A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 20
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, é com um misto de tristeza e alegria que venho postar o epílogo da primeira temporada de ALL-AO. Espero que ele dê um gostinho daquilo que está por vir na segunda temporada ;)



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Epílogo

O vento soprava suavemente balançando os longos cabelos negros como a noite da jovem princesa. Observava o céu repleto de estrelas iluminando suavemente a Lua. Aguardava com expectativa o aparecer do planeta azul no horizonte. Suspirou inclinando-se sobre o parapeito da sacada de seu quarto. Adorava aquele momento único em que via a Terra surgir lentamente diante de seus olhos despejando aquele brilho azulando tão suave. Encantava-se ainda mais quando o planeta refletia no lago em frente ao castelo. Seu peito enchia-se de um sentimento que ainda lhe era desconhecido, algo como nostalgia, ansiedade e angustia, talvez todos estes sentimentos misturados.

Seu pai lhe dizia que a confusão de sentimentos nada mais era do que a sua capacidade de sentir a grandiosidade do planeta, ou então a sua própria pequenez diante da imensidade. Entretanto ela sabia, no fundo de sua alma, sabia que não era o tamanho do astro que apertava seu peito e a fazia encolher-se tentando acalmar as rápidas batidas de seu coração.

Os olhos acinzentados não demoraram a povoar seus pensamentos. Os mesmos olhos gentis que vinham invadindo seus sonhos desde a época em que era apenas uma criança sorridente. Não sabia a quem eles pertenciam. No começo imaginou que fossem de algum súdito ou familiar, porém conforme reparava melhor nos rostos das pessoas percebia que aqueles olhos nunca foram vistos por ela, pelo menos não enquanto estava acordada.

Quando pensava neles o mesmo sentimento que tinha ao observar o nascer da Terra se apoderava de seu coração. Precisava descobrir de quem eles eram, pois eram – dentre tantos outros olhos em seus sonhos – os únicos olhos gentis que a observavam.

Ao lembrar-se de seus sonhos um arrepio subiu pela sua espinha e instintivamente fechou os olhos com força tentando tirar as imagens perturbadoras de sua cabeça. Não foi uma boa ideia já que as imagens pareciam ainda mais vívidas com seus olhos fechados. Ofegante os abriu. Por alguns segundos ficou perdida entre a realidade e a fantasia, seus olhos naturalmente castanhos estavam azuis como o planeta que nascia no horizonte. Piscou rapidamente voltando à realidade, seus olhos imediatamente voltando à cor natural.

A angustia lacerante trouxe as lágrimas ao seu rosto. Silenciosamente suplicou ao planeta ajuda. Sabia que estava perdendo-se dentro de si mesma e haveria um momento em que não conseguiria mais voltar à realidade.

A batida suave na porta a tirou de seus pensamentos. Rapidamente limpou o rosto e esperou que sua mãe viesse ao seu encontro.

Ísis caminhou lentamente com um leve sorriso no rosto. Os cabelos platinados contrastavam com o vestido longo de cor vinho. O tecido caía-lhe suavemente sobre a pele alva salientando ainda mais a sua beleza. Parou ao lado de sua filha admirando a mesma paisagem que ela.

– Eu sabia que você estaria aqui. Nunca perde o despertar do astro. – as palavras soavam doces assim como a personalidade da rainha.

Olhou a filha com o canto dos olhos admirada pela mulher que ela se tornara. Mais alta que ela, com o corpo esguio e com a postura sempre perfeita. Os cabelos escuros e enrolados nas pontas que puxara do pai caíam-lhe perfeitamente bem. A altivez também vinha de rei Argos. A princesa tinha uma voz de comando gentil, porém firme e sua mãe a admirava muito por isso. Várias vezes ficou confusa ao observar o rosto da filha que parecia tão mais experiente do que ela realmente era. Porém o que preocupava a rainha eram as características que a filha puxou dela.

Aprendera a muito custo que guardar os problemas e as preocupações somente para si apenas machucava o próprio coração. Temia profundamente que a filha caminhasse pelo mesmo caminho que ela.

Segurou suavemente a mão da mais nova.

– Você está bem querida?

Anna virou-se rapidamente para a mãe. Pensou que ela havia visto as lágrimas que antes molhavam o seu rosto e rapidamente inventou uma desculpa qualquer.

– Apenas me emociono com a grandeza do planeta. Você sabe como sou boba. – sorriu nervosamente.

Ísis não retribuiu o sorriso. Olhou preocupada para o rosto da filha. Acariciou-lhe a bochecha percebendo que ela chorava há pouco.

– Quando estiver pronta eu estarei esperando para que compartilhe suas preocupações. – repleta de um amor que comovia demasiadamente Anna, Ísis a puxou para um abraço.

A princesa deixou que sua angustia fosse acalentada pelo colo de mãe e quando afastou-se sorriu verdadeiramente para ela. A rainha retribuiu e deixou que sua animação pela grande noite viesse à tona.

– Este vestido caiu-lhe tão bem! Está tão bonita! Quero que aproveite o baile minha querida, pois hoje é um dia de alegria! Mal posso acreditar que chegara a sua maior idade! Parece-me que foi ontem que lhe repreendia por correr nos corredores do castelo! Vamos! Seu pai nos aguarda no salão! Os convidados já estão festejando antes mesmo da aniversariante chegar!

Anna não tinha certeza se deveria envergonhar-se ou apenas rir de sua amada mãe que por muitas vezes perdia-se em suas próprias palavras. Decidiu pela segunda opção. Precisava alegrar seu coração, afinal era uma data festiva. Era o marco do dia em que não mudaria mais, não cresceria, não envelheceria... Era o dia em que seu corpo estagnaria eternamente e agora tudo o que somaria em sua vida seriam as experiências vividas.

Tão diferente daqueles que viviam no planeta. Viajou poucas vezes até a Terra, sempre foi acompanhada de seu pai. Era curioso como os humanos tinham um tempo estimado de vida, mais curioso ainda era como seus corpos envelheciam pouco a pouco se enchendo de rugas e cada vez mais tinham dificuldade de locomoção. Ainda era criança quando seu pai contou que aqueles que mais tinham dificuldades de locomoção e de fala eram os que mais próximos estavam da morte. Lembrou-se como tinha se horrorizado com aquilo e como seu pai explicou-lhe pacientemente que cada espécie tinha o seu ciclo de vida segundo a vontade do criador.

Se sua mãe era a sua alegria, seu pai era seu grande protetor e mentor. Achava-o tão sábio e carinhoso. Tudo o que sabia na vida vinha dele e tinha certeza que muito do que ainda aprenderia também viria da mesma fonte.

Respirando fundo e ajeitando o longo vestido azul-claro de tecido leve e esvoaçante encorajou-se para finalmente entrar no salão e receber as congratulações de sua família e súditos.

***

Os dias no mar pareciam ainda mais longos do que os dias no continente, ainda mais naquela época do ano em que o calor era quase insuportável. Deveria ter ido nadando ou voando, seria muito mais fácil para ele. Porém por aceitar virar um marujo para pagar a viagem até o outro lado do mar era obrigado a se ater a vida humana. Não podia simplesmente pular no mar e informar que continuaria a viagem a nado.

Torceu os lábios ao lembrar-se da conversa que teve com seu avô. Fora ele que o aconselhara a ir de navio e apesar de naquele momento ter soado o certo a se fazer agora ele não tinha mais tanta certeza.

Grunhiu frustrado enquanto ajudava a puxar uma corda do mastro.

– Hey garoto? Qual o problema? Hoje você está com um mau-humor dos infernos! – provocou seu amigo Morgan um homem de meia idade que amava mais do que tudo a vida no mar.

– Esse navio é muito lento! – resmungou Louis.

Morgan gargalhou.

– Você não viu nada garoto! Já embarquei em... – Louis ignorou a história que seguiria sobre grandes viagens em alto-mar, lutas contra piratas e monstros marinhos.

Gostava das histórias de Morgan, ele era um homem criativo, entretanto não estava com paciência. Algo em seu íntimo se agitava. Precisava chegar a terra logo!

– Louis! O que há garoto? – piscou rapidamente olhando para as mãos do homem que o sacudiam levemente.

Morgan tinha a feição preocupada e Louis sentiu-se mal por tê-lo ignorado.

– Me desculpe, só não estou em um bom dia.

– Eu estou vendo! Qual é o problema? Tem a ver com a mulher com quem tanto sonha?

Louis emudeceu observando o marinheiro.

– Ora rapaz! Não me olhe como tivesse revelado um grande segredo. Todos no convés já escutaram seus chamados pela tal Anna. – sorriu maliciosamente. – Ela é alguma rameira que lhe prendeu pelas bolas?

O rosnado quase escapou entre seus dentes quando furioso soltou a corda que segurava e jogou Morgan de encontro ao mastro. O humano engoliu em seco sentindo a lâmina da espada do garoto em seu pescoço.

– Tenha mais respeito!

– Calma Louis! Não quis ofender!

Ainda furioso Louis o soltou e deu-lhe as costas seguindo até a proa do navio. Concentrou-se no movimento das águas para tentar acalmar seus nervos. Definitivamente deveria ter escolhido seguir viagem pelos ares.

– Louis. Desculpe-me garoto, não sabia que ela era tão importante.

– Tudo bem Morgan. – suspirou cansado.

– Então?

– Então o que?

– Então qual é a história?

– A história? – riu sem nenhum humor. – A história é que ela precisa de mim e eu não faço ideia de onde ela esteja.

Fim da primeira temporada


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Notas finais do capítulo

Bem amores, ficarei um tempinho sem postar aqui. Os primeiros capítulos sempre são difíceis de escrever. Mas acredito que no máximo em 20 dias trago a sinopse da segunda temporada e a previsão de quando iniciarão as postagens definitivas ;) Tentarei postar alguns spoilers no grupo, então quem tiver interesse é só entrar: https://www.facebook.com/groups/479210868793110/



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