Foi um longo trajeto até chegarem ao seu destino.

Tornou-se necessário subir por um morro íngreme. Em diversas vezes, Bella visualizou no caminho alguns animais que julgava extremamente perigosos: Cobras, ursos e até mesmo lobos. No entanto, esses ignoravam a presença das filhas de Ártemis, assim como de seus reféns. Edward manteve-se quieto e pensativo, provavelmente arquitetando um plano que pudesse salvá-los.

A garota ficou ainda mais impressionada quando ela, as filhas de Ártemis e Edward, depararam-se em frente a uma grande cachoeira e assim, seguiram caminho até atravessar a cascata de água que caia abruptamente no alto das pedras. Bella fechou os olhos quando foi sua vez de passar com as meninas a segurando pelo braço. Para seu espanto, ela não havia se molhado nem um pouco. Nem ao menos sentiu a água tombando sobre sua cabeça.

 Ao abrir os olhos, defrontou-se com um vasto gramado cercado por várias barracas de acampamento. Um pouco mais acima, encontrou pequenas construções de madeira posicionadas estrategicamente pelos galhos das árvores.

A garota imaginou as filhas de Ártemis segurando seu arco e flechas, cercando o local para que nenhum inimigo pudesse entrar.

Bem, se houvesse uma saída dali, deveria estar igualmente protegida como a entrada.

As filhas de Ártemis que mantinham os braços ao redor de Bella a levaram para uma barraca ao longe e praticamente a jogaram para dentro dessa. Edward veio logo em seguida, soltando um resmungo.

— Nem tentem fugir. – Uma das garotas ameaçou antes de passar pela tenda e desaparecer.

No interior, não se encontravam muitos utensílios: Apenas duas camas de solteiro, posicionadas uma ao lado da outra e garrafas de água espalhadas por todos os cantos.

Bella se jogou sobre um dos colchões duros, sentando-se logo em seguida. Por fim, encarou Edward, em sinal de indagação.

— E agora?

Ele se manteve de pé, passando as mãos pelos cabelos enquanto franzia o cenho.

— Elas não podem deixar você lutar. – Ele falou. – Eu vi o que você fez com aquela Harpia! As caçadoras de Ártemis se espantariam com o seu poder, principalmente sem saber de quem você é filha. Podem te considerar uma ameaça no território delas e Jane... Bem, ela é louca!

Bella cruzou os braços, revirando os olhos.

— Sério?! Eu nem percebi que ela é uma lunática.

O garoto suspirou, colocando as mãos na cintura. A mancha de sangue no seu ombro, sob a camisa, brilhava em escarlate.

— Isso não está doendo? – A garota perguntou, apontando com o dedo para o machucado.

— Eu aguento. – Edward respondeu e então, aproximou-se de Bella, ajoelhando-se em frente dela. – Tenho um plano.

— Ótimo.

— Mas eu não sei se você vai gostar.

— Eu não estou gostando de muita coisa ultimamente. – Suspirou, soltando um riso forçado. – Não importa o que você tenha a dizer, não acho que irá me impressionar.

Edward expôs um sorriso torto. Seus olhos cor de âmbar fixaram-se no rosto de Bella.

— As caçadoras de Ártemis respeitam muito as regras internas, como é bastante visível. Bem, eu estudei um pouco no acampamento sobre elas, não o bastante, confesso. Mas há um jeito de evitar sua participação na luta.

— Ótimo. O que é?

— Diga que está esperando um filho meu. – Respondeu, com bastante simplicidade.  

— O quê??? – Bella praticamente gritou.  – Você está maluco? Eu prefiro levar uma flechada na testa.

Edward ficou zangado em instantes, sentindo-se ofendido.

— Pare de ser teimosa e cabeça dura! Desse jeito, está arriscando a minha vida e a sua. – Retrucou. – Veja bem: Elas são caçadores de Ártemis e respeitam a liberdade acima de tudo, por isso, não aceitam ter companheiros pelo resto da vida, uma vez feito o voto. Acha que elas irão te ver como uma guerreira se acreditarem estar grávida? Não! Você será inofensiva.

A garota saltou da cama, mantendo-se um pouco afastada de Edward. No entanto, ele foi atrás dela.

— Isso é insano! – Jogou as mãos para o alto. – Acha que elas vão cair nessa?

— Bem, se você tem outra ideia, ótimo! Mas espero que você a tenha antes de ir para o campo de batalha. Afinal, você quer encontrar a sua mãe novamente ou não?

Aquelas palavras atingiram a garota no peito como se fossem navalhas. No fundo, sabia que a recusa era parte de sua teimosia, até porque afirmar que estava grávida de Edward seria uma mentira que não teria muitas consequências, a não ser a de talvez sair viva dali e poder cumprir seu objetivo. Ela era uma mulher forte. Poderia fazer isso. Não tanto pelo seu bem, mas pelo de sua mãe. Além do mais, há muito tempo que Bella andava fazendo as coisas por si, sem pensar na sua família. Sua última briga com Renee era prova disso.

— Tudo bem. – Suspirou. – Vamos fazer isso.

Edward suspirou, jogando as mãos para o alto, como em um sinal de agradecimento divino. Nessa instante, Jane passou pela tenda, parando em frente das camas de solteiro. Ela parecia uma garotinha de doze anos brincando com fogo, sem se importar de queimar-se.

— Vocês têm dez minutos para se aprontarem para a batalha. – Afirmou, com um sorriso no rosto.

Rapidamente, Edward ultrapassou a distância que o separava de Swan. Em seguida, passou os braços em volta dela. Em um ato de pura autodefesa, Bella deu um passo para trás, mas foi impedida pelos braços fortes do filho de Zeus, os quais a puxaram para perto, novamente. Ela lançou um olhar furioso para ele, mas logo entendeu suas intenções: Eles precisavam agir como um casal.

Ignorando o formigamento de sua pele em contato com a do garoto, Bella aconchegou ainda mais o seu corpo ao dele, pousando as mãos em cima de seu peito largo. Tentou se acalmar com a aproximação, mas foi praticamente impossível, pois estava tremendo da cabeça aos pés.

— Jane, antes dessa batalha, tem algo que precisa saber. – Edward deixou o seu tom de voz o mais frio possível.

A menina de estatura baixa posicionada na frente de ambos ergueu uma das sobrancelhas, demonstrando-se intrigada. No entanto, permaneceu quieta, até que Edward anunciou:

— Bella está grávida de um filho meu.

Jane permaneceu imóvel e sem expressão. Por alguns segundos, o completo silêncio circundava o local como breu.

— Bem, isso não é nada bom para você, Marie. – Jane finalmente disse, direcionando sua atenção para Bella. – Vejo que ao invés de seguir a vida de uma Semideusa guerreira, será uma mãe que cuidará dos filhos e do marido. Lamentável.

— Eu vou te encher de porrad.... – Bella começou o xingamento enquanto fincava as unhas na palma da mão, em sinal de raiva. Edward lhe deu um beliscão no braço e logo a interceptou:

— Marie está querendo dizer que não pode ir para a batalha. Afinal, será um mal desnecessário para ela e a criança, além de assistir a minha luta.

Jane estufou o peito e suspirou. Estava cansada de papo furado.

— Não haverá luta. – Anunciou.

Bella quis sentir-se aliviada, mas teve um mau pressentimento. Pelo olhar que Jane lançava para ambos, parecia que algo bom não iria acontecer.

— Mas, sim, um casamento! – A líder das filhas de Ártemis afirmou, lançando um sorriso mortal.

— O quê? – Bella e Edward indagaram em uníssono.

— As Caçadoras de Ártemis valorizam todas as mulheres que pretendem serem livres e independentes. Mas, respeitam aquelas que pretendem construir uma família. No meu acampamento, pregamos o respeito de nossas irmãs e as suas decisões, sendo que nenhum homem deva nos tratar menos do que merecemos. Vejo que não há aliança em seus dedos, Marie. – Jane constatou. – Homens devem respeitar e honrar a mãe dos seus filhos. Vocês não casaram, não é?

— Não. – Edward respondeu.

Bella calou-se, fitando-o com descrença. Estava em estado de estupor.

— Ótimo. Vou pedir para que as minhas caçadoras arrumem os preparativos para essa noite. Vocês saíram casados daqui e não irei voltar atrás da minha decisão.

Em seguida, Jane deu as costas para ambos.