Shy Violet escrita por Letys


Capítulo 7
Confissões


Notas iniciais do capítulo

É a quinta vez que estou tentando postar esse capítulo, como eu já estou estressadinha por isso, não vou enrolar muito aqui sajkdh
Só que vou avisar três coisas:
1- Vai ter humor negro no capítulo porque a Ally é cuzona e folgada
2- Vocês vão saber quem é a pessoa que ela encontrou no capítulo anterior
3- Vai ter musiquinha no capítulo porque amo capítulos musicais, heh
Apenas isso mesmo, boa leitura :3



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[Alyssa]

Você percebe que a sua professora é um grande chute nas bolas - expressão que seria um pouco melhor caso eu fosse um homem, claro - quando ela faz você copiar um texto enorme sobre Karl Marx como detenção pelo seu trabalho ter ficado ruim.

– Hale, venha já aqui! - Ela mandava com tom autoritário, fazendo com que todos os alunos se virassem para mim.

– Oba, aposto que é uma notícia boa! - Eu dizia ironicamente

A ideia era apresentar o trabalho, dividimos as partes que cada uma iria apresentar e escrevemos tudo em uma folha, como uma espécie de cola, porém, ela havia faltado e eu não ia conseguir apresentar sozinha, então entreguei a nossa cola para a professora. Pelo menos ela não ia poder falar que não fizemos nada, certo?

– Vocês tinham que apresentar, sabe disso, não sabe? - Ela me fuzilava com os olhos, eu não sei se os professores tinham o intuito de ameaçar os alunos, mas não funcionava comigo.

– Sei, mas a Violette faltou, e ficaria no mínimo bizarro se eu falasse de mim mesma na frente da sala, não acha? - Eu apoiava as minhas mãos na mesa da professora, ficando de frente pra ela

– Na verdade não - Ela arrumava os óculos, indiferente - Ou você apresenta o trabalho, ou terá que ficar mais tarde na escola copiando um texto.

Adivinhem qual dos dois eu escolhi... A verdade é que eu não consigo apresentar um trabalho sem fazer graça na frente da sala toda, já que a Violette estaria junto comigo, ela poderia me conter uma vez ou outra, mas já que ela faltou.

Tá, mentira, quer dizer, não exatamente. Isso era verdade, mas além disso, eu estava com um pouco de medo também, afinal de contas, eu ainda sou a "garota nova" por assim dizer.

Armin e Alexy tinham voltado pra casa no horário normal, Armin queria comprar um item em um dos bilhões de MMORPGs que ele joga, e Alexy ia pra algum lugar com o Kentin. Era estranho andar pelos corredores sem os dois, mas não dava pra obrigar eles a ficarem só por minha causa. Fui até a cantina comprar um chá de pêssego, eu tomava bem devagar enquanto olhava os botões de flor nas enormes árvores do pátio

– Ela nunca falta, o que será que aconteceu? - Eu pensava tomando um gole um tanto grande, fazendo a minha garganta queimar

Eu me desesperei e comecei a respirar bem fundo de boca aberta, esperando que o vento gelado me refrescasse um pouco, obviamente não deu muito certo e fui correndo em direção aos bebedouros, até que trombei com alguém que estava correndo tanto quanto eu

– D-Desculpa - Era Íris, ela se levantava rapidamente com o rosto um pouco corado, me ajudando a levantar - Está tudo bem?

– Não faz mal - Eu sorria colocando os meus óculos, que outrora estavam caídos no chão - Desculpa a pergunta, mas pra onde estava indo?

– Oh, acho que esqueci o meu dinheiro no meu armário e preciso comprar algumas coisas pra Vio

– Violette? O q-que ela tem?

– Ela está com um pouco de febre e eu vou comprar o sorvete favorito dela para comermos juntas, quer vir também? - Ela perguntava com um enorme sorriso no rosto, que me soou um pouco falso, mas tudo bem, deve ser coisa da minha cabeça mesmo.

– C-Claro! - Eu batia continência sentindo as minhas bochechas esquentarem um pouco.

Fomos até uma loja de conveniência no caminho para a casa dela. Enquanto Íris olhava algumas revistas sobre instrumentos musicais, eu fui até o caixa pagar o sorvete.

– Olha, tem balas de hortelã aqui... - Eu pensava alto enquanto pegava um pacote

– Você preferia Mentos, por que está pegando Freegells? - O atendente perguntava

– Mentos acaba muito rápido por ser mastigável - Eu respondi sem dar tanta atenção enquanto via o resto das balas, reparando só naquele momento que o atendente sabia dos meus gostos - Espera...

Quando olhei pra cima, Dajan ria mais do que nas vezes em que eu gritava "pênis" em um lugar público, ele estava me seguindo ou algo do gênero, incrível, como se não bastasse a vez em que eu tinha ficado no Winterz até mais tarde com a Violette.

– Olha, recebeu a carta de alforria? - Eu perguntava, fazendo com que ele se fingisse de sério por um momento

– Olha, vejo que já dá pra fritar um ovo no seu cabelinho oleoso - Ele riu novamente enquanto passava a mão na minha franja, bagunçando-a.

Eu ficava feliz em ter momentos assim com o Dajan, além de ele estar do meu lado pra tudo, ele tinha um ótimo sendo de humor e muita paciência com o meu jeito de criança. Eu realmente gostava dele, por mais que eu não achasse esses encontros tão bons pelo fato dele também gostar de mim, mas de outra forma.

– Sua namorada? - Ele passava o sorvete e as balas, logo depois de apontar pra Íris

– Não, melhor amiga dela.

– O-O que? Você está namorando mesmo? - Ele escondia o rosto com uma das mãos, incrível como não as pessoas não perdem certos costumes.

– Quem dera - Eu ria, até que ouvi Íris me chamando - Bom, estou indo, tente não quebrar nada no próximo jogo de basquete, tá legal?

– Eu vou ganhar outro abracinho como da outra vez?

Eu dei a volta no caixa e o abracei, senti ele me abraçar um pouco mais forte, o seu rosto estava um pouco abaixado e eu sentia a respiração dele no meu pescoço, fazendo com que eu me arrepiasse sem querer. Francamente, desconfortável, ainda mais com a Íris vendo. Dava pra ver que ela se sentia desconfortável, provavelmente achou que estava atrapalhando algo ou coisa assim.

– D-Dajan, pode me soltar? - Eu sussurrava, soltando o abraço lentamente

– Opa, acho que eu me empolguei um pouco! - Ele me soltava rapidamente e colocou as mãos atrás da cabeça, dando um enorme sorriso - É que as vezes dá saudade, hehe.

– Desculpa... - Eu saía da loja de conveniência morrendo de vergonha pelo ocorrido

Ele não é uma pessoa ruim, só não é muito bom em esconder esse tipo de sentimento. É um dos motivos pelo qual eu acho que não se deve manter uma amizade com algum ex, quer dizer, isso se algum deles ainda sentir algo. Ele era um dos meus melhores amigos, quando tive que magoar o seu coração, me senti a pior pessoa do mundo.

***

Íris estava na cozinha com a mãe da Violette fazendo suco, Violette estava na sua cama dormindo tranquilamente, parecia até que era uma boneca. Alguns fios do seu cabelo estavam caídos sob o seu rosto, quando fui arrumá-los, ela se mexeu um pouco, fazendo com que eu corresse para o outro lado do quarto de nervosismo.

– Ela não acordou, calma Alyssa, calma... - Eu pensava

Não demorou muito para que Íris chegasse com três copos de sucos e três potes com sorvete de chiclete. Ela os colocou em cima de uma mesinha perto da cama da Violette

– Ótimo, agora podemos acordar ela! - Eu dizia, pronta para cutucá-la ou acordar de um jeito que não a assustasse muito.

– Não, não a acorde, não ainda - O semblante alegre de Íris sumia, dando lugar a outro um pouco mais preocupado e sério

– Está tudo bem?

– Não.

Aposto que naquela hora, ela desejou que as pessoas pudessem morrer com apenas um olhar, ela sim conseguiu me intimidar apenas com os olhos. Ela tremia e não era possível ver as suas sardas, já que as suas bochechas estavam incrivelmente vermelhas, além das lágrimas que se formavam nos seus olhos verdes.

– A Violette está passando mais tempo com você do que comigo... - Ela falava com dificuldade, tendo em vista que estava quase chorando - Nos conhecemos desde pequenas, fazemos tudo juntas, vamos ao cabeleireiro juntas, fazemos as unhas juntas, viajamos juntas, fazemos compras juntas. Ela tem os pais separados assim como os meus, eu sou a pessoa que entende ela e que está ao lado dela pra tudo - Algumas lágrimas rolavam pelo seu rosto e eu não conseguia deixar de me perguntar se eu tinha feito algo - Alyssa, eu quero te perguntar algo.

– C-C-Claro - Minha voz estava mais trêmula que o de costume - Pode pergunt...

– Você está tentando roubar a minha melhor amiga?

Sem chance! Todas as vezes que eu tentava ficar próxima da Violette, sem perceber, eu estava deixando ela cada vez mais distante da Íris. O quão idiota eu conseguia ser? Não era certo querer só a minha felicidade e não reparar nas coisas que aconteciam à minha volta.

– De forma alguma!

– Então por qual motivo você está a afastando de mim? Você é legal Alyssa, só me faça entender, por favor - Ela secava as lágrimas nas mangas do seu suéter roxo.

Eu respirei fundo antes de perguntar o que vinha a seguir

– Você só pode saber se prometer não contar pra ninguém.

– Puxa, você está me assustando assim - Agora ela sorria, finalmente - Está bem, eu prometo - Ela esticava o dedo mindinho.

Eu estiquei o meu dedo mindinho e estremeci um pouco antes de fazer o juramento.

– Primeiro, eu queria dizer que nunca foi minha intenção afastar ela de você, de verdade - Cada batida do meu coração parecia uma martelada, eu realmente ia falar isso pra melhor amiga dela - Agora, o motivo pelo qual eu fiz isso sem perceber...

[Alexy]

Era fim de tarde, já havíamos andado na montanha-russa, no elevador, no kamikaze, e em vários outros brinquedos, eu estava comendo algodão doce e Kentin estava segurando uma pelúcia do Hulk. Armin iria ficar orgulhoso de soubesse que foram as aulas de Call of Duty dele - ainda que forçadas - que me fizeram pegar a tal pelúcia pro Kentin.

– Em qual você quer ir agora? - Eu perguntava com um pedaço de algodão doce derretendo na minha boca

– A roda gigante é legal, não é? - Ele apontava pra ela, como estava anoitecendo, as luzes que a decoravam estavam ligadas, eu ficava admirando as luzes conforme elas piscavam. Eu estava tão distraído que esqueci de responder - Ei! - Kentin dava um peteleco na minha cabeça

– Ah, c-claro, você quer ir?

– Eu quero! - Kentin sorria como uma criança que comia a sua sobremesa favorita

Havia um palco em certa parte do parque em que ia ter alguns shows de bandas amadoras. Hoje como não era dia de show, apenas ligaram os telões do palco e passavam videoclipes, eu tentava me concentrar nas musicas ao invés da roda gigante. É que quando eu era criança, eu vim nesse mesmo parque, e quando estávamos na roda gigante, Armin e Ally ficaram girando a cabine até eu vomitar. Não sei se foi por querer, mas eu tinha um certo trauma de rodas gigantes por isso.

– É a nossa vez, vamos! - Kentin me puxava para uma das cabines

Senti meu estômago embrulhar logo que sentei na cabine, Kentin parecia bem animado com a ideia, eu não queria acabar com essa felicidade dele, até porque, ele fica tão mais bonito sorrindo assim.

– Os videoclipes Alex, se concentre nos videoclipes! - Eu pensava

Tocou de tudo naqueles telões, desde I Gotta Feeling até Get Lucky, e parece que as musicas embrulhavam cada vez mais o meu estômago. Abracei Kentin e fiquei com a cabeça no seu peito. Eu fechava os olhos e respirava fundo, não sabendo se o momento era bom por estar sentindo o cheiro do perfume dele, ou por estar enjoado.

– Você não queria vir nesse brinquedo, não é? - Ele perguntava, eu apenas fiz que sim com a cabeça - Como você é idiota, deveria ter me falado. O pior é que ainda estamos na volta em que ficamos parados para as pessoas subirem nos vagões, vai demorar um pouco pra gente sair.

– Oh, gênio, obrigada pelas reconfortantes palavras, me sinto muito melhor! - Eu pensava.

– Tente prestar atenção em outras coisas, como... A música, olha, essa é velha pra caramba, você se lembra? Eu adorava ela

Realmente, a musica calma era menos pior do que as agitadas de antes, mas ainda assim eu estava com o estômago embrulhado. Eu não havia tirado a cabeça do peito dele ainda

– Estamos no topo! - Kentin dizia alegremente, eu nem ia olhar, vai que eu ficasse pior ou algo assim.

Por estamos no topo, o vento era um pouco mais forte, eu me encolhi um pouco por causa do frio enquanto ele mexia no meu cabelo.

– Alexy, vamos lá, não é tão ruim assim!

– É lógico que é!

– Sabe o que eu aprendi em todas as vezes que prestei atenção só no problema?

– O que?

– Aprendi que atrás do problema, as vezes tem um cenário maravilhoso e uma vista ótima, você tem que olhar adiante e descobrir.

Ele me tirou do peito dele e moveu a minha cabeça pro lado de fora da cabine. Abri os olhos um pouco relutante no começo, e quando abri totalmente, vi que ele estava certo, que vista! As pessoas pareciam formiguinhas, e o parque iluminado com luzes coloridas era incrível! Olhei do outro lado e pude ver a praia e o Sol se pondo, o céu se mesclava em tons de roxo e rosa e as nuvens pareciam um véu bem fino que cobria parte do céu.

– Ainda é ruim? - Ele sorria, segurando a minha mão

– Nem um pouco!

– É o que acontece quando você para de se concentrar apenas no problema - Ele riu - Agora se concentre em mim, apenas em mim.

O céu maravilhoso que estava atrás dele, o vento que bagunçava os seus cabelos, o perfume dele que exalava pelo ar... Meu estômago ainda estava estranho, mas agora, era um estranho bom, como se fossem borboletas.

– E se eu te beijasse agora, seria ruim?

– De forma alguma!

Ele me deu um selinho um pouco demorado, e voltou a se pronunciar

– E se eu dissesse que... q-que amo você, seria ruim?

– Mas... oi? Isso é sério? - Eu ria como um retardado, ou um louco, se bem que acho que não tinha problema algum, já que estar apaixonado é mais ou menos as duas coisas.

– Não me faça repetir, eu sou orgulhoso, e pessoas orgulhosas não costumam dizer esse tipo de coisa, mas aqui estou eu falando novamente - Ele escondeu um pouco o rosto antes de continuar - Eu amo você.

Eu estava entre rir e chorar, eu não sabia o que eu tinha que dizer, e nem como dizer. Eu fiquei um ano perseguindo ele, no começo era apenas atração física, porque obviamente, é a aparência a primeira coisa que você repara em alguém que conheceu pessoalmente, mas depois fui me apaixonando por cada detalhe único que ele tinha, pelas coisas bonitas, e até mesmo pelas imperfeições.

Eu não achei que algum dia eu iria conseguir me aproximar dele, mas eu consegui, e agora, estou ouvindo um "eu te amo" dele, um eu te amo da pessoa cujo sempre fui louco.

– A-Alexy? Pare de chorar! Vamos, eu não disse da forma que você queria ouvir?

Idiota, tudo que vem de você é estupidamente fofo.

– Diga algo, vamos! E pare de chorar, pelo amor de deus!

Não.

De forma alguma.

Não era um choro qualquer, era felicidade. Felicidade que não coube no meu coração e vazou pelos olhos.

Eu não vou hesitar, não mais, não mais

Isso não pode esperar, tenho certeza de que

Não há necessidade de complicar, nosso tempo é curto

Esse é nosso destino

Eu sou seu


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Notas finais do capítulo

Sobre esse capítulo: amorzinho
"Dajan Letys? Sério?" Sério! Além de eu gostar dele e achar ele um personagem muito, mas, muito bonito (por mais que não seja o meu favorito, não fique com ciumes Lys) ele nunca aparece em fanfics, então achei que seria legal ^-^ Inclusive vou escrever um capítulo bônus com um ponto de vista dele do relacionamento dele com a Ally
Se vocês acharam que eu dei uma acelerada no relacionamento do Kentin e do Alexy, saibam que foi proposital, ok?
Espero que tenham gostado e obrigada por estarem acompanhando