Andando pelos corredores da faculdade, lembrei-me de como foi difícil entrar para este lugar. Passar pela terrível fase do vestibular, sair correndo desesperadamente atrás de um emprego, procurar um apartamento barato. E finalmente, depois de várias caídas, eu conseguir. Estar cursando o segundo ano de música me faz sentir uma rainha poderosa.

Fazer rematrícula é um horror. Ter que pagar aqueles preços exorbitantes para poder estudar me deixa equivocada. É terrível. Mas, não posso reclamar, sou uma mera estudante naquela faculdade imensa. E eu não quero perder meu lugar de jeito nenhum.

Depois de uma longa caminhada pela 5th Avenue, fui para o Starbucks me encontrar com Jin.

Jin, um idiota arrasador de corações. Nunca vi ninguém igual a ele. Cada semana está com uma garota diferente. É incrível sua tamanha criatividade em criar cantadas. Suas famosas e infelizes cantadas.

Esses dias ele conseguiu uma garota por simplesmente dizer que ela era o “sol que ele nunca tinha visto”, fala sério.

Essa mereceu um prêmio.

Toda vez que o vejo, acabo ouvindo novas histórias de como ele conheceu uma garota durante um passeio de skate, ou como foi dramático quando ele terminou com ela durante um jantar no Outback.

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Esperar 30 minutos por esse garoto lamentável me deixou absurdamente irritada. Eu sei que estamos em época de férias e tudo mais, mas eu tenho mais o que fazer da vida, poxa, tenho que varrer o teto.

(Brincadeira)

Quando Jin chegou, estava vermelho e ofegante. Pelo jeito deve ter dado uma boa corrida para chegar “na hora”.

Olhei-o irritada e ele começou a rir:

–Caramba senhorita Amy, são 9 horas da manhã e você já esta irritada?

– Ah, claro que não Jin, que bobagem, fiquei esperando 30 minutos por pura diversão. Você deveria experimentar, é super divertido! - bufei

Jin deu uma risada exagerada e sentou:

– Me desculpe Amy, tive que resolver uns probleminhas antes de vir pra cá.- sorriu

–Caramba senhor Jin, são 9 horas da manhã e você já está metido em problemas?- Ri

– Parece que somos iguais até nisso – Sorriu – E sim, já estou metido em problemas.

–Qual é o lance da vez? – Me apoiei sobre a mesa

–Eu terminei com a filha do meu chefe, e pelo o que parece, os dois não aceitaram isso nada bem – Suspirou- Ela vai me fazer ser mandado embora

Passei a mão sobre a minha a minha testa e dei um gole no café:

–Jin, seu idiota, quantas vezes eu já não te disse que sair com filha de chefe é F-R-I-A?

–Eu sei Amy, foi estupidez, eu sei. Mas ela caiu na minha cantada do “você é o sol que eu nunca vi”, eu não pude resistir – Sorriu – Você sabe que eu não resisto a uma bela iluminada

Me segurei para não rir alto.

–Bom, se ela era parecida com o sol não da pra resistir mesmo – ri - mas e agora? O que você vai fazer? – encostei na cadeira

Jin se recostou na cadeira e começou a tomar seu café:

–Hoje de manhã eu fui à empresa tentar falar com o meu chefe

–E ai? - tomei um gole do café

–Não deu em nada – abriu um grande sorriso – ele não estava.

–Hã? Seu próprio chefe não estava? Que desocupado – revirei os olhos

–É bom ter chefes folgados assim. Foi desse jeito que eu conheci a filha dele – deu um sorriso malicioso

Juro que quase o matei.

–Seu BABACA, você já esta metido em encrencas, e ainda fica fazendo piadinhas? – bufei – Tenho dó da garota que casar com você um dia

Jin cuspiu o café e começou a rir:

–AMY, VOCÊ É UM GÊNIO!

Olhei-o preocupada:

–Mais Hein? - dei um tapa em suas costas

Jin levantou-se bruscamente da cadeira e deixou o dinheiro sobre a mesa:

–Eu estou bem Amy, mas você acabou de me dar uma grande ideia! Preciso ir, VALEU!

Continuei sentada olhando-o sair do Starbucks correndo igual a um maluco... Idiota.

Quando fui pagar a conta, uma bela atendente jovem olhou para mim e sorriu:

–Aquele era seu namorado?

Olhei-a assustada:

–Não não, ele é apenas um amigo meu – sorri – por quê?

A atendente abriu um sorriso largo:

– E ele vem sempre aqui?

Suspirei:

–Esquece, ter um relacionamento com esse garoto é uma fria. Acredite em mim

Peguei a carteira e comecei a procurar meu cartão de crédito

–Mas, ele é bonito, tenho certeza de que ele não é uma fria – suspirou alegremente

–Bom, você é quem sabe. Se quiser apostar na sorte, a escolha é sua - brinquei

Achei o cartão

–Mas lembre-se, nunca se deixe levar por uma cantada de um garoto – sorri – E ah, pode me chamar de Amy.

A atendente sorriu

–Prazer em conhecê-la Amy, me chamo Lire

Paguei a conta e sai.

–A garota nem chegou a conhecê-lo e já esta afim dele – suspirei baixinho – cada uma que me aparece...

Peguei o taxi e parti.

Já se passou uma semana desde aquele dia maluco com o Jin. Ele vem me ligando todos os dias perguntando sobre o que eu gosto e sobre o que eu não gosto. Ele até me perguntou qual era o número do meu sutiã. Juro que quase o matei via telefone, mas ele me disse que era importante saber. É claro que eu não disse, não sei qual é a importância em saber isso.

Nós marcamos de jantar no Outback no dia seguinte. Ele pediu para que eu fosse a mais arrumada possível, e que isso era de grande importância.

Meu nível de desconfiança subiu de mil para um milhão.

Jin e eu nos conhecemos desde pequenos. Fugimos juntos aos 17 anos para Nova York em busca de nossos sonhos. Juntos, um único sonho, ser músicos.

Mas, não se engane. Nós dois somos apenas grandes amigos que dividem um sonho.

Por isso, sempre que pedimos um favor ao outro nunca recusamos. E é exatamente por essa razão que eu estou fazendo compras na Times Square procurando um vestido para a ocasião... Ahh, Meus pés estão me matando!

Depois de chegar a uma loja chamada Chanel, contei a minha situação a atendente e ela sorriu:

–Sei exatamente do que você precisa.

Sentei no sofá enquanto esperava que ela me trouxesse a luz. Alguns minutos depois, ela me trouxe um vestido curto rosa escuro, cheio de babadinhos. Uma graça!

–UAU, este vestido é lindo – girei

A atendente abriu um belo sorriso:

–É a sua cara mocinha!

Quando fui pagar a conta, quase dei um super grito,

O vestido custou R$1.109,00. Eu juro que se essa ocasião não for tão importante, eu vou matar o Jin

Depois da facada no meu cartão de crédito, a atendente me levou até a porta e sorriu:

–Muito obrigada, volte sempre!

Sorri forçadamente:

–Claro...

A atendente deu um tapinha de leve no meu ombro:

–Boa sorte garota!

Olhei-a confusa e sai. O que ela queria dizer com “Boa sorte”?