Lemlie havia sido sequestrado, e isso preocupava a todos. Nem mesmo Olórin conseguia imaginar o que Sauron estava tramando com isso. Mandamos homens a cavalo em busca do Elfo, mas todos retornaram sem pista alguma, a única coisa que encontramos foram flechas negras fincadas na torre onde Lemlie estava.

— Seja quem for que tenha feito isso, foi alguém muito habilidoso, pois passou por nosso portão e entrou em nossa cidade sem que ao menos percebêssemos sua presença. – disse Barad em nossa segunda reunião, que foi em frente ao trono do rei.

— O meio-elfo nos disse que conseguiu ver um meio-orc carregando Lemlie em suas costas. – disse Tuandil.

— Kazurk, talvez? – perguntou Barad.

— Não. – respondeu Tuandil. – Kazurk não é habilidoso o suficiente para isso, ele é bom em combate, mas em se esconder ele falharia. Acredito que tenha sido Brake.

— Brake? – perguntou o Hobbit Paladim.

— Ele é o único que conseguiria fazer tal coisa. – respondeu Tuandil.

Poderíamos ter desvendado qual fora o meio-orc que raptou Lemlie, mas não conseguíamos imaginar o objetivo disso, desconfiávamos que fosse apenas por vingança, pois Lemlie era o último dos Elfos na Terra-Média, e também filho de Legolas, que participou da Guerra do Anel e ajudou a destruir Sauron outrora.

Ora, em Minas Tirith, o exército de Sauron estava pronto para o segundo ataque, mas desta vez Sauron usou quase toda a sua bruxaria para trazer das trevas e dos abismos perdidos os monstros que há muito tempo haviam desaparecido. Entre esse exército estavam os Orcs Uruk-Hai, Trolls das Montanhas e os Lobisomens, que há muitas eras ele já havia usado contra os eldar.

Conduzindo o exército estava o próprio Eithor, e ao seu lado Kazurk, o Temível, título recebido após a batalha contra os anões. E ao lado deles, estavam os outros meio-orcs. O exército marchava para Rohan, e Olórin ao longe pode sentir a terra tremer.

— Eles estão vindo. – disse Olórin. – Preparem-se para a segunda batalha.

Rohan novamente se encontrou no cenário de guerra, os homens que conseguiam lutar foram convocados. Os próximos cinco dias foram de preparativos para a guerra. Fizeram o possível e fortificaram a muralha usando o conhecimento dos anões de Grodrick, que eram muito habilidosos com a madeira.

Cinco dias se passaram, e enquanto o sol amarelado esquentava o helmo dos homens, o exército foi visto descendo pela grande colina que se estendia pelo horizonte. Estávamos ao final da tarde, e o sol fazia nossas roupas pesadas ficarem mais desconfortáveis e quentes. Mas o sol já estava quase desaparecendo por trás das Montanhas Sombrias, e o exército de Sauron parou em frente às muralhas.

O exército de Sauron dessa vez passava de oito mil soldados. Conseguimos observar uma grande quantidade de orcs, e junto a eles Trolls das Montanhas, mas o que mais chamava a atenção era a grande quantidade de homens entre eles, e homens sem armadura alguma, usando apenas calças e botas. O exército ficou parado em silencio, enquanto mantínhamos os postos sob a muralha, e Barad dizia palavras confortantes para seus homens como da última vez.

Então ao meio deles, pude observar algo que somente eu e Aratus conhecíamos. Ao começo alguns acharam que seria o próprio Sauron novamente, mas era Eithor, com sua armadura negra e seu cajado, onde duas pedras azuis brilhavam uma ao centro de sua armadura, e outra na ponta de seu cajado.

— Eithor está entre eles. – eu disse a Barad. – É aquele com a armadura negra, semelhante a de Sauron.

O medo tentou dominar os homens novamente, mas dessa vez Barad estava lá com eles sob a muralha com o título de Rei, e com Olórin ao nosso lado a esperança se tornava ainda maior.

O sol estava desaparecendo entre as Montanhas, e uma sombra começou a se formar no terreno. Nesse momento em que a sombra da montanha tocava o exército de orcs, conseguimos observar que eles sorriam e gargalhavam entre si. E quando a sombra os tocou, os homens que não usavam armadura se contorceram, e se transformaram em grandes feras semelhantes a lobos, porém andavam sobre duas patas, seus dentes eram afiados, mas não tanto quanto suas garras. Um grande uivo entre eles pode ser ouvido, aterrorizando todos os homens. E assim eles correram a toda velocidade escalando a muralha com suas garras.

Eles fincavam suas garras na madeira e escalavam facilmente, atacando os homens com suas bocas e os rasgando facilmente como coelhos. Muitos dos nossos caíram nesse primeiro confronto. Os elfos que se posicionavam logo atrás tentavam acertar os Lobisomens com suas flechas. Mas pouco elas foram úteis. Os Lobisomens eram resistentes, e na maioria das vezes eram derrubados apenas pelas espadas dos homens mais corajosos que tinham coragem de enfrentá-los, e entre esses homens estava Tuandil.

As feras logo invadiram Rohan, pulando pela muralha e atacando os homens que estavam na praça principal. Eu e Tuandil descemos a muralha rapidamente, e tentávamos conter os lobisomens, mas eles eram rápidos e eu ainda não havia dominado a Espada dos Ventos.

Muitos ao centro da praça morreram rapidamente, e muitos outros corriam apavorados temendo os Lobisomens. Até que Olórin apareceu montado em seu cavalo, da ponta de seu cajado uma poderosa luz era liberada, que afugentou os Lobisomens que estavam na Praça de Rohan.

Ao alto da muralha, os anões tentavam derrubar as feras com seus machados, eles eram fortes e valentes, muitos conseguiram, mas também muitos caíram. Grodrick sozinho derrotou vários dos Lobisomens, demonstrando sua habilidade e coragem pulando sobre eles.

Os Trolls arrastavam grandes torres até a muralha, e dessas torres vários orcs saiam. Flechas com fogo foram lançadas na muralha, porém muralha era feita de uma madeira especial e não queimava. O número era grande, mas nós estávamos aguentando fortemente, pois em cima da muralha estavam os Guardiões e os Anões, e a baixo na praça, elfos lançavam flechas para cima da muralha que acertavam orcs e os Trolls do outro lado.

Então, os Trolls começaram a bater nos portões para tentar derrubá-lo, mas ele era resistente, e ainda mais com a ajuda que tiveram dos anões para reforçá-lo. Quatro Trolls se jogavam sobre o portão, mas não conseguiam derrubá-lo. Até que para ajudá-los chegou Eithor, e com seu poder ele destruiu facilmente o portão.

Os Trolls entraram em Rohan, e junto há eles muitos outros orcs e Lobisomens liderados por Eithor. Os Hobbits, Tom e Paladim passavam entre as pernas dos Trolls e subiam sobre as suas cabeças, os derrubando como fizeram com o Golem de Pedra anteriormente.

Glorick e Grodrick estavam lutando juntos contra os Lobisomens, e Tuandil estava logo atrás deles junto a mim, e uma manada dessas feras tentou atravessar por nós, mas conseguimos derrubá-los.

— Wallor. – disse Tuandil. – Use o poder da Espada!

Um Lobisomem pulou de cima de uma das casas em mim, eu segurei a espada firmemente e tentei atacá-lo com os ventos, mas nada saiu da espada. A fera teria me matado se não fosse por Hildwyn ter acertado uma flecha a distância no Lobisomem antes que ele me agarrasse.

Eu observava em minha volta, e era notável que estávamos sendo derrotados. Barad lutava junto com Eremon e Olórin contra orcs e Lobisomens em cima da muralha. Trolls haviam invadido a cidade, Lobisomens estavam estraçalhando homens por todos os lados e orcs riam enquanto observavam nossos homens tentando atacar Eithor inutilmente, enquanto ele simplesmente balançava seu cajado e os jogava para longe.

Minha consciência começou a pesar, e os gritos das pessoas sendo mortas começaram a se misturar com lembranças do passado. Rohan cairia como Gondor caiu. Eu coloquei as mãos sobre a cabeça, e percebi que elas estavam cheias de sangue. Olhei para frente, e observei um Mago Negro vindo em minha direção. Era Eithor.