P.O.V. Alice

Abro os olhos lentamente, estão pesados, e assim que me mecho percebo que estou na cama, alguém me trouxe pra cá, pois me lembro de sentar no chão e chorar, como sempre pelo Harry.

Me levanto e sento na cama, minhas costas doem assim que encosto na cabeceira da mesma, e quando penso em levantar alguém abre a porta, Jake, ele esta com um copo d’água na mão e um remédio. Ele se senta na ponta da cama.

– Jake, o que você ta fazendo aqui? – pergunto.

– Já explico – ele estende o remédio – Agora beba esse remédio, é pra dor nas costas.

– Ok. – pego o remédio de sua mão e bebo-o sem reclamar. Devolvo o copo e me ajeito na cama – Agora me conta o que ta fazendo aqui e como eu vim parar na cama?

– Bom – ele se aproxima – Logo depois do almoço, a Lucy me ligou e disse pra eu vir pra sua casa, eu perguntei por que e ela disse que você tinha brigado com a Annie e com o Harry, ela não me explicou a briga, mas ai ela pediu pra eu ver como você estava porque ela tinha que ficar com a Annie, que também ficou arrasada. Cheguei aqui, abri a porta e te encontrei dormindo no chão com o rosto todo molhado de choro, daí te trouxe pra cama e você continuou dormindo até agora.

– Nossa muito obrigada – sorrio sem graça – E que horas são?

– Devem ser umas 21:00.

– Ah Jake, você tem que ir embora, não precisava ter ficado tanto tempo comigo, e é sábado, você precisa se divertir!

– Não se preocupe, eu ia ficar a tarde inteira vendo TV, pelo menos vindo pra cá eu fiquei a tarde inteira vendo TV e vendo você dormir, faz diferença.

– Só você pra me fazer rir – puxo-o pelo abraço e lhe dou um abraço apertado, de agradecimento – muito obrigada, amigos como você não são fáceis de achar, e olha que eu te conheci ontem!

– Pois é. – ele me solta e se levanta. – Agora vamos lá pra sala, você precisa sair desse quarto um pouco, vamos ver um filme.

Ele me ajuda a levantar e a dor nas minhas costas é forte, mas ele me promete que o remédio já vai fazer efeito.

Vamos até a sala e da pra ver pela janela aberta que já esta tarde.

– Que filme vamos ver Alice? – ele pergunta se sentando do meu lado.

– Procura algum ai!

– OK – ele se levanta e vai procurar algum filme legal pra assistirmos na caixa perto da TV – Ah, um cara chamado Damon se não me engano veio aqui, e te deixou um bilhete.

– O Damon? Cadê? – olho pra ele curiosa.

– Aqui está – ele me entrega um bilhete mal dobrado.

– Você leu não é? – arqueio a sobrancelha.

– Não me olhe assim – ele coloca um filme e se senta do meu lado – eu sou curioso!

Aceno com a cabeça e volto minha atenção ao bilhete.

Olá Alice!

Me desculpe pelo o que minha irmã fez, eu não acredito que ela tenha feito aquilo, me desculpe mesmo. Eu te chamei pra sair porque te achei uma garota incrível, e não porque queria namorar você ou coisa do tipo, eu não sou assim.

Me desculpe também por estar mandando um bilhete pra lhe dizer isso, em vez de lhe dizer pessoalmente, é que estou embarcando para Nova York daqui três horas, para uma daquelas palestras de medicina, é importante, preciso ir, e não sei quanto tempo vou ficar aqui, mas quando voltar, prometo que vou te visitar, combinado?

Beijos Alice,

Termino de ler o bilhete, o amasso e coloco na mesinha ao lado do sofá.

– Não gostou do bilhete? – Jake me pergunta – Eu achei bem forçado.

– Gostei, foi bom ele ter dado uma explicação – me ajeito no sofá – Agora vamos assistir o filme, qual você escolheu?

– O lado bom da vida, pode ser?

– Claro.

Não falamos mais nada, apenas prestamos atenção no filme, algumas vezes rimos, nos olhamos, mas nada mais que isso.

Uma hora depois o filme termina finalmente, e ao tentar levantar do sofá percebo que a dor nas costas já passou.

– Esse filme é ótimo – Jake se levanta.

– É mesmo – me levanto – Vou preparar alguma coisa pra gente comer.

– Quer ajuda? – ele vem atrás de mim.

– Pode ser.

Ele me ajudou a fazer macarronada, ele fez uma bagunça, e olha que eu só pedi pra ele mexer o molho, mas eu limpei tudo rapidinho, e quando terminei fomos comer.

– Nossa você cozinha muito bem! – ele diz.

– Obrigada – bebo um gole de suco – Pena que não posso dizer o mesmo, porque só pra mexer o molho você quase destruiu a minha cozinha.

– Ai que exagero, nem sujei tanto assim – ele respondeu e eu o observei.

– Ah não? – me inclinei – Então o que é isso?

Ele tinha molho no cabelo! Como assim?

– Isso o que? – ele tenta ver enquanto eu limpo o seu cabelo.

– Tem massa de tomate no seu cabelo Jake! – começo a rir – Como você consegue?

Eu me aproximo para limpá-lo e nossos rostos ficam bem próximos.

– Pronto – percebo a proximidade e me afasto rapidamente sem graça. – Você quer mais?

– Não obrigada – ele se levanta e coloca o prato na pia – Quer ajuda para lavar?

– Não precisa, é pouca coisa eu lavo rapidinho – ele sai da cozinha, da pra perceber que ele também ficou sem graça. – Então eu acho que vou embora.

– Ele pego o celular e a chave do carro na mesinha ao lado do sofá e vai em direção a porta.

– Ah... Jake! – ele se vira – Obrigada!

Vou até ele e lhe dou um abraço apertado, só eu sei como sou grata por ter conhecido ele, um amigo e tanto, na verdade nem nos conhecíamos e ele me ajudou.

– Não precisa agradecer – ele beija o topo da minha cabeça – A gente se vê a faculdade ok? E se cuida.

– Pode deixar – abro a porta e ele sai, espero-o entrar no elevador, e volto pro meu apartamento.

Vou pra cozinha lavar as louças, mas meu telefone toca.

– Alo? – digo atendendo.

– Filha? É sua mãe meu amor!

– Mãe? Ahh mãe que saudade, que bom que ligou!