A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 22
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá amores! Saudades? Hoje trouxe o prólogo desta nova temporada de A Lenda da Lua. A história ganhará um novo ritmo já que agora temos mais uma espécie no planeta ;) Espero que gostem ^^



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Prólogo

– Michaella? Vamos logo querida, caso contrário chegaremos ao anoitecer.

– Ora Augusto, deixe de besteira, o Sol mal começou a abaixar. – retrucou dando os últimos retoques em seu cabelo enquanto se olhava no espelho.

Augusto estava apoiado na soleira da porta do quarto a observando com um pequeno sorriso.

– Você sabe que não precisa de todos esses adornos, fica linda de qualquer jeito.

– Se continuar sendo tão galante aí sim nós chegaremos ao anoitecer a casa de nossa filha.

– Marcela não ficará muito feliz com isso.

Michaella lançou ao companheiro um olhar divertido.

– Já Leon comemoraria uma folga do sogro.

O justiceiro revirou seus próprios olhos. É verdade que Leon era um bom homem e tratava sua filha com muito amor, porém o ciúme fazia-o manter o olhar sempre vigilante sobre o pobre homem que não sabia mais o que fazer para que o sogro lhe destinasse mais confiança. Augusto confiava, mas não podia evitar o olhar ciumento.

Finalmente a senhora do equilíbrio terminou seu embelezamento e caminhou até o companheiro puxando-lhe pela mão. Caminharam alegremente em direção à casa de sua filha. Pelo caminho a elementar ia agradecendo mentalmente pelos milênios de alegria após a tragédia que imaginou que tiraria a razão de sua existência.

A lembrança de seu filho caindo sem vida no colo de sua companheira ainda apertava seu coração. Nos momentos seguintes em que chegaram a Lua não conseguia manter-se em pé, as lágrimas simplesmente não paravam de escorrer pelo seu rosto e suas mãos agarravam-se a Augusto como se tentasse segurar o último fio de sua própria vida. O justiceiro também não conseguia se conter e em prantos tentava amparar sua companheira.

Receberam consolo de seus amigos, porém nenhuma palavra de apoio era suficiente para aplacar a dor da perda de um filho.

As pessoas começaram a dispersar com o intuito de explorar a nova casa e neste momento Thalles aproximou-se do casal. Repousou suas mãos nas bochechas de Michaella e Augusto, os olhando com compaixão sorriu levemente.

– Não perca as esperanças meu irmão, não perca minha irmãzinha. Louis ainda não completou sua missão. Agora vocês precisam pensar na menininha que está por vir.

A notícia pareceu estancar as lágrimas, o mistério nas palavras do senhor do destino tornou a dor ainda mais dilacerante, tanto que resolveram ignorá-la e focaram-se na linda novidade que crescia no ventre de Michaella. A ambiguidade de sentimentos os deixou paralisados por alguns minutos, então se abraçaram puxando as últimas forças para seguir em frente.

Aurora e Maximiliano seguiram com os dois elementares em direção ao sul dos grandes pilares que os trouxeram até a Lua. Foram de grande ajuda para reestabelecer suas emoções.

Max ajudou Augusto na construção de cabanas e com a dor da perda de um irmão apoiou o elementar do melhor modo que pode. Às vezes pensava que causava mais dor ao pai de seu melhor amigo quando lhe falava todas as confidências de Louis, em relação ao pai desconhecido, de quando ainda eram jovens, mas quando o próprio Augusto vinha lhe perguntar sobre a infância do filho ele sabia que era aquilo que o elementar precisava.

Aurora servia de ouvinte para Michaella desabafar com alguém que não fosse seu companheiro. Também a ajudava com a busca por alimentação assim como na pequena plantação que fizeram entre as cabanas. Quando chegou o momento da elementar dar a luz foi Aurora quem puxou a pequena Marcela para a vida.

Michaella nunca esqueceria o momento em que pela primeira vez seus olhos pousaram sobre a filha. Durante toda a gravidez sentiu muito medo, em certos momentos temia que o amor que sentia por seu filho fosse substituído pelo amor que sentiria pela menininha, em outras vezes temia rejeitar a filha por ela não ser o filho que perdeu. Tudo parecia tão dúbio. Recriminava-se quando sentia raiva, se recriminava quando sentia felicidade. Porém quando fitou aquela pequena criatura tão inocente percebeu que podia sim amá-la sem trair o amor que sentia por seu filho falecido e que o amor por ele nunca seria substituído, nunca o esqueceria e cada vez que se lembrasse dele a saudade esmagaria seu coração. Percebeu que ela podia voltar a sorrir, pois Marcela precisaria da mãe sorrindo-lhe e faria tudo para que ela crescesse com alegria.

Ela e Augusto a criaram da melhor maneira possível ensinando-lhe as antigas lições e contando-lhe as histórias dos tempos do planeta azul. Inclusive a história do irmão mais velho que se sacrificou para que todo o povo fosse salvo.

Marcela adorava as histórias e admirava o irmão falecido. Muitas vezes dizia aos seus pais o quanto sentia por não tê-lo conhecido. Milênios depois, quando já adulta e junto de seu companheiro decidiu que se o bebê em seu ventre fosse menino ele teria o mesmo nome do jovem guerreiro das lendas, seu tão amado irmão Louis.

A profecia de Thalles finalmente fez sentido para Augusto e Michaella quando seu pequeno neto abriu os olhos. Sentiram o arrepio subir por suas espinhas com o reconhecimento daquela brilhante alma. Seu filho voltara para completar a missão da qual o senhor do destino referiu-se. Choraram como duas crianças e agradeceram aos céus pela nova oportunidade de distribuir todo o amor ao pequeno Louis.

Decidiram por manter segredo de Marcela e do genro Leon. Acompanhariam aquela criança como avós amorosos. Não sabiam se ele lembrar-se-ia ou não da vida passada, todavia não seriam eles a interferir nesta questão.

Louis crescera saudável e cheio de energia, Michaella percebia os trejeitos do tio manifestarem-se naturalmente na criança. As semelhanças acalentavam seu coração e as novas características, aprendidas com seus pais e avô, só acrescentavam positivamente na forte personalidade de seu neto.

– Finalmente! Pensei que chegariam apenas ao anoitecer! – a voz doce vinda da mulher de pele morena avermelhada e cabelos castanhos escuros na altura do ombro trouxeram Michaella para o momento presente.

– Foi o que eu disse para a sua mãe enquanto ela trocava os colares que achava não combinar com o seu vestido. – provocou Augusto olhando amorosamente para Marcela.

A mais nova gargalhou com o revirar de olhos, da mesma cor que os seus, de sua mãe.

– Ora mamãe, não é como se a senhora estivesse indo tomar um chá com a rainha Ísis.

– É claro que não, estou indo visitar pessoas muito mais importantes. – Michaella abraçou-a completando suas palavras. – Minha filha, meu neto e meu genro.

Marcela sorriu apertando a mãe em seus braços. Era uma cabeça mais baixa que ela de modo que cada vez que circulava seus braços em torno da cintura da mais velha grudava sua orelha no peito de Michaella e escutava o suave bater de seu coração, sentia-se novamente uma criança.

Com seu pai era diferente, pulava em seus braços e ele a rodopiava e naquele pequeno momento tinha certeza que era novamente uma criança. Porém desta vez apenas ao abraçou apertado.

– O que há querida? Seus olhos estão preocupados.

– Venham, conversamos lá dentro.

Logo os três entravam na aconchegante cabana de madeira e sentavam-se a volta da mesa da cozinha. Leon os cumprimentou com um leve aceno já que suas mãos estavam sujas com a massa da torta que serviria dali alguns minutos.

Michaella notou o olhar preocupado em Leon e imediatamente preocupou-se, pois se os dois estavam pensativos algo estava errado com seu neto.

– Onde está Louis? – perguntou imediatamente a elementar.

Marcela suspirou e mandou um olhar para o companheiro que logo se sentava junto a família.

– Está dormindo.

– Há essa hora? – espantou-se Augusto. – O dia está quase terminando! Ele foi para alguma caçada longa por esses dias?

– Não papai, e é isso que está nos preocupando.

– Louis está dormindo muito além do normal. Tem tido pesadelos, acorda agitado, assustado. – explicou Leon segurando a mão de sua companheira. – Sabemos que ele é apenas um jovem de 20 anos e nesta idade o sono é maior, mas ele fica acordado por poucas horas e logo está sonolento de novo.

– Existe alguma doença que o deixe tão cansado mamãe? Será que devemos ir até a cidade procurar algum curandeiro?

Michaella trocou um longo olhar com Augusto até que ele mesmo quebrou o contato para perguntar ao genro.

– Sobre o que são esses sonhos?

– Ele diz que não são contínuos, que são como fragmentos. Ele sonha com guerras, diz que o sangue encharca o chão. Às vezes ele diz que parece perdido numa eterna escuridão. Sonha com pessoas que nunca viu usando roupas antigas. Contou que sonhou com vocês dois, mas disse que suas expressões eram severas de um modo que nunca viu antes. Mas o que realmente me preocupou foram os sonhos com pessoas de olhos vermelhos. Eu não ouço falar sobre olhos vermelhos há milênios.

– Augusto? – chamou Michaella, estranhamente calma.

O justiceiro suspirou e ajeitou-se em sua cadeira. Não haviam planejado interferir, mas pelo modo como as coisas estavam acontecendo talvez fosse o caso de esclarecerem as coisas.

– Logo que chegamos a Lua eu tive a notícia que estava grávida de você Marcela.

– Sim mamãe, a senhora me contou. O senhor do destino lhes deu a notícia.

– O que nós não contamos é que ele também disse algo sobre o seu irmão.

A jovem franziu o cenho confusa, afinal sempre soube que seu irmão havia sacrificado sua vida.

– Thalles nos disse que a missão de nosso filho ainda não havia terminado.

Desta vez foi Leon quem deixou suas dúvidas virem à tona.

– Mas como é possível se ele...

– Nós também não tínhamos entendido na época. – sorriu Michaella de maneira doce. – Fomos compreender quando o filho de vocês nasceu.

O casal elementar ficou em silêncio enquanto os dois ponderavam a nova informação.

– Vocês estão dizendo que nosso filho na verdade é... O filho de vocês que morreu antes mesmos de nós dois nascermos?

– Não Leon. – a complacência de Augusto surpreendeu Leon. – O filho de vocês é o filho de vocês, educado por vocês, amados por vocês do modo como pais devem amar um filho. Nós o amamos como nosso neto e nada em relação a nossa convivência mudaria se nós não tivéssemos notado o brilho da mesma alma. Para nós a volta de Louis apenas curou nossos corações feridos pela perda de um filho.

– Porque nunca contaram para nós, ou para Louis? – Marcela perguntou emocionada, não podia evitar pensar em como deve ter sido para os pais aquele reencontro, afinal sabia e sentia toda a dor que os dois sempre carregaram pela perda do filho primogênito, mas estivera tão encantada com o próprio filho que sequer reparou na reação dos dois.

Michaella sorriu dando de ombros.

– Não tínhamos certeza se ele um dia se lembraria. Tudo o que queríamos era a sua felicidade e falar sobre uma vida que ele sequer lembrava poderia deixá-lo confuso.

– Provavelmente vocês estavam certos, eu me sinto confuso agora. – desabafou Leon passando a mão sobre os seus cabelos loiros.

Augusto deu tapinhas camaradas nas costas de seu genro.

– Você não precisa entender, apenas continuar o seu trabalho em ser um ótimo pai.

O loiro piscou rapidamente seus olhos, estava confuso com o bom tratamento que Augusto estava lhe destinando.

– O que? – o justiceiro ergueu uma de suas sobrancelhas de maneira petulante. – Prefere que eu lhe trate como o marmanjo que roubou o coração da minha filha?

– Para falar a verdade acho que sim.

– Está vendo Michaella, eu lhe disse que ele não precisava de uma folga.

A senhora do equilíbrio riu juntamente com sua filha, porém o riso terminou rapidamente, pois o rosnado agoniado vindo de dentro da casa os assustou.

Correram até o quarto de Louis que se revirava na cama ainda preso em seu pesadelo. Marcela imediatamente sentou-se na cama puxando o filho para os seus braços enquanto Leon o chamava tentando acordá-lo. Quando finalmente aconteceu o jovem agarrou-se a mãe como se ela pudesse salvá-lo de qualquer mal.

Suas vias respiratórias pareciam obstruídas, mas era a dor em seu peito que lhe causava tamanha aflição. Aos poucos ele foi se acalmando e relaxando sobre a cama. Augusto aproximou-se e segurou o neto pelos ombros.

– Louis, me fale sobre o seu sonho.

O jovem ficou em silêncio. Observava o avô, tão parecido fisicamente com ele, sem entender em que época estava ou quem ele era. Sua mente estava uma bagunça e ele não se sentiu seguro para contar tudo o que viu há pouco. Então apenas respirou fundo e levantou-se da cama caminhando até a frente do espelho que ficava perto da janela de seu quarto.

Olhando seu reflexo sentiu falta de algo que não sabia muito bem o que era. Então com a memória ainda vívida de seu pesadelo retirou sua camisa ficando com o peito desnudo. Levou a ponta de seus dedos até sua marca de nascença, uma pequena mancha escura no meio do seu peito, no exato local em que batia seu coração. Olhou novamente para o reflexo de seu rosto e notou toda a confusão em sua expressão.

Michaella caminhou até o neto.

– Você se lembra da lenda sobre o jovem guerreiro que sacrificou sua vida para salvar nossa espécie?

Louis assentiu. A elementar sentiu sua garganta fechar, mas mesmo assim continuou.

– Ele morreu com uma espada... – encostou a ponta dos dedos na pequena mancha nas costas do neto. - Atravessando-lhe as costas.

Leon imaginou que o filho encheria os avós de perguntas e até desejava que ele o fizesse. A situação ainda era muito confusa, mas não deixava de ser impressionante. Entretanto para a sua surpresa ele fez apenas uma pergunta.

– O que aconteceu com Anna?

– Você se lembra... – Augusto mantinha a cautela em sua voz. – O porquê de Thalles escolhê-lo para aquela missão?

Louis fechou seus olhos tentando buscar em suas memórias, porém tudo o que conseguiu foi um rosto preocupado e uma grande dor de cabeça.

– Posso enxergá-lo, mas não escutá-lo. – abriu seus olhos esperando uma resposta clara.

– Por ser um elementar puro você era o único que sobreviveria.

– Ela terminou o que você havia começado. – completou Michaella tristemente.

Tivera seus problemas com Caos, mas ela sabia o quanto Anna significava para Louis. Esperou alguma reação, mas ele apenas ficou em silêncio por alguns segundos. Então sentindo-se exausto voltou para a sua cama, deitou-se no colo de sua mãe e fechou seus olhos.

– Pode ficar aqui comigo mãe?

– Claro querido... – murmurou Marcela acariciando os cabelos do filho.

Levantou o olhar para seus pais que tinham suas expressões neutras.

– Vamos Leon, estou louca para experimentar aquela torta.

– Claro. – ainda perdido com tudo o que aconteceu Leon seguiu os dois elementares de volta para a cozinha.

Marcela observou o rosto de Louis e conhecendo-o como a mãe amorosa que era abraçou-o do jeito que conseguiu devido a posição desfavorável.

– Tudo bem Louis, você não precisa segurar.

Ele seguiu o conselho deixando que silenciosamente as lágrimas escorressem pelo seu rosto.

Tudo ainda era muito confuso em sua cabeça, mas seu coração não tinha quaisquer dúvidas.

– Você acha que aconteceu com ela o mesmo que aconteceu comigo? – perguntou com a voz rouca e baixa.

– Meu coração diz que se ela ainda não renasceu isso logo vai acontecer.

– Espero que seu coração esteja certo.

– Ele sempre está filho, sempre está.


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Notas finais do capítulo

Os capítulo demorarão um pouquinho mais para serem postados do que na primeira temporada. Levarei uns 20 dias entre um cap e outro. Mas deixarei spoilers no Facebook para alimentar a curiosidade, quem ainda não participa do grupo e tiver vontade de participar é só pedir para entrar : https://www.facebook.com/groups/479210868793110/



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