Simplesmente Complicado escrita por Samy Ogawa


Capítulo 20
E esse asmodiano?


Notas iniciais do capítulo

Olha sóóóó, o capítulo foi rápido e não foi curto! Espero que isso perdoe as minhas vezes que fiquei um tempo enorme sem postar...

Espero que gostemm



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/446038/chapter/20

Quando chegamos ao hospital, já eram quase 7h da manhã, estávamos exaustos e sonolentos. Jin havia feito um esforço sobrenatural para não dormir enquanto dirigia. Já eu, por mais que quisesse ter dormido, o vento na minha cara e aquele frio desgraçado não deixaram nem eu pensar em dormir.

– Moça, por favor, o quarto do Sr.Aruha – perguntei para a recepcionista enquanto Jin estacionava a moto do lado de fora.

– Tem cadastro? – perguntou a moça com desdém.

– Cadastro? Eu não posso fazer depois? – dei um sorrisinho

– Não – respondeu secamente. – Sem cadastro a senhora não pode entrar, sinto muito.

– Eu passei horas viajando aqui, não tenho tempo pra fazer uma droga de cadastro – bati no balcão com força – Meu pai está em coma e eu preciso vê-lo. Agora.

– Senhora, se não se acalmar vou pedir que se retire.

– O que? – gritei segurando forte o capacete – Você só pode estar brincando né? Que droga de palhaçada é essa de cadastro? Por que raios...

– Amy – Jin pôs a mão no meu ombro – Deixa que eu cuido disso, eu faço o nosso cadastro. – ele olhou para a recepcionista, que deu de ombros e assentiu – Agora vá ver seu pai.

– Obrigada Jin – abri um sorriso e olhei para a recepcionista, que apontou para o final do corredor, a sala de numero 71. Corri o mais rápido que pude.

Quando cheguei em frente a porta de nº71, fiquei fitando a maçaneta por alguns minutos. Dali em diante, várias coisas mudariam, e não seria apenas por ver meu pai em pleno coma.

Por fim, respirei fundo e abri a porta devagar. Lá estava meu pai, deitado com os olhos fechados e cheio de tubos e fios ligando seu corpo a máquinas e sacos de oxigênio. Aquilo era chocante demais. E logo do lado, em um sofá não muito grande, estava uma mulher com os olhos cravados em mim, como se tivesse visto um fantasma e não estivesse acreditando no que via. Seu rosto estava pálido e cansado, sinal de que não havia dormido nada durante a noite. Provavelmente meu rosto estava bem parecido.

– Mãe eu... Eu sinto muito... eu – meus olhos umedeceram e eu comecei a chorar – Me desculpa mãe...

Ela se levantou, correu até mim e me envolveu com seus braços, abraçando o mais forte que pode.

– Amy.. – seus olhos estavam úmidos - Senti sua falta, filha – disse entre soluços, me abraçando mais forte – Você não faz ideia do quanto.

E assim eu comecei a chorar mais ainda. Pelo fato de ter fugido, por ter feito ela sofrer com a minha saída, e por ver meu pai naquele estado. Ficamos assim por algum tempo, até sentarmos no sofá. Meu pai estava com várias feridas espalhadas no rosto e no braço, era difícil pra minha mãe ver tudo aquilo, mas ela fitava meu pai o tempo todo. Ouvimos a maçaneta girar e olhamos para ver quem estava entrando.

– Olá Sra.Aruha – sorriu Jin, que chegou até nós e a cumprimentou com um abraço, depois levando seu olhar para mim, levantou meu queixo – Como ele está?

– Bom... – sorri um pouco e ele se sentou no braço do sofá – Ele está respirando.

– Já é algo ótimo – disse, depois levou seu olhar para minha mãe e abaixou um pouco a cabeça, estava arrependido – Sra.Aruha, quero pedir desculpas por ter levado a Amy junto comigo e ter feito vocês brigarem daquele jeito, foi totalmente irresponsável da nossa parte, principalmente da minha... Sinto muito mesmo.

– Não se preocupe com isso Jin – minha mãe sorriu um pouco – Eu entendo o lado de vocês, já estavam grandes o suficiente para tomar as próprias decisões, o problema é que isso foi novidade demais pro pai da Amy. E para os seus pais também

Jin passou a mão pelo cabelo e suspirou.

– Eu preciso falar com eles sobre isso.

– Eles me ligaram e vão vir às 8h – ela o informou – Vocês terão bastante tempo para conversar.

Jin sorriu e assentiu. Segurei as mãos dele e sorrimos.

Algum tempo depois os pais de Jin chegaram e eles foram conversar no corredor. Eles não tiveram a mesma reação que a minha mãe, estavam frustrados e chateados. Nem se quer ouviam o que Jin tinha para dizer, apenas despencavam palavras para cima dele. Dava para ver tudo de dentro do quarto - pelo fato da porte ter um lado de vidro - Mas tudo o que era dito do lado de fora não ultrapassava o quarto. E assim que a conversa deles terminou, apenas seus pais adentraram no quarto, e me cumprimentaram apenas por compaixão ao meu pai. Eles passaram a confortar minha mãe e eu fui para o corredor. Jin estava sentado em uma cadeira na cantina com os braços apoiados nas pernas.

– Como foi com eles Jin? – me sentei em uma cadeira ao seu lado.

– A mesma coisa de sempre – respondeu decepcionado – Eles nunca vão entender.

– Ora Jin, não seja pessimista, as coisas podem melhorar. – tentei conforta-lo, mas ele já parecia ter se conformado.

– Amy, me diga, eu pareço ter cara de médico?

– Não mesmo – sorri.

– Exatamente – ele passou a mão na testa – Mas eles não veem isso, não querem enxergar que eu não quero fazer a maldita faculdade de medicina e sim me tornar um músico. – ele deu uma pausa – Eles não enxergam que eu não sou o meu irmão.

Passei as mãos nas costas do ruivo para conforta-lo. Desde sempre o irmão do Jin passava em primeiro lugar em tudo, era o filho que todo pai queria ter, e seus pais se orgulhavam muito disso. Já Jin era diferente, passava horas tocando em vez de estudar, adorava cantar e sair farreando para todo lugar, era diferente demais de Azin. E isso os incomodava de uma forma tão grande que não conseguiam ver as enormes qualidades que Jin possuía. Ele não era um Azin, e isso já era suficientemente frustrante para eles.

– Amy? É você? – perguntou uma voz atrás de nós

Me virei para trás e abri um sorriso enorme.

– Pirralho!!!!! – saltei da cadeira e corri para abraça-lo – Você cresceu!

– Já te disse para não me chamar de pirralho, seu bicho rosa – resmungou Dio, que tentava se livrar do meu abraço apertado e meloso. – E pelo jeito só eu cresci, você continua uma nanica.

– Dio! – rosnei batendo em seu braço – Não nos vemos há 2 anos, seja legal.

– Desculpa – sorriu Dio e me abraçou de volta – Senti sua falta, Amy.

– Eu também senti a sua – sorri olhando para cima – Você cresceu demais...

Dio sorriu orgulhoso, ele adorava se sentir superior às vezes. Jin se levantou e abriu um sorriso.

– Caaara, você ta enorme! Mais um pouco e você chega no meu tamanho – riu dando um pequeno abraço no garoto. – Nem parece que você só tem 12 anos.

– Aproveite seu tamanho enquanto pode Jin, eu ainda vou te passar – sorriu determinado.

– Isso é o que veremos – sorriu Jin com um olhar desafiador.

Quando fui voltar a abraça-lo, uma garota de cabelos rosa chegou correndo na porta do hospital, e quando avistou Dio saiu em disparada até ele.

– Dio! – gritou a garota acenando, parando na frente dele – Você ta bem? Como está seu pai?

– Rey?? – Dio arregalou os olhos ao ver a garota, corando um pouco – O que você esta fazendo aqui? Você precisa ir pra aula!

– Eu não vou para a aula enquanto você não for – cruzou os braços – Ainda mais quando você esta passando por um momento desses

– Awn – murmurei para Jin, que abafou a risada.

– Não Rey, você vai pra aula. Você já tem problemas demais na escola, não vou deixar que mate aula pra ter mais outros – respondeu Dio colocando os dedos na testa.

– Mas Dio...

– Rey – ele suspirou – Vá pra aula, não quero que você tenha problemas por causa de mim de novo, por favor.

– Tudo bem – resmungou a garota – Mas com uma condição.

– Qual? – levantou o olhar.

Rey saltitou até Dio e lhe deu um beijo na bochecha, deixando uma marca de batom rosa.

– Que você deixe essa marca de batom pro resto do dia – sorriu contente.

– Maldita Rey! – bufou Dio se segurando para não esfregar o rosto.

– A gente se vê depois, Dio – sorriu a garota já indo para a saída

Acenamos até que ela saiu porta a fora, e segundos após isso Dio começou a esfregar a mão na bochecha desesperadamente. Jin e eu nos entreolhamos e demos um sorrisinho.

– Hmmmmmmmmmmmmmmmm

– NEM VEM – explodiu cerrando os punhos, com o rosto avermelhado

– Que fofo o pirralho com vergonha – sorri puxando sua bochecha de um lado para o outro

– Ela é sua namorada, Dio? – perguntou Jin, impressionado pela beleza da garota mais nova.

– Ela não é minha namorada – gritou Dio, depois se virou pra mim e segurou meu braço – Da pra parar de estourar a minha bochecha?

– Mas ela é tããão macia – fiz um bico enorme, e Jin riu.

– Você não se cansa de fazer essas coisas?

– Não mesmo – abri um sorrisão

– Retiro o que eu disse sobre ter sentido a sua falta – suspirou Dio

– Que cruel, Dio! – choraminguei – Aposto que chorou quando eu fui embora.

– Claro Amy, chorei a noite toda...

– Jin, olha ele – apontei pro asmodiano, fazendo um bico maior ainda – Fala pra ele parar de ser mau!

– Continua assim, Dio – sorriu Jin – Ta bem legal.

– Traidor! Depois quer que eu me case com você e...

Jin arregalou os olhos e eu tapei a boca. Dio nos encarou e estreitou os olhos ao mesmo tempo.

– Casar? Vocês vão se casar?

Jin me olhou como se eu fosse a pessoa mais lerda do mundo.

– Casar? Eu disse que eu ia casar com ele? Não vou me casar com ele – engasguei com as palavras – Eu quis dizer que ele vai se casar com uma amiga minha chamada Lin.

Jin quase caiu da cadeira e me olhou de novo, dessa vez com uma expressão de “QUAL É O SEU PROBLEMA??”.

– Jura? – Dio pareceu surpreso e olhou Jin, que tentava se recompor na cadeira. Ele não tinha outra saída a não ser confirmar o que eu tinha dito.

– Sim... – Jin tossiu, depois me olhou com uma expressão de raiva súbita – Mas era pra ser um segredo.

– Desculpa – tentei sorrir

– Uau, isso é revelador – Dio passou as mãos no queixo – Seria uma pena se eu contasse isso pros seus pais...

– DIO!

– Que foi? Eu preciso garantir uma vida aqui, Amy – balançou a cabeça.

– O Jin é seu amigo! – dei um peteleco em sua cabeça

– Pode até dizer, mas seria uma pena se eu contasse pros seus pais que foi você que pôs fogo no jardim da sua mãe e não eu – Jin deu um sorriso atravessado, que fez Dio bater a cabeça na mesa, derrotado.

– Ta bem ta bem, você ganhou, eu não vou contar nada – resmungou, mas depois tomou uma expressão mais normal – É sério isso de você casar, Jin?

– Pelo jeito sim – Jin me fuzilou com os olhos.

Fiz um gesto de desculpas de novo, o nome da Lin tinha sido o primeiro a minha mente, e eu não sabia o que dizer.

– E quando vocês pretendem se casar?

Jin me olhou com aquele olhar de “nunca” e eu ri.

– Daqui a alguns anos. – sorriu Jin, apoiando seus cotovelos na mesa – Mas é um segredo ta? Só você e a Amy sabem disso.

– Já admiti a derrota mesmo...

Ficamos conversando um tempo sobre o suposto casamento de mentira de Jin com a louca da Lin até que minha mãe apareceu na cantina. Seu rosto estava tão cansado que chegou a dar um aperto no coração.

– Dio – ela se virou para ele e pôs a mão em seu ombro, tentando abrir um sorriso aconchegante – Você pode acompanhar os dois até em casa? Imagino como a viagem deles tenha sido cansativa.

– Mas mãe! – tentou se impor – Eu acabei de chegar, nem vi o papai ainda.

– Dio – ela apertou um pouco em seu ombro – Por favor.

Dio deu um longo e tedioso suspiro e se levantou.

– Vou chamar um táxi.

Minha mãe assentiu e disse um “obrigada” para ele, depois se virou para nós dois e sorriu.

– Tentem descansar, não quero vocês dois doentes também.

– Pode deixar – afirmou Jin, se levantando e me ajudando a levantar. Quando já estávamos na porta, minha mãe o chamou para perto e eu pude ouvir o sussurro que ela disse.

– Obrigada por cuidar dela, Jin – disse ela em voz baixa

– Eu não seria eu mesmo se não cuidasse dela – sorriu para ela, que ficou aliviada e voltou para dentro.

E assim, ao chegar o táxi, fomos eu, Jin e Dio rumo a minha enorme, nostálgica e problemática casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aos que ainda acompanham, por um divino milagre, o que acharam?