Jack e Aleister tinham saído já da cabine principal (Yomi) e agora se dirigiam a parte leste da da ilha. Os dois andavam um pouco desajeitados pela campina, o centro da ilha era um pouco vazio já que a maioria dos elementais aprendizes se amontoavam em seus respectivos pontos cardeais: ondins no norte, salamandras ao leste, silfos ao oeste e gnomos ao sul;

–Então... como tudo isso se formou?- perguntou Jack tentando manter ou parecer com que a situação fosse a mais natural possível;

–Os elementais existem a milhares de anos. Mas esta Academia apenas há alguns séculos, ela foi fundada pelo alquimista Paracelso- falava Aleister acompanhando o garoto até adentrar finalmente na região leste;

–Foi ele que dividiu os alunos em regiões e seus respectivos elementos. Inclusive, esse ano, nós temos o Campeonato Pentacular: uma das maiores competições do nosso mundo. Aqui jovens do 1º ao 3º ano (no seu caso o 1º) participam para levar a taça para seu chalé e clã - as palavras de Aleister se tornaram desconhecidas para Jack. Para dizer a verdade, a grande maioria das coisas eram estranhas para ele naquele local: goblins, golens, elementais...tudo muito esquisito, e sobrenatural. Ele era apenas um garoto de 13 anos que há algumas horas era solitário, triste e sozinho... mas agora vivenciava algo místico e além dos seus maiores e tremendos sonhos;

–Quais são as equipes?- perguntou Jack;

–Depende do ponto de vista, atualmente elas são conhecidas como Leviatãs da Meia-Noite (água), Dragões de Marte (fogo), Golens de Aço (terra) e Ciclones argentos (ar). A equipe que mais venceu os campeonatos foram os Leviatãs, boatos são falados pelos alunos que eles são invencíveis- mesmo Jack notando que o elemental falava de forma impetuosa e orgulhosa, percebeu que também havia desdém;

–No entanto o senhor não acha isso não é?- perguntou o garoto;

–Não, os Leviatãs podem ter astúcia mas apenas isso. Ninguém é melhor do ninguém- os dois continuaram a caminha em silêncio e então Jack disse;

–Eu não sei se consigo pensar assim- Aleister suspirou e falou;

–Sei que parece difícil para você, Jack- dizia o homem de casaco marrom, apoiando a mão direita no ombro de Jack -Mas... tudo estará bem, comigo também foi assim- pela primeira vez o garoto sentiu um certo senso paterno do conselheiro para com ele. Jack aprendeu algumas coisas com o elemental do fogo, a qual se resumiam a: as quatro pessoas que ele tinha visto em Yomi eram os conselheiros: mestres eleitos pela Inquisição Mundial e o histórico das salamandras;

–Muitos elementais famosos estudaram aqui na academia e ficaram conhecidos por seus feitos como:Prometeu e Ogum, além de terem sido grandes representantes da nossa ordem e disciplina- No final do diálogo, Jack se encontrou em uma parte da campina que cheirava a queimada, lá uma espécie de chalé de madeira se estendia. Ele era vermelho quase marrom como canela, além de cinzento, seu teto parecia bem arejado e na fachada como símbolo havia um triângulo equilátero em torno de chamas entrelaçado a um dragão;

–Pode parecer um pouco óbvio mas... Por que o dragão? as freiras ensinavam para mim que o dragão é o símbolo de Satã- Aleister riu um pouco e depois olhou para o garoto com desdém;

–O Ocidente criou essa imagem do dragão, mas na verdade ele é o espírito ancestral de todos nós: salamandras. Inclusive a equipe de vocês fazem referência a isto- apesar do chalé estar com muitos outros garotos e garotas elementais do fogo, do lado de fora estavam muitos deles praticando as lições impostas pelo conselheiro ou coordenador. Era extremamente incrível, muitos tinham alvos a qual tinha que acertar bolas de fogo que geravam sobre a palma das mãos. Outros (como os dentro do chalé) meditavam como monges budistas em busca de harmonização. Quando Aleister e Jack chegaram, os garotos e garotas que estavam do lado de fora ficaram em forma como soldados militarem e ele disse;

–Muito bem, salamandras, conheçam seu novo parceiro de equipe: Jack!- A maioria continuou em silêncio como sinal de reverência -Espero que ensinem a ele o trabalho duro, deixarem entre vocês o monitor desse mês: Dante Marconi!- o garoto parecia ter descendência italiana, seu cabelo era castanho e encaracolado, seus olhos eram enegrecidos como ônix e sua voz elegante como a de um adolescente da corte real;

–Seja bem vindo ao chalé das Salamandras- implicou ele, segurando a mão de Jack com nojo e repugnância no olhar, assim como muitos outros via no garoto certos trejeitos que apontavam arrogância e nariz empinado: coisas que o neófito odiava de todas as suas forças! a vida inteira, as pessoas falavam de como ele era estranho ou o fato de todos se acharam superiores, não seria aquele moleque que iria fazer isto com ele;

–Podem voltar ao treinamento- depois ele dirigiu um olhar para Jack feliz e piscou o olho. O menino não se sentia mais sozinho apenas novamente um estranho.