Katniss odiava seu estado atual. Ela odiava se sentir impotente,principalmente sobre um regime totalitário que já havia derrubado uma vez,mas que agora estava de pé para derrubá-la novamente.

Peeta – como sempre – teve a ideia de chamar seus antigos amigos para uma “reunião”. Gale,Johanna e Annie haviam confirmado que viriam.

Algumas horas depois,estavam todos em sentados na grande mesa da sala de estar de Katniss,as crianças ao lado de seus pais e uma bandeja com pães de mel fresquinhos feitos por Peeta.

Ninguém sabia exatamente o que dizer,até Gale suspirar.

– Nossas crianças estão treinadas,já sabem diferenciar plantas venenosas,sabem como achar água em casos de emergência e já sabem manusear armas. São completamente letais. – Gale disse com a voz impassível,tentando conter o desespero e a dúvida na voz.

Johanna junta as mãos na mesa e olha pela primeira vez para as crianças,que olhavam para eles como numa partida de tênis,os olhos pulando de um para o outro.

– Vocês serão aliados,e precisam ter uma estratégia,infelizmente a arena só vai ser revelada a hora que vocês estiverem lá,e o tempo que terão para se situar será os 10 segundos antes de o canhão soar e vocês poderem sair dos tubos.

– Devemos ir para a Cornucópia ou correr de lá? – perguntou Melinda

– Vão para a Cornucópia,mas vocês vão precisar ser extremamente cuidadosos,peguem o que precisam e saiam de lá. Mas saiam todos juntos! – Annie sinalizou.

–Se um de vocês se perder,ou for ameaçado,o risco é para o grupo todo. Depois disso,corram para o mais longe que puderem,achem água e abrigo. – Peeta completou.

– Agora vocês vão precisar nos dar licença,crianças. Vamos subir um minuto para conversar,a gente já volta. – Com isso,todos subiram,abafando o som de suas conversas com a porta trancada;.

***

–Odeio quando tratam a gente como crianças. – Melinda esbravejou,indo tomar um pouco de ar fresco junto com os outros.

– Querendo ou não,é o que nós somos. – seu irmão completou.

Melinda sentou de pernas cruzadas na grama macia,e arrancou um punhado com as mãos,respirando fundo.

Ela pegou um graveto no chão e fez um círculo torto no chão.

– Eu e Henry assistimos a todas as edições dos Jogos que conseguimos pegar escondido dos nossos pais. As arenas eram todas terrestres,tirando umas duas edições e mais o mais o Massacre da 75º. Acho que as chances de ser na água sã bem remotas.

Henry percebeu a maturidade nas palavras da irmã,aquela que subestimou tanto,e apesar de todas as brigas,daria a vida para proteger a dela.

Melinda estava fazendo rabiscos no chão com o graveto,a cabeça inclinada de um jeito que seu cabelo caía nos olhos. Carlos a olhava tão atentamente,como seus dedos coçavam para colocarem suas mechas rebeldes atrás da orelha,o jeito como ela sorria,um lado dos lábios levantando antes do outro,o jeito como as mãos delicadas eram precisas e como as palavras mais sábias pareciam fluir serenamente dos lábios rosados.

–Todos de acordo,então? – Izzy perguntou.

Carlos não havia escutado bulhufas do que haviam dito,mas concordou com a cabeça.

–Vamos voltar,to ficando com fome. – Melinda disse,já se levantando.

Enquanto entravam,sem ninguém ver,Izzy deu uma cotovelada nas costelas de Carlos.

– Se vai bancar o bobo apaixonado,seja discreto,idiota.