A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 26
IV. Um chamado da Lua


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas lindas :D Pensem em uma pessoa inspirada, essa sou eu o/ Tenho o roteiro dessa temporada praticamente inteiro na minha cabeça. Porém inspiração não faz os dedos e as mãos pararem de doer D: Espero que gostem do capítulo!



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Um chamado da Lua

Repousou suavemente sua mão sobre a testa da princesa e rezou em silêncio para que suas memórias viessem com mais suavidade. Desejava profundamente que Anna tivesse um pouco de paz.

Escutou passos se aproximando, mas continuou com sua reza. Quando rei Argos chegou à sala junto a Mathias tentou aproximar-se para tirar aquele peculiar homem de perto de sua filha, entretanto foi impedido por Mathias que segurou o braço do primo.

– Mas o que...

Thalles passou seu braço por baixo das pernas de Anna e a colocou deitada ao sofá, só então se virou e reverenciou seu rei.

– Como vai meu rei?

– O que fez com minha filha? – inquiriu nervoso, sabia quem era a pequena criatura em sua frente, sabia o poder que o elementar possuía, porém sua preocupação era grande demais para confiar cegamente.

– Apenas desejei que os pensamentos de sua filha se acalmassem. Ela dormirá como há muito tempo não dorme. – explicou com gentileza. – Agora gostaria de uma reunião a sós com o senhor.

– Mathias, leve minha filha para o quarto e procure Daniel. Pergunte a ele o que é mais importante do que proteger sua princesa.

– Sim, meu rei.

– Senhor Thalles, por favor, me siga.

Argos subiu as escadas com o senhor do destino em seu encalce. Foram até o escritório, um ambiente amplo e bem ocupado pelos móveis. As paredes pintadas de bordô combinavam com as estantes de madeira escura preenchidas de diários das famílias que viveram no castelo.

Era tradição, principalmente entre as famílias reais, escrever diários sobre todos os acontecimentos à volta. A história escrita por diversos pontos de vista eram de grande utilidade para reis bem dispostos e humildes como Argos. Investigar o passado era mais do que um passatempo, era uma interminável lição de casa para que seu reino pudesse prosperar.

O escritório era dividido em dois ambientes, o primeiro era onde estava uma grande escrivaninha repleta de papéis importantes e um potinho de tinta com uma imponente pena branca dentro. Era ali que Argos estava quando foi chamado por Mathias. Estava lendo os requerimentos de seu povo e determinando as prioridades. Apesar da tensão que rondava a cidade ele não podia simplesmente ignorar aqueles que queriam viver em paz.

O segundo ambiente era uma pequena saleta onde à volta de uma mesinha de centro estavam diversos sofás. Duas grandes janelas, que davam para os fundos do castelo, deixavam que a claridade adentrasse sem que atrapalhasse os que estivessem acomodados. Era ali que ocorriam reuniões com os chefes de departamentos ou apenas longas conversas, acompanhadas de um bom chá, entre rei e rainha.

Argos sentou-se em uma poltrona e indicou que Thalles sentasse a sua frente. O senhor do destino acomodou-se.

– Então, o que trás o senhor aqui? – perguntou o rei.

O elementar puro apenas ergueu sua mão direita pedindo alguns segundos. Foi o tempo de Asuka, a governanta do castelo, bater suavemente a porta para inquirir rei e convidado sobre a vontade de um chá com biscoitos. Argos iria recusar e dispensar a mulher de baixa estatura e olhos pequenos e astutos, porém Thalles aceitou a cortesia mandando um sorriso gentil a ela.

Asuka retirou-se alegre, enquanto os dois homens se acomodavam melhor para a longa conversa.

– Venho a pedido de Isaac. Ele pediu que sua companheira me chamasse. Mas confesso que já me preparava para vir mesmo que não tivessem me chamado.

Argos não pode evitar torcer seus lábios com a menção do ex-segurança de sua filha.

– Seja mais compreensivo com Isaac. Ele foi um dos poucos a ver além daquilo que seus olhos captam. Ele apenas preocupa-se com a segurança e saúde de sua filha.

– O que quer dizer com ele ver além?

– Quando sua filha nasceu, porque o escolheu como segurança?

– Era o mais experiente voluntário entre os membros da guarda real.

– E porque acha que um homem experiente como Isaac se sujeitou a fazer a proteção de uma criança?

O rei parou para pensar sobre aquela indagação. Lembrou-se de Mathias dizendo-lhes aqueles que se voluntariaram para a proteção de Anna enquanto a pequenina que acabara de completar dois anos corria com seu jeitinho engraçado pelos corredores do castelo. Todos não tinham mais de dois séculos, exceto Isaac, todos aspiravam subir na carreira após a princesa tornar-se madura suficiente para proteger-se sozinha, exceto Isaac, todos, no fundo, não gostavam muito daquela tarefa, exceto Isaac. Na verdade, Isaac havia sido o escolhido devido ao seu amor por crianças. Para ele aquele trabalho não seria um martírio disfarçado de grande honra.

– Isaac notou em sua filha algo que nenhum outro ancião quis acreditar ser verdade. Mas durante o baile da maior idade da princesa eles passaram a acreditar.

– Do que está falando?! Minha filha é apenas uma menina...

– Mais poderosa do que se pode compreender, com olhos mudando de cor e pesadelos com matanças perversas. – Argos não podia negar aquilo.

Thalles suspirou pensativo. Ainda não tinha certeza se o que estava fazendo era o certo. A batida na porta não atrapalhou seus pensamentos. Asuka entrou, deixou a bandeja sobre a mesa de centro e partiu, tudo discretamente.

O elementar puro tratou de pegar a xícara de chá e leva-la aos lábios, seus olhos em nenhum momento desgrudaram do rei que apoiava o rosto em suas mãos.

Argos sentia-se perdido. Via o controle sair de suas mãos e nada podia fazer para reverter o processo.

– O que está acontecendo com a minha filha? – ergueu o rosto e olhou com desespero o Senhor do Destino.

– Ela está se lembrando. Se lembrando de uma vida em que ela sofreu e fez sofrer.

– O que está dizendo?

– Estou dizendo que sua filha é a reencarnação do Caos e que ela está recuperando a memória desta vida passada.

– Minha filha não é um monstro! Ela é uma menina doce e altruísta!

– Em nenhum momento disse o contrário. Caos também era doce e altruísta, porém diferentemente de sua filha ela não cresceu em um ambiente que expirava o amor, os tempos não eram pacíficos e ela perdeu a família quando ainda jovem. Bebeu sangue semelhante para proteger sua irmã mais nova e não por ganância ou qualquer outro mau sentimento. Ela foi tanto vítima do Caos quanto foi o próprio Caos.

Argos não sabia o que pensar. Sua cabeça dava voltas e voltas. Apesar de conhecer toda a história da origem do povo lunar não podia evitar criticar as atitudes de Caos. Para ele ela era uma pessoa fraca de caráter e que tinha sim muita culpa por terem que sair do planeta. Todavia ao colocar um rosto na vilã do passado seu estômago embrulhava. Era muito mais fácil julgar e condenar alguém desconhecido. Não podia imaginar a cabeça de sua filha espetada em uma lança como várias vezes imaginou a cabeça da desconhecida Caos.

– Não esqueça meu rei que ela foi a responsável por estarmos aqui hoje. Se não fosse por ela a única espécie a habitar o planeta seria a humana. A Lua seria apenas o satélite do planeta e não o nosso lar.

– Você está tentando me dizer que minha Anita vai completar sua profecia de levar o povo lunar de volta ao planeta?

Thalles franziu o cenho e colocou a xícara sobre a mesa. Olhou profundamente para Argos que sentiu toda a sua espinha gelar.

– Não é com isso que deve se preocupar. Lembre-se que sua filha, a menina que viu crescer exalando doçura, que nunca fez mal a ninguém, a menina altruísta, está sendo vítima de suas próprias memórias. Como acha que ela está se sentindo?

– Os pesadelos... Ela não tem dormido direito. Vejo as bolsas escuras formando-se embaixo de seus olhos. – murmurou assustado.

Naquele momento não interessou mais a Argos quem sua filha havia sido nos tempos primórdios, naquele momento seu coração encheu-se de vontade de protegê-la e iria fazê-lo nem que tivesse que protegê-la dela mesma.

– Anna pode perder-se em sua mente e voltar a ser Caos?

– Com o Caos cheio de raiva e veneno é fácil de lidar, mas com o Caos cheio de culpa e resignação a tarefa não é tão simples.

– O que devo fazer?

– Mantenha a mente de sua filha ocupada, nunca a deixe sozinha e principalmente não a afaste de seus amigos. – Argos assentiu entendendo o recado. – Sua filha é uma exímia guerreira deixe-a fazer sua parte.

– O que ela fez em sua festa... Foi tão frio... Ela parecia outra pessoa.

– De certo modo foi o que aconteceu. Ela deixou que Caos lhe desse a experiência que nesta vida ainda não teve.

– E isso não é perigoso?

– Você ainda preocupa-se com que ela perca o controle... – suspirou Thalles contrariado. – Não adianta que eu insista. Apenas pense em nossa conversa.

O Senhor do Destino levantou-se e partiu sem a companhia do rei. Encontrou Mathias no caminho da entrada do castelo.

– Ah! Que invejável é a paciência do tempo. É o único que compreende a tempestade do acomodado e a sutileza do hálito do sofrido. – suspirou e seguiu com seu caminhar quase dançante pelas calçadas da cidade.

Mathias perguntou-se se Thalles havia tido uma conversa normal com seu rei ou enchido a cabeça de Argos com profecias e frases sem sentido. Mal sabia ele que o Senhor do Destino nunca antes havia tido uma conversa tão aberta e desnuda de mistérios. Talvez porque nem mesmo ele sabia o que aconteceria no futuro.

***

Acordou sentindo-se perturbado, algo estava errado. Levantou-se rapidamente colocando suas roupas e ajeitando sua pequena bagagem. Caminhou em direção a cozinha onde ouvia seus amigos trocando palavras carinhosas, não queria atrapalhar, mas estava de partida.

Constrangido limpou a garganta ao avistar Aurora sentada sobre a mesa e Max em meio às pernas dela beijando-lhe o pescoço. Maximiliano sorriu sem afastar-se de sua companheira, divertia-se com desconhecida inocência em seu amigo. Ainda era-lhe estranho como seu apresso por Louis continuava o mesmo assim como a sua confiança parecia intacta, e ao mesmo tempo ao olhá-lo Louis parecia outra pessoa.

A diversão acabou quando notou o amigo segurando sua surrada mochila.

– Já sabe para onde deve ir? Sabe onde está sua Anna?

Aurora empurrou o companheiro para conseguir descer da mesa e olhar o amigo.

– Sei para onde devo ir, mas nada tem a ver com Anita. Há um forte desequilíbrio vindo do noroeste.

– Precisa de ajuda? – perguntou Aurora preocupada.

– Não. Mas seria bom alguma companhia. – sorriu-lhe com doçura fazendo com que Maximiliano grunhisse enciumado.

Louis riu.

– Você também pode ir junto Max, apesar de não ser um elementar.

– Eu sabia que haveria um dia que jogaria isso em minha cara.

Aurora gargalhou caminhando em direção ao seu quarto para ajeitar as coisas para a viagem enquanto os dois homens trocavam ofensas carinhosas na cozinha.

Decidiram por um reforçado café da manhã antes de partirem para noroeste. A solidão que o descendente dos justos sentira durante a viagem de navio se esvaia pela reconfortante presença dos velhos amigos. Todavia antes que pudessem partir uma batida na porta se fez presente.

Maximiliano foi quem abriu a porta se deparando com o rosto conhecido. Não eram amigos, mas o conhecia da guarda real da Lua. Era um velocista, era conhecido por percorrer uma distância mais rápido que qualquer outro lunar.

– Aarón! Como vai?

– Trago notícias de seu tio, senhor Maximiliano.

O homem trocou o peso de suas pernas preocupado, se seu tio mandou Aarón trazer alguma mensagem algo estava acontecendo.

– Algo está errado?

– O senhor Isaac pede que vá imediatamente para a Lua.

– Há algum problema?

– Esta foi a única mensagem. – Max franziu o cenho ao ver a hesitação do jovem a sua frente. – Eu... Acho que é algo com a princesa. Ocorreu um ataque no castelo no baile de maior idade da princesa.

– E o que meu tio tem a ver com a família real? Quando viemos ao planeta ele estava pensando em sair da guarda.

Maximiliano lembrava-se muito bem do bom humor de sua tia Calixa ao dizer sem qualquer acanhamento que dedicariam os próximos anos na tentativa de um filho ou filha. O casal tinha grande vontade de colocar um descendente no mundo, entretanto esta criança estava demorando muito para vir.

– O senhor Isaac ofereceu-se para fazer a proteção da princesa.

– Ofereceu-se?! – espantou-se o guerreiro para então sua preocupação aumentar ainda mais. – Tudo bem Aarón, seguirei viagem hoje mesmo.

O mensageiro assentiu e então disparou de volta para a Lua.

– É melhor que siga para a Lua Max. – opinou Louis preocupado.

– Não queria deixá-lo ir sozinho. Tenho a sensação que se enfiará em problemas muito maiores do que aqueles em que entrava no passado.

– E eu tenho a sensação que o problema na Lua é muito maior do que o problema no noroeste. – ergueu uma de suas sobrancelhas. – Irei resolver esta questão no planeta e então irei para a Lua ajudá-los no que for preciso.

Aurora aproximou-se de Louis com preocupação.

– E sua companheira?

O justiceiro torceu os lábios pensativo e surpreendeu-se por não se sentir agitado pelo rumo que sua vida estava tomando. Por fim deu de ombros e sorriu para a sua amiga.

– Quem sabe ela esteja na Lua? – um calor preencheu seu coração e de repente o ar lhe faltou nos pulmões. Abriu um grande sorriso. – Ela está na Lua!

A euforia quase o fez disparar pelo mesmo caminho que o mensageiro.

– Primeiro a obrigação garoto. – lembrou Aurora.

Maximiliano discordava dela, achava que Louis deveria se esquecer dos lunares sugadores de sangue e seguir atrás de sua companheira. Ele já não havia se sacrificado pelo povo o suficiente? Porque tinha que seguir as obrigações elementares? Aquilo estava longe de ser o justo. Entretanto manteve seus pensamentos para si, conversaria mais tarde com Aurora sobre aquilo.

***

Louis puxou o colarinho de sua camisa incomodado com o calor exorbitante do deserto. Deveria ter levado um cantil extra de água. Respirou fundo e espremeu os olhos devido a claridade que parecia ainda maior ao chocar-se com a areia. Acelerou a corrida ao avistar ao longe grandes estruturas em formas triangulares. Quando estava próximo o suficiente diminuiu sua velocidade para se misturar aos humanos. Entretanto não obteve sucesso já que as vestes que as pessoas daquele lugar usavam eram diferentes. Antes que chamasse ainda mais a atenção para si tratou de se igualar aos outros.

Usando sua velocidade adentrou uma moradia e roubou uma muda de roupa. Trocou-se antes que qualquer outro humano pudesse vê-lo e finalmente pode se misturar na sociedade.

Caminhou discretamente pelas ruelas repletas de humanos andando de um lado para o outro. Mal podia concentrar-se com toda aquela confusão de palavras no ar. Mas algo lhe chamou a atenção. Eram gritos de dor e sons de chibatadas. Os gritos vinham de um local próximo o suficiente para até mesmo os humanos escutarem, entretanto nenhum deles a sua volta parecia se importar.

Incomodado virou na rua a sua direita e então para a esquerda e o que viu o irritou. Já havia se deparado, em outras sociedades, com humanos escravizando humanos. Nunca era fácil e nunca se acostumaria com aquilo. Então sem conseguir se conter enfiou-se entre o agressor e o agredido segurando a chibata com sua mão direita.

O homem de idade avançada jogado ao chão chorava e para a surpresa de Louis implorou.

– Deixe-o que continue, não interfira. Meu castigo será pior. – o homem de pele morena avermelhada estava magro o suficiente para que sua pele emoldurasse os ossos de seu corpo.

– Como ousa interferir?! Qualquer afronta contra as leis do faraó são afrontas contra o próprio faraó! – rugiu o algoz tentando, infrutiferamente, libertar sua chibata das mãos do estrangeiro.

Alguns curiosos observavam discretamente com medo de que o grande faraó os punisse também.

– Eu ofereço minha vida em troca da liberdade deste homem. – proclamou Louis de maneira firme. – Olhe para mim e olhe para ele... Tenho certeza que serei melhor trabalhador do que este pobre velho.

Por um momento o agressor surpreendeu-se pela proposta do jovem tolo. Será que ele não percebia que todo aquele senso de justiça se esvairia quando sofresse as mazelas da escravidão? Se assim ele queria seria benevolente o suficiente para ensinar-lhe uma lição. Sorrindo com maldade aceitou a proposta de Louis.

– Se é isso que deseja... Pela autoridade que o próprio faraó me destina eu digo que este velho está livre de suas obrigações. Já você jovem estúpido, seguirá comigo para a construção do santuário de Shu.

***

Maximiliano ainda sentia-se consternado. Por todo o caminho até o portal para a Lua veio discutindo com sua companheira. Ele não aceitava essa obrigação elementar que Aurora via como tão natural.

– Se temos maior controle sobre a natureza é porque devemos usá-lo de maneira sábia e justa. – argumentou a curandeira.

– Eu pensava que os elementares só tinham as obrigações de suas pedras. – resmungou.

– Talvez assim fosse quando os elementares puros vivessem unidos e sem descendentes. Mas as coisas não são mais assim. O poder foi destinado a uma família real e...

– Então que a responsabilidade caia sobre essa família!

Aurora suspirou com impaciência. Já estavam próximos o suficiente do portal para que pudessem observar os cinco guardas que protegiam o lugar.

– Como uma responsabilidade dessas pode cair somente em uma família?! Se nem quando os deveres eram divididos entre sete famílias o planeta conseguiu suportar a desordem! É nossa obrigação cuidar dos locais em que os olhos de nossos reis e rainhas não podem alcançar. E isso inclui o planeta!

Max levou as mãos aos cabelos e os puxou levemente enquanto um baixo rosnado saía de seus lábios.

– Eu sei Aurora! Eu sei! É só que... – bufou ao olhar os cinco pares de olhos curiosos em sua direção. Acalmou-se e cochichou para a companheira. – Não é justo isso com Louis. Ele se sacrificou por todos nós e quando está de volta, com a oportunidade de, finalmente, viver sua felicidade ao lado de sua companheira ele é obrigado a assumir uma responsabilidade que não deveria ser dele.

– Maximiliano... Se ele renasceu na mesma família é porque ele deve assumir essa responsabilidade.

O homem manteve-se calado ao segurar a mão de sua companheira e aproximar-se do portal.

– Como vão? – cumprimentou Aurora os velhos conhecidos.

– É bom ver a senhora. – sorriu um jovem guerreiro que indicava a entrada dos dois pilares.

O sorriso desapareceu ao observar a carranca de Maximiliano. Sem mais delongas o casal passou entre os pilares desaparecendo das vistas dos guardiões. Na Lua eles cumprimentavam os outros cinco guardas.

Ao iniciarem novamente a corrida Max suspirou.

– Eu só não consigo parar de pensar em todos esses milênios que vivemos felizes, descobrindo a Lua, descobrindo as novas paisagens do planeta, descobrindo um ao outro e meu irmão não teve essa oportunidade no passado. E agora ele terá que perder tempo cumprindo obrigações arcaicas.

Aurora torceu os lábios ao ouvir suas ultimas palavras, mas não brigou com seu companheiro. Percebia que a revolta de seu amado não era por causa das obrigações elementares.

– Você está se sentindo culpado por ser feliz?

– Estou. – confessou a olhando entristecido.

A curandeira parou de correr e colocou-se em frente ao seu companheiro, enlaçou-lhe o pescoço deitou a cabeça em seu peito. Por alguns segundos ficou escutando o suave martelar do seu coração enquanto Max a apertava contra o seu corpo.

– Você sabe que sentir-se culpado não faz sentido, não é? – perguntou suavemente.

– Sim. É por isso que estou tão irritado.

– Se existe um culpado por seu irmão estar longe de Caos, este alguém não é você.

– Não a chame de Caos. – pediu. – Como consegue vê-la como o Caos quando conhecemos uma menina tão doce?

– É apenas força do hábito. Não tivemos muita intimidade para chamá-la de maneira adequada.

– Eu só espero que essa menina esteja bem.

Aurora também desejava e para demonstrar apertou ainda mais seus braços em torno do companheiro que retribuiu quase com desespero. Não gostavam de brigar.

Maximiliano escorregou suas mãos pelo pescoço de sua companheira e beijou-lhe os lábios com delicadeza. Só então seguiram diretamente para os campos de treinamento para descobrir o que Isaac queria que necessitava tanta urgência.

Não foi preciso nenhuma pergunta, pois assim que chegaram ao primeiro campo avistaram a princesa praticando suas flechadas com um arco de madeira bem entalhada. Paralisaram observando os perfeitos movimentos.

– Eu disse a você que Louis deveria ter vindo conosco. – sussurrou Max sem conseguir se conter.

O tão clamado encontro seria adiado por mais um tempo.


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Notas finais do capítulo

No próximo cap as coisas vão ferver. Quem se lembra do Shu da temporada passada? Ele trará muitos problemas ainda ;)

Daqui 15 ou 20 dias postarei um novo cap ;) Aviso lá no face: https://www.facebook.com/groups/479210868793110/



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