Jack passou a noite inteira lendo o livro e praticando logo que terminava de ler cada passo. Ao raiar do dia o jovem havia terminado com êxito sua primeira marionete. Era uma garota, a mesma possuía longos cabelos brancos, sua pele era pálida, seus olhos eram heterocromáticos sendo o direito verde e o esquerdo dourado, a pequena marionete vestia um traje Circense dando um ar triste a mesma, mas ainda assim belo. Jack ficou alguns minutos admirando sua obra de arte, um grande sorriso se formou no rosto deste, estava realmente feliz em ter conseguido completar seu trabalho de forma tão brilhante para a primeira vez.

Jack foi retirado de seu devaneio por um grito de sua mãe o chamando para o café. O jovem logo tratou de mudar de roupas colocando uma camisa branca e botões, uma calça jeans negra, meias brancas e um par de tênis negros. Hoje era o primeiro dia de aula do ano e Jack não poderia se atrasar apesar de ter o estranho pressentimento que algo de ruim aconteceria na escola, porem ignorou esse sentimento e arrumou sua mochila colocando sua mais nova criação por ultimo dentro da mesma. Após terminar de se arrumar Jack desceu para o primeiro andar da casa se dirigindo a cozinha onde sua mãe já havia posto o café-da-manhã.

– Bom dia Jack! Dormiu bem filho? – Perguntou sua mãe sorridente beijando a bochecha de seu filho, a mesma parecia ter esquecido totalmente o ocorrido do dia anterior.

– Dormi bem sim mãe, obrigado por perguntar. – Respondeu Jack com um sorriso de canto, apesar de não ter dormido nem por um minuto, Jack não estava cansado e sim empolgado por ter descoberto seu mais novo talento.

O jovem se sentou a mesa e comeu seu café-da-manhã com calma, torradas com um copo de leite foram o desjejum do rapaz. Ao terminar de comer o rapaz se despediu de sua mãe, pegou sua mochila, vestiu seu casaco negro já que o clima ainda era frio e foi em direção a escola. O caminho foi rápido e simples, apesar de ser novo na cidade, a escola para onde Jack fora transferido era bem próxima a sua casa.

Chegando a escola Jack foi até a diretoria pegando com a diretora um papel com o número da sua sala e explicando que o mesmo era um aluno transferido. Após alguns minutos o ruivo encontrou sua sala a adentrando para logo então entregar o papel a professora da sala de forma silenciosa.

– Classe cumprimentem seu novo colega, Jack Hawk. – Disse a professora de forma simples enquanto o jovem olhava para o chão em um sinal de timidez enquanto a classe dizia um “bem-vindo” de forma amigável. – Pode se sentar agora Jack. – Terminou a professora de forma simples aguardando o ruivo ir se sentar.

Ao levantar a cabeça para ir ao seu lugar Jack se deparou com Nate junto de sua gangue sentados mais ao fundo da classe, o grupo encarava o ruivo com uma expressão de ódio e fazendo gestos de ameaças a Jack. O ruivo ignorou a forma como o trio o encarava e foi em direção ao seu lugar se sentando no mesmo. A aula se seguiu de forma calma, Jack não pronunciou uma única palavra durante a mesma, assim que o sinal indicando o intervalo soou o ruivo apenas guardou suas coisas e foi para o pátio da escola se sentando logo abaixo de uma macieira que o local possuía.

O rapaz retirou sua marionete de dentro da mochila e começou a mexer na mesma como se estudasse cada detalhe que o mesmo havia feito nesta. Jack havia nomeado a boneca de Lucy, um artista deve nomear sua obra e Jack havia gostado desse nome. Enquanto o rapaz mexia em sua criação de forma distraída uma sombra se projetou em frente a este e antes mesmo que o ruivo pudesse erguer sua cabeça para identificar de quem era a sombra, Lucy foi arrancada de suas mãos e uma voz familiar invadiu seus ouvidos.

– Ora quem diria, o novato gosta de brincar de bonecas. Mas é mesmo uma bixinha. – Quem se pronunciava era Nate junto de sua gangue.

Nate segurava a boneca pela perna direita de forma desleixada e ao ver como sua nova criação era tratada aquele sentimento de fúria novamente invadiu seu corpo só que mais forte. O ruivo se levantou com a cabeça levemente abaixada não permitindo que seus olhos pudessem ser vistos.

– Me devolva isso Nate. – O tom de voz do ruivo era sério e frio, porem isso não abalou Nate que apenas sorriu sarcástico.

– Por que não tenta tirar ela de mim seu merdinha. – Enquanto dizia isso Nate balançava a boneca de um lado para o outro tentando provocar Jack.

– Você que pediu! – Respondeu Jack sorrindo abertamente, porem não um sorriso de alegria e sim um sorriso digno de um verdadeiro psicopata.

Ao dizer essas palavras o ruivo atacou Nate o derrubando no chão e imobilizando o mesmo para então começar a socar a face do garoto de cabelos castanhos. Os amigos de Nate, Lance e Hector logo foram ajudar o companheiro, Hector segurou Jack pelos braços enquanto Lance desferiu um forte soco na face do ruivo o fazendo sair de cima de Nate e seu nariz sangrar. Assim que Nate se ergueu o trio começou a chutar o corpo caído do jovem sem dó e nem piedade. Como não havia nenhum adulto por perto e nenhum das crianças ali presentes pareciam se atrever a desafiar o trio, Jack só pode apanhar enquanto aguardava que o trio se cansasse.

– Isso é para você aprender a nunca mais desafiar a gente seu merdinha. – Disse Nate ofegante de tanto bater no ruivo e logo jogando a marionete do mesmo em cima do corpo caído de Jack.

Jack mal podia se mover, seu corpo parecia estar em pedaços, seu rosto estava todo cheio de sujeira assim como as suas roupas, seu nariz ainda sangrava um pouco. O sinal tocou indicando a volta as aulas, com muito esforço Jack se ergueu, colocou o capuz de seu casaco cobrindo sua cabeça, pegou Lucy que estava caída no chão e a guardou para então pegar suas coisas e ir para sua sala. O ruivo evitou que a professora visse seu rosto para não reparar nos machucados e com o nariz sangrando bastou apenas limpa-lo e colocar um pedaço de papel em cada narina para estancar o sangramento.

Assim que as aulas terminaram Jack guardou suas coisas e correu para casa, ele queria apenas se jogar em sua cama e descansar um pouco. Assim que chegou em casa, o ruivo cumprimentou rapidamente sua mãe para que a mesma não visse seus machucados e foi para o seu quarto deitando em sua cama macia.

– Aquela sensação. – Jack parecia viajar em suas memórias recentes lembrando-se de como quase sufocou Nate e depois da forma como o derrubou na escola. – Era como se eu pudesse fazer qualquer coisa, o que será que está acontecendo comigo? – O ruivo se perguntava, mas antes mesmo que pudesse se preocupar demais com aquilo o jovem adormeceu tranquilamente.