Sangue Sobre Tela escrita por Noralexia


Capítulo 7
Capitulo 7


Notas iniciais do capítulo

Olááá pessoas lindas!
Me desculpe pela demora, finalmente, o capítulo chegou...O penúltimo capítulo.
Ah, considerem cada linha pulada um espaço de tempo passado .



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Estava sentado nos degraus em frente à porta de uma ampla casa de madeira branca, em uma placa lia-se “Lar da Srta. Dominique para crianças órfãs”. Apoiou as mãos na cabeça e os cotovelos nos joelhos. Havia passado praticamente toda a vida ali, lembrava-se perfeitamente do fatídico dia em que Philip, seu pai, matou a tiros, Rose, sua mãe, e depois se suicidou. Pela falta de tios, avós ou outros parentes, Victor foi enviado para um abrigo. Órfão aos cinco anos. Havia saído do lar, dezesseis anos haviam se passado, mas ele se lembrava.



Foi levado ao “novo lar” por uma mulher de terninho preto, talvez ela fosse assistente social. Um lugar quase simpático. Paredes brancas, móveis pretos, áreas de lazer, parquinhos coloridos, mas sentia-se ridiculamente sozinho, as consultas com psicólogos, psiquiatras, terapeutas o davam mais e mais certeza de que nunca teria alguém ao seu lado novamente. Já havia passado dois anos de sua chegada ao orfanato, Victor estava rotineiramente sentado à sombra de um grande carvalho com flores vermelhas, encostou a cabeça no tronco de sua melhor amiga e lançou o olhar na direção do parquinho onde as outras crianças brincavam, já havia tentado diversas vezes se enturmar, sem sucesso. Subitamente, alguém surgiu de trás da arvore, os longos cachos loiros caiam até o meio das costas, a pele alva como porcelana, pequenas sardas sobre as bochechas, os olhos grandes, verdes, vivos:

–Oi! – agachou-se na frente do pequeno garoto– Qual seu nome?

–Quem é você? – afastou-se levemente.

–Meu nome é Angeline– sentou-se – Eu moro aqui desde... Desde que eu me lembro, eu conheço praticamente todo mundo... Menos você, qual seu nome?­ – sorria docemente.

– Victor, Victor Night.

–Seu nome é lindo! Sabe...– deitou-se ao lado do garoto parecendo completamente confortável em falar com alguém que não conhecia- Eu queria ter um sobrenome bonito também.

–Você não gosta do seu nome? –curioso, virou-se na direção da menina.

–Não muito, Angeline Harker. Não tem significado nenhum. O seu tem, combina com você, a noite é escura – tocou o alto da cabeça do novo colega– como os seus cabelos, e a Lua é branca – desceu levemente a mãozinha pelo rosto de Victor–como a sua pele e tem varias estrelinhas dentro dos seus olhos.

–Bem, você pode trocar se quiser– pela primeira vez em semanas, sorriu.

–Eu quero! Escolhe um sobrenome pra mim. – apoiou as mãos sobre o queixo fazendo pose.

–Que tal... Angeline... Sky? – sorriu mais abertamente.

–Amei! – levantou-se num pulo– mas pode me chamar de Angel.

Não é a idade perfeita para se encontrar o grande amor, mas parece que para ele, nada seria comum ou perfeito.

Os dias com Angel eram leves, tranquilos, infantis...



Estavam na sala de pintura do orfanato, Angeline dobrava uma folha de papel que aos poucos, tomava a forma de um pássaro e Victor terminava uma pequena tela, apesar da pouca idade já era ótimo pintor. Ainda com o origami nas mãos, foi espionar o que o menino pintava com tanta concentração: um anjo voando, as roupas e asas pretas, cabelos escuros e olhos azuis, talvez uns vinte anos, e ali perto, sentada em um dos galhos de um carvalho, uma anjinha de cabelos loiros, vestida em um longo vestido tão branco quanto suas asas:

–Que lindo! – a garotinha abraçou o pescoço do pequeno artista– Assina.

­–Ah? Como? – virou-se, segurando calmamente o pincel sujo de tinta preta.

Pegou o pincel e com ele desenhou na palma da mão do coleguinha uma meia lua crescente:

–Assim!



Cinco anos haviam se passado, estavam deitados sobre a mesma arvore que se conheceram, uma tarde preguiçosa de outono:

–Olha o que eu peguei na sala de artesanato. – Angel tirou de dentro do casaco rosa um pequeno estilete.

–Para que isso? Vai matar alguém? – jogou-se dramaticamente para trás, apoiando uma das mãos sobre a testa.

–Para isso... —rindo, levantou-se e esfregou a lamina na casca do velho carvalho– Que tal? – lia-se em letras garrafais “A&V”

–Quase perfeito... – pegou o estilete e passou-o em volta das letras formando um coração–Agora sim!



Batidas na janela do quarto de Angeline, ela o dividia com outras três garotas que já estavam dormindo. Levantou-se da cama, estava fingindo dormir a um bom tempo, provavelmente ninguém dormiria de calça jeans e casaco. Calçou rapidamente as botas pretas e abriu a janela:

–Oi– sorriu, recebendo ajuda de seu acompanhante para pular a abertura.

–Olá, senhorita Angel– sorriu enquanto fazia uma pequena reverencia- Que tal... Um passeio no parque de diversões?

–Ótimo! Vamos?

Com as mãos entrelaçadas, caminharam por uma viela deserta e duas ruas movimentadas, até um grande parque de diversões com luzes coloridas, barracas e brinquedos variados.

Jogaram todos os jogos, Victor ganhou um gigantesco coelho de pelúcia para Angel em uma das barracas de tiro ao alvo, foram em todos os brinquedos, ate os mais perigosos, mas:

–Falta a roda gigante! Vem!-puxou a mão do garoto e correu na direção do brinquedo que girava preguiçosamente.

Sentara-se nos pequenos banquinhos e em segundos estavam a metros do chão, a cidade se tornou uma vastidão de pontos brilhantes, o céu limpo e estrelado, o vento leve movimentava os cabelos de ambos:

–Que lindo! Eu poderia ficar aqui pra sempre! – a garota passa as mãos pelo ar como se pudesse segura-lo entre os dedos finos.

–Eu poderia ficar para sempre em qualquer lugar, desde que você estivesse comigo. – segurou-lhe de leve o queixo, virando o rosto da loira na direção do seu, os olhos verdes estavam fixos nos azuis, mas fecharam-se de leve esperando o que estava por vir. Um beijo leve e terno, os movimentos sutis e apaixonados, o primeiro beijo deles.



Faltava apenas um ano para que pudessem sair do orfanato, estavam em uma rua feita de paralelepípedos, localizada ao norte da cidade:

–Onde estamos indo? – perguntou Angel ofegante, enquanto se deixava ser praticamente arrastada por seu namorado, que corria como se sua vida dependesse disso.

–Segredo! Não vou te contar, agora corra mais rápido.

Pararam em frente a uma torre de astronomia, estreita, feita de pedras, a grande porta de duas folhas convidava-os a entrar:

–Venha! –puxou-a para dentro da construção e guiou-a a subir à longa escada caracol.

–Santo Deus, Victor! Nesse ritmo, até o fim do dia, você vai ter me matado –os pequenos saltos das botas de cano curto de Angel ecoavam, um barulho abafado sobre os degraus, chegarem à ampla sacada– Pronto! Chegamos, me de um minuto para descansar, eu estou sem folego – apoiou as mãos sobre o parapeito tentando recobrar o ar– O que viemos fazer aqui afinal? – virou-se lentamente. Encontrou a cena que nem em milhões de anos imaginaria. Victor estava ajoelhado, segurando uma caixinha de veludo preto, dentro, um anel prata incrivelmente brilhante com uma pedra oval ainda mais incrivelmente brilhante– Onde você arrumou isso? – as pequenas sardas sumiram por trás da vermelhidão que se instalava no rosto da jovem.

–Bem, meus pais me deixaram dinheiro o suficiente para viver o resto da vida, e eu nunca havia mexido nesse dinheiro então... Sou um órfão afortunado. –limpou de leve a garganta, seu olhar se tornou mais intenso– Sei que só temos dezessete anos e essa não é a idade ideal para pedir alguém em casamento, mas vamos poder viver sozinhos daqui a um ano e... Assim que sairmos... – seus pulmões se encheram como se com o ar pudesse inspirar um pouco de coragem– Você quer se casar comigo?

A sensação no momento era que todos os músculos de seu corpo haviam se calcificado, os olhos verdes perplexos, em sua cabeça a ultima frase de Victor ecoava, às vezes como um sussurro, às vezes como um grito. E então o mundo voltou a girar:

–Eu aceito! –jogou-se sobre ele envolvendo lhe o pescoço– Eu aceito! – iniciaram um beijo desesperado onde o tempo se tornou apenas um fator irrelevante.




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Notas finais do capítulo

Prontinho! Espero que tenham gostado!
Desculpem a demora.
Beijinhos sabor chocolate .



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