Era tarde, deviam ser por volta de quatro horas da tarde. Jack estava sentado no banco de um ônibus esperando o mesmo chegar ao seu destino, o moreno estava comendo um sanduíche que havia sido preparado por Jane enquanto relia a carta que Jeff havia lhe mandado.

“Já faz dois anos desde que nos encontramos garoto, tenho acompanhado o seu “trabalho” e vejo que têm se saído muito bem, também percebi que você conseguiu derrotar os outros membros de minha “família”, porem ainda a algo inacabado entre nós, eu disse na noite em que não lhe matei para você me procurar quando estivesse chegado ao nível próximo ao meu. Finalmente esse dia chegou Jack, é hora de você me mostrar ser digno do titulo “The Killer”. Espero você no local onde tudo começou.

Assinado: Jeff The Killer.

Ao terminar de ler novamente a carta, o moreno percebeu ter chegado finalmente ao seu destino. Aquela era a rua onde o rapaz morava com sua mãe antes do incidente. Jack desceu do ônibus e começou a caminhar pela calçada observando cada casa, o rapaz se lembrava de cada vítima que havia feito naquele bairro. Sim, Jack havia matado toda a vizinhança, todas as pessoas daquela vizinhança haviam se transformado em suas marionetes, devido a série de homicídios que aconteceram naquele local, a rua mais parecia uma cidade fantasma, o local estava completamente abandonado, os jardins estavam com a grama alta e parcialmente seca devido a falta de cuidados, as casas estavam com janelas quebradas e pareciam bastante empoeiradas. Conforme caminhava Jack finalmente pode notar um casa diferente das outras, essa estava com marcas de queimado e com toda a certeza era a mais danificada de todas as casas do quarteirão.

Conforme se aproximava da casa, o rapaz relembrava cada momento que teve naquele local, o desgosto de estar naquele bairro, os desentendimentos com sua mãe, todos ignorarem ele na escola, os ferimentos tanto físicos quanto mentais que havia recebido de Nate, Hector e Lance e finalmente seu encontro com Jeff. O moreno parecia refletir sobre várias coisas enquanto se aproximava de sua casa, todas as vitimas, toda a dor e sofrimento que havia causado a inúmeras pessoas, a forma como massacrou sua vizinhança e se vingou do trio que tanto o atormentava, Jack não pode deixar de soltar um sorriso sádico, seguido de uma risada insana. Todos aqueles que ele havia transformado em “arte” mereceram aquela punição, o moreno não sentia uma única gota de arrependimento, o mundo havia lhe tirado a primeira pessoa que realmente lhe compreendia, que não o julgava e nem o achava estranho, até mesmo sua própria mãe não o entendia. Jack apenas deixou o jogo justo para todos, se a única pessoa que ele amou lhe foi tirada, então ele iria fazer todos passarem pela mesma dor que ele, o rapaz percebeu o quanto amava ver o desespero nos olhos de suas vitimas implorando por piedade.

O rapaz chegou na porta de sua casa a abrindo vagarosamente logo fazendo um rangido estridente. Nada de surpreendente no local, móveis empoeirados, cheiro de queimado e o local parcialmente carbonizado. O moreno ignorou o estado da casa e subiu para o segundo andar do local, o rapaz abriu a porta de seu quarto se deparando com o local da mesma forma como havia deixado, Jack começou a vasculhar o quarto parecendo procurar algo, seu quarto estava parcialmente carbonizado como o restante da casa, para falar a verdade Jack esta surpreso em como aquela casa ainda se mantinha em pé mesmo estando daquela forma. Enquanto vasculhava o quarto o moreno percebeu manchas de sangue já secas no piso do quarto, foi então que uma breve lembrança de seu primeiro encontro com Jeff passou pela sua mente o fazendo abrir um sorriso de canto. O moreno foi até o seu armário de onde retirou uma caixa de tamanho mediano, ao abrir a caixa o rapaz se deparou com algumas peças de marionetes e ferramentas para fazê-las jogadas de forma desorganizada dentro da caixa. Após alguns segundos vasculhando a caixa Jack encontrou o objeto de sua procura, sua tão amada marionete Lucy, a mesma estava um pouco empoeirada, mas nada que uma boa polida não resolvesse.

– Desculpe por ter esquecido de você na noite que parti. – Disse o rapaz enquanto limpava a pequena marionete.

Enquanto limpava a marionete o rapaz pode jurar ter ouvido ela dizer “Senti sua falta Jack”, mas logo balançou a cabeça afastando aqueles pensamentos absurdos. Após terminar de limpar Lucy, a pequena estava como nova, era como se a mesma estivesse acabado de ser fabricada. Agora faltava apenas esperar por Jeff, o rapaz olhou no relógio vendo que eram apenas seis horas da noite, vendo que ainda possuía tempo o moreno apenas ficou ali sentado esperando.

O rapaz estava sentado em sua cadeira que estava virada em direção a porta e assim Jack esperou, esperou e esperou. Após a décima segunda badalada do relógio Jack já estava ficando cansado de esperar, quando ouviu aquela voz que o mesmo não havia ouvido a anos.

– Você esqueceu de trancar as janelas. Isso é perigoso, algum maníaco poderia entrar pela janela. – Quando se virou para a janela Jack se deparou com aquele sorriso largo e sarcástico de Jeff.

Jeff estava exatamente como dois anos atrás, moletom branco, calças negras e sapatos brancos.

– Já fazem dois anos Jeff e você não mudou nada. – Respondeu o menor sorrindo de canto.

Jeff entrou calmamente no quarto e sentou-se na cama de forma folgada olhando para o menor que o encarava.

– E por que mudaria? Meu jeito de agir não incomoda ninguém, bom ninguém que esteja vivo. – Respondeu Jeff soltando uma gargalhada divertida.

– E então, por que me chamou aqui? – Questionou o menor encarando Jeff com uma expressão séria.

– Depois eu lhe contarei, agora está na hora do seu ultimo teste. Me enfrentar, se me vencer eu lhe contarei tudo, se você perder eu irei “te por para dormir”. – Após dizer isso Jeff alargou ainda mais seu sorriso logo saindo pela janela.

Jack acompanhou o maior e após um breve salto do segundo andar ambos se encontravam no chão se encarando, não precisavam se preocupar com nada, aquela cidade estava abandonada então não haveria policiais para atrapalhá-los, aquele local abandonado era o cenário perfeito para a luta deles.

– Aqui vou eu! – Disse Jack avançando contra o maior.

O menor estava empolgado e com seu sangue fervendo, à dois anos esperava por esse momento e agora ele não iria se conter. Jeff apenas desviava dos ataques da garra do menor enquanto mantinha as mãos nos bolsos de seu casaco, Jeff brincava com o cabo de sua faca apenas aguardando o momento certo para sacá-la, foi quanto ele viu, Jack havia levantado seu braço pra tentar um corte vertical, mas deixou sua guarda baixa obviamente. Jeff passou rapidamente por Jack e antes que o menor pudesse perceber, sentiu um liquido quente escorrer de sua bochecha.

– Devia ficar mais atento, eu poderia ter lhe cortado a garganta nesse seu momento de descuido. – Disse Jeff sorrindo sarcástico. – Mas eu não vou te matar, não ainda. Afinal se eu fizesse isso essa luta não seria nada divertida.

O menor sentiu seu corpo tremer por um instante, a diferença de habilidade entre Jeff e os outros “Killers que havia enfrentado era alta de mais, Jack precisava se manter mais atento de agora em diante, não seria derrotado tão facilmente.

Logo Jack avançou novamente contra o maior, o rapaz usava movimentos balançando levemente seu corpo para os lados tentando confundir Jeff e foi então que ele pode ver uma abertura atacando Jeff direto no pescoço, mas devido a alta agilidade do maior Jeff conseguiu sacar sua faca e defender o ataque que seria fatal.

– Nossa! Agora sim eu estou gostando, eu quero que você dê tudo de si, lute como se quisesse me matar. – Jeff agora possuía um brilho sádico em seus olhos negros.

Agora era uma disputa de força entre Jack e Jeff, o menor pressionava sua garra contra a faca do menor enquanto o mesmo se mantinha firme bloqueando. Após alguns minutos Jeff se cansou daquela brincadeira e se distanciou um pouco do menor logo aplicando um chute em seu estomago.

A luta logo se reiniciou dessa vez com Jeff atacando limitando ao menor a apenas bloquear os incessantes ataques do mesmo. Enquanto bloqueava com um pouco de dificuldade os ataques ferozes de Jeff o menor percebeu uma excelente oportunidade e sem pensar muito agarrou com sua mão nua a lamina da faca de Jeff fazendo o leve corte na mesma e com sua prótese atacou Jeff na altura das costelas, o ataque teria funcionado se Jeff não tivesse segurado o ombro do menor com sua mão livre travando seu movimento.

– Bela estratégia, mas eu conheço as fraquezas de sua prótese então não espere que eu vá cair facilmente em seus truques. – Disse Jeff sorrindo sarcástico.

– É uma pena que você não sabia das melhorias que eu fiz nela! – Respondeu Jack sorrindo vitorioso.

Logo uma lamina saiu da parte superior do ombro de Jack perfurando a mão do maior que soltou um gemido de dor e logo finalizando com um golpe brutal ns costelas usando suas garras.

– Nada mal, mas agora eu acho melhor acabarmos com isso. – Dito isso Jeff puxou sua mão de volta e chutou o menor nas costelas o afastando de si.

Antes que Jack pudesse perceber o maior já estava a centímetros de distancia de si, com sua grande agilidade Jeff cravou sua faca na junta que ligava a prótese de Jack ao seu corpo e usando toda a sua força o maior retirou a prótese fazendo a mesma se soltar e cair no chão. A dor era insuportável, sangue saiu do local onde uma vez estava a prótese de Jack e antes que o mesmo pudesse reagir Jeff pisou em seu peito o derrubando no chão e logo abaixando seu rosto até ficar próximo do mesmo enquanto deixava sua faca a centímetros de distancia do pescoço do menor.

– Parece que eu venci. – Disse Jeff sorrindo vitorioso.

– O que vai fazer agora? Me matar? – Questionou o menor derrotado.

– Não, eu vou te levar comigo é obvio. Um talento como o seu é algo raro e não deve ser desperdiçado. Eu falei aquela coisa de te matar apenas para você lutar com tudo. – Disse Jeff gargalhando de forma brincalhona. – Mas você ainda precisa praticar mais, você usa técnicas muito inconseqüentes que lhe causam ferimentos desnecessários. – Continuou Jeff se levantando e erguendo o menor pela mão que estava cortada.

– Ai! Isso dói. – Resmungou Jack puxando a mão de volta após estar em pé. – Então m diga...Para onde nós vamos? – Questionou o menor curioso.

– Lembra o que eu te disse quando nos conhecemos? “Quando você estiver em um nível como o meu eu irei lhe mostrar um mundo totalmente novo” – Lembrou Jeff olhando para o menor com um sorriso simpático. – Agora vamos. – Foi a ultima coisa que Jeff disse antes de andar.

Jack sorriu e logo começou a seguir o maior, ele havia perdido aquela luta, mas definitivamente foi uma luta inesquecível para o mesmo. Realmente não tinha como vencê-lo, Jeff era e sem duvidas sempre seria o melhor assassino de todos. E com esses pensamentos o menor seguiu o homem para onde quer que eles fossem.