A love of porcelain escrita por Cherry Bomb


Capítulo 3
Escola




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Acordei e levei um susto quando vi Margot sentada na ponta da minha cama me observando.

–Bom dia Doutor.

–Bom dia Margot. – Falei colocando meus óculos para enxerga-la melhor.

Hoje seria um grande dia, Margot iria pela primeira vez para a escola.

–Animada para o primeiro dia?

–Sim. Quero fazer muitos... muitos... – Percebi que ela ainda não conseguia terminar todas as frases.

–Amigos? – Falei tentando ajudar

–Isso! Amigos. Ariele disse que eu vou ter muitos amigos que vão brincar comigo. – Margot desceu da minha cama com um pulo gracioso e saiu correndo.

Depois de me arrumar desci para tomar café. Ariele e Paolo já estavam na mesa comendo enquanto Margot apenas observava. Da ultima vez que ela tentou comer ficou embolorada por dentro.

–Bom dia a todos. – Falei me sentando.

–Bom dia. – Os dois responderam juntos.

–Margot querida, suba e pegue suas coisas, sairemos em vinte minutos. – Ariele disse e Margot obedeceu.

–Grande dia hoje em! – Paolo disse.

–Sim, foi justamente por isso que pedi para que ela saísse. – Ariele começou. – Temos que pensar que ela é muito diferente das outras crianças, Edgard ainda não fez algo a respeito do rosto dela.

–Estou trabalhando nisso mas é mais difícil do que parece e eu ainda preciso fazer os outros corpos afinal de contas Margot precisa crescer. – Todos estamos preocupados sobre como será o primeiro dia dela na escola mas não vejo motivos para não dar certo, ela é perfeita.

Margot voltou usando um vestido rosa de mangas longas e um casaquinhos por cima, acho que se eu fecha-la em uma caixa poderia muito bem ser vendida como boneca.

–Tchau pra vocês. – Margot disse enquanto mostrava o belo vestido pra gente.

–Bom primeiro dia de aula. – Falei.

Ariele deu a mão para Margot e as duas saíram. A escola não fica muito longe da mansão mas isso não é problema, a Finlândia não é tão grande assim.

–Vamos ao trabalho meu caro. – Paolo disse.

Passamos a manhã toda trabalhando no novo corpo de Margot. Ariele nos ajudou afinal de contas precisamos criar um outro corpo mas a mente dela tem que ser a mesma, não podemos perder tudo o que ela já aprendeu até aqui.

Por volta de umas três da tarde Margot chegou. Peguei o gravador para registrar cada detalhe de como tinha sido o dia dela.

–Então querida como foi? – Ariele perguntou enquanto sentávamos em volta de Margot.

–Não quero mais ir pra escola. – Ela falou olhando pra baixo.

–Por que não? – Perguntei.

–Não fiz amigos, as crianças disseram que eu sou feia e que sou esquisita.

–Eu sabia! Não devíamos ter mandado ela pra escola. – Ariele falou levantando brava.

–Margot vá para o seu quarto que eu já irei lá conversar com você. – Falei.

Margot pegou sua bolsa e subiu as escadas.

–Vou lá nessa escola reclamar sobre essas atitudes, que crianças mais mal educadas.

–Ariele não adiante reclamar. Margot é diferente dos outros e você sabe o quanto uma criança é sincera, eles só disseram o que viram, nada além disso. – Paolo falou tentando acalmar a mulher.

Subi para o quarto de Margot e vi que a porta estava um pouco encostada. Quando entrei levei um susto.

Margot estava com uma faca em uma das mãos e na outra partes do seu novo corpo que eu estava trabalhando.

–O que você fez? – Perguntei.

–Não quero ser criança, quero ser gente grande.

–Margot não é simples assim, não posso simplesmente do dia pra noite fazer um corpo novo e colocar você nele. Você precisar crescer mentalmente também e isso ira levar tempo. – Eu estava falando com a maior calma do mundo mas por dentro eu queria mesmo era lhe dar uma surra por ter estragado meu projeto.

–Então não vou sair mais daqui.

–Margot você não manda, quem manda nesta casa e em você sou eu!

–Não, não é! – Ela mostrou a língua e saiu correndo.

Margot conseguia me tirar do serio as vezes. Desci as escadas e convoquei uma reunião urgente na minha sala.

–O que faremos a respeito de Margot? – Perguntei.

–Levará anos para que possamos fazer um novo corpo de novo. –Paolo falou.

– E se deixarmos ela como criança até o corpo novo ficar pronto, enquanto isso eu darei aulas a ele em casa e ela irá aprender tudo que precisar aqui comigo, sem ter que enfrentar as crianças maldosas. – Ariele sugeriu.

–Margot tem que crescer como qualquer outra pessoa. Ela precisa ter a mente equivalente ao corpo. –Falei.

em casa assim conseguiremos fazer o seu novo corpo e coloca-la nele. Se começarmos tudo de novo agora morremos e ela ainda não terá o corpo pronto. Não somos mais jovens meu caro amigo.

Após a reunião subi para o meu quarto e registrei o dia em meu diário.

Finlândia 12 de setembro de 1994.

Não sei quanto tempo irei ficar sem escrever aqui mas ficarei extremamente ocupado durante algum tempo.

O primeiro dia de Margot na escola não saiu como planejamos, tive que tomar decisões que atrapalharam um pouco o desenvolvimento do meu projeto mas foi o melhor a ser feito.

Notei que durante o ataque de fúria da Margot seus olhos ficaram mais escuros, como se alguém tivesse apagado a luz e eu só visse escuridão. Talvez Margot tenha mais sentimentos do que eu imaginava.

Espero que o resto saía como eu planejei.

Dr. Edgard Virtanen”


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