadamente com uma mão no coração.

_ Só queria ver o que estava fazendo. – ele respondeu.

E com um pulo, se sentou ao meu lado. Agora se um de nós se desequilibrasse, iria cair a vários metros do chão sem ninguém para segurar e impedir a tragédia. Não me importei com isso. Desde que mais ninguém aparecesse e me desse outro susto, eu conseguiria permanecer viva e Thomas também.

_ Não estou fazendo nada. – respondi voltando a posição de antes, agora encarando a lua.

_ Você costuma vir aqui toda noite? Quando ouvia passos aqui em cima a noite, pensava que era um ladrão, não você. – ele disse tranquilamente.

Eu o encarei assustada e ele me devolveu um sorriso brincalhão.

_ Você tem que levar as coisas mais na esportiva. – ele se defendeu.

_ Tem muito tempo que não venho aqui. Só estou sem sono. – resmunguei me recostando nele.

Abaixei minha cabeça sobre seu ombro, e ele abaixou a dele sobre a minha.

_ Eu andei conversando com a Amelia. – ele começou sorrateiramente, esperando a minha reação.

_ Tem certeza que quer estragar essa noite linda? – perguntei sem mover um músculo.

_ Só me escute Claire, por favor. – ele pediu o mais delicado que conseguiu.

_ Pode falar. – falei por fim me rendendo.

_ Ela tem um gênio muito difícil. E é atrevida demais pro meu gosto, até entendo um pouco do seu ressentimento. Mas apesar de toda a ignorância, e de toda a pose, Amelia é uma boa pessoa. Não estou com ela Claire, não ainda. Só quero que saiba que você é muito importante pra mim, é como uma irmã. E eu não quero vê-la chateada comigo. Só estou tentando pedir que dê uma chance a Amelia, e deixe-a mostrar quem ela realmente é. Sabe, Sean ficou com ela por uma boa razão. Ela tem seus defeitos, mas também tem suas qualidades, só parece que você se recusa a ver. Tente ser mente aberta.

_ Eu sou mente aberta. – retruquei – Só não gosto dela, Amelia nunca me deu motivo para gostar.

Continuamos na mesma posição. Eu sobre o ombro dele, e a cabeça dele sobre a minha. Falávamos encarando a noite.

_ Mas também nunca deu motivos para odiá-la. – ele devolveu calmo.

_ Acredite, ela me irritou muito em um jogo de caça-bandeira, e graças a ela meu time perdeu. – falei bufando.

_ Ela me contou isso. – ele disse.

_ Contou? – pela primeira vez levantei minha cabeça para encará-lo em dúvida.

_ Há qualidades nela que você nem imagina. – ele falou com um suspiro – Gosto da sinceridade e da atitude que ela tem. Tudo acontece por um motivo Claire, e certamente Amelia teve os dela.

_ Não consigo imaginar nenhum plausível. – falei com uma pitada de ressentimento na voz.

Agora eu estava recostada numa viga, ficando de frente para ele, que continuava na mesma posição de antes. Seus olhos brilhavam conforme falava o nome dela.

_ Você está apaixonado. – disse eu.

_ Eu não sei. – foi o que ele disse – Eu não sei se quero estar. Quando vim pra cá nunca imaginei que pudesse querer me envolver de verdade com alguém, e então ela apareceu.

_ Você tem medo? – perguntei meio que sem querer.

Tapei minha boca quando fiz aquela pergunta. Era tão idiota e evasivo.

_ Não tenho certeza. Há algum tempo eu me envolvi com uma garota, e acabei me doando demais a ela. Era como se ela fizesse parte de mim e por um instante eu poderia jurar que seria capaz de dar minha vida pela dela. E então eu descobri que estava sendo feito de idiota. Eu sofri tanto Claire! Foi uma dor, foi uma dor sem igual. Por um momento temi chegar a depressão, e dizem que a depressão é o último estágio de dor ao que podemos chegar. Você consegue entender como foi difícil? Se entregar totalmente a uma pessoa e depois perceber que enquanto ela é tudo na sua vida, você não é nada na dela?

Ele me encarava de uma forma que chegava a doer. Seus olhos estavam tão suplicantes que a pouco uma lágrima pretendia rolar.

_ Não sou muito boa em reconfortar as pessoas. – falei desviando o olhar para a noite.

_ Não estou pedindo que me reconforte. – ele disse sério – Só estou tentando fazer você entender que Amelia é tão importante para mim, quanto Sean é pra você. Dê uma chance a ela. – ela falou implorante – Por mim. – ele acrescentou.

_ Odeio quando você faz isso. – respondi sem encará-lo.

E ele sabia que aquilo era o mesmo que um sim. Por isso sorriu, e voltou a encarar o vazio.

_ Vá fundo com o Sean tá legal? Não desista. Eu sei que vocês se gostam de verdade. Seria muito legal imaginar você e Sean juntos, eu e Amelia juntos, e Erick e Alicia também. Sabe, ele me parece uma pessoa legal igual ao Lucas. Aquele é um amigo de verdade. – ele comentou com um sorriso.

_ E é. – falei.

_ Estou tentando superar o meu passado. – ele disse se levantando e pulando de volta para um lugar onde pudesse encontrar o chão – Amelia pode me ajudar. Obrigada por entender.

Thomas estava sem camisa. Apenas de calça. Ele era pervertido a ponto de gostar de andar por aí assim.

_ Vi Lucas encarando uma garota hoje. Tente conversar com ele, acho que podemos ajuda-lo também. Estou adorando dar uma de ajudante de cupido. – ele piscou.

_ Vou falar. – comentei sorrindo.

_ Então boa noite. – ele se aproximou e deu um beijo na minha testa – Eu amo você prima. É minha irmãzinha do coração.

Eu ri.

_ Também amo você. Só não se esqueça de Lucas! – falei um pouco alto enquanto ele se dirigia a escada.

_ Meu irmão ou seu amigo? – ele brincou.

Pela primeira vez me dei conta disso. O irmãozinho de Thomas era xará do meu amigo. Ri baixinho.

_ Os dois. – falei mais alto que consegui para não acordar ninguém.

Ele riu, se virou, e desapareceu escada abaixo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Bjs e obrigada por estarem comentando :3