Um Sonho Real escrita por Anjinha Lima


Capítulo 14
Capítulo 14 - Na varanda tem uma bela vista


Notas iniciais do capítulo

Gente a história ta ficando mais longa do que eu planejei... Então decidi dividir em duas temporadas =) o que vocês acham?



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De noite, pouco antes de dormir, eu resolvi ir até a varanda para dar uma olhada na paisagem. Tomei cuidado para não fazer barulho, pois todos já tinham ido para seus quartos, ou quase todos. Quando abri a porta da varanda vi Junior apoiado no parapeito olhando na direção do mar. Fechei a porta e me aproximei ficando do lado dele encostada também no parapeito.

– É uma linda vista – eu disse quebrando o silêncio

– É sim.

– Sem sono?

– Por ai. – ele tirou a atenção da paisagem e olhou para mim – Você também?

– Eu só quis vir um pouco aqui antes de dormir, mas sim, estou um pouco sem sono.

Ele voltou a olhar para o mar e nós ficamos assim por um tempinho. Resolvi me sentar um pouco. Tinham duas cadeiras na varanda, provavelmente para poderem aproveitar sem ficar o tempo todo em pé, já que a vista é realmente boa.

– Junior – eu o chamei –, já faz um bom tempo desde que começamos a ser amigos. – ele se virou e olhou para mim – Eu quero saber sobre você, sobre o teu passado. Não já está na hora de contar?

Ele ficou um pouco surpreso, mas apenas sentou na outra cadeira.

– É uma história longa. Você não prefere que eu conte outra hora?

– Não... Eu acho que é melhor começar agora, mesmo que não termine tudo hoje, pois ainda teremos o amanhã.

– Bom... É... Por onde eu começo...

– Fale sobre o Marco e você. – eu sugeri

– Ah, ok. – ele fez uma pequena pausa e respirou fundo – Não é só o Marco e eu, também tem a Jullie. Nós três somos o que se pode considerar “amigos de infância”. Nós nos conhecemos na escola, éramos da mesma classe. Mais tarde Jullie soube que era uma arma e disse que quando tivesse idade também entraria na Shibusem, nós seriamos da mesma turma. Marco disse que entraria como um manipulador e que um de nós seria a arma dele.

– Entendi... Mas cadê ela? Quer dizer, eu nunca vi você com ela como eu vi você com o Marco.

– Ela... Bom... Eu não falo mais com ela. – ele ficou com um olhar mais triste

– Por que não?

– Só foi acontecendo de nos afastarmos com o tempo.

Essa foi a resposta dele, mas eu não me convencia com o que ele disse, pois naquele dia na praça, o pouco que eu ouvi da conversa do Junior com o Marco, ele estava tentando convencer Junior a falar com “ela”, que não era culpa dele e que “ela” sentia saudades. Será que “ela” é a Jullie? Tudo se encaixaria se fosse mesmo ela, mas eu preferi não falar sobre isso, porque visivelmente mexia com ele.

– Então agora o mais importante: por que você mudou?

– Por chateação, cansaço.

– Como assim?

– Por causa do meu pai. Desde pequeno logo percebiam que eu era o filho dele, por sermos tão parecidos fisicamente. Talvez a única coisa que me faz parecer filho da minha mãe é que herdei o sangue de arma.

– Isso é ruim? – eu não estava entendendo o que ele queria dizer

– No começo não era, que criança não quer ser igual aos pais? Mas depois de um tempo começou a vir certa cobrança em cima de mim. As pessoas esperavam que eu fizesse coisas e fosse forte como meu pai. Queriam que eu fizesse jus ao meu nome, “Franken Stein Junior”. –ele ficou um pouco agitado e a falar mais alto – Isso me deixava impaciente, eu não queria ser como ele, eu apenas queria ser eu.

– J-Junior, cuidado para não acordar teus pais.

– Eles não vão acordar, dormem que nem pedra. – ele falou num tom mais calmo que antes

– Ok... Continue.

– Não tem muito mais o que falar, apenas que me afastar foi a única forma que encontrei de pararem de me comparar com ele.

– Mas e o que ele pensa disso tudo?

– Eu não sei, ele nunca disse nada. Ele apenas me dizia, quando eu era criança, que eu deveria ser e fazer o que eu quisesse desde que isso não trouxesse nenhum mal para as outras pessoas. Aquelas coisas que os pais sempre falam para os filhos, de serem bonzinhos.

Imaginei que a raiva dele deve ter sido muito grande, e a dificuldade de mudar de repente também.

– Mas eu finalmente percebi – ele começou a falar mais uma vez –, eu não podia continuar do jeito que estava, não mesmo. E por isso, quando eu finalmente percebi, eu ganhei uma amiga. – o rosto dele corou um pouco – Fico feliz, pois agora não me sinto mais tão só.

Eu fiquei sem palavras. Todo meu esforço, mas principalmente o dele, teve um resultado. Nada podia me deixar mais feliz do que isso naquele momento, pelo menos foi o que pensei. Junior se levantou e ficou próximo ao para peito, de costas para mim.

– Natasha. – ele me chamou – Vem aqui.

Eu me levantei e fiquei do lado dele.

– Agora pouco você disse que esta é uma linda vista.

– Sim.

– Mas... A v-vista... – a voz dele falhou um pouco, mas ele respirou fundo como se tivesse tentando tomar coragem – A visa mais linda está bem aqui, do meu lado.

“O que ele quer dizer com isso?” eu pensei. Não havia muito sentido nas palavras dele. Fiquei observando o mar tentando entender, quando algo simplesmente me surpreendeu: a mão do Junior segurava meu braço, e seu rosto... Estava muito perto. Em menos de um segundo seus lábios tocaram os meus.


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Notas finais do capítulo

Para o próximo capítulo: Parece que existe um sentimento mais forte crescendo.



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