A luz que atravessava a janela direcionava-se diretamente aos meus olhos, refletindo em minhas pupilas como leves facadas, o que me fez acordar. Relutei ao máximo para levantar-me. E por um instante ignorei qual dia era aquele. Levantei-me, lavei meu rosto, enxuguei-o e comecei a pentear meus cabelos,e por um breve segundo, dei-me conta de que aquele era o dia de meu casamento! E ainda por cima a cerimônia é ao meio-dia!
– Catherine!!! - gritei.
– Madame. - ela veio correndo euforica e ofegante perguntou. - Está tudo bem? - disse pausadamente.
– Não! A cerimônia não tardará a acontecer, devo me preparar! -
– Vá tomar um banho, que eu vou buscar seu vestido e suas joias. -
– certo! - comecei a andar em circulos confusa. -
– Madame, o banho. - ela disse me lembrando o que tinha de fazer.
Corri até o aposento e já havia uma banheira com água morna, entrei nela e me banhei. Sai em seguida fui recebida por Catherine, ela segurava uma toalha, e me ajudou a me secar. Estava tremendo de frio, afinal, estávamos em pleno inverno na Romênia.
Sequei-me rapidamente e enrolei a toalha no corpo, corri até a sala de prova, e coloquei o vestido, mal tinha percebido em como tinha ficado, mas continuei apressada. Pedi ajuda à Catherine com o espartilho e com as joias.
– Onde estão meus sapatos?! - eu perguntei quase surtando.
– Alí no canto. -
– Traga-os para mim, por favor? - perguntei apontando para eles. E ela o fez.
Calcei os sapatos, e em seguida olhei-me no espelho. E não vi uma noiva, somente uma mulher vestida de branco.
– Deixe-me arrumar seu cabelo. - Catherine pegou a escova e passou delicadamente em meus cabelos, deixando-os uniformemente penteados. Não os deixou presos, e sim soltos, repartidos ao meio na altura da testa e as mechas deixou-as na parte da frente do tronco. De modo que os cachos se depositavam sobre o espartilho.
– obrigada. - sorri.
– Deve ir agora. -
– é meu dever. - concordei e sai com a cabeça erguida pela porta.
Encontramo-nos com Renfield no corredor. Ele estava perfeitamente arrumado, com vestimentas típicas romenas.
– Devo acompanhá-la. - ele ofereceu sua mão para que a segurasse. E o fiz.
Renfield nada disse enquanto me levava ao salão onde a cerimônia ocorreria. Penso que ele não gostou muito de mim. Parecia não querer estar alí.
– Aqui está. Agora vá até o altar. - ele disse.
– Certo. - parei para observar aquela multidão. De onde veio tanta gente? Não conseguia focar minha visão, até que vi Vlad, então tudo ficou mais claro. Tudo ao meu redor simplesmente desapareceu, simplesmente Vlad estava ocupando todo o campo de minha visão.
Caminhei naquele corredor, segurando o bouquet e respirando fundo. Cheguei ao altar e Vlad segurou minha mão.
O padre começou então a cerimônia. A cerimônia foi pronunciada em Latim, já estava quase no meio da cerimônia quando as portas se abriram, e o cortesão pronunciou alto e claro.
– Vossa Majestade, o Rei Henrique Tudor. - Eu e Vlad olhamos para trás como num reflexo, e penso que ambos pensávamos a mesma coisa: " O QUE ELE ESTÁ FAZENDO AQUI?".
Henrique impecávelmente vestido em trajes ingleses, adornado de diversas jóias e pendentes. Ele caminhou pelo corredor e se posicionou a nossa frente. Ainda olhávamos com espanto.
– Pensei que esperariam para começar a cerimônia quando eu chegasse. -
–Sinto muito. - foi o que Vlad disse.
– Eu devo me desculpar, pela forma pouco educada de chegar. -
– Fique aqui. - Vlad mostrou-o para ficar ao seu lado, como padrinho.
– Retome por favor. - Henrique disse.
Realizamos os votos como era o costume. Em seguida ocorreu a coroação.
Depois de tudo isso, ainda não tive a oportunidade de falar com Henrique. Fomos para o salão de baile, eu e Vlad ficamos sentados em tronos. A musica tocava, e os casais dançavam sem parar. Henrique trocava olhares comigo, mas parecia estar se divertindo com a companhia de Catherine e de Charles Brandon.
Olhei para Vlad e ele encarava aquele canto onde estavam, Henrique, Catherine e Charles. Ele fez menção para que Henrique se aproximasse, e ele o fez.
– fico feliz que tenha vindo. - Vlad disse.
– Eu agradeço. Muito belo seu castelo. - ele complementou.
– Nada que se possa comparar a Hampton Court. -
– discordo totalmente. Nada mais acomchegante do que este palácio. Sinto-me em casa. Hampton Court, pode ser solitária.
– E como anda a Rainha, o que houve para que ela não comparecesse? -
– A rainha... deve saber que pedi o divorcio. -
– Jura? -
– Mandei o pedido à Vossa Santidade, o Papa. A anulação foi aceita, e será entrege dentro de algumas semanas. -
– certo, e já buscas por uma noiva? -
– Ainda não. Mas a pessoa certa pode estar mais perto do que imagino. -
– Tenho certeza que sim, há muitas mulheres bonitas na corte. -
– Claro. - Henrique olhou diretamente para mim. - Poderia ter a honra de dançar com a sua esposa? -
–Claro que sim. - ele disse sério.
– Alteza. - Henrique disse estendendo a mão para mim. Segurei sua mão e fomos dançar.
Seguíamos o ritmo da dança, Henrique olháva em meu olhos profundamente. Só de olhar em seus olhos já ficava arrepiada, como poderia este sentimento ser tão forte. Mas eu sou a esposa de Vlad, devo amar ele.
– Por que veio? - tentei evitar de olhar em seus olhos, mas era irresistível.
– Se eu disser-lhe a resposta posso perder a cabeça. -
– Vlad desconfia de vós. -
– eu lhe dou motivos. Nada que eu não compreenda o ciúme. -
– Deve ir embora logo. -
– É o que desejas do fundo de seu coração? - ele sussurou em meu ouvido.
– sabes que não. - disse baixo.
– Encontre-me a noite. -
– Es um louco. -
– Louco por ti. - Henrique disse enquanto dançavamos.
– deves tomar cuidado com o que mencionas. -
– Não temo a nada. -
– Não subestime Vlad. - Eu disse.
– Não me subestime. - Henrique dizendo isso sorriu.