A Lenda da Lua escrita por Paola_B_B


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá! Vamos a postagem da minha primeira original, espero que gostem. O prólogo já começa com tudo ;)



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Prólogo

O pânico tomou conta de seu corpo quando viu tamanha destruição causada pelo pequeno grupo de saqueadores. Estrangeiros vindos de outras vilas, ladrões de comida e assassinos de sangue frio. Os gritos de seus vizinhos a fez correr desesperada para sua casa.

A Vila Nova Esperança sempre fora um local repleto de alegria. Muitas famílias chegavam ali após grandes tragédias nas vilas em que antes viviam. Buscavam um pouco de paz e os risos das dezenas de crianças que ali viviam lhes proporcionavam o que buscavam. Nova Esperança tornou-se uma das maiores vilas do planeta e com a superpopulação os problemas começaram.

A fome atingiu os moradores os levando a buscar alimentos cada vez mais longe. Os caçadores passavam semanas embrenhados na Floresta Escura, já os pescadores nada conseguiam no Rio das Pedras. E a vila antes barulhenta e enérgica tornou-se silenciosa e fúnebre.

Nova Esperança não era a única vila a sofrer com a miséria, mas foi a primeira a receber a mais triste consequência do desespero pela vida.

A garota não tinha nem meio século, era uma criança perto das dezenas de milenares que conhecia. Corria desesperada para a cabana em que vivia junto dos irmãos. Sabia que seus pais e avós deveriam estar com eles - as visitas de seus entes queridos costumavam durar dias.

Pensar em sua família só a fez correr ainda mais rápido. Tinha que avisá-los, reuni-los e fugir das perigosas figuras que tornavam as tristes vielas de seu povoado em rios de sangue e morte.

Levou as mãos aos ouvidos apavorada com os gritos de dor que pareciam correr entre as árvores da floresta a sua volta. Teve vontade de fechar os olhos extremamente azuis para não ver tamanho sofrimento, mas temeu que o cheiro de queimado impregnasse em suas entranhas e a fizessem imaginar algo ainda mais terrível do que o que realmente estava acontecendo.

A jovem cresceu em meio à matança entre homens e mulheres. Os via se engalfinhar feito animais e só paravam quando uma das partes não mais se levantava. Por muitas vezes ela mesma teve que brigar com uma vizinha para que ela não lhe roubasse as poucas frutas que conseguira. Em sua vida era matar para sobreviver ou morrer tentando. Porém nunca antes sentira tanto medo quanto agora.

Antes as mortes se resumiam a fome. Seja morto após meses sem comer, seja morto por brigar por comida. Ela sempre viu a raiva e o desespero no olhar de diversos vizinhos e até mesmo dela mesma, mas ainda não havia se deparado com a crueldade.

Os saqueadores não precisavam causar tantos danos, não precisavam matar tanta gente, mas eles pareciam gostar daquilo. Sorriam e gargalhavam ao desmembrar um semelhante inocente. Não havia sentido naquilo e Anna só conseguia temer pela sua vida e a de seus familiares. Pensou em pedir ajuda, mas para quem? Para os tão famosos elementares? Os tais guardiões da vida de quem sua avó tanto falava? Onde estavam esses malditos guardiões enquanto o povo passava fome? Onde estava o famoso guerreiro da justiça enquanto seus vizinhos se matavam por um pequeno coelho? Para ela esses tais elementares eram lenda e não mereciam qualquer tipo de respeito.

Finalmente chegou a sua casa – uma grande cabana construída por seus avós com grossos troncos de árvores e pedras vindas dos Rochedos de Diamantes. Observou sua família relaxar com a sua chegada, mas os doze membros ainda estavam tensos olhando para a direção de onde Anna viera. Uma verdadeira batalha acontecia.

– Temos que sair daqui! – ofegou a jovem ao abraçar a irmã caçula que não tinha mais de 7 anos.

A pequenina de pele clara e olhos tão azuis quanto os da irmã se agarrou no pescoço de Anita.

– Não há mais tempo querida. – sussurrou sua avó Lena ao observar a chegada dos assassinos.

Eram quatro homens e uma mulher, usavam roupas velhas e desgastadas roubadas de antigas vítimas, tinham olhos perigosos um tanto quanto avermelhados sobrepondo a cor natural de suas íris. Riam de maneira maldosa. Algo estava errado com eles, reparou a mais velha da família. Nunca em tantos milênios vira algo parecido. Não era natural. Lena teve a certeza que não sairia viva daquela batalha. Ela podia sentir a maldade do grupo tocar sua pele. Mas lutaria com todas as forças para proteger as mais jovens. Com esse pensamento empurrou Anna para a porta de entrada.

Anita - como era carinhosamente chamada por toda sua família - correu com a irmã para o quarto dos fundos e a retirou de seu colo.

– Para dentro Aline! – gritou empurrando a caçula para dentro do quarto.

A criança dos longos cabelos escuros correu de encontro à parede e se encolheu tapando seus ouvidos. Chorava completamente apavorada. Não queria ficar sozinha, não queria perder sua família.

Anita sentiu o aperto no coração ao olhar a fragilidade da irmã e tratou de trancá-la no quarto. Virou-se rosnando, expondo seus dentes em afronta para os saqueadores que adentravam seu lar. Porém sentiu a coragem se esvair. Trêmula observou a cabeça de seu amado pai rolar em direção aos seus pés. O agressor estava parado sob o batente da porta da sala. A observava com um sorriso debochado.

A jovem olhava para a cabeça inerte de seu pai. Estava em choque e profundamente infeliz. Sua mente estava em branco, mas seus ouvidos captaram os altos rosnados no lado de fora da cabana. Pode ouvir o som da carne sendo rasgada e pelos risos doentios não eram seus inimigos que estavam morrendo. Em poucos segundo sua mente começou a reagir. Sabia que nada mais poderia fazer pela sua família que lutava do lado de fora da casa, mas ainda iria fazer de tudo para proteger Aline.

O assassino observou com curiosidade a expressão da jovem se tornar sombria. Era assim que ele gostava, dos que reagiam, dos que achavam que tinham alguma chance lutando. Porém ele não esperava que Anna fosse atacá-lo da mesma forma que ele e sua trupe atacavam.

Ela se posicionou como um animal raivoso diante da porta. Sua família estava morrendo, ela podia escutar o ultimo martelar de cada coração. A dor em perder seus entes queridos cresceu em forma de raiva. Seu coração batia forte e o rosnado era ininterrupto. Seus olhos brilhavam irados quando o homem resolveu atacá-la.

Anna foi mais rápida avançando diretamente na jugular do inimigo que pego de surpresa não teve reação imediata. A jovem sentiu em sua língua o doce sabor do sangue e os alertas de sua avó vieram a sua mente: “Nunca beba o sangue de um igual, ele nos trás consequências que não temos forças para lidar”. Mas a jovem não pode evitar. Sua fome era grande demais, não comia há dias e o sangue estranhamente aplacou a dor em seu estômago fazendo com que algo crescesse dentro de si. Era algo grande, algo que clareou sua mente. Quando soltou a carcaça do homem sentiu-se mais poderosa do que nunca.

Ergueu a cabeça avistando o outro assassino. Sorriu lentamente e fez um movimento rápido com a mão provocando um grande deslocamento de ar que empurrou o homem diretamente na parede. Ele a olhou apavorado antes que tivesse todo seu sangue sugado pela jovem.

Naquela noite os estrangeiros foram mortos por Anita e ela bebeu de cada um viciada no poder que crescia dentro de sua alma a cada nova gota de sangue.

Finalmente o silêncio imperou no ambiente e os gritos apavorados apenas ficaram presos nas memórias da pequena Aline que continuava escondida.

Anita olhou a sua volta avistando cada membro amado de sua família despedaçado ao chão e mesmo que seus assassinos estivessem mortos aos seus pés, a raiva ainda era muito grande dentro de si. Caminhou até o corpo inerte de seu avô e pegou a espada caída ao seu lado. A espada que participava das tão animadas histórias contadas pelo patriarca da família, o símbolo dos guerreiros vindos da Vila dos Elementares. Rosnou para a arma e a amarrou em sua cintura. O terror ainda não tinha acabado na Vila Nova Esperança, pois assim que a jovem ergueu a cabeça em direção ao centro da vila um massacre se iniciou e cada um que entrou em sua frente teve a cabeça arrancada.

– Seus animais covardes! – gritou insana em meio à praça principal.

Os poucos que ainda estavam vivos correram em direção à floresta e seriam os responsáveis por espalhar a terrível história sobre os acontecimentos em Nova Esperança, contariam como o Caos destruiu uma das maiores vilas do planeta.

– Onde estão os tais elementares? Onde estão seus covardes?! Vocês deviam nos proteger! – gritava, porém mais ninguém a ouvia. – Agora não precisam mais brigar por comida. – disse seca para os cadáveres a sua volta. – Não precisam mais comer.

Dentro do quarto da cabana mais afastada da vila a pequena Aline tremia de medo encolhida ao chão. Quando a porta finalmente se abriu seus amedrontados e inocentes olhos não perceberam a insanidade na feição da irmã, ou as íris contornadas por um vermelho vivo, muito menos as roupas rasgadas e sujas de sangue.

Anita sorriu levemente, seus dentes um pouco vermelhos com o resto de “alimento” que ficara em sua boca.

– Tudo bem Aline, não chore, ninguém vai machucá-la. – consolou.

A criança não se importou e se jogou no colo da mais velha que a abraçou com carinho.

– Eu prometo a você que nunca mais seremos atacadas desse jeito. Ninguém vai nos amedrontar. Vamos fazer justiça com nossas próprias mãos. Todos os responsáveis pelo que aconteceu hoje aqui serão punidos assim como os verdadeiros culpados pelo declínio do povo – prometeu. – A guerra está apenas começando.


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Notas finais do capítulo

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