Eu tinha tantos planos diabólicos na minha mente para Damon Salvatore que mal conseguia me concentrar em um só. Poderia começar fazendo cópias disso tudo e espalhar por toda a escola, poderia mostrar para o time de futebol ou postar tudo no jornal da escola... as possibilidades de castigo eram infinitas mas havia apenas uma forma de fazer ele ser ruim e longo o suficiente: chantagem.
De acordo com o Wikipédia, chantagem é um ato ou prática imoral ou criminosa que consiste em ameaçar revelar coisas ou informações sobre uma pessoa, um grupo, corporação, etc. A não ser que a pessoa ameaçada cumpra exigências, geralmente para proveito próprio, feitas pelo ameaçador. Eu prefiro chamar de ''Como Destruir Damon Salvatore''.
Mas para torturar Damon diariamente e o tempo todo eu precisava estar com ele o tempo todo o que era quase impossível já que Katherine não desgrudava, parecia chiclete no asfalto quente. Ele nunca ia querer ser visto comigo mas com Katherine... foi então que eu pensei em uma velha solução minha e de Katherine para resolver problemas.
Katherine e eu tinhamos uma brincadeira secreta quando éramos crianças, gostavamos de trocar de lugares para favorecer uma a outra. Em provas na escola estavamos sempre trocando em matérias que uma sabia mais que a outra, também achavamos divertido se passar pela outra e enganar nossos pais, até que um dia meu pai percebeu que estavamos no passando uma pela outra e nos proibiu de fazer isso, deixando nós duas de castigo por uma semana inteira. Desde esse dia nós nunca mais trocamos de lugar.
Katherine nunca aceitaria trocar de lugar comigo isso era um fato porém, ela era melhor no quesito mentiras e eu em convencer, eu poderia fazer isso sem ela saber. Ela acordava as 6 da manhã todo dia e fazia o seu rotineiro ritual de mais ou menos duas horas, então estava sempre atrasada para a aula. Como eu era mais pontual, poderia me passar por ela e chegar primeiro.
Caminhei até a frente do espelho do meu quarto e me olhei. Eu realmente era igual a Katherine, especialmente nosso rostos. Se eu fizesse um esforço podia ter exatamente o mesmo olhar superior dela.

― Não é problema meu. ― Falei para o meu reflexo, com o desprezo na voz e no modo de falar.

Nossas vozes eram tão parecidas quanto a aparência, a única coisa que mudava era a maneira de falar. Katherine era arrogante e com excesso de confiança, eu já era mais humorada e sem paciência.

― Você nunca vai ser popular como eu, Elena. ― Repeti a frase que já a ouvi dizer diversas vezes.

Sorri para o meu reflexo, orgulhosa da minha performance. Apesar de todo o tempo eu ainda podia muito bem me passar pela a minha irmã. Sai do meu quarto e escutei as conversas na cozinha, eles ainda estavam lá, então eu tinha tempo.
Abri a porta do quarto de Katherine bem devagar para não fazer barulho, me esgueirei pela abertura da porta e fui direto ao meu interesse, seu closet. Abri as duas portas do mesmo e o olhei com um sorriso no rosto. Katherine era a moda em pessoa, ela era muito exigente com suas roupas e sapatos, era capaz de costurar e até fazer roupas para ela mesma, enquanto tudo que eu podia fazer com uma agulha era furar os dedos. Tudo estava muito bem organizado por cor e tecido.
Peguei uma calça jeans preta, uma blusa com decote coração também preta, uma jaqueta jeans preta, um cinto largo preto e um sapato de salto, fechado e também preto. Eu não era lá a melhor estilista do mundo mas acho que vai combinar. Peguei uma bolsa também, ela provavelmente só ia notar isso de manhã quando fosse para a escola e agora só faltava uma coisa para eu finalmente me tornar Katherine... seu colar. Um velho e feio colar de prata que ela ganhou do meu pai, que ele disse ser uma reliquia de família e pra mim me deu um anel de lápis lazuli.
O único problema era que Katherine não tirava aquele colar nunca... exceto quando ia tomar banho. Quando ela acordava era a primeira coisa que fazia, então eu podia entrar aqui de manhã e pegar seu colar.
Fui para o meu quarto e escondi as coisas no meu closet, assim que desci eles já estavam me esperando para jantar. Como eu disse, Katherine sabe mentir e eu convencer, então o jantar foi tranquilo e eles não foram capazes de suspeitar nada.
Tive que acordar as quatro da manhã para tomar banho, lavar o cabelo, depois secar até eles formarem a confusão de cachos em minha cabeça, mas com um pouco de paciência consegui deixá-los aceitavéis no nível Katherine. Fiz a maquiagem e vesti a roupa, agora só faltava o colar. Aproveitei para tirar o meu anel e o guardei dentro de um porta jóias.
Peguei a bolsa de Katherine e a abri, despejei todo o seu conteúdo sobre a minha cama. Entre a confusão de base, pó, rímel, delineador, blush e variados batons havia sua carteira, chave de casa, um produtor moldador de cachos, chiclete de menta e uma caixa de camisinhas. Sim, uma caixa! Peguei a mesma e vi que era quinze unidades, abri e olhei quantas haviam ali, apenas três.

― Pervertida. ― Sussurrei para mim mesma.

Então abri a sua carteira. Haviam quarenta dólares em dinheiro vivo, sua identidade, carteira de motorista, uma foto dela e de Damon e dois cartões de créditos. Mais com o espirito de consumismo de Katherine meus pais jamais deixariam ela ter um cartão de credito. Puxei um deles e a surpresa foi grande quando vi que o cartão estava registrado no nome de Damon Salvatore, assim como o outro. Que Damon e sua família nadavam no dinheiro não era novidade mas que ele era tão generoso quanto aos desejos consumistas de Katherine era novidade. De qualquer forma, eles poderiam ser úteis para mim. Eu poderia comprar uma mansão em Bervely Hills com esse cartão ou um carro esporte que valesse mais do que toda a Mystic Falls juntar ou eu poderia simplesmente entregá-lo na mão de um mendingo.
Coloquei os cartões de volta na carteira e tudo na bolsa. Foi então que ouvi o som do chuveiro no quarto ao lado, Katherine havia acordado era agora que eu pegava o colar ou nunca.
Abri a porta bem devagar como na noite anterior, o chuveiro ligado e a porta do seu banheiro fechada me dava certa segurança. Vi o colar sobre seu criado mudo ao lado da cama, caminhei na ponta dos pés para pegá-lo, peguei e sali dali com sucesso na missão. É claro que eu fiz uma comemoração do lado de fora da casa.
Ir andando da minha casa até a escola é que não foi nada agradavel, eu não sei como ela consegue estar de salto o tempo todo. Pelo menos ainda faltava meia hora para ela chegar na escola quando eu cheguei. Primeiro de tudo, eu tinha que passar pelos bajuladores, se eu passar por eles eu posso muito bem ser Katherine. E o primeiro desafio já veio a mim de cara. Tyler Lockwood estava parado na porta de entrada com alguns rapazes do time de futebol.

Coloque a música antes de continuar lendo.

― Vamos lá, seja Katherine. ― Disse para mim mesma. Levantando o queixo e ajeitando a postura sobre os sapatos de salto.

Tudo estava no andar, se eu não soubesse andar como ela eu não poderia me passar por ela. Um pé na frente do outro, rebolando, um olhar esnobe no rosto e nariz empinado. Um passo de cada vez até a entrada, eu já podia sentir os olhos em mim. Pelo menos algumas pessoas eu enganei.
Assim que Tyler Lockwood me viu deu um sorriso de orelha a orelha, eu também poderia sorrir de volta por educação mas Katherine nunca fazia isso, ela só sorria quando ela queria.

― Katherine, você está quente hoje. ― Ele falou, me olhando dos pés a cabeça e mordendo os lábios.

― Como em todos os dias da minha vida, Ty. ― Respondi. Estou ficando boa nisso, já começando a pensar como ela. ― Damon já chegou?

― Sim, ele está lá dentro.

― Ótimo. ― Forcei um sorriso sem humor nenhum e comecei a caminhar de novo, acidentalmente torcendo um pé.

Meus olhos se arregalaram em pavor e olhei a minha volta, todo mundo estava olhando mas quando me viu desviaram os olhos. Respirei fundo e me recompus, passei a mão pelos cabelos e continuei andando, sem torcer o pé dessa vez.
Caminhei até o armário de Damon que foi onde o encontrei, pegando alguns livros.

― Oi amorzinho. ― Falei parando ao seu lado, com um sorriso no rosto. Katherine tinha a mania irritante de chamá-lo de amorzinho.

― Parece que alguém acordou de bom humor. ― Ele sorriu para mim e sem seguida deu uma piscadinha. Então se esticou para me beijar mais eu me esquivei. ― Ou não. ― Completou quando eu me desviei.

― Você esqueceu sua mochila lá em casa ontem. ― Falei, como quem não quer nada.

― Só tinha um livro de calculo lá mesmo, não tem problema. ― Ele falou voltando sua atenção para o seu armário.

― Tem certeza? Só um livro?

― Sim. ― Ele parou de fazer o que estava fazendo e se virou para mim. Me olhando de forma esquisita.

― Não tinha mais um caderno de poesias que você escreve e um exemplar de Diário de Uma Paixão, autográfado para Damon Salvatore? ― Sugeri, sorrindo.

― Katherine! ― Ele disse bravo. ― Porque mexeu nas minhas coisas? Onde está? ― Damon tentou puxar a minha bolsa mas eu a afastei.

― Está em um lugar seguro que você não vai achar. E acrescentando, não sou a Katherine. Sou Elena. ― Sorri, vitoriosa pela primeira vez.

Ele abriu a boca para falar alguma coisa mas eu o impedi, colocando meus dedos sobre os seus lábios.

― É melhor não falar nada ou eu vou contar para todo mundo. Aí vai ficar muito feio para você, o que acha que as pessoas vão dizer por ai? Coisas horríveis. Como Elena as pessoas não iriam acreditar em mim mas como Katherine, isso pode se tornar uma coisa grande.

― O que você fez com Katherine para ela trocar de lugar com você? ― Ele perguntou, tirando os meu dedos da sua boca. ― Ela nunca ia aceitar isso.

― Você está certo, ela nunca vai aceitar. Por isso que hoje de manhã eu assumi o lugar dela sem ela saber. Então quando ela chegar e tentar me acusar disso, eu provo o contrário usando o seu colar. ― Sorri e Damon pareceu se encolher.

― O que você quer para devolver e não contar para ninguém? Quer ser popular, quer sentar na nossa mesa? Quer um namorado?

― Eu quero muitas coisas mas, eu estou com uma chatagem de honra. Não quero nada para benefício próprio. ― Falei enrolando um cacho do meu cabelo no dedo. ― Você é presidente do Grêmio Estudantil e com a sua popularidade, tudo o que você faz todo mundo quer ver. Então hoje você vai marcar um discurso pelo Grêmio Estudantil em que você vai se desculpar publicamente para Stefan na frente da escola inteira.

― O que? ― Damon deu uma gargalhada histérica. ― Você só pode ter enlouquecido.

― Tudo bem, acho que seus bajuladores vão ficar felizes de saber quem você é. ― Eu fui sair andando mas Damon me segurou pelo braço.

― Tudo bem. ― Ele cuspiu como se fosse veneno. ― O que você quer que eu diga?

Eu estava sentada na primeira fila de cadeiras do auditório as que ficavam bem de frente para o microfone, com a câmera do celular preparada para filmar isso. Damon estava parado em cima do palco com uma cara nada contente olhando o auditório se encher cada vez mais e mais...
Escrevi um discurso no papel para ele dizer a toda a escola e falei que se ele não ler exatamente como está ali eu ia contar. Olhei para o relógio e ainda tinha dez minutos antes da minha irmã acabar o seu ritual de beleza. Damon olhou para mim de cima do palco e eu o encorajei, movendo os lábios com a palavra: Passa! Ele ferveu de raiva.
Olhei por todo o salão e vi Stefan sentado no fundo da sala, na última fileira em uma cadeira do corredor.

Coloque a música antes de continuar lendo.

― Eu preparei um discursão para essa ocasião galera, então... eu vou ler. ― Damon falou nada contente, se mordendo de raiva. Ele tirou a folha de caderno do bolso e então começou a ler. ― Queridos amigos e puxa-sacos, ― Ele me olhou de cima do palco sem acreditar que eu tinha mesmo escrito aquilo. Fiz um sinal com a cabeça para que ele continuasse. ― esse é meu pedido de desculpa pública por ser um idiota egoísta, prometo que daqui em diante serei um lider melhor porque uma luz tocou a minha vida. Gostaria de pedir desculpas a todos em que bati nesses anos, eu vou ser castigado por isso um dia e vou adorar pois sou um pecador. ― Enquanto os populares não acreditavam no que viam, os nerds estavam em festa. ― Um pedido de desculpas especial a Stefan Salvatore que tem sido o meu saco de pancadas particular desde a sétima série, obrigado por deixar eu descontar minha tensão sexual frustada em socos e chutes em você. Você é um cara muito legal e gostaria de ter você no time de futebol. ― Damon arregalava mais os olhos a cada palavra que lia. ― Me desculpe por ser um babaca. Não espanquem. Paz e amor!

O discurso acabou e não sei quem estava mais surpreso, a plateia ou Damon. Ele estava muito envergonhado, assim como Stefan do fundo da sala com todas aquelas pessoas o olhando. Foi então que eu levantei no meio do silêncio e comecei a aplaudir e gritar.

― Uhu! Foi demais! Você é incrível! ― Quando as pessoas viram que querem aplaudia era Katherine Pierce, todos entraram na onda e o ginásio se transformou em um estágio na final de campeonato com um gol.

Só faltava mais uma coisinha para deixá-lo humilhado de vez. Sai do meu lugar e comecei a caminhar entre a confusão, com todos os olhos em cima. Fui até onde Stefan estava e parei ao seu lado. Então me abaixei e segurei seu rosto com as duas mãos, lhe dando um beijo de surpresa na boca. Todos ficaram em silêncio novamente até que eu afastei meus lábios dos dele.

― Uhuuuuuuuu! ― Gritei novamente, antes de sair do auditório. E todos voltaram a gritar.

Humilhado, rebaixo e ainda por cima... corno na frente da escola inteira. Até agora meu plano estava indo muito, bem demais para ser tão perfeito.