POV Bella

Eu começava a desabotoar minha calça quando ouvi a campainhae me assustei. Hoje era segundae já era tarde da noite, normalmente as pessoas que eu conhecia já estavam desabadas na cama a uma hora dessas de uma segunda feira.

Desistindo de tentar adivinhar quem era, apenas vesti de novo a minha blusa e sai do banheiro indo em direção a sala ao mesmo tempo em que ouvia a voz de Edward soar ameaçadora para alguém

–Eu sou o namorado dela e o cara que vai quebrar a sua cara se você não me disser o que veio fazer aqui agora mesmo!

Hein?!

Namorado? De onde ele tirou isso? Será que esse homem nunca reagiria normalmente a nada?

Mais do que apressada eu corri para a entrada para ver quem estava despertando a fúria de Edward dessa vez.

– Experimente tentar? Sei que Bella não tem nenhum namorado e vai ser um prazer dar uma surra em alguém que com certeza esta incomodando ela.

Oh merda! Era a voz de Garret. Amigo do meu pai que morava aqui na cidade e de vez em quando dava uma passada aqui a pedido do meu pai para ter certeza de que eu estava bem. E também não era conhecido exatamente por ser muito paciente.

– Ei ei! _ eu cheguei já falando alto chamando a atenção dos dois para mim. _ Ninguém vai bater em ninguém aqui, pelo menos não na minha casa!

– Bella, esse cara abriu a porta já praticamente me expulsando. Quem é ele? Você está bem?

– Quem é você para estar aqui tentando tomar conta da vida dela?

– E quem é você?

– EI!!!!!! Não interessa quem são vocês e sim quem sou eu e eu sou quem vai chutar o traseiro dos dois se não pararem agora com toda essa palhaçada de macho alfa. Daqui a pouco vão querer mijar no meu tapete para demarcar território.

Sim, eu estava berrando a ponto do vizinho do primeiro andar me ouvir. Mas ou era isso ou ver os dois brutamontes se jogarem no meu tapete distribuído socos de graça.

Ambos pareceram envergonhados diante do meu claro aborrecimento e ficaram sem ação momentaneamente. Garret começou a coçar a nuca e se adiantou.

– Desculpe Bella. Sabe como eu sou, não recebo provocações muito bem, e esse moleque já chegou pedindo briga. _ eu dei um suspiro audível e ele logo completou. _ De toda forma isso não é desculpa, sinto muito pelo meu comportamento.

Na mesma hora Edward começou a passar a mão pelo cabelo sem jeito e aparentemente muito nervoso.

– Me desculpe também Bella. Eu...

Eu levantei a mão impedindo ele de continuar.

– Eu não quero saber. _ me virei para Garret ainda muito zangada._ Eu agradeço muito que zele tanto por mim e por minha segurança Garret, sei o quanto é amigo do meu pai e sei que ele sempre te liga perguntando por mim, e sei também que o “ moleque “ aqui é bem marrento, mas nem isso te dá o direito de praticamente sair no tapa com um amigo meu na porta de minha casa só por ter sido provocado. Era para você ser o adulto responsável por aqui.

Ele abaixou a cabeça completamente envergonhado.

Me virei para Edward e encarando com altivez.

– Esse Edward é Garret. Um grande amigo do meu pai que mora na cidade. A pedido do meu pai ele sempre vem ver como eu estou, se estou precisando de algo e principalmente mostrar a vizinhança que eu não sou uma moça solitária e desprotegida. Ele é um grade AMIGO! _ dei ênfase a palavra amigo.

Edward estava claramente envergonhado. Desviou rapidamente o olhar de mim e permaneceu encarando o chão como se tivesse visto algo muito interessante por lá.

– Sinto muito por toda essa situação Garret.

– Eu também Bella. Sei que foi infantilidade de minha parte. Não vai se repetir.

– Sei que não. De qualquer forma, obrigada por tudo.

– De nada....er... Bella?

– Sim. _ falei ainda olhando na direção de Edward tentando de alguma forma desvendá-lo.

– Sem querer me intrometer, mas também evitando problemas futuros......ele é mesmo seu namorado?

Nessa hora Edward levantou o olhar rapidamente em minha direção olhando de forma apreensiva para mim.

– Com certeza não. Isso também é outro mal entendido que pretendo resolver agora.

– Precisa de ajuda?

Suspirei e me virei para Garret. Sei que soaria meio ingrata e mal educada, mas aquilo seria uma indireta para os dois.

– Se eu precisasse de ajuda para avisar a um cara que ele não é meu namorado eu jamais viria para cidade sozinha. Eu sei perfeitamente cuidar de mim. Não preciso de nenhum guarda costas. Agradeço aos meus AMIGOS por se preocuparem comigo, mas todos eles tem que entender que eu sei cuidar de mim e amo a minha independência.

Garret deu um assobio baixo, mas já tinha um sorrisinho no rosto. Ele era assim, nada abalava a sua auto confiança. E ele sabia que eu não ficava muito tempo chateada com seus rompantes de excesso de zelo, afinal, ele me conhece desde os 10 anos.

– Ok gata selvagem! Recado dado. Agora eu vou cuidar da minha vida e não volto a me intrometer na sua a menos que me peça. Vou indo antes que você ou o moleque aí arranquem minha cabeça.

Ele saiu rindo e deu um tapinha nas costas de Edward. Mas esse nem ao menos olhou em direção ao meu amigo permanecendo com seus olhos avaliativos em mim.

Assim que Garret sumiu no corredor eu fechei a porta e me virei para Edward.

– Agora nos dois.

Ele suspirou e veio tentar me abraçar.

– Bella, eu....

Me esquivei do seu abraço e o impedir de continuar.

– Você já deu o seu showzinho, agora quem fala sou eu. _ vi com prazer ele engolir em seco.

– Primeiro de tudo. Por que você nem ao menos tentou pedir desculpas a Garret? Será que não percebeu que ele era apenas um amigo da família vindo ver se eu estava bem?

Edward cutucou uma sujeira imaginaria no chão antes de me responder.

– Não sou bom em pedir desculpas. _ disse simplesmente dando de ombros, como se não desse importância ao fato.

– Pois deveria aprender. Como pretende se tornar um bom líder? Como vai apontar os erros dos outros se não é capaz de enxergar e admitir seus próprios erros?

Ele baixou os olhos envergonhado.

– Humildade Edward é necessária tanto na vida profissional quanto pessoal. Pelo visto essa matéria você não aprendeu nem em casa e nem nos seus inúmeros cursos na faculdade.

– Eu não errei sozinho. Ele não se apresentou nem me explicou o que veio fazer na sua casa.

– Mas ele não precisava te explicar nada. Você não é nada meu, muito menos meu dono! _ falei já me alterando. Sério mesmo que ele não via o quanto tinha errado?

–Então é assim? Seus amigos vem aqui e eu não posso dizer nada? Vou ter que aturar seus paqueras vindo te procurar bem de baixo do meu nariz sem fazer nada? _ ele perguntou já descontrolado.

Fechei os olhos me lembrando do por que não quis nada com ele no início. Dono. Era isso que ele estava acostumado a ser. Dono de tudo, incluindo das pessoas. E aparentemente ele já achava que eu era sua propriedade.

– Em primeiro lugar você não teria que aturar nada pois eu não trago paqueras para minha casa. Nunca trouxe ninguém aqui. Meus “ paqueras “ como você chama acontecem da porta para fora. Não sou uma qualquer Edward, eu me dou ao respeito. Meu lar é um lugar sagrado para mim. Você foi uma exceção e claramente um erro.

Ele deu um passo nervoso em minha direção.

– Não diz isso Bella, por favor.

– Em segundo lugar, _ eu continuei o ignorando_ Você jamais poderia dizer nada a um amigo meu que viesse me ver. Meu AMIGOS tem livre acesso a minha casa. Muitas vezes eles veem me visitar, jantar ou mesmo estudar aqui em casa. Uma pessoa normal entenderia isso. Nunca vi nenhum namorado de amiga minha exigindo crachá ou ficha completa de qualquer pessoa para entrar no apartamento dela. E em terceiro lugar você não é meu namorado. Não sei de onde tirou isso. Aceitei apenas conhecer você. E mesmo que você viesse a ser não seria o caso de nada disso que aconteceu. Namorado é apenas um título de relacionamento, não um certificado de propriedade.

– Eu não concordo exatamente com o que você pensa, mas acho que podemos conversar e chegar a um acordo. _ ele falou já gentil tentando ser persuasivo.

– Não. Não podemos.

– Por que não? _ perguntou claramente sem entender aonde eu queria chegar.

– Se você não percebeu ainda , isso é um erro. Não vai haver conversa ou mesmo um “ conhecer melhor”. Eu não quero mais conhecer você. O pouco que eu já conheci deu para perceber que você se acha no direito de ser dono das pessoas, mas deixa eu te dizer uma coisa: Você não é nem nunca vai ser meu dono. Meu pai mesmo não manda em mim desde osmeus 17 anos. Eu sempre fui madura, responsável e independente. Não vai ser um homem das cavernas feito você que vai agora querer mandar em mim. Eu recebo e saio com meus amigos a hora que eu quiser. Eu conheço pessoas novas quando eu quiser e eu vou namorar no dia que eu quiser e quando eu quiser e com certeza não vai ser com você.

– Não fala assim, você esta sendo precipitada Isabella. Você nem ao menos me deu a chance de me conhecer.

– E eu preciso? Olha para você Edward. Já é a terceira vez que você faz a mesma coisa e olha que eu só te conheço a 2 dias. Esta na cara que não combinamos. Eu não sou do mesmo mundo que você e eu não penso como você. Admito que sinto uma atração inexplicável por você, não sei o nome que se dá a isso, uma química talvez, mas é só isso. No que passa disso somos totalmente incompatíveis.

– Não somos não. Eu sei que você é perfeita para mim. _ ele disse de uma forma intensa.

– Você nem ao menos me conhece para dizer isso. Não existe uma base logica para sua alegação._falei exasperada querendo convencer a ele e a mim mesma.

Ele fechou os olhos por alguns segundos e eu me permiti avaliar aquela situação de uma forma critica e impessoal.

Estávamos os dois na minha sala brigando pela terceira vez no dia de certa forma pelo mesmo motivo. Posse.

Sim eu estava certa, eu não podia dar uma chance a um homem como ele. Se eu permitisse passar por cima dessa situação de novo o que aconteceria na próxima vez. E se daqui a uma semana ele visse um amigo meu me dando um beijo no rosto o que ele faria? Me mataria? Daria uma surra no meu amigo?

Olhei para seu corpo e vi suas mãos fechadas em punho, elas tremiam. Seus olhos ainda estavam fechados e seu rosto estava com uma expressão fúria. Ele estava claramente lutando para não perder o controle e isso começou a me assustar. Talvez Garret estivesse certo, talvez eu precisasse da ajuda dele.

Mas do nada ele expirou profundamente e abriu os olhos me encarando.

– Eu sei que não vou conseguir te explicar com palavras agora mas eu sei Bella, eu sinto.... desde que eu te vi pela primeira vez....... eu sei que você é perfeita para mim.

Uma risada irônica escapou dos meus lábios.

– Sério? Justo um homem como você vai me dizer que acredita em amor a primeira vista?

Ele abriu e fechou a boca sem dizer nada.

– Eu não acredito em nada disso. Para mim não só amor, mas amizade ou qualquer tipo de relacionamento tem que ser baseado em confiança, e confiança se consegue com o conhecimento e o conhecimento vem com o tempo. E nós não temos isso. Nem tempo de conhecimento e muito menos confiança. Como eu disse, tudo que temos é uma química muito forte. Foi ótimo, sou a primeira a dizer, mas acabou.

Ele deu mais um passo e dessa vez me alcançou enlaçando minha cintura firmemente.

– Não ponha um ponto final nisso ainda, por favor.

– Não posso terminar o que nem ao menos começou.

O que vi nos olhos dele me abalou. Parecia que algo se apagou dentro dele e isso mexeu comigo, por isso meafastei para voltar a pensar com clareza.

– Deixa de fazer drama Edward. Não é para tanto. Tenho certeza que deve ter uma fila de mulheres esperando por uma chance com você. Como você mesmo disse, elas costumam se jogar na sua cama. Então volte para ela e escolha uma para passar a noite com você e me deixe em paz.

– Isso não pode estar acontecendo. Sério que vamos terminar assim só por que me desentendi com um amigo seu? _ ele falava descrente passando as mãos no cabelo se mostrando frustrado.

– Só? Você praticamente ia sair no braço com um completo desconhecido para você unicamente por que ele veio me visitar. Você exigiu minha presença e atenção depois de alguns minutos de conversa e se achou no direito de me cobrar algo apenas por que achou que eu te devia isso. Ou você é maluco ou pensa que o mundo te pertence e sinceramente os dois jeitos me assustam do mesmo jeito. Você não é o tipo de pessoa que eu quero me envolver.

Me afastei dele e abri a porta.

– Agora eu gostaria muito que você fosse embora.

– Mas eu não quero ir.

– Mas como eu acabei de dizer o mundo não funciona única e exclusivamente da maneira que você quer. A casa é minha e eu quero que você vá.

Ele me olhou com descrença por alguns segundos e em seguida se afastou indo para meu quarto. Quando eu já me preparava para dizer outra vez que era para ele ir embora ele volta agora vestido com sua jaqueta e calçando seus sapatos. Ele tinha ido buscar suas coisas, sinal de que iria realmente embora.

– Eu vou, mas pode ter certeza de que essa conversa não acabou aqui.

– Não temos mais o que conversar.

– Você não pode decidir sobre nós apenas baseada em uma ação minha.

– Não existe nós e não foi uma decisão baseada em uma ação sua, foi em três ações suas e todas elas foram as mesmas. Exigência, posse. Não estou brincando quando digo que você tem problemas com isso. Eu não quero nem mesmo compromisso na minha vida, muito menos compromisso com alguém possessivo como você. Chega. Não temos mesmo mais nada para falar.

Ele passou por mim me dando um beijo no rosto.

– Eu não tenho só defeitos sabia. Tenho qualidades também e uma delas é ser perseverante. Vou esperar você se acalmar e te procuro para conversarmos.

Ele não esperou uma resposta minha e saiu fechando a porta atrás de sí.

Eu me permiti desabar sobre o sofá e me recusei de pensar em algo sobre essa noite maluca. Apenas fechei os olhos e me entreguei a exaustão.

...

Eu saía da faculdade acompanhada de Emmet e Jasper como sempre. Hoje o Jake tinha um compromisso para o almoço. Breeresolveu perder a timidez e o convidou alegando que ele a largou de lado no dia da festa. Ele como eu já imaginava aceitou o convite com um enorme sorriso. Já Emmet e Jasper me acompanhavam ainda fazendo perguntas sobre o ocorrido na noite passada.

– Eu não acredito que meu irmão fez isso. O que deu no cabeçudo?

– Eu não sei, só sei que é completamente instável. Vai do 8 ao 80 em um segundo. E eu não sei viver com isso.

– Fez bem em ter expulsado ele ontem mesmo Bella. O cara é louco.

– Ele não é louco! _ Emmet se interpôs ofendido com o comentário_ Ele sempre teve uns problemas devido a maneira que nosso pai o criou, mas não é culpa dele. De qualquer forma ele não tinha o direito de fazer isso. Foi mal em ter te incentivado a ficar com ele Bella.

– Vamos esquecer isso. A essa altura ele já esta a quilômetros de distancia e nós voltamos a nossa vida. Agora deixa eu ir que eu tenho 2 trabalhos para terminar.

Me despedi dos dois e fui para casa.

No caminhorepassei tudo que aconteceu no dia anterior e confesso que um arrepio passou por mim ao lembrar das mãos dele passando pelo meu corpo.

– Ai, esquece isso Bella! _ ralhei comigo mesma.

Decidida entreino prédio e subi as escadas querendo chegar logo em casa.

Quando cheguei no meu andar parei por um segundo respirando fundo. Não por cansaço ou falta de preparo físico, mas sim me preparando para enfrentar o que ia sentir ao entrar em casa. Afinal eu posso negar e fingir, mas eu sei que mesmo sendo breve eu também me deixei envolver e também queria que a nossa relação desse em algo.

Torcendo mentalmente para que as imagens minhas com Edward naquele apartamento não invadissem minha mente assim que eu entrasse em casa eu resolvi parar de enrolar e fui logo em direção a minha porta.

Fui andando olhando dentro da bolsa para ver se achava a chave de casa quando a voz dele entrou pelo meu ouvido me arrepiando inteira.

– Será que agora podemos conversar Bella?

Olhei para frente vendo Edward encostado a minha porta com braços cruzados no peito olhando diretamente para mim.

Continua...